Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 20: Infância


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

As paredes de um beco escuro são iluminadas pelos feixes de luz do sol da manhã, revelando estranhos símbolos e escrituras feitas à mão enquanto um pequeno garoto de cabelos pretos as observa atentamente na escuridão.

O beco é frio e úmido, fazendo o nariz do garoto coçar, mesmo assim algo prende sua atenção sobre aqueles símbolos, como se eles o chamassem de alguma forma.

— Erisu! Vai continuar parado aí até quando? — diz uma alegre voz vinda da frente do garoto.

— Arias..., o que são esses desenhos?

— Quem se importa? — gargalha Arias, segurando a mão de seu amigo — Vamos logo! Não podemos nos atrasar Erisu-su!

— Erisu-su? — questiona enquanto é puxado em uma pequena corrida para dentro do beco.

— Gostou do apelido? Gosto do som que faz quando digo rápido! Erisu-su-su!

— Você que sabe...

Erisu observa os mesmos símbolos pela última vez, até ser guiado por seu amigo, atravessando por fim a rua escura do beco, não há ninguém por ali, somente alguns poucos animais como gatos e ratos correndo pelos latões de lixo e papelões jogados pelo chão.

— Err, Arias... tem certeza de que é seguro passar por aqui?

— E por que não seria?

— Minha mãe disse que becos são perigosos.

— Ah! Entendi, você está com medo!

— Eu não estou com medo! — esperneia Erisu, abaixando a cabeça logo em seguida — talvez um pouco.

O final do beco está bem a frente deles, Arias é iluminado pela luz do sol que reflete com seu cabelo loiro que contrastam em seus olhos dourados, virando seu corpo abruptamente para frente de seu amigo colocando as mãos sobre a cintura de forma confiante.

— Eu já te falei sobre isso Erisu-su! Sempre que estiver com medo, você pode segurar minha mão!

Arias estende sua mão direita para a escuridão, onde Erisu permanece o observando em contraste com o sol, como se estivessem em dois mundos diferentes, “Ele sempre brilha desse jeito”, pensa ele segurando a mão de Arias, que logo o puxa para a luz com um intenso sorriso mostrando seus dentes com um deles faltando.

Ele ainda lembra do dia que conheceu seu melhor amigo, sendo uma manhã de início as aulas no seu quinto ano, Erisu nunca foi de conversar talvez por conta de sua mãe superprotetora ou talvez por não conseguir entender as outras crianças de sua idade.

Por conta disso, ele logo em seu primeiro dia matou aula para ficar sentado abraçando seus joelhos a beira mar na praia a caminho do colégio.

Os ventos sopravam seus cabelos junto a um sentimento solitário da manhã, foi então que alguém joga água em direção de Erisu, molhando seu rosto.

Ao olhar para o responsável ele conheceu Arias, um garoto transferido de outro colégio com roupas amassadas e um sorriso determinado, a realidade é que ele estava perdido não conseguindo encontrar seu colégio, no entanto graças a isso, o destino de ambos se conectou em uma maravilhosa amizade.

Quinze minutos após saírem do beco, eles passam pela mesma praia do qual se conheceram, para em seguida estarem frente a um colégio de muros brancos altos com uma enorme placa escrita; Colégio Novo Yoko Mikasa.

— Chegamos! E dessa vez não nos atrasamos ein! — diz Arias, levando as duas mãos sobre a nuca, entrando no colégio.

Caminhando em direção a entrada, Erisu troca seus sapatos guardando o que estava usando em seu armário, até novamente ser chamado.

Psiu! Erisu-su! Tem um sapato para emprestar?

— Esqueceu o seu de novo né?

— Eles estavam sujos! O que eu podia fazer?

Erisu retira um outro par do armário de baixo, estendendo para ele que os segura com brilho nos olhos.

Eles continuam a conversar sobre os assuntos do dia a dia, subindo as escadas enquanto distraídos, fazendo com que Erisu esbarrasse em alguém caindo sentado no chão. O rosto dele ao perceber se cora de maneira tímida ao reparar na pilha de papeis que cai sobre o chão.

— Me desculpa! Eu vou ajuntar tudo!

De maneira desesperada se ajoelha, recolhendo de pouco a pouco os papeis jogados, quebrando somente sua tensão ao sentir um toque em seu rosto com suaves dedos em uma caricia.

Ei, você se machucou? — diz uma voz reconfortante de uma mulher.

Erisu ergue sua cabeça, olhando para a moça a sua frente vestindo saia longa e uma camisa social branca, seu cabelo é escuro com tons de roxo, mas o que lhe chama mais atenção são seus óculos rosa frente a olhos castanhos profundos com cílios longos e bem cuidados.

— Não... err... eu vou ajuntar para você! — exclama Erisu, ficando ainda mais corado.

— Não se preocupe com isso, apenas quero ter certeza de que esteja bem.

Arias seguia subindo as escadas, no entanto ao perceber seu amigo no chão, ele salta vários degraus ficando ao lado dele enquanto o ergue.

— Erisu! Você quebrou a perna?! Quer que eu te leve a enfermaria? Meu deus! Suba nas minhas costas eu te levo! — Arias se vira mostrando as costas para seu amigo.

— Eu estou bem! Só me distrai e acabei me esbarrando nela.

— Você esbarrou nela?

Erisu acena em concordância com sua cabeça, para em seguida levar um tapa na nuca de seu amigo.

— O que eu falei para você?! Ajeitar a postura e olhar para onde anda! Pede desculpas para ela.

Autch! Isso dói! Eu estava olhando!

— Pede desculpas! — exclama ainda mais Arias, cruzando os braços.

— Merda... desculpa moça, de verdade.

A mulher sorri timidamente, cobrindo sua boca com a mão, — Oras, não precisa de tudo isso! Mas confesso que fiquei feliz em ver como vocês dois são próximos.

— É logico que somos próximos! Erisu-su é o meu melhor amigo! — Arias abraça o pescoço de Erisu jogando todo seu peso nos ombros dele.

— Ei me solta! Droga... — tentando afastar seu amigo, ele continua — Eu nunca te vi por aqui, você é nova?

— Sim, eu vou ser a professora substituta de biologia do fundamental.

— O que houve com a antiga professora? — questiona Erisu.

— Se eu não me engano, me falaram que ela pegou licença, por isso me mudei o mais rápido que pude para cá!

— Moça bonita, você não é desse distrito né? — questiona Arias soltando do abraço.

Oras garotinho esperto, como sabe? Eu vim do Distrito Zero, no entanto confesso que o Distrito Novo me traz ar de esperança e recomeço por isso gostei daqui.

Hehe! Eu sabia! Uma moça tão bonita só podia ter vindo de fora.

Haha, que fofo!

— Professora... como você se chama? — pergunta Erisu ajeitando sua postura.

— Meu nome? Osara Konobara!

— Hehe! Eu sou Arias Nyuusen! E esse aqui do meu lado é o cara mais incrível do mundo Erisu Toshiro!

— Eu podia ter dito meu próprio nome.

— Sei que podia, mas ai não teria graça!

Enquanto eles voltam a discutir, Osara leva suas mãos até eles, afagando seus cabelos de forma carinhosa com um olhar de cuidado.

— Iria me alegrar muito ter vocês dois como meus alunos, mas agora o sinal já irá tocar, não quero que se atrasem no meu primeiro dia, tá bem?

— Ela tem razão! Vamos logo Erisu! — novamente, Arias segura a mão de Erisu, o puxando para subir as escadas junto a ele — Até mais moça bonita!

— Ah!!! Até logo professora Osara! — exclama Erisu, correndo com seu amigo.

O sinal do início de período toca, percorrendo por todas as salas e corredores do colégio, sendo mais um dia de aula como qualquer outro.

A primeira aula deles é educação física, onde Arias brilhou jogando beisebol, em seguida veio as matérias de exatas que para a surpresa de ninguém, Arias é o melhor da turma, mesmo que Erisu fosse mais quieto e reservado ele é péssimo em todas as matérias, exceto as que não envolve pensar.

Ao final do período, Arias ergue sua mochila enquanto se alonga se preparando ir embora, diferente dele Erisu continua fazendo as pressas o trabalho da aula de biologia do qual a antiga professora teria passado.

— Ainda tá nisso aí? — questiona Arias gargalhando — precisa de ajuda?

— Tá tudo bem, eu só quero terminar isso antes de ir.

— Tudo bem então! Eu já vou descendo para arrumar meu armário, tenho que chegar mais cedo em casa hoje.

— Algum compromisso?

— Preciso pegar minha irmã do colégio dela na real.

— A gente se vê amanhã então?

— Que pergunta é essa? Eu vou todo dia até sua casa para irmos juntos!

Erisu mostra um sorriso alegre em seu rosto, — Eu acho você incrível por encarar minha mãe todo dia!

— Que nada! No fundo ela gosta de mim! Bom vou ir!

Arias se vira correndo até a porta, porém logo para se virando para seu amigo fazendo um sinal de paz com seus dedos, para enfim descer as escadas fazendo seu caminho.

Erisu continuou fazendo seu trabalho por mais trinta minutos, o sol já está se escondendo sobre as nuvens e não há mais alunos no colégio, tendo somente poucos professores e o zelador ainda em expediente.

— Finalmente... agora só preciso deixar na sala dos professores — diz Erisu em voz alta, guardando seus pertences enquanto sai da sala com a folha em sua mão.

Subindo mais um andar de escadas, Erisu agora está próximo a sala dos professores, frente a uma porta de correr, mas ao tentar abri-la uma surpresa, está trancada.

— Que estranho..., será que o zelador fechou para limpeza?

Ele olha ao redor procurando sinal de alguém, no entanto de canto de seus olhos a única coisa do qual percebe é a sala do diretor com a porta entreaberta.

Sua curiosidade o leva a se próxima, olhando na fresta da porta, vendo algo que o deixa confuso e paralisado, afinal desenhado à mão nas paredes da sala do diretor estão os mesmos símbolos do qual viu de manhã naquele beco.

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