Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 43: Esqueça A Plateia. Preocupe-se Em Acertar A Bola (IV)

Fico em posição de batalha enquanto espero o primeiro movimento de Vega. Acho que essa espera vai ser curta, o homem à minha frente tem pouco tempo para capturar esse objetivo.

Assim que vejo o menor movimento, avanço em sua direção para tentar prever sua ação. 

Com o taco curvado o máximo que posso, miro em acertar a sua cabeça. Vega abaixa no último segundo, depois aponta a ponta de sua arma para mim.

Dou um passo para o lado. O tiro raspa na minha roupa e sai rasgando o meu peito. Por pouco não acertou diretamente comigo. 

Me firmo no chão e uso a eletricidade ao meu redor para me dar um pouco mais de força. Me sinto mais leve, mais rápido e mais poderoso.

Dou um salto em direção ao capitão e tento encaixar mais um golpe de bastão em sua cabeça. Ele se desvia por pouco, porém vai ter que fazer mais do que isso.

Com o corpo mais rápido graças a minha habilidade de fortificação, assim que um golpe passa sibilando perto da sua cabeça, já interrompo o movimento e tento novamente, traçando um novo arco em direção ao seu corpo.

Ele se abaixa, depois tem que recuar, depois se defende com a arma e por fim dá um salto para trás. Recuando, ele perde terreno e me deixa com vantagem. Não vai conseguir alcançar a bandeira tão rápido assim.

No instante seguinte, apenas por um milésimo de segundo, o vejo sorrindo em pleno ar. Droga, como não previ isso? 

Antes de tocar o chão, Vega aponta sua escopeta para mim e atira. Conseguiria desviar se fosse uma bala comum, porém essa é diferente e me arrasta para trás mesmo que não tenha me pego diretamente no centro.

Sou arremessado para trás com velocidade, mas antes que possa cair de cima do pequeno monte de rocha, bato minhas costas em uma parede. 

O efeito da fortificação elétrica passa e eu começo a sentir a dor. Isso não importa, aqui em cima tem uma corrente. Dreno a energia de um cabo de força ali perto e já estou pronto para a próxima.

Vega não perdeu tempo. Rápido do jeito que é, já está a centímetros do objetivo. Não vou conseguir alcançá-lo a tempo. Mas não preciso.

Concentro parte da minha eletricidade na minha mão, que passa para o cabo do bastão e em um segundo depois, o eletrifica. Depois o arremesso em direção ao capitão.

O bastão gira no ar, ainda eletrificado. Vega vê. Em um instante vejo sua reação, parece estar tirando uma com a minha cara. Está achando que essa tática de jogar o bastão não vai dar certo, que ele vai apenas desviar e tudo ficará bem com ele. 

Porém o sorriso jocoso vai lentamente embora de sua cara assim que me vê esticar a mão. Quando sinto o formigamento dos raios passando pelo meu braço, as sobrancelhas dele se levantam levemente. Quando eu acumulo um relâmpago na palma da minha mão, sua boa abre levemente. 

Tudo isso em menos de um segundo.

— Segura essa!

E lanço um raio que atinge o meu bastão, que já estava muito perto de Vega. Isso faz o bastão tomar ainda mais impulso e ir para frente com tudo, acertando em cheio a cabeça do capitão.

Não apenas isso, mas a eletricidade da minha arma também deu uma eletrizada naquele velho. 

Ele anda para trás, tropea nos próprios pés devido ao choque e cai no chão. Meu bastão vai para cima. Vai cair em algum lugar aqui em cima que não consigo prever. Isso é ruim, não vou conseguir alcançá-lo tão cedo assim.

Dreno mais um pouco de energia do cabo e vou correndo em direção ao objetivo. Quando pisco os olhos, a bandeira sumiu. Fico confuso, estava aqui nesse instante.

— Que merda, moleque.

Vega se levanta. Quando olho para a sua mão, vejo ele segurando a bandeira. 

— Quase que não consegui pegar — fala enquanto esnoba a própria vitória.

Estendo a mão e lanço mais um raio em sua direção. Ele se desvia, puxa a escopeta de algum jeito muito estranho, porém rápido e fluido e atira em mim.

Dessa vez não consigo desviar. A bala acerta o meu peito e sou enviado para trás, muito para trás. 

Atravesso a barreira de rocha que tinha me impedido de cair anteriormente. O ímpeto do meu arremesso só começa a parar quando chego na borda. Rolo, tento me segurar em alguma coisa, porém não dá, caio do monte.

Vou batendo minhas costas, cabeça, pernas, braços e várias outras partes do meu corpo em várias pedras enquanto vou caindo.

Droga, Kaike! Você foi criado no D2, pelo Sr. Wattson. Não é assim que te ensinaram a cair.

Lembro dos ensinamentos do meu pai e antes que seja tarde demais, enquanto caio, abaixo a cabeça para que o queixo encostado no peito. Levanto meus braços até a cabeça, colocando eles na frente dos rosto. Puxo meus pés para cima e vou caindo colina abaixo, como uma bola.

É desse jeito que se cai, ao menos era assim que meu pai me ensinou, caso houvesse alguma necessidade.

Quando finalmente chego no chão, sinto que meu corpo inteiro foi quebrado. 

 

[SAÚDE: Amarela]

 

Meus braços estão sangrando, minha cabeça está sangrando, meu olho está inchado e não consigo andar. 

Assim que olho para o lado vejo meu bastão de metal. Ah! Então ele não foi para muito longe. Ao lado do meu bastão tem um daqueles cabos de força. Droga! Preciso me recuperar.

Levanto com muita dificuldade. Devo ter realmente quebrado algo, essa dor na perna não é normal. 

Assim que dreno a energia a dor lancinante passa e dá lugar a um incômodo detestável, como se tivesse torcido o tornozelo, só que em todo canto.

De repente cai na minha frente um corpo, seu peso é tão grande que racha o chão rochoso. São as pernas metálicas de Vega e para a minha infelicidade o resto de seu corpo também veio.

— Ainda vivo, moleque? — pergunta com um charuto na boca.

Piso no cabo do meu bastão. Isso faz ele vir para cima e assim o pego no ar. Depois aponto a sua ponta em direção a cabeça dele. Não impressionei o capitão.

— O que você quer, hein? — pergunto, afim de ganhar tempo. — Acha que não noto que está planejando alguma coisa?

Olho para cima rapidamente e, além de ver a transmissão ao vivo de nossa luta, vejo que faltam um minuto e meio para acabar. Assim nós ganhamos, ele perde. Mas não devia ter feito isso, Vega notou.

— Essa tática não funciona com esse velho aqui, Condutor. — Ele dá um salto para trás e começa a correr. Ele é rápido.

Porcaria. Corro atrás dele. O persigo pelas rochas de formas variadas. Tento alcança-lo, mas ele parece conhecer o terreno melhor que eu porque parece nunca ter de frear um pouco para desviar de algo.

Talvez seja experiência. Bom, não posso pensar muito nisso agora, tenho pouco tempo para alcançá-lo, tenho de enrolar o máximo que posso. 

Enquanto pulo de um lado a outro para desviar dos obstáculos no meu caminho, aproveito os momentos em que o caminho está livre para lançar alguns raios. Se algum deles pegar consigo fazer ele diminuir a marcha.

Mas nem isso atinge esse maluco. Ele desvia de tudo como se não fosse grande coisa. O jeito vai ser se aproximar dele e mandar ver.

Ativo o meu fortalecimento. Isso é rápido o bastante para alcançá-lo. Estamos a alguns metros da base dele, onde ele tem que deixar a bandeira. 

Ela não passa de um círculo cinza desenhado no chão. Não vou deixar ele atravessar aquilo.

O alcanço, faltando poucos metros para ele atravessar. Assim que chego perto ele se vira, como se já esperasse por isso e dá um tiro à queima roupa em mim. Mas ele não era o único que prevê movimentos aqui.

Com a minha força eu me devendo com o bastão, lançando a sua bala para longe de mim. Dessa vez eu não sou arremessado para trás nem nada, aguentei a força do impacto. 

Isso o impressiona, porém ele e eu já sabemos o que estar por vir. A segunda bala dele vai me mandar para longe, não tem como desviar dessa estando tão perto assim.

Dou um salto para frente, antes que ele consiga apontar para disparar. Seguro a sua escopeta, a puxo em minha direção e tento dar uma tacada em sua cabeça. 

Ele se defende com a mão que estava segurando a bandeira, segurando o meu bastão ao mesmo tempo que segura o objetivo. Essa é minha chance para eletrizar esse sujeito.

Deixo minha energia seguir livre para onde quiser. Ela viaja pelo meu taco e pela arma de Vega até chegar em seu corpo.

O capitão se contorce de dor e também por conta dos espasmos. Deve estar doendo mais ainda por conta das próteses mecânicas. Me concentro para liberar ainda mais energia.

E depois de um segundo de distração, vejo que ele consegue alinhar a ponta da escopeta bem em meu peito. Ele dá um sorriso torto e atira, me arremessando para longe.

Eu saio sendo arrastado pelo impacto, rolando pelo chão e batendo em tudo que está em minha direção. 

Dessa vez eu com certeza quebrei alguma. Cuspo sangue pela boca. 

 

[SAÚDE: Laranja]

 

Consigo me ajeitar o suficiente para ver o capitão atravessar o círculo e olhar para mim com um sorriso de vitória, parece meio cansado.

— Gostou da aula, moleque? — pergunta de longe, respirando fundo.

Eu dou uma risadinha. Olho para a minha mão, a que antes estava segurando o meu bastão. Agora não seguro mais o bastão e sim a bandeira. Consegui pegar ela um segundo antes que de ser arremessado para trás.

Dou uma olhada para cima e vejo o temporizador zerando e dizendo:

 

[TEMPO ESGOTADO.]

[Vitória dos recrutas.]

 

Vega parece tomar um susto. Olha para a mão que deveria estar segurando a bandeira e vê que na verdade está segurando o meu bastão. Ele olha para mim, procurando explicação.

Para facilitar a sua vida eu levanto a bandeira o mais alto que posso, e que meu ombro machucado me permite. Então digo com certa dificuldade:

Argh! Adorei a aula… velhote.

Depois disso, ouço o grito de comemoração dos recrutas de longe. 



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