Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Alma Imaculada

Capítulo 66: Entrada Triunfal

 

 

A luz púrpura oscilante que surgiu retorcendo a realidade girou sem parar como uma grande espiral. Zakio com sua mente caótica não conseguiu fazer nada a não ser assistir à junção de flocos de luz e vapor reluzente emergirem da nebulosa destorcida.

Zwooosh!

Uaaaah!

Uma mulher de cabelos negros e trajes pretos caiu de dentro do portal atolando sua cara no chão rígido e levantando um pouco de poeira.

— I-Incis?

Ugh... essa voz, Zakio?

Ela ergueu sua cabeça do chão fixando os olhos dourados sob a figura ruiva com uma cicatriz no rosto, seu companheiro de longa data. A dupla dinâmica estava de volta.

 

 

[Akira]

 

Em um piscar de olhos tudo ao meu redor se distorceu como uma pintura a óleo sendo mergulhada dentro da água.

Não só minha consciência como também tudo o que fazia parte de mim fora sugado pra dentro do portal gigante que se abriu do lado de fora da Dungeon.

E pensar que originalmente esse cubo gigantesco com uma Dungeon dentro era a mansão Blazeworth, local onde eu iria fazer uma das minhas missões mais importantes.

— Droga, a capitã Incis não parece estar em nenhum lugar por aqui.

Minhas palavras eram um pouco hesitantes tendo em vista o local em que me encontrei depois de ser puxada pelo portal.

“Por que tá tão escuro aqui? Que medo, tá um silêncio danado também.”, me agarrei contra a minha espada embainhada enquanto caminhei pela floresta.

Passos. Passos.

Grama, moitas, troncos velhos... um cenário um tanto chato pra uma Dungeon, pensava que seria bem mais emocionante tipo quando lutei contra aquela aranha ao lado da capitã Incis.

Meus passos elevando leves farfalhos aos meus tímpanos eram tão tediosos quanto qualquer coisa, porém meus olhos nunca paravam quietos, nunca se sabe que tipo de fantasmas ou monstros podem estar dentro de uma floresta como essas, aliás, Dungeons podem ter florestas assim?!

Foi então que meu corpo congelou. Finalmente percebi.

Passo! Passo!

“Esses passos não são meus!”, entrei em puro pânico antes de me virar na direção do som.

Aaaah! Fantasma! — Gritei estremecendo.

Vultos correram em minha direção, passando pelos troncos e moitas em velocidades absurdas.

Meus joelhos se flexionando, as pernas prontas pra arrancarem em uma corrida de puro instinto, mas espera! Eles, não vieram exatamente na minha direção não.

As figuras correndo pela floresta eram bem pequenas e por algum motivo estavam todas indo em uma só localização, para o norte.

— Isso não me cheira nada bem. — Murmurei apertando o cabo da minha espada.

“Será que eu devo segui-los? Mas e se eles me escutarem? D-Droga, eu não sei, não sei!”

Minha mente começou a se tornar caótica, entretanto a imagem que me veio à mente pode quebrar essa inibição.

A minha capitã nunca ficaria amedrontada com algo assim, nem mesmo lá no jardim da mansão quando ela estava sem energia alguma seus olhos demonstraram fraqueza ou medo.

Essa era a verdade absoluta.

— A-Acho que tá na hora de s-ser um pouco maneira também. — Puxei a Katana descansada na bainha enquanto engolia minha saliva em um ato hesitante e cauteloso.

Suuush!

As chamas púrpuras eclodiram de dentro da bainha enquanto deslizei a lâmina afiada para fora.

Meus cabelos balançando com a força dos ventos se reunindo ao redor da espada sagrada, minha respiração vacilando um pouco e minha mente se esvaziando.

No fim de forma abrupta toda a luz das brasas e o vapor da energia se desfez com o chiado da espada voltando pra dentro da bainha.

Heh?

Puxei a Katana novamente, mas sem sucesso.

A lâmina foi puxada de volta de novo, de novo e de novo.

Aaaah! Droga, tá sem energia uma hora dessas! Esquece, eu tô perdendo tempo aqui.

Passos! Passos! Passos!

Decidi apenas correr na direção de onde as criaturas foram.

Não era tão ruim assim, talvez eles estavam indo atacar a capitã Incis que estava debilitada e eu seria a sua grande heroína nesse momento! Sim, é isso mesmo!

“Eu vou salvar a capitã Incis sem nem sequer ativar minha Magatama! Kehehehehe!”, babei sem parar em meio aos meus pensamentos de extrema periculosidade.

Contanto que eu pudesse ver o rosto da minha capitã de novo eu iria continuar lutando.

 

 

O som dos monstros se aproximando ao redor de Jack era desesperador, tão desesperador quanto a dor que pulsava nas suas veias e músculos como um lembrete de que ele nunca estaria safo de seu próprio sofrimento nesse mundo.

“Merda, por que? Por que?!”, o garoto se praguejou mentalmente enquanto seu corpo tremia jogado sob a grama.

Urhaaargh!

Um grunhido destorcido permeou próximo de Jack, ele já sabia o que esperar quando ergueu seu rosto na direção do barulho.

Vários Goblins.

Uns com vestes rasgadas, outros segurando pedras, pequenas facas feitas com ossos e etc... ele já havia lutado contra esses pestinhas antes, mas e agora?

O silêncio pairou enquanto a face de terror de Jack tremia diante do grupo de monstrinhos se aproximando enquanto sorriam.

Os lábios enrugados e as presas salivando, as orelhas pontudas e a pele suja.

O jovem apenas aceitou seu destino mais uma vez. Ele fechou seus olhos. Decidiu ocultar tudo ao seu redor com essa simples ação, trancar seu coração assim como fizera em seu passado antes de vir a esse mundo cheio de poderes e fantasia.

Os dias passavam de forma efêmera no orfanato onde Jack passou seus primeiros 5 anos de idade, ele não se dava tão bem com as outras crianças, mas se tinha algo que ele realmente gostava era de sua irmã mais velha que também residia lá, sempre ao seu lado lhe apoiando, seu nome era...

Ventania!

Isso não é hora de Flashbacks e explicações, não é?

Entrada triunfal e absoluta da Akira!

De repente uma figura misteriosa pulou do amontoado de folhas e galhos anunciando em voz alta sua poderosa investida.

— M-mas oque?! — Jack arregalou os olhos diante da destemida silhueta baixinha segurando uma grande espada em sua mão.

Ela girou no ar antes de aterrissar com a ponta da poderosa lâmina sob a cabeça de um dos Goblins.

O impacto firme fez um som oco pra no fim o corpo do pobre monstrinho apenas cair sob a grama desacordado.

Ghrrrr!

O resto dos Goblins se afastaram rangendo os dentes e rosnando.

— Uma garota.

Jack não recebeu uma resposta, nem mesmo um olhar da garota de costas para ele.

Os ventos se distorceram no que ela balançou sua espada no ar em uma pose heroica com a mão na cintura.

Kukuku... podem se afastar mesmo, apesar dessa Katana estar embainhada ela ainda faz parte do meu arsenal onipotente e absoluto.

A longa lâmina em sua mão acompanhou o movimento de forma suave, mas que afastou ainda mais os monstros.

Jack deu um suspiro antes de levantar a voz dizendo: — G-Graças a deus! Por favor me ajude, seja lá quem você for eu imploro!

O cabelo curto e liso da garota balançou quando a mesma virou seu pescoço olhando para Jack caído no chão.

— Quem é tu? — Levantou a sobrancelha.

— E-Esse não é o maior dos problemas, cuidado!

O desespero de Jack não era atoa, já que no mesmo instante os Goblins pularam todos ao mesmo tempo sob a jovem.

Os olhos sedentos por sangue reluziram pelo ar enquanto a heroína com sua espada embainhada contra-atacou.

— Chega disso! Contra-Ataque absoluto da Akira.

As pupilas negras de Akira reluziram com o seu espírito avassalador de batalha.

O vazio foi rasgado em 180 graus quando ela balançou seus dois braços levando a grande espada contra o rosto feio de um Goblin.

Impacto! Paft! Poft!

A bainha de cor negra era rígida como pedra e rebateu contra cada um dos monstrinhos rapidamente.

“Mas que porra é essa?! No início eu tive uma puta dificuldade pra matar esses merdinhas! Ela tá praticamente jogando Baseball com essa espada que ela nem sequer tirou da bainha pra usar.”, Jack rangeu os dentes incrédulo.

Os ventos foram rasgados para esquerda quando Akira deu meio passo para a direita antes de jogar a ponta da bainha na vertical de baixo para cima.

O rastro negro da bainha se distorcendo antes de colidir contra o queixo do último Goblin.

Em um piscar de olhos o pequeno grupo de monstros feiosos foi abatido e Akira estava envolta por corpos desmaiados.

Kukuku! Isso foi... — Ela apoiou sua espada no ombro como um taco antes de se virar na direção de Jack com um sorriso destemido. — Fácil demais.

— P-Pare de agir como se estivesse em algum anime ou mangá e me ajuda logo!



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