Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 63: Não Dá Para Ganhar Todas (II)

O primeiro lugar que penso em ir, e é justamente o lugar que vai dar caso eu continue seguindo esse caminho, é o refeitório. Lá deve ter algumas pessoas das quais eu preciso ajudar.

Conforme me aproximo de lá, noto que o número de criaturas do Porão estão começando a aumentar. Também há uma parcela considerável de sangue no chão. Isso vai me preocupando.

Quando chego próximo, virando o corredor para chegar até o refeitório, me deparo com diversos Estertores tentando atravessar uma barragem. 

Pelo visto as pessoas dentro do refeitório usaram as cadeiras e mesas para fazer uma barricada. Lá tem comida e água o suficiente, poderiam sobreviver por um bom tempo. Isso foi bastante inteligente.

— Ei! — grito para as criaturas, que me observam por um segundo e no outro já vem correndo em minha direção. — Vem em mim, seus merdas!

Quando chegam próximos o suficiente eu uso meu novo poder para impulsionar a horda de criaturas para trás. Os maiores não são empurrados para trás com tanta força. E na verdade eu não sinto que estou recuperando tanta energia assim. Será que só funciona com humanos?

De qualquer forma, a maioria está atordoada e isso é mais que suficiente. Acúmulo a minha energia em uma das mãos e lanço uma granada em direção ao meio do grupo caído de criaturas. As outras, que estavam atrás e em segurança, passam por cima da granada e são explodidos. 

Sangue podre vaza para todos os lados. Tomara que essa merda não tenha pego no meu olho.

No instante seguinte uma criatura consegue se aproximar e me dar um golpe, que me joga para trás. Eu bato de costas na parede, porém consigo me recuperar rápido. Uso meu bastão para quebrar sua perna e depois pisar em seu crânio, o esmagando completamente.

Os próximos já se aproxima. Jogo um raio em um, acerto outro com um golpe, um chute e por fim mais um outro golpe. De um por um vou limpando a bagunça na frente do refeitório. 

Quanto mais barulho faço, mais dessa criaturas aparecem. Isso parece muito com aquela simulação que eu estava agora a pouco. Porém uma hora vai ter que acabar, não é possível.

Lutamos por bons minutos até que minha energia se esgota. Tenho de usar a energia das lâmpadas do corredor, que não é muito. O que significa que para voltar ao 100%, tenho de ficar no quase completo breu.

Conforme os corpos das criaturas vão tombando, vejo que existem alguns cadáveres de soldados aqui e ali. Fico triste por suas vidas, porém aliviado de que não se trata de nenhum recruta. 

Essa não é a hora de começar a se lamentar e sim a hora de continuar tentando ajudar. Quando já estou limpando todo o corredor e mais nenhuma criatura parece querer aparecer do nada, uma daquelas coisas rápidas que esqueci o nome aparece para me atacar. 

Estão mais rápidos que nunca. E sinceramente não sei se quero gastar energia para tentar alcançar essas coisas. Na verdade, o melhor é usar a força delas a meu favor.

Quando a criatura se joga em minha direção mais uma vez, eu uso uma onda de choque em sua direção, fazendo o pescoço da criatura ser jogado para trás, junto com seu corpo logo em seguida. 

Ela cai no chão com o pescoço torto. Eu dou uma leve comemorada. Usei a força dela contra a minha força eletromagnética, fazendo ela quebrar o pescoço, já que se trata de uma criatura relativamente fraca.

Não é hora paa ficar comemorando sozinho. Vou em direção a barricada e começo a pedir ajuda para que desfaçam por dentro, para que eu possa levá-los para um local de encontro mais seguro.

Depois de alguns minutos de relutância, finalmente abrem a porta e tenho a visão de no mínimo umas 30 pessoas aqui dentro, incluindo soldados e recrutas. Alguns estão feridos, em sua maioria soldados.

Peço para que peguem recursos e me acompanhem até o dormitório, pois os outros também estão lá. Alguns dizem que não é boa ideia, porém faço eles me obedecerem assim que um estertor aparece do nada e eu consigo arrancar sua cabeça com uma única tacada.

Acho que assim eles entenderam que essas criaturas não são páreos para mim atualmente.

Por fim todos me acompanham. Temos de ir devagar e eu sempre tenho que ficar cuidando tanto da frente quanto da parte de trás. 

Quando aparece um pequeno enxame de criaturas na minha frente, é fácil combatê-las e proteger o grupo. Porém, quando aparece atrás, tenho de usar minha fortificação elétrica para chegar lá rapidamente e acabar com a ameaça.

Desse jeito minha energia inteira vai embora. Mas não tem o que fazer. Já estamos quase chegando e isso é o que importa. 

Quando já estamos perto o suficiente, sou desafiado por um Estertor maior e mais robusto. Ele tem que ficar agachado para poder caber no corredor.

Bom, pode vir com tudo. E embora não consiga ler meus pensamentos, acho, ele de fato bem com tudo.

Seu enorme corpanzil me acerta e eu sou jogado para trás, derrubando alguns recrutas. Tomara que não tenha feito ninguém quebrar os ossos, eu tentei parar antes de chegar neles, porém não deu.

Esse monstro conseguiu literalmente me jogar para trás com uma barrigada usando o impulso do peido. Que porra é essa?

Me levando, faço minha fortificação eletrica e parto para cima dele com tudo. A nossa batalha é uma piada, pois ele tenta me alcançar e não consegue. 

Já eu não consigo fazer muito dano a ele, pois a camada de gordura ao redor de seu corpo o impede de sentir qualquer tipo de dor. Mas sei que ele está incomodado com os golpes.

Uso os meus relâmpagos para causar ainda mais dano a ele. Porém não adianta muito além de o deixar ainda mais irritado. 

Desvio de todos os seus golpes, até que finalmente tento algo diferente. Uso aquela onda de choque, o expulsando para trás. E, para a minha surpresa, ele explode.

É sangue podre misturado com excremento verde para todo o lado. Até os recrutas atrás de mim levam um banho dessa porra esquisita. 

— Vamos continuar. Agora!

Só dá tempo de limpar o liquido dos meus olhos para então continuar.

Consigo fazer todos entrarem no dormitório. Daí fico esperando do lado de fora por novos, mas não espero mais do que 30 segundos. 

Vejo ao final do corredor várias pessoas correndo. São os recrutas junto de Solares, Leona e também alguns soldados. 

Com eles vem a maioria dos meus conhecidos também. Ash, Vida, Bia, e muitos outros. Alguns vem chorando, outros vem correndo com seriedade. 

É quando, atrás deles, vejo uma criatura surgindo do teto e pulando em direção a uma recruta.

— Cuidado! Fortificação!

Sinto a energia fluindo ao meu redor. Pego impulso e corro em direção a criatura, porém não vou chegar a tempo. Não sou rápido o suficiente. Se tivesse espaço poderia lançar uma onda de choque, porém pode acabar acertando alguém.

Então, de repente, Leona empurra a recruta para o lado e se põe bem no meio. Ela é acertada pelas garras da criatura, que atravessam o seu corpo. 

Eu chego no instante seguinte, esmagando o corpo da criatura com meus bastão. 

— Leona! — grito. — Você tá bem? Consegue andar? Por favor…!

Uso os meus poderes de desfibrilação nela, porém não parece melhorar.

Ela cospe um bocado de sangue, tira a garra que a atravessou do meio de seu peito e se mantém de pé.

— Melhor correr… Trovão…

Ela está olhando fixamente atrás de mim. Quando olho, há um montão daqueles monstros chegando perto. Porra, não vai ter como colocar todo mundo dentro do dormitorio antes deles chegarem… A menos que…

— Vai logo — diz ela.

Eu estou com o raciocínio mais rápido, logo entendo onde quer chegar e também não vou impedi-la de fazer isso. Infelizmente não tenho nada que possa ajudar. Meu desfibrilador não funcionou nela. 

— Obrigado! — digo.

E imediatamente começo a correr, empurrando todos para frente, para que se apressem em entrar logo no dormitório.

Solares, que ainda está fora, observando tudo, fica olhando para sua amiga, Leona, servindo como sacrifício.

Vejo ela tentar ir até ela, mas a impeço, empurrando seu corpo para dentro do dormitório. Por fim, fecho a porta. 

Obrigado, Leona.



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