Volume 2

Capítulo 1

"Bom dia!" Eu energicamente cumprimento todas e vou até a minha carteira.

Nosso colégio feminino é bem comum, não há nenhum ponto que o destaque ou alguma distinção entre as estudantes. Na verdade, as regras do colégio são bem frouxas. As alunas têm liberdade de tingir seus cabelos ou ter piercings. Também não há uma regra específica sobre maquiagem, e o uniforme é fofo.

Por conta disso, muitas alunas se vestem do jeito que acham melhor. Mas, apesar dessa atitude relaxada, elas conseguem manter suas notas boas. Eu sinto que tem muitas estudantes aqui que não foram recomendadas por seu comportamento, mas foram espertas o suficiente para entrar.

Bom, eu também faço parte desse grupo e, tenho certeza que a Aya também. Porém, essa escola é bem divertida, considerando que existem muitas alunas com suas próprias peculiaridades.

"Bom dia, Mari."

"Bom dia, Marika!"

Minhas amigas, Matsukawa Chisaki e Mitsumine Yume, me cumprimentam alegremente ao chegar. Estamos sempre juntas na escola, então nos chamam de [Grupo da Marika].

Chisaki é alta e tem uma personalidade legal, mas possui uma língua afiada. Yume tem um sorriso adorável e sabe como criar um clima divertido. E eu descobri uma coisa recentemente.

Parece que essas duas estão namorando. Duas garotas, namorando!

E além disso, elas começaram a namorar no Natal durante o nosso primeiro ano. Mesmo eu já sendo amiga delas naquela época...

Quando eu soube, fiquei chocada, mas eu não me importo desde de que elas sejam felizes com seu relacionamento. Além do mais, eu já admiti que namoro entre garotas não é algo tão estranho assim. Eu tive uma mudança de valores.

Eu sempre torço para que a relação delas continue boa, já que eu não quero que nossa amizade acabe por causa de um coração partido ou algo do tipo.

Enfim, vamos parar com esses pensamentos negativos. Enterro esses pensamentos e sorrio.

"Então, eu vi o insta ontem, foi um pouco forçado, não acham?"

Tento começar um assunto novo e sobre algo recente enquanto elas olham pra mim. Esse julgamento rápido dos meus arredores é uma das razões de eu ter me tornado uma garota popular. Todas irão reagir aos tópicos que são de seu interesse, então será ótimo se eu trouxer eles à tona e fazê-los soar interessante.

"Imaginei."

"A Yume é péssima com selfies, mesmo. Você não tem outras poses e expressões?"

"Também pensei isso."

"Mas vocês pegam no meu pé mesmo, hein!?"

Rapidamente me uno com a Chisaki para provocar a Yume. Nossas risadas preenchem a sala, sim, somos barulhentas.

Quando nossa conversa fica mais interessante, Aya entra na sala.

Na escola, Aya realmente parece uma Rainha de Gelo. Mesmo que seu cabelo tingido passe uma impressão brilhante, até mais que a minha. Ela é quieta como uma noite de neve. As pessoas ao seu redor naturalmente baixam suas vozes, mesmo Aya não pretendendo fazer nada caso elas falem alto.

Bem, muitas meninas assumem que Aya odeia algazarra. Nenhuma delas é corajosa o suficiente para encará-la e criticar sua atitude diretamente. Afinal, ela tem um ar imponente.

Ela não pertence a nenhum grupo, e nunca se importou com a atmosfera da sala. Mesmo assim, ela é confiante em ser ela mesma e subestimar as pessoas ao seu redor... Eu também a achava convencida.

E agora? Bom, é. Não acho mais. Porém, eu ainda quero que ela se dê bem, pelo menos um pouco, com as outras garotas da sala.

Enquanto olhava para ela como minha atividade diária, eu relembro da nossa ligação na noite passada.

Tivemos uma reunião de planejamento enquanto eu estava deitada na minha cama.

"Eu não vou pedir pra você lembrar de todas as meninas da nossa sala, mas pelo menos de algumas."

"Isso é mesmo necessário para eu ser sua amiga?"

"É claro. Não seria nada bom ter uma garota problemática no grupo. Se fizesse algo errado, também seria um incômodo para a Yume e a Chisaki, afinal."

"Nn, entendi."

Eu soltei uma voz severa e ela aceitou honestamente.

Essa é uma situação inversa de antes, e eu estou mesmo imitando a atitude dela. Eu levanto um dedo mesmo que ela não possa ver.

"Muito bem, vamos começar da fase um."

"Fase um."

"Eu pensei até a fase quatro. Quando chegar nela, eu garanto que todas vão nos reconhecer como boas amigas."

"Parece difícil."

"Faça o seu melhor. Então, eu já separei três pessoas que é bom você se lembrar. A primeira é a Itou Natsumi."

Natsumi-chan é a presidente do clube de badminton. Ela tem boas notas e é habilidosa em cuidar das pessoas. Ela é uma estudante modelo que se sobressai nos esportes. Ela também foi escolhida como a representante da turma, e exala uma atitude de irmã mais velha, mesmo ela sendo do mesmo ano que nós. Sua voz é tão alta que é fácil de reconhecer.

"Ela fala muito sobre comida. Nós somos diferentes, mas nos damos bem. Quer dizer, eu me dou bem com todo mundo, praticamente."

"Verdade. Você é incrível, Marika."

"P-pois é. Incrível..."

Senti como se ela tivesse me tratado como uma gatinha mimada...

"A próxima, é a Nishida Reina. Ela se destaca muito e é afiliada de uma agência de modelos. Ela gosta de festas, então costuma visitar casas noturnas e tem um namorado que já trabalhou como fotógrafo."

Nishida tem uma conexão forte com o mundo dos negócios, logo, a maior parte das nossas conversas se resumem a isso. E por conta disso, muitas pessoas se aglomeram ao seu redor para pedir coisas como ingressos para shows. Ela tem um perfil de uma irmã animada. Seu grupo tem uma enorme presença na sala, então elas são um pouco intimidadoras.

"Só que, durante o nosso primeiro ano, a Nishida e a Chisaki brigaram e, desde então, a relação das duas é bem ruim. Por isso nossos grupos nunca se misturaram... Mas ela ainda fala comigo, é claro."

"Ah, ela senta na minha frente, então eu sei quem é. Ela tem uma boa forma e é bonita. Mas claro, você ainda é a melhor, Marika."

Ela tá mesmo me escutando? Ela só quis me elogiar, né?

"E a última é Shirahata Hinano. Ela trabalha como lojista em Harajuku, e ela é a personificação de gyaru." É incerto quais assuntos podem despertar sua antipatia. Geralmente, ela sempre está olhando para o vazio e aparenta ser inocente e também é, inesperadamente, gentil. Ela até me deu um doce na última vez que nos vimos.

"Não sei como é o rosto dela, mas conheço esse nome. Aah, aquela garota que parece apática."

Bem, ela parece uma cabeça de vento natural, eu acho que ela e a Aya vão se dar bem...

E também, precisamos ter certos cuidados, principalmente em relação a Chisaki. Mas, mesmo ela não sendo amigável com a Aya antes, ela não pareceu demonstrar isso ultimamente. Espere, se eu quero que Aya entre no nosso grupo, temos que tomar cuidado com toda e qualquer possibilidade.

E depois dessa longa conversa de ontem, chegamos ao presente, essa situação.

Ao entrar na sala, ela faz um breve cumprimento, "Bom dia." para o meu grupo.

Yume parece chocada e fica a encarando, Chisaki responde rapidamente, "B-bom dia." Enquanto eu respondo calmamente com um alegre "Bom dia!"

Foi melhor do que o esperado, eu acho, quando as demais alunas também a cumprimentaram enquanto ela foi até sua carteira.

O comportamento inesperado da [Rainha da Solidão], de alguma forma, foi bem recebido por todo mundo.

"O que foi isso?"

Yume demonstra sua sincera perplexidade, e junto com a Chisaki, elas viram em minha direção.

"Coisa sua?"

"Não foi nada e claro que não."

Chisaki parece mais afiada que o normal, mas realmente, eu nunca disse pra ela cumprimentar todas assim.

A primeira lição que passei para ela foi, [Lembre-se dos nomes e rostos de suas colegas].

Porque, até agora, Aya só gravou quatro pessoas em sua mente, e tipo, já estamos em Setembro.

Este é o primeiro passo para ela melhorar sua relação humana e suas habilidades de entender o clima.

Mas então, ela fez aquilo do nada. Eu não sei qual é o plano dela, mas eu acho que uma simples saudação é um ótimo passo, já que não ofende ninguém. Vamos dar a ela uma salva de palmas.

"Talvez ela esteja seguindo algum horóscopo, no qual ela teria sorte se cumprimentasse alguém, ou algo do tipo...?"

"Aquela Fuwa, preocupada com horóscopo... Não consigo imaginar isso."

Exatamente. Eu descanso minha cabeça na carteira.

"Mas ei, isso não é uma coisa ruim, é? Eu não sei o que tá acontecendo mas, considerando seu comportamento e atitude...sabe?"

"Bom..."

"Isso é verdade, mas..."

A Yume e a Chisaki parecem duvidosas.

Essa reação é... Vamos só continuar nos esforçando, Aya...

Depois da escola, ela também disse brevemente, "Até mais." Hoje, ela só falou nestas duas ocasiões, tirando as atividades escolares.

Eu me preocupo com ela como uma mãe com sua filha. Eu realmente não sei o que ela está pensando, me pergunto se vai dar tudo bem!

 

***

 

Já se passaram três dias desde então. 27 dias até o prazo final.

"Bom dia." Ela chegou com seu cumprimento de costume. Parecia mais uma manhã normal, exceto por uma coisa.

"Hm?" Olhando para Aya, Yume levanta a voz.

É algo normal vindo dela, entretanto, tive a impressão de que foi astutamente planejado. Ela apontou para a bolsa de Aya. Exatamente para aquela alça estranha.

"Esse é o Benjamin Barok-kun, né?"

"É sim."

"Aah, então é mesmo. Você também curte, Fuwa?"

Até a Chisaki entrou na conversa. Eu sou a única perdida. Não consegui acompanhar a tendência, uh, é irritante.

"Benjamin Barok...uhh...tipo uma planta decorativa?"

"Não é só isso. É uma planta decorativa mascote da [Mimamoru Series]. Veja, aqui, esse é o meu é o Gajumaru-kun. São tão fofos, né!"

Yume me mostrou sua alça, é uma planta dentro de um vaso com um rosto.

É… não, não é fofo.

"Colocando essas coisas na bolsa assim… vocês não perdem? Quando estão no trem trem, por exemplo?"

"Até parece, não tem como. Só acontece com quem não carrega direito."

"Eeh? Sério?"

Nesse ponto, Aya se junta à conversa com um aceno diligente.

"Sim. Desde que carregue direito, você não as perde. Essa é a minha quarta, eu ainda tenho mais cinco, então tá tudo bem."

"Então você já perdeu mesmo!"

Eu replico com poder total. Yume ri alto olhando pra gente.

"Então, vamos procurar algum pra você, Marika. O que acha?"

Chisaki sugeriu isso do nada. Aposto que é porque ela não trabalha hoje e só tá entediada.

Porém, esta é uma ótima chance. Talvez seja melhor eu não concordar instantaneamente e manter o personagem. Por hora vamos fazer uma cara de desinteresse.

"Eeh...sei lá, isso não me interessa muito."

"Tem muitas que são bem fofinhas, sabe? Tipo, Monstera-kun, ou Pothos-kun!"

"Mesmo que você me fale os nomes, eu não sei quem são. Além disso, por quê plantas decorativas? Esse olhar delas me dão medo."

"Aaah, você não entende mesmo a fofura delas, Marika. Você acabou de perder 10% da sua vida!"

"Não se atreva a insinuar que tenho uma vida vazia! Já entendi, eu irei! Com certeza irei!"

Não fluiu como eu esperava, mas ainda está de acordo com o plano.

(NT: Explicações para as verdadeiras Monstera; Pothos) Eu olhei de canto de olho para Aya. Esse é o momento no qual eu sugiro alegremente, "Que tal vir com a gente?", mas antes disso, vamos observar o clima um pouco e fazer isso com cuidado.

Já que Yume está no meio da sua risada, o clima está bem pacífico, mas e quanto à Chisaki? Ela não vai se incomodar se eu convidar a Aya, vai...?

Mas aquela Chisaki traiu minhas expectativas.

"Então, que tal vir junto, Fuwa?"

Chi-Chisaki~~~~!

Que pessoa diplomata! Boa menina! Só podia ser minha amiga!

Aya olha Chisaki nos olhos, ela continua piscando. Ah, ela está chocada. Que fofa. Espera, não, de nada vai adiantar ficar encantada por ela agora.

Após um breve momento, Aya recupera sua compostura e acena.

"Eu irei."

E foi assim que aconteceu.

 

***

 

Depois da escola, nós quatro andamos juntas, e isso é estranho. Eu não consigo decidir qual personalidade devo assumir agora, então eu continuo andando com sentimentos mistos.

A estação agora é algo entre verão e outono, o vento é bom e o tempo está ótimo. Ainda está claro.

Chisaki e Yume andam na nossa frente, e Aya está do meu lado. Por enquanto, vamos tratá-la como uma amiga normal e iniciar uma conversa.

"Fuwa-san, essas plantas decorativas são mesmo populares?"

"São sim. Aparentemente possuem algum tipo de benefício."

"É um gacha de 200 ienes, que tipo de benefício pode ter?"

"Nn...algo como, sorte no amor?"

Que nem uma namorada, ela aperta meu mindinho suavemente.

Espera, espera aí! Sem soltar nenhum som, eu cruzo meus dedos na frente dela.

Assim não dá. Assim que elas virarem e nos ver, vão descobrir num instante.

"De alguma forma, algo assim é…"

"Frustrante?"

"Não."

Ela virou sua cabeça e sussurrou em voz baixa.

"É como se você estivesse me dizendo para esperar e deixarmos para mais tarde, isso me excita."

"Pervertida."

Entendo, mesmo com elas por perto, Aya ainda se comporta como de costume.

"Parando pra pensar." Chisaki vira seu corpo. Hii, foi por pouco. Fiquei nervosa.

"Vocês duas pegam o mesmo trem, não é?"

"Ah, sim. Não é, Fuwa?"

Chisaki solta uma nítida risada. Isso também me deixou nervosa.

Talvez isso seja um teste da Chisaki.

Enquanto temos uma conversa normal, ela pode julgar nossa compatibilidade, ou algo do tipo. A sociedade é mesmo assustadora.

Bom, desde que ela não cometa nenhum vacilo, eu posso garantir meu suporte... Faça o seu melhor, Aya...

Vou pensar em alguns padrões e me preparar.

Enquanto isso, Aya diz

"Sim. A Marika sempre cuida bem de mim."

Yume e Chisaki soltam um breve "Ooh" quando escutam Aya me chamar pelo primeiro nome, sem honorífico. Mas a verdadeira bomba veio depois disso.

"Sou muito grata pela oportunidade de sair com ela."

Não tive chance alguma de impedi-la.

"ーO q-!"

O que deu nela!?

Eu não esperava que ela dissesse algo tão improvável, por isso fiquei abalada com suas palavras. Então você decidiu contar a verdade para elas neste exato momento, Fuwa Aya!?

Minha cabeça está fervendo, mas eu não posso ficar tão brava com ela. Aah, caramba!

Ah, já sei! Vamos fazer parecer uma piada!

"Sair! Sabe, tipo, como estamos fazendo agora! Não é o que vocês pensam! Nós fomos a várias lojas juntas, então saímos nesse sentido! É isso!"

"Aaah, então é isso. Eu já estava pensando besteira aqui e entrando em pânico. Ahahaha."

Yume ri depois de ouvir minha explicação forçada. Mas então, Aya pega minha mão.

Ela não tá falando sério, tá?

"Estamos saindo, namorando."

"Ei suaaaa!"

Esse combo foi um pouco cruel!

Quando percebi, Chisaki já estava chorando de rir.

"Haah, vocês são hilárias. O que foi isso? Stand-up? Vocês já tinham ensaiado isso?"

"É claro que não... Ei, Fuwa, pare de falar besteira."

Ela olhou pra mim.

"Eu já estava pensando nisso desde cedo."

"T-tá."

E agora…

"Esconder nossa relação parecia desonesto, por isso é melhor nós contarmos a verdade sobre nós, pelo menos para elas, não acha?"

"A-Aya!"

Eu gritei com ela, se eu tivesse um megafone, com certeza já teria estourado seus tímpanos.

"O que aconteceu com a sua habilidade de entender o clima!? Você é mais ou menos uma garota de colegial, não é!? Ter a habilidade de viver entre os outros é o que nos faz ser humanas!"

"Por isso eu te chamei devidamente de [Sakakibara-san] na sala."

"Esse é o seu limite!? Meio estreito, não acha!? Você tá sendo honesta demais!"

Tudo está embaralhado, meus planos e instruções, que pensei com tanto cuidado, foram despedaçados.

E então, Chisaki ri de novo.

"Aah, desculpa, foi mal. Mas pra ser honesta, eu já tinha descoberto, Mari."

""Eeh!""

Tanto a Yume quanto eu, gritamos alto para mostrar nossa surpresa.

M-mas por quê...

"Era óbvio. Você estava sempre inquieta, que nem uma mãe preocupada, e a Fuwa de repente veio falar com a gente. Além disso, eu já suspeitava de algo há algum tempo. E então, na hora do almoço, eu perguntei pra Fuwa e ela me contou tudo."

Haa, eu não tinha ideia... Isso foi negligência de supervisão da minha parte...

"P-p-p-por quê você..."

"Porque são suas amigas."

Meu rosto implorava para que ela explicasse melhor.

"Tenho certeza de que são boas pessoas."

"Nnn~~~~~ É verdade que a Chisaki é uma boa amiga, mas mesmo assim!"

Ela está sendo tão franca, eu nem consigo ficar com raiva dela!

Se estamos falando da Yume e da Chisaki, acho que vou ter que dizer algo do tipo, "Vai virar um rumor estranho!"

Eh, espera, não. Parando pra pensar, eu não devo dizer isso!

Eu aperto minhas mãos e seguro a raiva. Mesmo tendo organizado tudo com cuidado...droga...

Ignorando tudo, Yume une suas mãos em seus peitos com seus olhos brilhando igual a uma donzela.

"Eeeh! Mas que coisa boa, Marika! Então você finalmente conseguiu uma namorada! Você é tão fofa, então sempre achei que seria fácil pra você! Nossa, que demais! Meus parabéns!"

Hm, então ela não se importa com quem namoro desde que seja um romance. Essa donzela apaixonada...

Vendo o clima festivo, eu olho para elas com timidez.

"Eeh... Mas, é que...minha parceira, é aquela Fuwa Aya, né?"

Então eu observo as expressões das minhas amigas.

Isso mesmo, essa era a principal razão de eu me sentir relutante em contar para essas duas.

"É que vocês duas não se dão bem com a Aya, não é? Quer dizer, eu também era assim... Por isso que mesmo que demore, eu pretendo fazer vocês se entenderem, e eu pensei em muitas coisas..."

"Eeeei!"

"Ai."

Chisaki me acerta de leve.

"Bom, é verdade que não vejo Fuwa Aya com bons olhos. Afinal, mesmo tendo ido para a mesma escola no ginasial, ela não se lembra de mim."

"Desculpe. Sou péssima em lembrar o rosto das pessoas, mas não tenho problema com nomes."

"Você é mesmo insuportável, viu! Mas como você está sendo honesta, vou te perdoar dessa vez!"

Chisaki acerta as costas de Aya como um velhote, e vendo isso, fico nervosa. Me pergunto se vai ficar tudo bem... Elas não vão brigar, vão...?

"Mas veja bem, Marika."

"S-sim!"

"Nós não iremos desprezá-la por quem você se dá bem ou com quem você namora. Porque somos amigas, ouviu? Já se esqueceu de que você foi a primeira para quem a Yume e eu falamos sobre nosso relacionamento? Nós somos amigas, e eu quero te lembrar de que dou muito valor à nossa relação."

É verdade. Eu fui a primeira em quem a Yume e a Chisaki confiaram. Ao ouvir suas palavras sinceras, eu não pude me conter.

"C-Chisaki-onee-chan~~~!"

"Gyaa, que irritante."

"É claro que eu sinto o mesmo, Marika."

"Yume~~~"

"Own, vem aqui vem.

Eu abraço os peitos da Yume e faço um som de choro. Aya me puxa na mesma hora.

"O lugar da Marika é aqui."

"Aya~~~... Espera, você é a fonte dos meus problemas!"

"Pronto, pronto."

Ela calmamente acaricia minha bochecha.

Ch-chata...

"Hm, vocês duas são mesmo melosas."

Ela ri da gente de novo. Ela está rindo desde o início.

"Não é verdade..." Mas quando eu disse isso, Aya levou as palavras de Chisaki a sério, "Sim, somos."

Claro que não pude esconder meu rosto corado.

Hm, por que ela ainda está me abraçando? Eu livro meu corpo das mãos dela.

"E é por isso que eu concordo com a Fuwa se juntar ao nosso grupo a partir de amanhã, não é, Yume?"

"Sim. Eu também queria conversar sobre muitas coisas, afinal ela é namorada da Marika, não é? Eu tô tão curiosa pra saber o que vocês costumam fazer juntas~!"

"Uh, não são grandes coisas… aliás… ah, poxa! Isso foi tranquilo demais!"

Vendo o meu grito raivoso, Yume e Chisaki riem de novo. Mas essas risadas, são boas e mornas, soam como felicidade.

Eu sempre agi como uma ouvinte para os problemas amorosos delas, mas a partir de hoje, eu posso ser a que reclama das coisas. De alguma forma, isso me deixa envergonhada e minhas costas esquentam.

"Ayaa..."

"É ótimo quando se tem amigas."

"É-é verdade... Estou tão comovida que sinto que vou chorar..."

Me pergunto por qual motivo a Aya acabou me acolhendo desse jeito... Mas o que ela disse é verdade, eu tenho boas amigas. Afinal, elas facilmente aceitam meu namoro com a Aya. Mas ainda assim, é difícil acompanhar esse progresso acelerado!

Enquanto brincávamos umas com as outras, finalmente chegamos no shopping. Fizemos o gacha das plantas decorativas no primeiro andar. Sinceramente, eu nem me importava mais com isso, mas eu acabei pegando a Benjamin Barok-kun. O mesmo da Aya.

"É um par, Marika."

"P-pois é."

Chisaki e Yume olham para nós com um sorriso malicioso enquanto murmuram, "Ooh, parzinho~~~~", como se eu pudesse mostrar minha felicidade com elas me fitando desse jeito!

 

***

 

"Haaaaah~~~~~..."

Estamos indo para casa e embarcamos no trem. Eu sinto que expirei todo o ar dos meus pulmões com esse longo suspiro.

"Eu nunca pensei que tudo seria tão simples daquele jeito… foi até exageradamente simples."

"Elas ficaram felizes por você ter uma namorada maravilhosa."

"E é óbvio que você diz isso com confiança, né?"

Tem muitos estudantes que vieram no mesmo trem. Eu olho para Aya que está sentada do meu lado. Mesmo recebendo meu olhar, ela mantém sua compostura e calma. Que desagradável.

"No que você estava pensando, quando facilmente aceitou o convite delas para um encontro duplo na próxima semana daquele jeito?"

"Bom, eu sou grata por elas terem considerado nos convidar daquele jeito. Além disso, as duas namoram."

Ela está certa. Parece divertido, mas não consigo ignorar minha preocupação.

"Você deve se lembrar de que elas são bem severas. Se, por acaso, a Chisaki te considerar indigna de ser minha namorada, ela vai ser totalmente contra a nossa relação. E então, você vai virar picadinho, rawr!!, ou algo assim"

Ela nunca me levaria a sério mesmo, então exagerei um pouquinho. Independente do que eu dissesse, eu aposto que ela diria calmamente, "Não se preocupe, eu sou digna de estar ao seu lado."

Mas, inesperadamente, ela pareceu estar pensando naquilo seriamente enquanto colocava sua mão na bochecha.

"Entendo. Então, devo fazer o meu melhor."

Minha raiva vai mesmo se apagar se ela continuar agindo assim.

"T-tá bom..."

Bom, não é como se eu estivesse tão brava assim com ela… e tudo deu certo no fim das contas.

Por isso, ao invés de sentir raiva… eu só estou aborrecida.

"Ei, Aya, você nunca teve intenção de seguir minhas instruções desde o início, né..."

"Me desculpe."

"Você não parece tão arrependida."

"Mas estou. Até porque, você se esforçou por mim, isso foi admirável, e tão adorável. Mesmo eu não querendo seguir à risca."

"Grrr..."

Eu senti que seria estupidez pressioná-la sobre esse assunto, já que ela reagiu desse jeito.

Pof pof, ela acaricia minha cabeça.

O sorriso de Aya pode fazer qualquer mulher ficar na palma da sua mão, tão perversa. Caramba...

"Deixe-me comprar um bolo pra você como forma de compensar tudo isso."

"Mousse de laranja no prato de prata daquela padaria na frente da estação."

"Certo. Vamos comer na minha casa."

O quarto da Aya, né...

Dentro do trem oscilante, eu ainda demonstrei meu desprazer enquanto fazia beicinho.

"Tá. Mas, em troca..."

"Não quer fazer?"

Ela espiou meu rosto enquanto segurava minha mão.

"Não é isso", balancei a cabeça.

Eu cubro minha boca com a mão e falo num tom de voz que ninguém possa me ouvir, exceto Aya.

"Em troca, se esforce para me dar prazer."

Que vergonha. Eu olho para ela de canto de olho.

"Aah, de alguma forma, tudo o que aconteceu hoje fez eu me sentir assim... É tudo culpa sua, poxa."

Talvez por estarmos sozinhas eu consiga ser honesta com meus sentimentos. Ao ouvir minha sinceridade, ela ri calmamente.

"Certo. Farei o meu melhor."

Ela apertou minha mão com mais força.

Aya é mesmo injusta, no fim das contas.

 

***

 

Terminamos de comer nosso bolo. Eu ainda posso sentir a doçura em meus lábios, até que ela os lambeu. Eu achei que ela fosse continuar, mas então ela puxa seu corpo de volta e senta ao meu lado.

Suas lindas pernas saindo de sua saia estão encostando nas minhas.

As pernas da Aya são suaves e pálidas. Não seria exagero dizer que suas lindas pernas mostram que pertencem à uma beldade como a Aya.

"Aquelas duas são pessoas muito boas."

"É... Eu também nunca tinha notado. Mesmo sendo amigas, eu acabei de descobrir isso. Elas realmente pensam em mim, e são gentis."

Eu já era amiga delas desde o primeiro ano. Mas até agora, eu nunca tentei olhar além da superfície delas e entender o que pensam. Sempre que penso nisso, fico aborrecida.

Na frente da Aya, até mesmo a Marika-chan cheia de alegria irá colocar seus sentimentos para fora.

"Sabe, é sempre fácil para mim me dar bem com outras pessoas, mas me contenho quando chego em um certo ponto. Me pergunto se é porque eu me importo demais com os meus arredores. Quando eu chego nesse ponto, fico sem saber o que devo fazer ou como agir."

"É mesmo? Estou surpresa."

"Você pensa em mim como alguém que passa por tudo sem nenhum problema?"

"Uhum."

Eu tusso um pouco, ela está sendo honesta demais.

Mas fico feliz em saber que ela me via como alguém assim.

Ao invés de ser boa em passar por situações, é mais como se eu não tivesse nada além da minha habilidade de entender o clima. E também, quando eu saio com outra pessoa, eu apenas penso em como me divertir e esqueço as coisas complicadas, mas eu ainda acho isso correto.

Antes, eu considerava o jeito da Aya encarar as coisas de frente muito problemático e difícil, mas agora, não acho que esse estilo de vida seja tão ruim.

"Ouvir o que você disse, acho que me deixou mais surpresa do que feliz. Tipo, por quê você pensaria em mim como alguém admirável?"

Eu pensei mesmo em algo patético, né.

Sem hesitação alguma, Aya responde minha pergunta.

"Todo mundo gosta de você mais do que imagina, sabia? Elas apreciam você como amiga, você só nunca teve a chance de entender os sentimentos delas até agora."

Suas palavras sinceras chegam a ser embaraçosas.

"Por quê pensa assim?"

"Porque, você é gentil com suas amigas e sempre é atenciosa com todo mundo. É divertido estar com você, e é por isso que eu digo que ter você como amiga é uma benção. É claro que irão gostar de você e fazer o melhor para o seu bem. Eu te garanto."

Uwaa, um ponto de vista de uma namorada.

Eu não consigo aceitar suas palavras apaixonadas com honestidade… "...I-isso é, porque você está apaixonada por mim."

Ela acena como se fosse a coisa mais natural do mundo.

"Isso mesmo. Mas, basicamente aconteceu por conta de tudo o que eu disse."

Aah, poxa. Que vergonha.

Eu gosto muito desse lado sincero dela… eu gosto… mas mesmo assim...

"Que coisa viu, sério, poxa...você é tolerante demais comigo."

"Marika, seu rosto está vermelho."

"Cala boca, poxa… idiotAya."

Acho que também sou idiota por me confortar apenas ouvindo algo assim de alguém que eu gosto.

Ela inclinou seu corpo para mais perto e me beijou, fecho meus olhos lentamente.

Nos beijamos algumas vezes até que Aya enfiou sua língua na minha boca suavemente. Ela realmente me trata com cuidado e faz eu me sentir confortável com seus movimentos. Talvez eu já tenha falado algo assim antes, mas ela me trata com muita delicadeza.

Mas, acho que a gentil aqui é a Aya. Para ter certeza de não me machucar, seus toques são muito suaves, como se estivesse mexendo com algo frágil.

“Eu te amo.”

Quando ela retirou seus lábios, impulsivamente sussurrei meus sentimentos. Enquanto alisava meu cabelo, ela sorriu.

"Eu também, Marika. Eu te amo."

Ela tirou minha fita e minha camisa. Como se estivesse cuidando de uma criança, ela puxou minha saia e me despiu.

“Marika.”

“Nn, Aya…”

Ela tirou todas as peças de roupa do meu corpo enquanto trocávamos beijos e me deixou apenas com as íntimas.

Nesse ritmo, até isso ela vai tirar facilmente.

"Eu sinto que sou a única que acaba nua sempre que fazemos algo assim."

"É que você é tão linda quando não tem nada em seu corpo. Não me diga que está com frio?"

"Ainda é Setembro, então não sinto nada disso... Eu só estou um pouco envergonhada já que sou a única nua."

"Você é bonita, então tudo bem."

"Mas você também é, Aya. Além disso, seu corpo é ótimo, seus braços e pernas são longos e esbeltos. Que inveja."

Aya pressiona seus lábios nos meus que estavam fazendo beicinho. Meus quadris enfraquecem e ela tira minha calcinha com suavidade.

E é claro, eu sou a única que está sem nada no corpo.

“Uuu…”

Isso é tão desanimador…

Eu cubro meus seios nus com as mãos enquanto esfrego minhas coxas uma na outra. Aya então agarra meus pulsos com uma mão e as segura acima da minha cabeça.

“Me mostre mais de você.”

“Pervertida...”

Vendo ela ainda de uniforme faz eu me sentir como seu bichinho de estimação. Eu tenho a sensação de que essa minha mestra irá comprar algo como uma coleira num futuro não tão distante.

"A culpa é sua por ser tão fofa."

"Como se eu entendesse isso..."

Ela brincou com meus seios diretamente enquanto me beijava sem dó. Sinto meu corpo queimando, e lentamente ficando dormente.

Seus beijos ficam mais intensos gradualmente. É como se ela estivesse experimentando cada parte do meu corpo. Seus beijos suaves vão dando lugar aos seus movimentos persistentes. Meu coração acelera, parece que estou ficando excitada com a situação.

Roçando nossas línguas, ela lambe cada cantinho. Com o meu olhar, eu peço para ela me dar mais, porém ela separa nossos lábios.

“Marika, veja.”

“Nnn...ahn…”

Eu lentamente abro meus olhos e vejo sua língua vermelha na minha frente. Nossa saliva entrelaçada está pendurada, conectando nossas bocas. Os sons molhados ecoam nos meus ouvidos.

Olhando para aquele espetáculo, eu engoli em seco sem pensar.

"E-espere, Aya... O que você..."

Ela aproximou sua boca do meu ouvido e sussurrou.

"Eu sempre fico assim quando me divirto com a sua língua, sabia?"

"É-é, mesmo..."

"Quer experimentar?"

"Eu..."

Eu já estava ansiando por você desde cedo.

Eu empurro meus lábios nos dela, enfio minha língua em sua boca e me movo devagar.

Ela apenas me deixou fazer o que eu queria, sem intenção de revidar.

Fiz o meu melhor para imitar o que ela fez, mas não deu muito certo. Me pergunto o que fiz de errado, estava ficando cada vez mais intenso.

“Ei...Aya...”

Ela me abraçou com uma das mãos enquanto levava a outra para as minhas partes sensíveis. O movimento de seus dedos fez um barulho molhado.

“Hyaa.”

Sentindo o seu toque, eu lanço meu corpo para trás, mas como sua mão estava me segurando, eu não pude evitar seu ataque repentino.

Aya, que entende meu corpo melhor do que eu mesma, parou de me beijar e olhou para mim.

"Marika, o que você quer?"

Aya me dá um olhar gentil, como uma professora de creche falando com sua aluna. E que nem uma menina da pré-escola, eu respondo sua pergunta gaguejando.

"Um beijo...me dá, um beijo..."

Ela dá uma risadinha enquanto encosta nossas testas.

"Se quer um beijo, nós já fizemos isso antes, não?"

"É diferente quando você me beija."

Mesmo estando no clima para deixá-la fazer o que quiser e me virar do avesso depois daquela sessão de auto antipatia.

Ela é mesmo uma bully.

"Ei, por favor me toque mais...ou...você não quer...? Então...não vai atender meu pedido, Aya...?"

"Caramba, Marika. Você realmente..."

"Hnn"

Meu corpo reagiu ao seu estímulo repentino nas minhas partes sensíveis. Como agora eu estou nua, eu não tenho nada para amenizar seus movimentos vigorosos. Tudo, cada parte, está de acordo com o que os seus dedos querem.

"Você está melhorando em me suplicar coisas. Que menina safada."

"Eu...não...hii...aahh...nnn!!"

Ela calou minha boca com a dela e colocou sua língua dentro. Suas ações arrojadas são melhores do que eu estava esperando.

Isso, era isso que eu queria dela.

Eu amo os beijos da Aya. Amo demais.

Ela continua com sua intensidade lá embaixo e trata meus lábios gentilmente. Recebendo seu ataque de ambas as direções, não pude conter a excitação do meu corpo e rapidamente chego no limite.

Eu liberei a tensão do meu corpo, mas Aya não deixou de me abraçar. Não tenho para onde correr, então eu me agarro ao corpo de Aya desesperadamente, como se estivesse procurando ajuda.

Ela continuou me tocando em todos os lugares durante e depois daquilo. Ao invés de me ajudar, ela é a principal culpada pela minha situação, não é?

Me sinto tonta. A única coisa boa foi que ela continuou me beijando e me tocando em todos os lugares. Mas eu cheguei no meu limite, então parei ela com um grito como a tola que eu sou.

Se por acaso isso não a impedisse, aposto que ela me faria dizer coisas do tipo "Eu vou morrer." ou "Eu tô gozando" sem parar. E também, provavelmente exclamaria meus sentimentos enquanto chamava por seu nome.

Mas depois de um tempo, ela continuou brincando com o meu corpo aqui e ali, e me fez sentir prazer com os seus toques.

Ela satisfez o meu desejo...não, dessa vez, ela ultrapassou minhas expectativas.

 

***

 

Quando olho para o relógio, vejo que já se passou uma hora.

Depois que terminamos, ela me trouxe uma toalha e ajudou a enxugar o meu corpo. Enquanto acariciava minha cabeça, ela me elogiou, "Você fez bem. Estava muito linda."

“Ehehe...ti amu Aya...”

Eu a abracei igual uma pré-escolar mimada. Mas ainda assim, seria bizarro se por conta do seu ataque agressivo, meu estado mental tivesse realmente regredido para o de uma menininha do primário… "Você aceitou mesmo tudo muito bem. Boa menina."

"Un..graças à Aya. Te amo..."

Quando ela alisou minha cabeça suavemente, mostrei um sorriso despreocupado.

A eu honesta, e a eu desonesta. As duas fazem parte de mim, mas...vamos ser a honesta por agora.



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