Tsunagari Brasileira

Autor(a): Lich


Volume 2

Capítulo 11: Predadores Cegos

BOKUTSUNAGARI

Predadores cegos 

Hikaru caminhava pelas ruas vazias com o pôr do sol à sua frente, afastando-se cada vez mais da cidade. Subiu os degraus das montanhas do templo Kagami no Mine. Enquanto avançava, tirou a faca da mochila e a segurou com firmeza.

⌈Vampiros…⌋

Seus passos ecoavam fortes até chegar ao primeiro templo. O ar era pesado, e a sensação de estar sendo observado o deixava inquieto.

— Se tudo o que a Kimiko disse for verdade, é aqui.

Enquanto caçava sua presa, Akihiro estava em casa com Morgan. Sentado na cama, sentia um incômodo inexplicável, como se tivesse cometido algum erro.

— Ei, você está bem? Está calado desde que voltou da escola. — Ela o observa.

Ele pensa por alguns segundos antes de responder:

— Eu... sinto que algo errado está acontecendo.

— O que quer dizer com isso? Quer conversar? — Ela se aproxima, sentando ao lado dele.

— Hoje, um colega que também sobreviveu ao ataque dos vampiros veio falar comigo sobre vingança. Disse que não penso mais nisso, e ele ficou furioso. Agora é ele quem quer se vingar.

— É uma situação complicada. Ele passou pelo mesmo que você, mas você conseguiu se libertar disso aos poucos.

— O que me deixou pensativo é que a Kimiko está ajudando ele nessa vingança... Achei que ela fosse uma vampira boa.

— Você realmente não conhece a Kimiko. — comenta Morgan com um leve riso sarcástico.

— O que quer dizer?

— Ela ajuda conforme a intenção de quem se aproxima. Pode apoiar pessoas com boas ou péssimas intenções.

— E nunca questiona o motivo? Mesmo que seja matar da própria espécie?

— Nunca demonstrou qualquer dúvida. Desde que começou a se envolver com humanos, se afastou dos vampiros.

Akihiro suspira e se levanta.

— Consegue sentir o cheiro dele em mim? O nome é Hikaru.

— Sinto um cheiro peculiar desde a escola, mas achei que fossem amigos. Por quê?

— Quero saber onde ele foi. Talvez a Kimiko tenha contado onde estão os vampiros.

— Boa parte deles vive nas montanhas de Kagami no Mine.

Ele se levanta de forma imediata, calçando o tênis, decidido.

— Espera, vai agora? Quer que eu vá junto?

— Eu queria, mas não quero te envolver. Pode ser perigoso.

— Akihiro... eu também sou uma vampira. Quero proteger o meu povo!

— O problema é que ele pode estar com a Kimiko. Não sei do que são capazes. — Morgan parecia preocupada.

Ele se aproxima, segurando-a pelos ombros.

— Confia em mim. Não quero que se machuque. Só vou tentar parar o Hikaru, ok?

Ela apenas acena, desviando o olhar. Akihiro sorri e a beija levemente.

— Se você se machucar, eu juro que te machuco mais ainda. — ri.

— Sem problemas.

Ele desce as escadas e escuta o irmão:

— Ei, onde vai?

— Dar uma caminhada. A janta é com você hoje, beleza?

Rem acena, e Akihiro sai correndo pela rua. Cada passo o fazia acelerar ainda mais, até virar uma corrida.

Enquanto isso, Hikaru já estava dentro do templo. O interior era amplo, silencioso, com um grande quadro de uma divindade na parede — o rosto estava rasgado, irreconhecível.

— Me pergunto como um templo desses ainda existe, sendo de uma religião esquecida...

Explorava cada canto em busca de sinais, até sentir uma presença no teto. Um vulto salta em sua direção; ele desvia e se põe em guarda.

— Ah, você finalmente se revelou...

Diante dele, um vampiro pálido, magro, de cabelos prateados e roupas rasgadas, o observava com os olhos vazios.

— Então é você... Foi quem atacou meus amigos no metrô, não foi? Kagami, certo? Curioso ter o mesmo nome do templo.

— Não lembro de você, mas parece alguém que sobreviveu a um dos meus ataques.

— Não só tentou me matar, como matou meus amigos. Sorte minha que a Kimiko me ajudou.

— Essa vampira não sabe o que quer... — murmura o outro.

— Olha, garoto, não quero te machucar. Fiz o que fiz porque precisei. Podemos ficar em paz, ok? — estende a mão.

Hikaru a encara e, num golpe rápido, corta a palma do vampiro. Ele recua gritando, vendo a ferida se regenerar lentamente.

— Maldito! O que tem nessa faca?!

Antes que percebesse, o garoto já avançava outra vez. Kagami desvia, mas acerta um soco certeiro no peito dele, jogando-o para trás.

— Eu tentei ser pacífico, mas você não me dá escolha.

— Quero ver tentar...

As facadas são rápidas, mas o vampiro desvia de todas, revidando com socos. Hikaru insiste, incansável.

— Você é persistente... e irritante. Ainda nem comecei a lutar a sério.

Em um movimento brusco, o garoto troca a faca de mão e atinge o ombro do inimigo. Surpreso, Kagami o acerta com força, fazendo-o cair.

— Eu não saio daqui até ver você morto!

Hikaru investe outra vez, mas o vampiro o agarra pelo pescoço e o ergue, cravando as unhas na pele.

— Achei que fosse melhor do que isso... — rosna.

Lutando para respirar, Hikaru tenta golpeá-lo, mas o outro segura seu pulso. Prestes a perder os sentidos, ele deixa a faca cair — apenas para agarrá-la com a outra mão e cravá-la no estômago do vampiro. Kagami o solta, cambaleando, o sangue manchando o chão.

— Não devia ter me subestimado...

Cai de joelhos e começa a se arrastar, enquanto Hikaru se aproxima devagar, erguendo a lâmina.

— Últimas palavras?

O som da porta se abrindo ecoa. A silhueta no portal revela Akihiro, ofegante.

— Hikaru!

Ele se lança sobre o amigo, tentando arrancar a faca de sua mão.

— O que está fazendo aqui?! Sai de cima!

— Não vou deixar que mate vampiros! Querendo ou não, eles também sentem como nós!

Hikaru o empurra com os pés, afastando-o.

— Deixa de ser idiota...

Akihiro se ergue, respirando com dificuldade.

— Parece que ficou mais sentimental. Nem parece o mesmo garoto que conheci.

— Hikaru, por favor, me escuta...

— Não! Agora é você quem me escuta! Esqueceu que foi devorado vivo por vampiros?! Cadê sua vingança? Sua vontade de lutar?!

— Eu já te disse, mudei meus objetivos. Essa vingança não faz mais sentido.

Hikaru suspira, incrédulo, e se volta para Kagami, que tentava se recompor.

— Hikaru, por favor! — Akihiro implora, recuperando o fôlego.

— Eu parei com esses pensamentos por causa da minha namorada. Ela é uma vampira... e eu também sou meio-vampiro.

A expressão de Hikaru endurece, tomada pelo desprezo.

— Tá me dizendo que mudou por causa de uma promessa idiota?

— Pode parecer idiota, mas é verdade. Vampiros pensam, sentem, vivem como nós. Não podemos agir como se fôssemos superiores.

Nenhuma resposta. O olhar de Hikaru é vazio.

— Por favor, garoto, escute seu amigo... — Kagami tenta se levantar, cobrindo o ferimento.

Antes que pudesse terminar, Hikaru o esfaqueia repetidas vezes no torso e no rosto.

— Hikaru! Para! — grita Akihiro, tentando contê-lo, mas já é tarde. Kagami não respirava mais.

O som seco da faca caindo no chão é seguido por passos na porta. Uma figura alta entra: pele escura, cabelos cacheados e olhos esverdeados. Akihiro o reconhece de imediato — era o último vampiro sobrevivente daquela noite.

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