Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 47: A Bela Versus A Fera


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Ele se recusa a comer, deve estar com tanta dor... — diz Himeno, mordendo o canto dos lábios em preocupação — já se passaram dois dias, não devíamos procurar algum médico?

— Médico nenhum iria atender um paciente que aparecesse assim do nada, além do risco de descobrirem ele — responde Oinari, sentada no sofá com os dedos entrelaçados — o único que poderia ajudar é o Amon, mas ele está fora do distrito a um tempo já.

Himeno suspira caminhando até sua amiga sentando-se ao seu lado, em seguida abraçando os ombros dela, — Vamos dar um jeito tá bom...

Enquanto conversam a TV transmite as últimas notícias, sendo elas principalmente a vitória avassaladora da segurança pública frente aos Numens, foram dezoito baixas inimigas contra apenas uma baixa humana.

— Essa merda de jornal só sabe falar sobre uma vitória humana?! Isso não é uma conquista, mas sim uma massacre! — exclama Himeno, pegando o controle para desligar a TV.

— Eles estão no direito deles, afinal tiveram que anunciar o ataque ao Distrito Zero também.

— E qual a diferença entre as duas?! Só pessoas morreram, por que tratam um com pesar enquanto o outro alegria?!

— Eu não sei, mas tenho quase total certeza de que provavelmente o Risu está envolvido com os dois casos — diz Oinari com uma expressão séria.

Himeno vira sua atenção para Erisu totalmente enfaixado e ofegante deitado sobre um sofá enquanto o sangue não para de sair por suas feridas, — Você não sabia disso?

— Eu sempre soube, talvez só preferi não acreditar — Oinari abaixa a cabeça em meio a suas palavras — ou somente estava esperando ele me dizer...

— Se ele realmente estiver envolvido com o ataque no distrito zero, isso significa que ele...

— Não! Eu tenho total certeza de que o Erisu não mataria ninguém! — exclama Oinari, levemente irritada.

— Como pode ter tanta certeza disso? Eu gosto dele tanto quanto você, mas se ele realmente escondeu isso é bem capaz que tenha feito — diz Himeno se afastando lentamente, voltando a atenção para sua amiga.

— Eu tenho total certezas porque o Erisu não tem motivos para fazer isso, ele somente mataria alguém por... — Em meio a sua frase, algo parece fazer sentido na mente de Oinari — mim, droga Risu o que foi que você fez?!

Ela se levanta caminhando até o corpo de Erisu, colocando a mão sobre a testa dele enquanto aproxima seu rosto para perto dele.

— Me desculpe raposa, eu sinto muito — Ele cochicha com a pouca força de sua voz.

— Risu, se conseguir me ouvir me responda o que você fez — Uma luz purpura se forma na palma da mão dela entre a testa dele.

— Eu tinha prometido... a uma amiga que iria te contar tudo quando... — Ele tenta continuar a falar, mas os intervalos entre sua voz e a respiração se tornam mais longos — eu... queria me redimir, não quero ser um assassino, quero só proteger vocês.

Febril suas frases são muitas vezes desconexas e sem sentido, quase como se ele estivesse constantemente se perdendo em tantos pensamentos.

— Risu, por favor me diga onde foi que você se juntou com esses Numens.

— Por favor... me desculpe, Oinari eu sinto tanto... tanto...

Oinari acaricia o rosto de Erisu, mostrando uma expressão de tristeza e raiva continua, — É claro que eu te perdoo.

Um alívio parece percorrer o corpo de Erisu ao ouvir sua frase, virando seu rosto para o lado para descansar, perdendo novamente sua consciência aos poucos, — Tomaru... — foi sua última palavra até novamente entrar em seu coma.

— O que foi que ele disse? — questiona Himeno que observa tudo apreensiva.

Ela não podia ver o rosto de Oinari, que agora está profundo e obscuro, seus olhos tremem em ódio, reconhecendo esse nome ela se levanta, tentando disfarçar suas intenções.

— Eu preciso tomar um ar.

Ela caminha em direção a porta sem olhar para trás, levando sua mão até a maçaneta.

— Oinari, o que você realmente vai fazer? — questiona Himeno, conhecendo-a a muito tempo.

O olhar de Himeno aponta claramente preocupação, o sentimento estranho vinha em forma de alerta para ela, vendo a reação de sua amiga.

— Vou fazer umas perguntas para um conhecido — Ela abre a porta, saindo para o lado de fora — por favor, cuide do Risu por mim.

A porta se fecha com força em seguida, o ar ficou mais denso dentro de seu apartamento, de alguma forma Himeno sabia que algo de ruim iria acontecer.

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Está no fim da tarde e os metrôs começam a ficar cada vez mais vazios a caminho do Distrito Residente, mas diferente de todas as pessoas com ternos e gravatas que seguram maletas de escritório, Oinari não parece ter pressa em seu andar.

Seus olhos estão focados somente para uma direção, que a medida do qual se aproxima o seus batimentos cardíacos se tornam mais lentos.

Até por fim se aproximar de um condomínio de luxo, ficando de frente para o portão do local, que sem ao menos apertar a campainha se abre automaticamente dando total acesso a ela para o interior da mansão.

Seus passos são calmos, mas provocam um som de batida profundo ao contato das solas de seus sapatos com o chão e ao subir as escadas ela se depara com um grupo de pessoas feridas e enfaixadas sendo tratados por uma mulher de cabelos azuis.

Yume percebe a garota familiar passando por eles sem os sequer dar uma olhada, mas o que a mais preocupa é a intensa pressão que somente sua presença causa em todos Numens feridos a sua volta.

Provocando desmaios repentidos nos feridos e fazendo ela sentir vertigem somente de olhar para ela.

Oinari se aproxima de uma porta grande, aquela é a sala de Tomaru e sem dificuldades ela abre com ambas as mãos se deparando com o local luxuoso, do qual ele está sentado em sua mesa, mexendo em algumas papeladas.

Ao sentir sua presença, Tomaru dá um sorriso de lado erguendo seu olhar para a convidada que acabará de adentrar sua sala.

— Creio que não deveria ter convidados hoje, mas admito que faz tanto tempo que não a vejo — diz Tomaru, se levantando de sua cadeira.

— Não trate como se não soubesse do porquê estou aqui — exclama Oinari encarando ele.

O olhar perfurante de ódio se bate contra os de Tomaru, fazendo suspira um pouco.

— Caramba, então o cachorrinho deu com a língua nos dentes... — Ele passa a mão em seu cavanhaque, crescendo um sorriso — mas devo contar que estou mais surpreso com o seu olhar que não mudou nada desde criança.

— Cachorrinho...

— Sendo sincero achei que ele estivesse morto a essa altura, mas realmente é surpreendente o quanto ele é fora da curva, fora que...

— O que você prometeu a ele? — exclama Oinari interrompendo ele em sua frase.

— Nada muito importante — Tomaru se alonga, ajeitando sua gravata — eu precisava de ajuda nos momento de guerra e ele queria ter certeza de que nenhum humano tocasse em quem ele se importa, algo nobre né?

Oinari fica em silencio abaixando sua cabeça enquanto Tomaru se afasta um pouco de sua mesa, se aproximando até uma prateleira, continuando.

— É impressionante o tanto de coisa que ele faria por você e para redimir de seus pecados, afinal tive que ensinar a ele a ter responsabilidade das mortes que ele causou com a pequena batalha que teve contra a SEIDAI.

— Muito bem, parece que tenho que te dar uma lição assim como fiz anos atrás — diz Oinari calmamente, erguendo seu queixo.

— O que?

Kix No Seiza

Tomaru ao ouvir os sussurros de Oinari vira seu olhar rapidamente, erguendo sua guarda para enfim se deparar com algo amedrontador em sua visão.

De ambos os olhos de Oinari suas pupilas se multiplicam a cada segundo após tal frase, a profunda escuridão de seu olhar agora se torna semelhante ao mais escuro canto de uma galáxia.

Uma aura violeta surge em seguida de todos os poros de seu corpo e um tremor ocorrer a sua volta que aumenta gradativamente.

No canto da sala do qual a Oinari se encontra começa a se tornar cada vez mais escura enquanto o lado de Tomaru uma luz branca invadi pelas janelas.

E no último ato de sua recitação, dois braços negros como uma sombra seguram os ombros de Oinari saindo do completo vazio, para em seguida em um piscar de olhos as palmas das mãos daqueles braços cobrirem por completo o rosto de Oinari.

Assim o tremor se torna mil vezes maior e uma explosão ocorre levando todo aquela sala do segundo andar pelos ares, fazendo Tomaru cair em meio a toda aquela luz branca em pleno ar.

Não há muitos destroços pois não é uma simples explosão comum de combustão, mas sim totalmente diferente como se ao invés de destruir, aquela explosão apagou tudo que tocou, não deixando rastro nenhum de existência.

Ao se chocar contra o chão, Tomaru rasga seu terno com sua própria mão, se erguendo bufando em raiva, olhando para o alto onde Oinari desce graciosamente para ficar frente a frente com ele.

— Agora você passou dos limites criança! Mexeu com minha raiva e meu orgulho — grita Tomaru com uma aura completamente dourada saindo de seu corpo.

— Acho que sua memória é fraca velhote, vou relembrar para você que não se deve mexer com o que me pertence — diz Oinari, erguendo ainda mais seu queixo olhando para Tomaru com desprezo.

— Se quer tanto assim bater de frente, então vem com tudo! — Tomaru caminha se aproximando perto o suficiente dela que a faz sentir sua respiração pesada — vou te mostrar minha verdadeira força!

Esse é um confronto entre uma fera indomável que é cinco vezes maior que sua oponente, com seus músculos se contraindo em completa raiva, contra a mais bela donzela que o ódio se torna palpável simplesmente por estar perto dela.

A aura densa violeta de Oinari se choca contra a aura vibrante dourada de Tomaru, iniciando o combate.

 

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