Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Alma Imaculada

Capítulo 74: Seu Real Poder

 

 

[Jack]

 

[Provação concluída!]

[Eliminou Abatharon.]

[Recebeu 200.000 Ranking Points!]

Minha visão se distorceu com a luz ofuscante dos painéis flutuantes surgindo diante de mim.

“Consegui.”, foi a única coisa que consegui pensar.

— J-Jack!

A voz de Akira ficou distante e os arredores foram ocultos por uma cortina crepitante de sombras.

Por algum motivo eu não tive medo, angústia ou qualquer outro sentimento ruim como anteriormente, pelo contrário... um conforto me envolveu.

Cada fibra do meu corpo foi coberta por um calor reconfortante enquanto meus sentidos e a dor pulsante em minha carne se esvaiu.

Fechando os olhos e respirando fundo o calor que me envolvia se dissipou em um brilho oscilante, chamas douradas emergiram sob minha pele pra no fim se apagarem como se uma forte ventania as assolassem.

 — Isso... isso é... — Olhei a palma de minha mão incrédulo.

Plim!

O som agudo parecido com um pequenino sino ressoou entre as lacunas da minha consciência e emergiu sob os arredores chegando até meus tímpanos.

— Consegui. — Fechei meu punho com o olhar fixado sob ele.

[Recebeu +500.000 Ranking Points bônus pela cooperação em batalha!]

Raios escarlate somados a flocos dourados giraram ao meu redor antes de se fundirem tomando a forma de uma grande espada reluzente.

A lâmina era curva quase como uma Katana, porém tinha uma guarda deformada por uma luz ainda mais ofuscante que todo o resto.

A espada irradiante foi envolvida por uma correnteza de chamas negras antes de cortar o vazio direto em meu peito.

Corta!

Ugh! — Fiz um grunhido, não de dor, mas de susto.

A espada se enterrou em meu peito, porém nenhuma reação foi mandada pelo meu corpo.

[Você subiu de Ranking!]

Esse texto surgiu na minha frente com vários dígitos bizarros ao seu redor e uma luz cegante, a espada em meu peito eclodiu em um Flash de luz repentino.

[Recuperou o HP por completo!]

[+2 Habilidades foram adquiridas!]

[Perícia em (Lâminas) aumentou para o nível 5!]

[Perícia em (Vitalis) aumentou para o nível 5!]

Voltando a realidade a quantidade de informações contidas nos Pop-Up’s flutuantes a minha frente eram como algum tipo de vírus em um computador.

— Caralho. — Dei um passo para trás com uma face desacreditada antes de olhar os arredores.

Uma grande câmara com pilares prateados e paredes da mesma cor me envolvia, os pilares pareciam sustentar um tipo de templo sagrado acima da minha cabeça e logo abaixo dos meus sapatos um gigantesco círculo estava esculpido no chão de pedra.

— Jack, nós... voltamos.

Essa voz enfraquecida veio minhas costas e me fez levantar as sobrancelhas virando para trás no mesmo instante.

Akira estava recostada em um dos pilares enquanto descansava sentada, sua espada sempre ao seu lado.

— Você tá bem?! — Corri na direção da garota ajoelhando-me para ver seu ferimento.

“Nada bom.”, murmurei internamente ao ver o estado do braço esquerdo dela.

Não restou mais nada da ponta dos dedos até o cotovelo, um corte perfeito foi feito e a carne exposta sangrava sem parar, ela deveria estar chorando de dor, porém só estava suando.

— Akira... — Minhas pupilas tremiam em puro horror.

— E-Eu tô bem, a minha espada ainda tá aqui também, no fim nós conseguimos. Você me deu ótimas ordens capitão Jack.

Os lábios da espadachim tremiam de dor, mas ela não deixava de sorrir enquanto o suor gelado descia sua testa.

— Tá maluca?! Se continuar sangrando assim vai morrer! Olha só, o único que deveria sair ferido ali era eu e mais ninguém. — Retruquei franzindo as sobrancelhas em raiva.

Antes que mais sangue começasse a escorrer eu precisaria estanca-lo, isso, estanca-lo!

Tentando segurar a ânsia que me deu, eu arranquei um pedaço da minha capa com a ponta da Moon Blade.

Rasga. Rasga.

“Certo, sem enlouquecer dessa vez.”, sussurrei internamente ao delicadamente envolver o braço cortado de Akira com o pano.

U-uhnm... — Ela reprimiu seu gemido de dor rangendo os dentes, sua face tremia estática em uma expressão determinada.

— Não precisa pagar a de durona. Foi mal pelo palavrão, mas, — Girei o tecido velho ao redor da ferida antes de dar um nó. — também me fodi bastante ultimamente.

Ugh! C-Capitão Jack. — As pernas dela tremeram.

— Não sou nenhum capitão.

Me erguendo um pensamento rápido tomou meu foco atual.

“Eu não deveria limpar o tecido também? Merda, isso tá ficando cada vez pior, será que todo mundo vai morrer aqui? Droga, droga, droga!”

Meus olhos viajaram os arredores a procura de alguma coisa, alguma solução.

Nada, nada me vinha a mente e mesmo que nesse momento eu estivesse melhor, na verdade nada havia melhorado.

Os pilares cor de creme, as paredes extensas. Havia também uma grande porta de metal adiante, uma daquelas que se sela igual em algum filme Cyberpunk, Tinha um tipo de protuberância com uma luz Neon no centro dela.

“Talvez precise de algum código. Não, já começando a pensar merda de novo.”, rangi os dentes coçando o cabelo.

Akira se manifestou com sua voz fraca ecoando por trás das minhas costas.

— Capitão Jack.

— Não enche meu saco. Não sou como a sua incrível capitã Incis que sempre pode resolver todos os problemas. — Me agachei levando a mão a testa em pura frustração. — No fim parece que nada mudou.

Com um longo suspiro eu fui surpreendido pelo que a garota de cabelos curtos a beira da morte disse.

Naquela luta... você sabia que ia morrer, sabia disso e mesmo assim escolheu continuar, tentou mudar o seu próprio destino.

Meus olhos se arregalando, um arrepio repentino e a ansiedade cessando.

Não me virei para Akira, nem mesmo levantei minha voz, ela apenas continuou dizendo: — Essa atitude é igualzinha ao que ela costuma fazer, seus olhos eram vazios quando te encontrei e confesso que não pretendia nem um pouco cooperar com um estranho ainda mais um que parecia tão fraco, mas de uma hora pra outra o seu olhar....

Eu me ergui virando-me para ela.

— Que drama, n-não sei do que tu tá falando.

Antes de me responder Akira fechou seus olhos ocultando suas grandes pupilas negras, ela abaixou sua face curvando os lábios em um sorriso suave.

— Seu olhar estava repleto de uma intenção assassina mesmo diante da morte eminente, por isso você é um capitão. Eu consegui entender isso no momento em que te vi de pés com aquelas adagas nas mãos. O capitão Jack Hartseer só é um capitão porque ele tem o poder pra se rebelar contra seu próprio destino injusto, assim como a capitã Incis.

As palavras dela soaram pelos arredores e fluíram pelos meus tímpanos até chegar em minha mente como um córrego gelado.

Tum!

O coração a bater firmemente.

Era isso, eu ainda estava vivo mesmo diante desse destino de merda!

A espaçosa câmara com pilares prateados e uma porta de metal parecia um pouco menos vazia de uma hora pra outra.

Dando um leve suspiro eu relaxei meus ombros.

— Então é assim que você pensa, Akira.

— No fim acho que minha presença nessa batalha foi apenas pra te fazer perceber isso, mesmo sem nenhum recurso você tem essa habilidade, enquanto eu só tenho essa espada... — Ela desviou as pupilas negras para a Katana embainhada ao seu lado.

“Então ela realmente não era tão cabeça dura como aparentava, que interessante.”, a melancolia sussurrou dentro da minha mente.

Apenas nós dois em uma grande câmara vazia, presos em uma Dungeon onde tudo estava contra nós, contra nosso destino.

O tecido escuro envolto no braço cortado de Akira ficou encharcado de sangue quando me ajoelhei perto dela.

— Na verdade, acho que... — Rangi os dentes com um nó na garganta. — Acho que quem realmente era necessário aqui era você, Akira. Mas o-obrigado, talvez esteja certa.

Um pouco mais calmo eu abri o inventário, o brilho do painel flutuante iluminou a face cansada de Akira.

Essa garota não poderia morrer aqui, eu nunca iria me perdoar.

“Se eu realmente posso me rebelar contra o destino então eu o nego, nego com todas as minhas forças que Akira vai acabar aqui dentro dessa Dungeon repleta de aberrações!”

Com apenas 16 anos eu já tinha uma boa noção de como era o desespero, não sabia ao certo como, mas essa sensação era algo familiar demais, como se eu tivesse nascido com isso enraizado em minha alma.

Seja o que fosse, o abismo dentro de mim era muito mais assustador e doloroso do que qualquer coisa.

— Por mais que você pense que depende dessa sua espada com essa tal de Magatama, o destino poderia ter sido diferente se você tivesse usado ela lá atrás.

— É-É verdade. Talvez já estivéssemos mortos. Humph, eu não sei, a Magatama da minha Katana é um espirito que se apossa do meu corpo, aposto que ela saberia o que fazer.

Os olhos afiados de Akira agora transmitiam insegurança, sua franja reta cobrindo a sua testa suada quase ocultava as pupilas escuras olhando para baixo.

— Não sei como isso funciona, mas talvez se esse espirito estivesse apossado do seu corpo agora, não diria nada do que disse pra mim. — Levei minha mão ao ombro dela. — É simplesmente como disse, o destino foi mudado. Pare de se contradizer, Akira.

Até lá eu decidi que iria quebrar essas correntes do destino cruel que havia caído sob mim.

“Sim, eu posso fazer isso, afinal sou uma lâmina solitária”, uma voz destorcida tomou minha mente tornando-a sombria.

— Capitão Jack, a capitã Incis está viva, não é?

Comprimi meus lábios em incerteza.

— Cala a boca, economize suas energias por hora.

[Sua sanidade foi recuperada em 10%!]

[A síndrome de Tenebris foi levemente contida.]

[A síndrome de Tenebris persiste incessantemente.]



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