Unnamed Memory Japonesa

Tradução: Hiro

Revisão: Daiisuke13


Volume 1

Capítulo 5.2: Junto ao Lago

Após todos serem teletransportados para o forte na fronteira norte, com urgência alugaram alguns cavalos e cruzaram a fronteira, indo em direção ao Lago Mágico de Druuza.

Devido ao impacto da guerra de setenta anos atrás, mesmo agora, depois de anos, a vizinhança ainda estava coberta de névoa cinza. Dificultando enxergar os arredores, porém, todos continuaram sem hesitar.

“Como você sabe a direção?”

Tinassha, que estava liderando, deu meia volta e riu da pergunta de Oscar.

“O poder mágico está transbordando. Todo Mago sente.”

Os Magos atrás dele acenaram com a cabeça. Oscar inclinou a cabeça surpreso.

Finalmente, após cerca de uma hora de viagem, o cenário, pouco visível por causa da neblina, começou a mudar.

As árvores que aqui cresciam eram terrivelmente torcidas e secas. A visão das árvores sem folhas e rochas espalhadas fazia lembrar o “Além”, que alguns acreditam ser real.

A cena desolada fez alguns dos cavaleiros vacilarem, e as conversas logo pararam. Até mesmo os cavalos se incomodaram com tal lugar, pois diminuíram sua velocidade imediatamente. Em pouco tempo, todos os cavalos se recusaram a avançar, não importava o quanto fossem pressionados ou puxados. O grupo não teve escolha, e amarrou os cavalos nas árvores e caminhou em fileira.

“Qual é a distância?”

“Estamos quase lá. Ah…

Tinassha deu meia volta olhando para trás e parou. Os que seguiam atrás estavam todos pálidos em vários graus, como se estivessem doentes.

“Me Perdoem, eu esqueci. Vou fazer uma barreira agora.”

Ela cantou levemente, e o ar ao redor deles se desobstruiu. Todos agora pareciam aliviados por poderem respirar facilmente.

“O que estava acontecendo?”

“É miasma. Isso funciona como asfixiante para pessoas comuns.”

“Eu não estava sentindo nada; Foi graças a você?”

“Sim.”

Bruxa sorriu. Atrás deles, um Mago chamado Doan falou.

“Nos relatórios de Temis não tinha nenhuma anotação sobre miasma…”

“Parece que algo está começando.”

Oscar verificou as condições de todos, então o grupo apressou-se a seguir em frente.

Eles chegaram ao Lago Mágico imediatamente depois disso.

Era uma terra sem água e sem grama. Estava também coberta de neblina como em qualquer outro lugar dali, tornando impossível ver além dela. O solo estava seco e rachado, mas ocasionalmente algo transparente ondulava um pouco acima dele, como se houvesse ondas passando.

“É a primeira vez que eu venho aqui… Normalmente tem estas ondas?”

“Até certo ponto.”

Tinassha respondeu brevemente e entoou um cântico um pouco mais longo. Um grande diagrama circular começou a se espalhar no chão. Quando o canto terminou, dezenas de fios vermelhos se ergueram a partir da circunferência externa do padrão e se entrelaçaram acima deles, formando um hemisfério que envolveu todos ali presentes.

“Por favor, aguardem um pouco e não saiam disto. Eu vou dar uma olhada.”

Bruxa disse e flutuou no ar sem olhar para trás. Então, ela desapareceu instantaneamente no nevoeiro.

Doan seguiu a figura dela com seus olhos e murmurou em mudo espanto:

“Que tipo de pessoa ela é…?”

“Boa.”

Oscar sorriu ironicamente e deu meia volta. Logo em seguida, uma voz de pânico vinda de um soldado se levantou da retaguarda:

“A Meldina não está aqui!”

“O quê?”

A preocupação dominou a atmosfera dentro da barreira. Entre a confusão, Oscar estreitou seus olhos azuis e observou o nevoeiro.

Tinassha no ar, circulou o Lago Mágico, e usou um feitiço para sondar a área.

A olho nu, o cenário só tinha um denso nevoeiro. Mas o miasma, que era impossível de esconder e os traços de mana, que eram claramente mais forte que o normal, indicavam uma anormalidade.

“Subterrâneo então…”

Bruxa clicou sua língua e pousou no chão, voltando para dar uma olhada na barreira.

Após chegar, todos pareciam aliviados, mas também perturbados. Tinassha percebeu imediatamente o motivo.

Eh, onde está Sua Alteza?”

Sylvia levantou a mão, apologética, para a pergunta.

“Ele foi procurar Meldina, que se perdeu… Tentamos detê-lo, mas Sua Alteza disse que tinha a maior tolerância, então… O que fazemos agora, Srta. Tinassha?”

Ouvindo isso, Tinassha se perguntou, confusamente, se seus vasos sanguíneos iriam estourar, considerando o quanto sua pressão arterial havia subido.

Mas o que saía de sua boca era diferente.

“Aquele… Príncipe estúpido!”

Ela estava tremendo de raiva. Todos a olhavam nervosamente; suas palavras insolentes foram totalmente deixadas de lado.

Meldina andava na neblina, incapaz de dizer onde estava. E cada passo era difícil de dar.

Seu corpo se sentia extremamente pesado.

— Como ela havia chegado a isto, Meldina se perguntava.

Desde que Oscar havia trazido aquela Maga na volta, Medina se sentia presa a um complexo de inferioridade na qual nunca havia provado antes.

Ela sabia que não havia necessidade de uma comparação, mas sempre que via aquela mulher ao lado de Oscar, apenas instintivamente se comparava. Especialmente depois de ter vindo treinar com ArtMeldina percebeu que suas habilidades estavam acima de suas próprias. Uma sensação de derrota desconhecida a havia acertado com força.

Mesmo agora, Meldina ainda estava vacilando entre o desejo de se juntar a todos e o desejo de não vê-la.

Mas logo então, ela viu uma figura no nevoeiro que se aproximava, e de repente voltou a si.

O que Meldina estava fazendo? Alguém digno do título de oficial não deveria ser enfraquecido por emoções tão triviais — ela disse a si mesma e correu em direção à figura.

Mas quando finalmente chegou perto, ela percebeu que não era uma pessoa.

Eek.

Meldina gritou involuntariamente e apertou uma mão em sua boca.

Era um cadáver em movimento, vestindo uma armadura surrada.

Tal ser se virou lentamente como se respondesse à sua voz. Não havia emoções em suas órbitas vazias. Ele ergueu lentamente a espada que carregava.

Em um segundo olhar, não havia apenas um cadáver, mas incontáveis deles se contorcendo no nevoeiro. Meldina moveu uma mão trêmula para seus quadris e de alguma forma foi capaz de desembainhar sua espada.

A espada veio para ela com uma velocidade inesperada e alta. Um som metálico estridente reverberou na neblina; a força do golpe fez com que seu braço ficasse entorpecido.

Meldina deu um salto para trás para manter alguma distância, mas ela também conseguia ouvir passos lentos por trás.

O círculo de cadáveres se fechava pouco a pouco sobre ela. Meldina sentiu uma sensação de desespero, mas reergueu sua espada novamente.

No outro lado, aqueles que permaneceram dentro da barreira também enfrentavam cadáveres.

Os corpos sem vida não poderiam tocá-los se estivessem dentro da barreira, mas se estivessem cercados por cadáveres, não poderiam voltar. Eles foram forçados a travar uma batalha sem fim com a barreira como base.

“Eles usam o Brasão de Farsas!”

“Há alguns com o Brasão de Druuza também.”

“São os mortos de setenta anos atrás…!?”

Não importa quantos eles tenham cortado ou esmagado, os cadáveres continuavam vindo. Todos pareciam cada vez mais impacientes. Tinassha clicou sua língua e deu um comando ao Dragão em seu ombro:

“Naak! Vá procurar meu Ajudante e traga-o de volta. É o homem de olhos azuis de antes. Há uma marca; você saberá. Deve haver uma mulher com ele; traga-a de volta também. Não os coma!”

O Dragão acenou e desceu do ombro dela. Estralando seu pescoço e sua cauda, se esticou. Seu corpo vermelho cresceu num piscar de olhos e ficou tão grande quanto um cavalo. Antes dos olhos surpresos de todos, o Dragão abriu suas asas, e voou, desaparecendo no nevoeiro.

Tinassha curvou-se para se esquivar da espada que estava vindo em sua direção, depois cortou com sua própria espada o pescoço do cadáver.

“Quando os dois voltarem, eu queimarei toda a área. Por favor, segurem mais um pouco.”

Todos se sentiram reconfortados com sua voz firme. Antes que se soubesse, Tinassha havia se tornado o suporte mental do grupo com sua força e habilidade.

Todos se levantaram e voltaram para enfrentar os inimigos que se aproximavam mais uma vez.

Os cadáveres continuavam vindo e vindo, não importava quantos Meldina recuasse ou derrubasse. Ela de alguma forma estava conseguindo resistir. Com o ar úmido, o som de incontáveis passos se aproximando e o cheiro de carne podre atacando suas narinas a deixavam enjoada.

Os mortos que a perseguiam por trás também tinham aumentado em número, mas ela estava conseguindo ganhar tempo com sua fina espada.

— Foi ela a culpada de tal situação. Meldina desejava ter ouvido mais Art.

O arrependimento jorrava e manchava o coração de Meldina. Ela mordeu os lábios com força.

Logo em seguida, uma espada veio de trás para a direita e a empurrou para o lado. Ela mal notou o ataque e se virou.

— Ela não conseguia mais se esquivar.

Meldina fechou instintivamente os olhos, mas alguém no nevoeiro pegou sua mão e a puxou em direção a ele.

“Crianças perdidas não devem ceder ao pânico.”

Foi seu amado príncipe que falou aquelas palavras e desviou a espada inimiga para o lado.

“V-Vossa Alteza…”

“Você pode lutar? Vamos acabar com isso.”

Com seu tom implacável, Meldina secou as lágrimas que estavam prestes a cair e acenou com a cabeça.

“Sim.”

Oscar acenou com a cabeça para as palavras dela.

Ele assumiu a liderança. Mas de dentro da névoa  uma espada lascada foi atirada em sua direção; Oscar a recebeu com sua mão esquerda vazia. Parecia não haver nada naquela mão, mas a lâmina se estilhaçou antes que pudesse tocar sua pele. Meldina olhou para a cena com admiração.

“Não fique aí parada. Vamos embora.”

“S-Sim.”

Ela entrou em uma meia corrida para acompanhá-lo.

Mas logo depois, algo grande pousou atrás deles. O impacto causou rajadas de ar em direção a eles, e quando Meldina se virou apressadamente para olhar, ela viu um par de olhos encarando-a, tão vermelhos como o fogo.

Ela levou alguns momentos para perceber que era o Dragão sobre o ombro de Tinassha.

“Sua Alteza ainda não está aqui!?.”

“Não desvie o olhar!”

O campo de batalha estava cheio de gritos e prantos. Tinassha balançou sua espada enquanto estendia seu feitiço para sondar os arredores. Os cadáveres devem estar sendo controlados de algum lugar; logo que achasse, isso acabaria. Mas infelizmente a Bruxa não conseguia localizar tal lugar.

Tinassha cortou o braço que estava vindo para Sylvia. O braço podre voou para o ar e caiu no nevoeiro.

“Obrigada.”

Sylvia suspirou em alívio. Tinassha sorriu para ela.

“Está tudo bem. Só mais um pouco.”

Justo então, como se em resposta a seu mestre, um Dragão apareceu no céu. Ele abriu suas asas e desceu lentamente. Havia um homem e uma mulher em suas costas; o homem pulou para baixo antes que o Dragão tocasse o chão. Tinassha olhou para ele friamente:

“Você merece uma repreensão.”

“Foi mal.”

“Todos, voltem para a barreira!”

Todos vieram para dentro do hemisfério vermelho com suas palavras. O Dragão também pousou lá dentro com a mulher ainda nas costas.

Os cadáveres mais uma vez se reuniram e fecharam no círculo. Tinassha embainhou sua espada e começou a entoar cânticos.

“Reconheça minha vontade como sua ordem. Aquele que dorme debaixo da terra, sob o céu. Eu convoco e controlo seu fogo — Entenda minha ordem e se manifeste em meu conceito.”

Após o canto, chamas saíram das mãos de Tinassha e formaram um diagrama circular. Ela o encolheu com a mão direita.

“Queime tudo!”

O diagrama ficou mais brilhante de uma vez. E  tornou-se um círculo de fogo, logo depois línguas flamejantes saíram do círculo e foram em todas as direções fora da barreira com uma velocidade e potência aterrorizantes. O enxame de cadáveres foi queimado num piscar de olhos, e gritos agonizantes de morte sem voz encheram o terreno baldio.



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