Volume 1 – Arco 3
Capítulo 43: Sobrevivência
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
Os disparos atingem todos a sua volta, Yume vê com seus próprios olhos os Numens sendo fatalmente feridos ou mortos em poucos segundos com o ataque, não vendo uma alternativa, ela entrelaça os dedos.
— Guusuu Kyoudai!
No mesmo instante, seu Bakemono se ativa inundando o chão a volta do círculo de Numens que tentam sobreviver, criando-se uma parede de ondas ao arredor, bloqueando os projeteis momentaneamente.
Com um suspiro de alívio, Yume se focou totalmente nos sobreviventes, abrindo uma abertura perfeita para alguém de fora entrar para dentro da barreira segurando apenas um simples bisturi.
Seu movimento é fluido e leve, quase como se não tivesse peso em seu corpo e com apenas poucos passos, do canto de seus olhos Yume vê Kaguya a sua frente.
Um gosto amargo atinge a boca dela, um pressentimento de ameaça e medo, o homem a sua frente emana uma aura densa e pesada.
Por reflexo ela desliza seus pés criando uma pequena onda no chão, subindo uma barreira levemente menor separando os dois.
Porém da mesma forma que sobe ela é completamente desfeita com o próprio corpo de Kaguya que passa como um tanque de guerra imparável pela defesa dela.
De toda forma aquilo serve para dar um pouco mais de tempo para Yume, que aponta o dedo indicador como um arma na direção do humano.
— Bang! — exclama Yume com urgência, disparando um jato rápido de água a queima roupa.
O jato tinha a trajetória certeira do rosto dele, no entanto mesmo parecendo impossível Kaguya desvia somente tombando sua cabeça para o lado, girando o bisturi em sua mão tentando um golpe certeiro no pescoço dela.
Vendo seu disparo fracassando e o golpe vindo com tudo, ela flexiona a suas pernas para em seguida dar um pequeno salto batendo com os dois pés no peito de Kaguya, o fazendo recuar alguns metros para trás.
— Você tem bons reflexos... até mesmo para um Numen — diz Kaguya colocando levemente a mão em seu peito.
— Obrigada pelo elogio — exclama Yume, voltando a entrelaçar os dedos atentas.
— Seu Bakemono tem uma área imensa, você é um dos raros consigo sentir isso, uma Numen fora do comum.
— Não acho que é uma boa ideia ficar conversando com alguém que quer me matar!
— Tem razão... — Kaguya volta a girar o bisturi em seus dedos — seu Bakemono vai dar trabalho se continuar ativo.
Ele começa a correr em volta de Yume que permanece em guarda aumentando a velocidade gradualmente, porém com um brusco arrancar direto em direção a ela, Kaguya sente algo prendendo sua perna, o impendendo de correr.
Ao olhar para baixo, vê uma espécie de tentáculo saindo da água rasa do chão, prendendo sua perna direita com força.
— Acha mesmo que vou te deixar sair correndo por aqui? — Yume desliza pela água, formando uma bolha grande em sua mão, se aproximando de seu alvo.
Quando chega perto o suficiente, a bolha se torna ainda mais maleável enquanto ela estende seu braço para cima fazendo a bolha seguir como um chicote.
Kaguya cerra os olhos, erguendo ambos os braços para bloquear o ataque, mesmo que após o contanto sangue escorre na área atingida.
Ele rapidamente se agacha cortando com o bisturi o tentáculo que o prendia e com um salto se distancia de Yume.
Seu jaleco branco agora está sujo pela primeira vez com seu próprio sangue, o retirando lentamente revelando uma camiseta preta de gola alta, seu físico é como de um profissional de malhação.
— Então você pode me atingir a hora que quiser enquanto houver água? — Ele estala seu pescoço, com algo mudando em sua postura — vamos ver o qual é o seu limite de acerto.
Não somente sua postura, mas sua aura também mudou, se tornando negra e massiva, dificultando até mesmo o respirar.
— Droga... essa aura é até mesmo mais poderosa do que a do Yudi — diz Yume, dando um passo para trás em alerta.
Kaguya parte outra vez contra ela, erguendo seu braço para o alto buscando seu ombro enquanto Yume revida criando uma breve barreira na direção do braço dele e deslizando para as costas de Kaguya.
Ela coloca as palmas da mão no chão com um tremor se formando sobre a água rasa, formando um vórtex que cobre Kaguya em um redemoinho, ainda calmo ele se prepara para saltar pra fora, porém da água também surge algo que é puxado pelo vórtex.
Estranhos peixes do qual suas barbatanas e dentes são como facas extremamente afiadas surgem do nada em cardume girando em volta de Kaguya que recebe pequenos cortes constantes em todas as direções.
Ainda ameno a situação protegendo principalmente seus órgãos vitais, Kaguya salta rapidamente pela boca do vórtex fugindo dos ataques.
— Além de água seu Bakemono realmente consegue criar vida — Kaguya larga seu bisturi — isso se encaixaria além do Rank S, preciso exorcizar você antes que compreenda por completo seus poderes.
— Foi mal, mas não posso deixá-lo fazer isso, tenho uma promessa de mendinho para cumprir.
— Faz tanto tempo que não uso meu Necat-Deos..., mas acho que esse é um momento necessário.
Ele lentamente retira um pequeno cubo, mas diferente dos demais não é uma cor ciano que o cobre, mas sim um laranja forte, ao concentrar sua fé seu Necat-Deos se ativa depois de anos, mostrando uma espécie de alabarda.
Mas ao invés de uma lâmina na ponta de seu cabo, existe uma motosserra que emana um intenso brilho laranja como a de um vulcão.
Yume sente a ameaça aumentando e seu tempo acabando, com o suor escorrendo por sua testa ambos acenam com a cabeça um para o outro.
Assim os dois partem na direção opostas, se chocando em um golpe que faz a água se espalhar com o impacto e com a velocidade aumentando, começam um confronto de ataques velozes de um tentando superar o outro.
A cada golpe da Necat-Deos de Kaguya, Yume bloqueia com uma rápida barreira de água enquanto a cada chicotada com a bolha de água dela, Kaguya desvia sem nenhuma dificuldade.
Uma batalha de experiencia e força versus poder e inteligência, do qual um simples deslize pode resultar ao fim da luta.
Vendo que é impossível acertá-lo ela decide fazer algo arriscado, em meio aos ataques, Yume dá um passo a mais para frente dele, impedindo-o que brandisse sua motosserra ao mesmo tempo que não conseguiria manipular a bolha em sua mão.
Então determinada ela fecha os punhos e dá um soco direto no rosto de seu alvo, criando um impacto tão grande que uma corrente de vento se forma.
Porém a sua expressão se torna de choque ao perceber que Kaguya nem ao menos mexeu o rosto e ergue sua arma para o alto, atacando de cima para baixo com sua motosserra de uma vez só.
Yume cria uma barreira percebendo o perigo, no entanto ao contato da serra com a água ela começa a tremer e girar, com o som de seu motor ecoando por todo o galpão.
Assim em poucos segundos a barreira é rompida, mesmo tentando desviar o máximo que Yume consegue é dar um passo para trás, sendo atingida em cheio fazendo a serra cortar ela do ombro até a cintura.
O sangue espirra drasticamente, fazendo ela cambalear para trás com uma intensa dor, se não fosse pelo pequeno passo que havia dado, seu corpo agora estaria divido ao meio.
Yume cai de joelhos com sua visão escurecendo lentamente.
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— Seu tempo está acabando pequena criatura da terra — diz uma voz profunda vinda de dentro de Yume.
— Meu tempo está acabando?
— Se quer realmente viver e levar algum ser de sua espécie consigo, tens que manter o foco.
Ela não conseguia ver, mas pode sentir a barreira em volta dos Numens se desfazendo a cada segundo, talvez todo aquele esforço fosse demais para seu corpo ainda inexperiente.
— É você de novo? Achei que tivesse sido um sonho da última vez.
— Como eu disse, estou preso dentro de ti e sou a sobrevivência e precisa me libertar — A voz causa uma sensação de conforto em Yume — enquanto isso não ocorre, eu posso te emprestar meu poder, mas você somente tem um minuto.
— Um minuto... será que consigo?
— Caso não consiga, eu errei em minha opinião sobre você.
— Tudo bem... por favor me empreste seu poder!
— Desejo atendido criaturinha.
— Antes de ir... como posso te libertar?
— Descubra meu nome... — A voz sublima fica cada vez mais destoada.
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
Com um simples piscar de olhos Yume volta a enxergar a sua frente, vendo Kaguya caminhar até ela para a finalizar.
Ela sente o tempo passar e mesmo com a dor e a perca de sangue seu corpo se sente revitalizado, Yume busca alguma solução de vitória.
Mas não importa o que pensasse todas as opções parecem impossíveis, até que algo passa por sua mente, é arriscado, mas não sobrava mais nada.
Yume abaixa a cabeça e espera até Kaguya estar perto o suficiente e erguer novamente sua arma.
No exato momento do ataque, assim como fez com Yudi, ela bate com as duas palmas da mão novamente no chão, criando uma gigantesca onda logo atrás dela que atinge Kaguya o levando com tudo contra uma das paredes de água enquanto o afoga por poucos segundos.
Quando a onda abaixa, Kaguya volta a atenção até Yume que aponta o dedo indicador diretamente a ele.
— Bang! — exclama Yume, disparando outro jato a distância.
Sem se preocupar Kaguya vê a trajetória do disparo, percebendo não focar em seu corpo ou em sua cabeça, percebendo algo de estranho flexiona os joelhos para novamente tentar avançar.
No entanto dessa vez não somente um tentáculo o segura, mas sim vários junto com ostras e espécies esquisitas de peixes jamais vistos ou imaginados por uma pessoa o prendiam contra a parede por completo.
Assim ele percebeu o jato de água mudando sua trajetória em pleno ar para diretamente ao rosto dele, que desvia o rosto por poucos segundos, no entanto atingido sua orelha de raspão cortando assim o fio de sua máscara que cai lentamente.
Usando toda sua força ele segura a máscara em seu rosto para que não caísse, percebendo enfim Yume erguendo uma de suas mãos.
— Guusuu Kyoudai... — Yume estala seu dedo, chamando algo de dentro de suas águas.
Uma espécie gigantesca de peixe com dentes afiados surge de dentro da parede logo atrás de Kaguya que morde rapidamente o ombro por completo dele.
Até mesmo um grande peixe como aquele parece sentir dificuldades em cortar a carne de tal humano, mas é inegável que enfim ela o acertou de forma quase fatal com os dentes da criatura fincando ainda mais no ombro dele que tenta desesperadamente segurar a máscara em meia a dor.
— Eu não posso morrer aqui... — diz Yume, suspirando com seu Bakemono começando a falhar novamente — mas também sei que não posso vencê-lo.
Ela olha para as criaturas marítimas que seguram o tal humano e conclui, — Por favor amigos, o segurem o máximo que puderem.
Então ela se vira correndo em direção aos poucos restantes Numens que ainda estão vivos, a última visão de Kaguya sobre, foi ela correndo com os sobreviventes rumo a saída enquanto os protegia dos disparos, até seu Bakemono enfim ser completamente desfeito, deixando Kaguya de joelhos sobre o chão húmido.
— Esse é o primeiro Numen que fugiu de mim... interessante.
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