Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Volume 1

Capítulo 17: Membro Da Família

 

Ao finalmente descer todos os degraus da longa escadaria, nós chegamos no segundo andar e logo de cara já me deparei com um grande cômodo repleto janelas portas e estantes, estantes altas de livros.

— Aqui é a biblioteca geral, nós temos todos os tipos de livros aqui, desde enciclopédias a contos de fadas. — explicou Misa Hordrik ao dar alguns passos na direção de uma das mesas que havia no local.

“Contos? Então deve haver livros tipo as Novels que eu costumava ler! E além disso, talvez eu possa saber mais informações sobre esse mundo também.”, uma leve empolgação aflorou quando pensei isso.

— Posso saber por que estão aqui? — A voz da empregada de terno e gravata ecoou pela biblioteca.

Hm? — Eu me aproximei para ver com quem Misa Hordrik falava. 

Passos. Passos.

Ao chegar mais perto vi duas figuras sentadas com o que pareciam ser cartas sobre a mesa, um garoto e uma garota.

 — Estou apenas tentando me divertir um pouco, não corta o meu barato. — disse o garoto coçando seu cabelo loiro.

Meh.... tanto faz, minha mão tá horrível mesmo. — Foi o que respondeu a garota do outro lado mesa, suas duas mechas com as cores turquesa e rubi destacavam-se por cima de seus ombros pequenos.

Hm... jogue essas duas. — Misa Hordrik olhou para duas cartas na mão da garota.

— E-ei, isso é trapaça! — gritou o garoto.

A atenção de todos se voltou para mim que apenas estava olhando tudo tentando saber quem diabos eram esses dois.

Oh, então esse era o nosso novo hospede? — indagou o garoto soltando as cartas sobre a mesa.

— Sim, Jack Hartseer, o garoto que foi encontrado pela guilda e que acabou sobrevivendo ao ataque terrorista em Leycrid. — A empregada de cabelos negros me apresentou friamente para os dois que se entreolharam de maneira suspeita.

— Olá, meu nome é Beatrice, sou a filha de Nidrik o dono desse lugar. — respondeu a garota com um tom de superioridade cruzando os braços.

“Será que tem alguma sujeira nas minhas roupas?”, pensei ao ver a face meio enojada dela.

Iaê, — o garoto levantou sua mão para mim com olhos preguiçosos. — meu nome é Rollk, sou primo dessa catarrenta aí.

Beatrice apenas desviou o olhar de nós fazendo um “Hmph!” bem arrogante. 

— É-é um prazer conhecer. — Eu tentei dar uma resposta sensata enquanto meus olhos desconfiados desviaram do foco.

“Só gente estranha... se bem que eu não sou muito diferente sendo sincero.”, pensei coçando minha bochecha em nervosismo.

— Bom, agora que já se conhecem posso saber por que estão jogando aqui? Esse lugar é dedicado apenas para leitura.

Misa Hordrik pôs uma das mãos na sua cintura com um olhar severo e sobre os dois que apenas começaram a suar com a pergunta dela.

— É-é que... nós queríamos ver como está o nosso novo membro. — Rollk, o garoto loiro, foi quem disse isso num tom tenso.

— Membro? E-eu não lembro de ser membro de nada.

A menina enjoada com os braços cruzados, Beatrice, levantou sua voz fina e irritante dizendo: — Ela não te contou? Já que viram que você é um sem teto lascado que mal se lembra de onde veio, a senhorita Incis decidiu pedir pra que meu pai lhe acolha na família.

“Acolher?!”

Minha mente congelou.

Apesar terem completado quase quatro semanas nesse mundo desconhecido eu nem sequer sabia o alfabeto que eles usavam e agora, do nada, eu tinha ido pra adoção e sido pego por uma família?

Sequer perguntaram se eu havia aceitado isso, mas se foi Incis que fez essa decisão talvez houvesse bons motivos.

— Algum problema Jack Hartseer? Parece meio aflito. — Misa Hordrik indagou para minha face meio embasbacada.

— É claro que tem um problema! C-como assim eu fui acolhido pela família?! Eu vou ficar aqui nessa casa agora?

Meu tom de voz meio alarmado fez todos — com exceção da empregada que ascendeu um cigarro ao meu lado — me olharem com uma certa desconfiança.

Clink!

— Não, na verdade você ainda não foi aceito na família, vai depender da sua escolha, é por isso que... — Misa Hordrik afastou a chama do isqueiro que ascendeu seu cigarro, — Incis está a caminho, ela irá te auxiliar e explicar o motivo de te dar essa oportunidade. —completou friamente ao apagar a chama.

— I-isso, foi isso que a Beatrice quis dizer, foi mal por isso cara.

Quem disse isso num tom de constrangimento foi Rollk que se levantou da cadeira desesperadamente e embaralhou as cartas da sua mão.

Ele deu dois passos praticamente denunciando que estava se mandando dali, mas uma mão pálida com unhas grandes agarrou a gola de sua camisa.

— Não fuja quebradorzinho de regras. — Misa Hordrik o puxou de maneira rígida.

— F-foi mal Ti... q-quero dizer, senhorita Hordrik, eu juro que foi ideia da Beatrice.

Uma certe vergonha alheia me assolou ao ver o pobre garoto loiro ser erguido pela sua gola como um pequeno inseto perto de Misa Hordrik.

— Eu tenho privilégios especiais, não me compare com sua laia. — declarou Beatrice ao empinar seu nariz para o pobre Rollk.

“Que diabos de situação é essa?”, eu torci meus lábios com um leve desconforto.

Ok, eu saquei, podemos continuar o Tour agora senhorita Hordrik? — perguntei timidamente.

Oh... é verdade. — Ela baforou a fumaça do seu cigarro na cara do pobre Rollk o soltando. — Vamos continuar.

Cof! Cof!

Ele tossiu tentando por pra fora o que seus pulmões inalaram.

— Mais tarde eu vejo o que faço com você Rollk. — A empregada deu as costas para os dois primos e foi embora friamente.

Antes de acompanha-la eu dei uma leve olhada de canto no garoto com falta de ar.

“Isso foi tipo um ato heroico certo? Me agradeça moleque.”, pensei ao finalmente dar minhas costas e ir embora também.

De qualquer modo, agora nós estávamos indo em direção a uma estranha porta que havia próxima a um dos colossais corredores de livros.

Passos. Passos. Passos.

— E-eles são bem diferentes um do outro apesar de serem primos...

A criada de terno ao meu lado inspirou uma nuvem cinzenta para fora de seus narizes, ignorando minhas palavras antes de continuar sua explicação sobre o próximo local.

— Agora iremos para o laboratório, ele é acoplado com a biblioteca para facilitar o estudo dos pesquisadores, sem contar que lá temos alguns corredores próprios pra guardar anotações e livros que são criados sobre as pesquisas.

Ao terminar sua explicação ela botou suas mãos nas duas maçanetas da porta dupla de ferro.

Ao invés de me sentir meio paia por ser ignorado de novo, minha mente acabou pegando uma parte do que ela disse com muita atenção.

“Pesquisas? Pode ser que eles saibam sobre como vim parar nesse mundo! Aquela coisa de... como era o nome? Ponto de... ignição, isso! era ponto de ignição.”

Meus pensamentos foram interrompidos pelo ranger da porta metálica que se abriu no meio.

Uma luz esverdeada tingiu o chão de madeira do corredor com livros enquanto uma leve fumaça branca permeou pelas nossas pernas.

— C-caraca... — Fiquei boquiaberto com a diferença entre cômodos que se revelou sobre meus olhos.



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