Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces
Prólogo
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
— Essa é a história de uma pequena garota…
Que dentro de um lugar escuro, suas lágrimas gotejam em meio a seus soluços, pobre garotinha jamais conseguiu encarar o que é real.
Ela mal consegue enxergar suas mãos, que tremem junto a sua tristeza. Em seus pensamentos um eterno desejo de voltar para os braços de seus pais que na altura da situação a muito já partiram.
A sua volta é apertado, não seria para menos, afinal ela está dentro de um velho armário, a única maneira que ela encontra para aliviar tal amargura são os cenários criados pela sua mente.
Com uma imaginação fertil de uma criança, suas lágrimas aos poucos param, em meio ao seu encontro com o Senhor Kotohan, seu eterno e melhor amigo que sempre aparece quando ela precisa, junto a seu belo cavalo branco que gosta de receber carinho em suas crinas.
O Senhor Kotohan sempre a soltava de seu exílio, levando ela para um novo mundo onde as plantas sorriem e conversam e os animais andam como humanos e nenhuma criatura viva faz algum mal.
“Que mundo magnífico”, pensa a garotinha toda vez que adentra tal mundo, não importa onde fosse ela ama todos os lugares… tendo um em especial do qual ela sempre diz ser seu favorito.
O grandioso Teatro das Mil Faces, que se localiza ao centro do grandioso Palácio Takamagahara, mesmo nunca tendo assistido presencialmente, a garota adora todos os tipos de artes, principalmente o teatro.
Com suas vestes nobres o Senhor Kotohan a guia até o palácio onde antes da incrível apresentação ela encontra seus pais sentados sempre no mesmo banco do jardim espiritual do palácio.
Abraçando seus pais com tanta força e carinho como se fosse a última vez do qual veria eles, mesmo que todas as vezes realize tal ato de amor verdadeiro.
Com a família reunida, os três passeiam pelas ruas enquanto conversam com todos à sua volta, existe algo especial naquele palácio, afinal todos os moradores usam máscaras.
E enquanto a garotinha passeia, Senhor Kotohan aguarda pacientemente como um grande amigo, que admira os sorrisos encantadores de felicidade dela.
“Eu gostaria de morar aqui para sempre!”, é o que a garota sempre diz a seus pais, seus soluços já não existem mais dando lugar a suspiros de alegria.
Após o fim do passeio, ela se despede momentaneamente de sua família para seguir seu bom amigo novamente, ansiosa para qual maravilhosa apresentação estreará hoje.
Em suas infinitas aventuras em tal lugar, todos os dias há um show novo, uma apresentação grandiosa, única e exclusiva para os moradores.
Ao chegarem frente a o teatro, a garota sempre se surpreende com tamanha beleza, as paredes são douradas e cintilantes com dois andares de pura elegância, a porta de entrada é feita com uma madeira nobre que brilha junto a luz do sol acompanhado por um imenso tapete vermelho.
Ao entrarem, quase todos os assentos estão ocupados, exceto por dois bem frente ao palco, mesmo lugar que o Senhor Kotohan sempre reserva.
Seus pequenos pés balançam em ansiedade ao se sentar, vendo as imensas cortinas se abrirem lentamente dando início ao show.
Todo o teatro é preenchido pela sinfonia de um piano e violino que produzem juntos uma harmonia única, ao mesmo tempo passos podem ser ouvidos no palco revelando assim uma boneca feita de madeira com roupas de bailarina sapateando até o centro.
Há fios nos membros principais da boneca, resvalando a proposta da apresentação de hoje, um fabuloso show de marionetes.
A boneca produz seus movimentos com perfeição, dançando no ritmo da música, em seguida várias marionetas com armaduras aparecem compondo uma linda história de amor entre a princesa bailarina e o cavaleiro da Espada da Força Solar.
E claro que para ser uma história por completo, também há um vilão, que diferente do Herói da espada, ele não conseguia ser bom em nada, por isso sente uma inveja mortal pelo nosso protagonista que enfrentou tudo de cabeça erguida.
Ao final dessa história, o vilão é derrotado e morto pelo Herói, e a princesa vive feliz para sempre com seu amado.
Todos aplaudem essa história magnífica cheia de reviravoltas, os olhos da garotinha brilham vendo todas as marionetes se curvando ao fim da apresentação, nesse momento ela não tinha problemas, ela não tinha dores, ela está feliz ao lado de seu amigo.
Porém, quando menos esperava, todas as cordas das marionetes se rompem… claro, é óbvio que isso iria acontecer.
Pobre garotinha, afinal, nada disso é real.
Outra vez a garota volta para seu escuro e assustador armário, ouvindo os sons de batidas do lado de fora de sua prisão do qual ela jamais conseguirá sair sozinha.
Muito tempo se passou desde que ela voltou para sua realidade, horas, dias talvez meses, já não importava mais, ela não tinha mais forças nem mesmo para tremer.
— Pobre garotinha, pobre garotinha, que final triste teve sua história.
Assim, enquanto sua consciência se esvai, ela novamente ouve um som familiar se aproximando, mal podendo acreditar que ela juntou seus últimos resquícios de força para chamar, afinal ela tinha certeza que era seu grande amigo vindo a buscar.
“Senhor Kotohan, Senhor Kotohan, venha me ajudar!”, ela gritava sem parar, com lágrimas no rosto e um sorriso esperançoso.
Então quando a porta se abriu seus olhos começaram a brilhar, mas para sua surpresa não era o Senhor Kotohan que estava lá, com vestes familiares como uma imagem espelha outra pessoa veio ajudar.
Não conseguindo se mexer, viu o ser estender sua mão para ela, mal podendo acreditar que um estranho veio a resgatar.
— Anos se passaram e hoje aquela garotinha está em cima de um palco… — diz uma jovem de cabelos brancos amarrados em um rabo de cavalo com olheiras gigantescas de exaustão.
Com roupas elegantes predominantemente pretas e com alguns fios vermelhos atrelados ao interior de seu terno, ela brande uma espada que reluz um brilho amarelado como o sol, em cima de um palco feito de madeira cheio de poeira.
— Ora, ora mais que surpresa, parece que tal garotinha sou eu — Ela joga a espada no chão fazendo o som metálico ecoar pelo o que parece ser um teatro abandonado — mas continuando… agora a garota já crescida aguarda um herói.
Ela retira de seu bolso um par de luvas pretas, colocando em suas mãos, junto a isso sons de fios sendo puxados percorre a sua volta e em poucos instantes várias marionetas surgem do alto.
Mas diferente das marionetes do show em que ela presenciou em seus sonhos, as que estão ao seu lado agora não parecem ter fios que os comandam, eles estão vivos como qualquer ser humano.
— Agora, ela espera pelo herói… que possa enfim vencer o vilão desse terrivel conto — Ela balança os braços como se fosse o lider de uma orquestra — ou seja… agora, eu espero o heroi, que possa me matar e por um fim em minha historia.
Uma sombra negra surge de trás dela, seu respirar se torna visível graças a um frio repentino.
— Vamos começar, certo Senhor Kotohan?
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
Ao mesmo tempo, em um lugar muito distante frente a uma praia com uma intensa brisa fresca, duas pessoas caminham enquanto comem um crepe doce.
— Não importa quantas vezes eu venha, tal doce continua maravilhoso querido servo — diz Koi, sujando levemente suas bochechas com o recheio de dentro do crepe.
Amon sorri, segurando outro crepe em sua mão enquanto com a outra continua passando protetor solar em seu rosto.
Tudo ocorria bem, até que abruptamente Koi sente um arrepio em sua espinha a fazendo se virar para com urgência.
— O que houve pequena Koi? — questiona Amon, percebendo a mudança de comportamento.
— Para falar a verdade… não sei ao certo, mas com certeza algo está acontecendo.
— E o que seria esse algo?
— Algo muito antigo… diferente dos demais — Koi leva seu polegar até sua boca, mordendo ele levemente — algo tão poderoso quanto um Deus superior retornou.
Assim se dá início a uma nova etapa de tal mundo, as fronteiras de poder foram quebradas na batalha entre dois Numens e graças a um símbolo misterioso, um terrível terror retornou.
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
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