Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 22: Eu Não Sou Forte


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Dentro da sala dos professores, Erisu treme sua perna direita com a estranha ansiedade da situação, vendo Osara mexendo em algumas pilhas de papeis procurando algo.

Não há mais ninguém dentro na sala, somente os dois, enquanto de pouco em pouco o sol se esconde nas nuvens iluminando assim todo o ambiente com a luz laranja de fim da tarde.

— Professora, err..., precisa de ajuda?

Ela vira seu olhar para Erisu, mostrando simpatia, para em seguida retirar duas folhas que acabara de encontrar.

— Não precisa, já encontrei. — Osara se senta frente ao garoto, entregando a ele uma das folhas.

— O que é isso? — questiona Erisu, começando a ler a tal folha familiar.

— É o questionário que a antiga professora passou para vocês, na parte da frente são algumas perguntinhas para saber o nível de aprendizagem de vocês — diz Osara, virando a folha que está em sua mão — Já na parte de trás é um pequeno teste vocacional, você quer ser um inspetor público?

— Para falar a verdade, é o que minha mãe quer, ela disse que ganham muito bem e não existe tantos riscos — responde Erisu, deixando o seu questionário sobre a mesa.

­— Entendo, mas devo concordar com sua mãe, você tem jeito para isso, ouvi comentários que você andou bisbilhotando as salas.

— Eu não estava fazendo isso! só queria entregar esse questionário! — exclama Erisu, levantando-se da cadeira.

Oras, eu só estou brincando — diz Osara, soltando pequenas gargalhadas — o que me preocupa não é seu questionário.

— Então o que seria professora? — Erisu logo volta se sentar.

— A de seu amigo, o pequeno Arias — Ela entrega a outra folha para Erisu — você o conhece a muito tempo né? Conseguiria me dizer do porquê ele fez isso?

Erisu cerra seus olhos focando somente na folha, vendo a parte da frente completamente respondida com maestria do aluno mais inteligente da turma, no entanto na parte do teste vocacional, tirando a parte do nome e idade, está completamente vazia, nem mesmo uma única pergunta respondida.

— Ele esqueceu de responder? — questiona Erisu, olhando para Osara.

— Duvido que seja isso, afinal ele assinou seu nome — responde ela em tom sério, continuando seu questionamento — saberia de algum motivo dele não ter respondido?

— Para falar a verdade..., ele nunca disse o que queria fazer no futuro.

— Você nunca o questionou sobre isso?

— Não, geralmente é ele que pergunta essas coisas.

Osara entrelaça os dedos em atenção a Erisu, o encarando nos olhos, — Eu vou ser sincera com você, pelo que soube a situação da família dele não anda boa, na última vistoria do órgão público declarou um estado crítico.

— Eu sei disso..., a mãe dele ultimamente anda bem doente e o seu pai é meio... mal, mas isso pode mudar né?

— Sendo sincera eu espero que mude, caso contrário tanto Arias quanto sua irmã serão levados pelos setores responsáveis.

— Juntos? — questiona Erisu, com sua perna ainda mais trêmula.

— Provavelmente não, afinal suas idades são diferentes fazendo com que eles fossem a lugares diferentes.

Os olhos de Erisu se espantam enquanto incrédulo por tal situação, ele sabe o quanto Iko é importante para seu amigo, além de nunca ao menos ter questionado ter Arias longe de si.

— Droga..., droga... professora precisamos fazer algo! Por favor! — exclama Erisu, batendo na mesa com suas duas mãos encarando sua professora nos olhos.

Ela permanece séria por alguns instantes, vendo tremenda determinação de um garoto tão jovem, estendendo sua mão para o rosto de Erisu em um pequeno cafuné.

— Você é um garoto incrível, Arias tem sorte em ter um amigo como você

“Eu que tenho sorte de ter ele como amigo” pensa Erisu, cerrando os punhos, — Por favor! Tem algo que possamos fazer?

— Eu farei de tudo que estiver em meu alcance tá bem? Por hora apenas fique sempre do lado de seu amigo, nesse momento ele vai precisar.

Ele acena múltiplas vezes com a cabeça em concordância, vendo sua professora se levantar, caminhando em direção a porta.

— Muito obrigado de verdade professora.

— É meu dever como professora

Erisu se levanta, segurando sua mochila em seus braços se dirigindo para fora da sala a passos lentos, até sentir a mão de Osara encostar em seu ombro.

Ei Erisu, sobre seu futuro, se realmente decidir ser um inspetor eu posso ajudá-lo! Afinal antes de vir pra cá me tornar uma simples professora substituta, eu era inspetora no Distrito Zero! — Ela sorri timidamente, soltando o ombro de Erisu junto a um aceno.

Erisu força um sorriso, se despedindo de sua querida professora, caminhando de cabeça baixa em direção as escadas, descendo-as lentamente até ver a distância seu amigo segurando a mão de Iko que aguardam por ele.

Assim finalmente os três retornam juntos, caminhando pela costa do mar com o sol agora pouco visível no céu.

— Arias, sua mãe está melhor? — questiona Erisu, mergulhado em preocupação.

— Ainda não passei em casa, mas pode ter certeza que sim! Nossa mãe é incrível né Iko?

— Sim! Mano tem razão! Mamãe é muito forte!!! — diz a pequena garota que dá alguns pulinhos em animação.

— Entendo..., fico feliz.

— O que foi cara? Está preocupado com algo? — questiona Arias passando o braço entorno do pescoço de Erisu.

— Talvez eu esteja...

— Já entendi! Se quiser pode passar em casa se quer realmente saber se minha mãe está bem.

— Posso mesmo?

— Claro que pode! Meu pai deve estar fazendo outra coisa agora! Então vamos passar lá!

Iko segura a mão de Erisu extremamente animada, — Mano dois! Vamos brincar!!!

Erisu sorri, sentindo um rápido alívio como se um peso de suas costas fosse retirado, fazendo-o seguir seu amigo até o lado mais precário do distrito, não demorou muito tempo de caminhada, mas com certeza é mais distante do colégio do que a casa de Erisu.

Assim finalmente chegando a uma rua sem saída, dividida pelas sombras de um imenso bar e prédios comerciais está uma pequena casa de madeira caindo em pedaços.

Arias abre a porta, tocando o som de um pequeno sino preso atrás do lado de dentro do qual sempre alerta quando alguém entra ou sai daquela fatídica casa. Em seguida Arias pega a mochila de sua irmã colocando no canto da sala junto a sua.

— Tire os sapatos Erisu-su! Vamos ver como minha mãe está! — Arias segura a mão de seu amigo, caminhando até um quarto no final do corredor com as portas fechadas.

Ao abri-la, uma fraca luz ilumina todo o quarto, mostrando assim uma bela moça de cabelos longos loiros, junto a seus olhos em um dourado intenso, deitada sobre a cama, coberta por um fino edredom.

— Mãe cheguei! E trouxe alguém comigo!

— Boa tarde dona Nyuusen — diz Erisu, de maneira tímida.

— Como é bom te ver pequeno Erisu, por favor me chame apenas de Shijuko — ela sorri de maneira pacífica, tossindo um pouco ao final de sua frase.

Mesmo tão bela, Shijuko está magra e fraca, com um semblante abatido que preocupa ainda mais Erisu, ele a conhece tanto quanto seu amigo, sendo uma mãe dedicada e durante vários e vários dias cozinhava para ambos a melhor comida que Erisu já experimentou.

No entanto do dia para noite, uma doença estranha a consumiu, a deixando em um estado debilitado de fraqueza.

— Desculpe vir sem avisar senhorita Shijuko.!

— Você é como um filho para mim, por favor deixa eu te ver melhor. — Com dificuldades, ela se senta na cama.

Erisu acena em concordância, se aproximando da cabeceira da cama, sentindo o toque frio e frágil de Shijuko em seus cabelos, com seu corpo parecendo vidro prestes a quebrar.

— Seu cabelo cresceu Erisu, não anda penteando-o? — ela gargalha, olhando nos olhos dele — mas afinal não foi só seu cabelo que cresceu, seus ombros estão mais largos! Se continuar assim vai ser mais alto que o Arias!

Haha! Isso é impossível mãe! Eu sempre serei o mais alto daqui! — diz Arias ao lado da porta, cruzando seus braços com convicção.

Shijuko gargalha mesmo durante a sua tosse frequente, — Filho, poderia trazer um copo de água junto ao remédio?

— Claro mãe! Erisu fique de olho nela por mim! — diz Arias, indo até a cozinha.

— Pequeno Erisu... — Ela se vira para ele, com um olhar de despedida — caso algo aconteça comigo, por favor proteja o Arias e a Iko por mim.

— Não fale isso senhorita! Nada vai acontecer com você está bem?

— Gostaria de ter a mesma fé que vocês crianças tem sobre a vida e o mundo — Ela olha para sua própria mão pálida — por favor prometa isso para mim.

— Mas... — Erisu morde seus lábios com frustração — é sempre Arias que me protege, afinal de contas eu sou fraco e não consigo ajudar!

— Isso é uma grande mentira Erisu — diz Shijuko, tombando sua cabeça com um sorriso — pode não perceber, mas Arias parece ser sempre forte quando você está por perto, mas na realidade assim como você depende dele, ele depende de você.

Erisu a encara surpresa pela tal afirmação, segurando com todas as forças o choro que vem a sentir.

— Erisu, mesmo não demonstrando, você sabe o que é amar, então proteja a todos que ama mais do que sua própria vida — Ela sorri apertando a bochecha dele — porque somente assim conseguirá viver sem arrependimentos!

Uma pequena lagrima escorre pelo rosto de Erisu, no entanto logo sendo limpa por Shijuko ao ver Arias entrando novamente no quarto com um copo e uma cartela de comprimidos.

— Aqui está mãe! Beba!

Erisu se afasta dos dois, caminhando em direção a porta, — Irei brincar com a Iko, ela deve estar se sentindo só — diz enquanto tenta engolir o choro que parece estar próximo a surgir

Okay!

— Foi bom te ver novamente, por favor apareça mais vezes! — diz Shijuko, em seguida bebendo seus remédios.

Erisu sai do quarto, colocando seu braço em cima de seu rosto enquanto respira fundo, ele sente medo, o terrível medo de perder.

Iko se aproxima dele, abraçando suas pernas com um brinquedo de quebra-cabeças em sua mão, — Mano dois, vamos brincar.

Quase soluçando, Erisu concorda com a cabeça olhando para Iko, — Sim, vamos!

Os dois caminham pelo corredor, rumo a sala para completarem o pequeno jogo de quebra cabeças de Iko.

No entanto o som do mesmo sino que ouviu quando Arias abriu a porta pela primeira vez ecoa por toda a casa. Erisu paralisa, virando seu olhar para a porta de entrada, vendo assim um homem de meia-idade acima do peso, com a barba a fazer, com olhar profundo de raiva.

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