Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Trauma Longínquo

Capítulo 101: Cordeiro em Pele de Lobo

 

 

Um registro novo sobre as reencarnações de Dungeon e os pontos de ignição foram feitos depois de apenas alguns meses diante dessas anomalias, a guilda R.O.U.N.D.S foi a responsável pelas ditas descobertas no trágico incidente da mansão Blazeworth.

Porém apesar das novas descobertas a própria guilda se encontrou em discrepância com os envolvidos diante de uma quantidade massiva de provas sobre os ombros do mais novo membro da guilda... Jack.

Passos. Passos. Passos.

O sol escaldante banhou a pele do garoto com seus pulsos presos por grandes grilhões de metal, algo bem rústico tendo em conta todos os tipos de tecnologias bizarras que o coitado já havia presenciado.

“Leycrid. Já faz um tempo desde que estive aqui, mas tá tudo tão diferente da última vez.”, os olhos de Jack vagarosamente viajaram pelos arredores da espaçosa e silenciosa Leycrid.

Os telhados com remendos de metal e grandes parafusos, paredes também erguidas da mesma maneira se estendiam ao redor de casas caindo aos pedaços, as ruas com azulejos de pedras no chão exalaram um vapor quente devido à alta temperatura enquanto Jack continuou a caminhar com uma grande arma sempre apontada para sua cabeça por trás de suas costas, um guarda mascarado da guilda.

— Por que está tudo tão quieto? — Murmurou ele a si mesmo enquanto os outros dois guardas mascarados caminhavam aos lados.

— Essa é a prova definitiva do que você nos causou, Jack Hartseer. — A entonação calma do homem a alguns passos à frente ressoou pela rua silenciosa.

Passos. Passos. Passos.

Ao se aproximar do homem de longos cabelos negros detentor de tal afirmação Jack finalmente compreendeu do que ele vinha falando e o motivo de toda essa situação.

O único olho do garoto se arregalou. — M-Mas que merda?!

Ele se recordava claramente do local diante dele, o centro da cidade que a guilda da Incis protegia com tudo o que tinham, local esse onde encontrou o desparecido e simpático pai de Incis, Kaylleon, lugar onde conheceu as grandes instalações e até viu muitas armas da guilda R.O.U.N.D.S... foi apagado do mapa.

Uma cratera colossal se estendia no local para diversas extremidades em um formato circular e entulhos com pedra e destroços de metal somados a concreto se misturavam mais pro fundo da cratera.

Uma imagem antiga do que era a grande fonte no centro da praça se projetou sob a cratera quando Jack a viu, porém agora estava irreconhecível e até haviam pedaços dessa antiga fonte aqui e ali, entretanto nada mais que isso.

“Eu fiz isso? Não, eles estão loucos... eles desacordaram Incis, Zakio e até Akira, ficamos por dias presos naqueles veículos e agora estão querendo falar que eu fiz essa porra toda?!”, ele gritou por dentro em pura confusão antes de virar seu olhar assustado para o homem ao seu lado que observara a cratera friamente.

— Tu tá zoando comigo né?! M-Me fala... essa porra não é verdade!

Ele respondeu Jack em um tom calmo enquanto uma leve brisa esvoaçou seu cabelo longo sob seu tapa-olho: — E por que não seria, jovem Lost?

Mesmo que ele estivesse em outro mundo, uma realidade alterada ou algo parecido isso tudo parecia... parecia papo furado!

Como esse garoto tão fraco que até mesmo já estava cego de um dos olhos poderia ter sido a causa de toda essa devastação? E as pessoas que residiam ali, o que havia acontecido com elas?

As mãos de Jack começaram a tremer presas pelos grilhões de metal.

“Eu estive desacordado durante alguns dias então eles devem ter feito alguma coisa! Isso não pode ser verdade, eu nunca conseguiria fazer isso tudo! Sem contar que eu não teria motivos.”, negou ele internamente enquanto seus lábios tremiam.

— A exatamente duas semanas atrás você pisou aqui em Leycrid pela primeira vez e eu te vi quando entrou na taberna da guilda. Foi um péssimo erro de Incis trazer um desconhecido pra dentro do QG ainda mais um suposto Lost, porém você parecia carecer de poder apesar de ser um deles. — Disse o homem de tapa-olho se virando para Jack ao relaxar as mãos atrás das costas. — Só que devido a uma invasão no mesmo dia houve uma batalha do lado de fora, um grupo de terroristas usou uma Skill de supressão ao redor de Leycrid criando uma cúpula que impedia qualquer um de sair daqui, no início realmente foi suspeito que isso tivesse acontecido logo quando você entrou em Leycrid, entretanto piorou ainda mais depois, uma gigantesca explosão de energia Aether e Vitalis fundidas emergiu dos céus e engoliu mais de 300 casas destruindo-as em conjunto com tudo o que havia ao redor, não sobrou nada além de corpos e entulhos.

— Ca-Cala a boca. Que porra você tá falando afinal?! Como isso tudo é... possível. Eu nunca faria isso, tá maluco?!

A voz assustada de Jack foi rapidamente contida pela mão magra que agarrou seu colarinho. — Recomendo que meça suas palavras ao se dirigir a mim, me chame de senhor Eykrill ou sua miserável vida será descartada assim como as das 300 pessoas que residiam aqui. Estou dando provas concretas de que tudo isso foi sua culpa, achamos também o seu DNA no centro dos entulhos. Nenhum dos corpos carbonizados tinha sequer um traço de DNA, só o seu sobrou, você tinha resistência a explosão, você esteve aqui no dia do ataque terrorista, você é o culpado e cumplice do grupo terrorista que até mesmo lutou contra o capitão Kaylleon.

O olhar afiado e profundo de Eykrill parecia fazer seu tapa-olho ser um mero disfarce para o ódio ardente em sua face, seus punhos apertando o colarinho de Jack.

— V-Vai se foder! Eu nunca fui cumplice de nada, isso é impossível! Eu nunca faria uma merda dessas.

Vupt!

O corpo do garoto foi lançado ladeira a baixo.

Gemidos de desconforto saíram da garganta de Jack no que ele rolou entre os entulhos e terra quando a poeira subiu e sua visão borrou girando sem parar.

“Mas que merda, que merda, que merda, que merda, que merda!”, ele repetiu no fundo de sua alma até finalmente bater as costas em um pedaço de metal gigante.

Urgh! M-Mhm... droga, eu não fiz nada. — Jack abriu o olho olhando para a beirada de onde ele foi jogado, Eykrill o observando com os ombros subindo e descendo em uma respiração densa antes de gritar.

— Jack Hartseer, você não passa de um criminoso! Um terrorista e ainda por cima um Lost, sua vida está em minhas mãos agora e não vai mais mentir pra ninguém, não vai mais se esconder em meio aos justos, seu miserável.

Por trás do homem de tapa-olho gritando um vasto céu se estendia, céus esses que estavam com uma cor um pouco estranha diante do olhar de desesperança em Jack, uma cor morta.

Nesse instante algo dentro de Jack havia perdido a vida, algo em que ele acreditava. Ele tinha uma forte confiança de que ao se esforçar para proteger tudo o que lhe havia dado forças até esse momento teria um futuro árduo, porém brilhante e que lhe tiraria da enorme insuficiência que sentia dentro de si mesmo.

“Acho que não é bem assim que as coisas funcionam, eu realmente... não ganhei nada em troca de todos os meus esforços.”, ponderou ele com sua pupila tremendo em angústia.

O olho perfurado por Melize coberto por um tapa olho branco, os braços firmemente presos ao grilhão e seu corpo sujo com arranhões dolorosos recostado no pedaço destruído de metal.

Eram meros reflexos disso tudo, o resultado de todos os seus esforços que lhe levaram à estaca zero novamente, nem mesmo seus supostos amigos estavam ao seu lado nesse momento tão deplorável.

Se fosse assim Jack realmente era o culpado? Isso fazia alguma diferença pra ele?

 

[Alguém Desconhecido]

 

O sol escaldante desse continente realmente me trazia um incomodo fora do normal, talvez fosse fruto da minha raça que teria teoricamente uma pele mais sensível a temperaturas tão altas.

Pelo menos em cima dos telhados das casas um pouco de vento ainda batia sob mim.

“De qualquer modo, que baita estrago.”, sussurrei internamente observando a gigantesca cratera no centro de Leycrid.

Uma voz crepitante e um pouco modulada ressoou em minha mente: — Kyra, aquele garoto que foi jogado na cratera realmente foi quem fez isso?

[Conexão de voz estabelecida.]

O painel brilhante que surgiu quase que de forma instantânea com a voz do meu mestre me fez responder sua pergunta com um simples “hum” balançando a cabeça.

Minhas pupilas carmesins fixadas em uma figura com grandes cabelos negros e um aparente tapa-olho de couro, ele gritou de forma furiosa na beirada da cratera para o garoto que ele lançou de lá.

— Se aquele garoto conseguiu fazer tudo isso me pergunto por que ele está tão indefeso diante daquele homem de tapa-olho. — Questionei no que a voz do meu mestre vibrou logo em seguida.

Isso realmente está ficando interessante, primeiro aquele bizarro incidente no continente de Gilly da mansão Blazeworth e agora isso, esse cara tem alguma coisa especial em volta dele, Kyra, essa pode ser a minha chance de alcançar o meu objetivo.

Eu me sentei no telhado quente dobrando meus joelhos contra meu busto, assim puxando o meu capuz pra cima dos meus chifres. — O que planeja? Quer mata-lo?

Não, ele é um Lost assim como eu. Os Lost nesse mundo carregam a essência do planeta terra, talvez esse garoto seja a chave para a ignição do meu Vitalis.

“Planeta Terra, o mestre sempre fala desse tal planeta e todas as vezes que ele diz isso eu sinto uma leve dor de cabeça e tenho a impressão de que eu não deveria estar escutando essa palavra... o que diabos é o planeta terra afinal? Uma realidade paralela à nossa?”, fiquei imersa em pensamentos.

Ei! Sua inútil, me responda!

O tom irritado do meu mestre ressoou de forma suja pela minha mente trazendo uma dor desconfortável pelos nervos do meu corpo.

— Si-Sim mestre Gray. — Rangi um pouco os dentes no que o selo de comando em minha mão direita parou de pulsar. — Perdão, eu fiquei um pouco confusa com esse garoto.

Se tem tempo pra ficar confusa então tem tempo pra observar tudo e coletar informações que preciso, amanhã iremos fazer uma pequena caçada e não quero sujar minha nova armadura, você quem vai cuidar da besta no meu lugar e não quero mais saber de cicatrizes no seu corpo, é nojento quando estamos na cama.

Minhas presas se afundaram firmemente em meus lábios. “Então deveria parar de fazer coisas nojentas como as que faz comigo também.”, um ódio profundo ressoou dentro de mim.

Em alguns momentos eu até me esquecia que esse homem era a pior coisa que poderia ter acontecido na minha vida.

Sim, eu iria seguir as ordens dele, eu não tinha escolha... era isso ou morrer já que esse maldito selo de comando me obrigava a ser submissa a ele, mas será que... esse garoto que ele ficou obcecado não fosse na verdade a minha chave?

Se ele fez todo esse estrago em Leycrid teria mais do que poder suficiente pra destruir o mestre Gray.

Meus lábios se curvaram em um sorriso perverso. — Entendido, mestre Gray.

[Conexão de voz encerrada.]

Talvez essa seja a sua chance, Kyra.

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