Volume 1
Capítulo 39: Pequenos Esforços Repetidos É Sucesso Na Certa (III)
Depois de conversar um pouco com os irmãos comédia, espero pelas ordens de Vega estando com o primeiro grupo a posto, que consiste em Precioso, Maravilhoso e Clara.
Demora um tempo para ele dizer:
— Vão ficar aí parados me olhando ou o quê? Comecem logo!
Respiro fundo e me concentro nos três à minha frente. Os gêmeos parecem meio nervosos, Clara também só que mais confiante. Todos vão ter de dar o melhor de si para conseguirem muitos pontos.
O local onde estamos agora está cercado de montanhas. Posso usá-las com os relevos altos e baixos para me movimentar, mas isso com certeza iria dificultar a vida desses três.
— Podem vir! — faço um gesto, os provocando para cima de mim.
Imediatamente os três vêm com tudo, um mais desordenado que o outro. De fato estão tentando competir comigo na base da força, porém eu sou um Condutor de Raios, o que significa que tenho uma força sobre-humana.
Tentam me bater a todo custo. Desvio de cada soco e pontapé com facilidade. Essa dança demora alguns minutos até eu perceber que os pontos em suas tabelas só subiram um ponto para cada.
Se continuar assim vamos ter que passar três dias aqui. Como posso fazer eles ganharem mais pontos?
Não posso facilitar para eles. Afinal de contas, o último teste físico vai ser com aqueles mutantes bizarros, e aquelas criaturas não pegam leve com ninguém.
Decidi adotar uma nova abordagem. Ao invés de apenas fugir, decido também lutar contra eles.
Clara tem um bom desempenho, ela já está acostumada com meus movimentos; e para ser sincero estou pegando bem leve.
Acontece que os gêmeos estão sendo espancados por mim. Eles fazem reações muito exageradas quando empurro eles ou quando dou um soco em alguma parte de seus corpos.
Quando olho para cima, vejo que cada um deles ganhou mais dois pontos. Isso é bom, mas não posso continuar batendo neles desse jeito. Vão acabar se cansando ou pior, quem sabe até se machucando de verdade.
Droga! No fim esses caras não parecem que vão cooperar comigo e a condição que impus para ficarem juntos.
Antes de aceitar que ficassem juntos disse para me obedecerem e seguirem as minhas ordens. Iriam fazer o plano que todos os meus alunos estavam treinando para me imobilizar, isso certamente valeria uns bons pontos.
Entretanto eles não estão nem se quer se esforçando para isso. Começo a ficar irritado com esses caras.
Quando Clara acaba caindo por conta de um empurrão meu, corro em direção aos gêmeos e os levo até uma parede mais próxima. Não são desafio nenhum para mim.
— O que vocês estão fazendo? — digo para eles entredentes. — Sigam o plano!
— Você fala como se fosse fácil… — fala precioso se segurando na minha mão.
— Tu é muito rápido, cara… Simplesmente não tem como.
Os solto. Eles se viram e começaram a tentar me bater. Vou me defender dos golpes e me desviar de outros. Enquanto isso começo a pensar…
De fato eu nunca ensinei para eles como eles deveriam agir comigo ou em situações assim. Apenas ensinei as táticas de imobilização e de ataque para os meus alunos.
Enquanto isso, esses dois estavam recebendo aula de algum outro Auxiliar que com toda certeza não estava fazendo um bom trabalho. É verdade, não posso exigir demais desses caras.
Também não posso treinar eles aqui. Preciso que venham com tudo para cima de mim, sem dó.
Enquanto todos os três tentam inútilmente me bater, vejo que as pessoas ao redor não estão muito animadas com o que estão vendo.
Perceberam que estou segurando minha força. Provavelmente o Capitão percebeu e é por isso que não está aumentando as notas mais. Estão estagnadas.
Se as coisas continuarem assim eu não vou saber o que fazer… Exceto que talvez eu saiba sim.
Quando os três vêm novamente para cima de mim, tentando me cercar, seguro uma das pernas de Clara, depois dou um chute no peito de Maravilhoso e um empurrão em Precioso, os fazendo ir para longe.
Puxo a gola da camisa de Clara para mais perto do meu rosto. Ela fica vermelha como um tomate. Provavelmente deve ser porque estou apertando muito o pescoço dela, logo vou soltar.
— Faça o plano com eles — sussurro em seu ouvido.
Depois a largo. Então vou para cima de um dos irmão. Dou um soco leve em seu rosto e então digo para ele: — Obedeça a Clara. — Faço a mesma coisa com o seu irmão.
Os gêmeos não parecem entender muito bem, até porque receber um golpe antes de receber uma ordem com certeza não deve ser a melhor maneira de pedir algo.
Mas com o tempo, vejo Clara conversando baixinho com os irmãos. Eles parecem confusos, mas acenam a cabeça positivamente e agora têm mais cuidado ao se aproximarem de mim.
Isso é bom, significa que estão planejando alguma coisa. Não vou tentar prever, vamos ver no que vai dar.
Clara fica na minha frente, não sei onde estão os outros dois. Estão longes demais para que eu possa sentir as suas… De trás!
Assim que me viro, um dos gêmeos me joga no chão e o outro pega uma pedra e arremessou contra a minha cabeça.
Eu uso minha força para quebrar a pedra no ar, antes que me atinja. Isso cria uma aberta para que Clara e o gêmeo em cima de mim comecem a tentar me imobilizar.
É a coisa mais estranha que eu já vi. Até conseguiriam caso fosse um soldado normal, aquela pedra teria esmagado a minha cabeça. Mas sou eu, então tudo que faço é usar os meus raios para que eles se desgrudem.
Assim que me levanto, um dos garotos joga areia no meu rosto. Isso não tinha como prever e nem desviar. É uma manobra bem covarde, mas…
Sinto alguém chutando a parte de trás do meu joelho, me fazendo ficar de quatro no chão, sem conseguir ver. Recebi um pontapé no rosto, que me faz cair para trás.
Eu limpo meu rosto e abro os olhos. Assim que encaro o painel, vejo que os nomes Clara, Precioso e Maravilhoso estão com mais de 50 pontos.
Fico tão feliz que mal tenho tempo de parar os três de subirem em mim e começarem a me socar, chutar e jogar pedras.
— Já chega! — grito. — Vocês passaram! Vocês já passaram!
Eles olham para cima, veem o status deles e dão um viva de alegria. Todos abraçados, saltitando enquanto rodam no mesmo lugar.
Eu ainda tenho de me levantar com certa dificuldade. Parece que estou lidando com crianças… Aí minhas costas.
O meu grupo de recrutas treinados por mim abraça Clara e ficam meio receosos em falar alguma coisa com os gêmeos. Eles também não parecem muito confortáveis.
Dou um soco no ombro deles e os apresento para meus amigos. Digo que eles fizeram um ótimo plano obedecendo a Clara e por isso que todos acabam ganhando.
Agora acho que eles fazem parte da nossa equipe. Mais dois para conta.
De repente, os outros, aqueles que esperavam que eu formasse suas equipes, chegam para pegar dicas com Clara, Precioso e Maravilhoso. Eles contam tudo e isso me ajuda demais.
Formo todos os outros grupos de três pessoas e um por um, seguindo as dicas de Clara e dos gêmeos, eles vão passando de 50 pontos.
Os grupos são criativos. Alguns tentam usar a força, achando que podem me vencer, porém logo tendem a se render a estratégia, que é usar o ambiente para me deter.
Usam rochas, a areia do chão, os cipós que crescem dos pequenos montes de pedra e por aí vai.
Nesse meio tempo eu ganho um galo na cabeça, um olho roxo e um dedo quebrado. Tenho certeza que estou para perder um dente, sinto ele bambo na minha boca com a linguá.
Quando todos os grupos de três acabam, eu dreno um pouco de energia, respiro fundo e volto para o meu grupo.
Estão todos eufóricos, mais do que eu pensaria que estivessem. Todos estão conversando sobre as suas experiências, como conseguiram imobilizar um Condutor.
Já o grupo de pessoas que não precisou passar por isso, aqueles que venceram a primeira fase do torneio, olham para nós como se fossemos uma alucinação. Aposto que estão impressionados com o fato de ninguém ter sido reprovado.
Sol está me encarando com rispidez. Já a sua amiga, Leona, está dando um enorme sorriso de satisfação, muito parecido com o que o Capitão Vega está na cara.
Detalhe: Para ver o sorriso do Vega é preciso ter bons olhos, a barba dele é muito grossa.
Dou um grande abraço em cada um que aceita, agradecendo as dicas que eu dei. Logicamente dou algum crédito para os meus alunos também.
Por fim, Vega desce do monte que ele estava sentado e cai no chão de pé, como se não fosse nada ele pular de uma altura dessas. Suas pernas de metal devem ser mesmo muito boas.
— Bom! Já chega de conversa afiada. Agora todos vocês vão vir contra mim.
Do chão, pequenas comportas se abrem e delas surgem algumas armas, tanto de fogo quanto corpo-a-corpo.
Uma arma grande, robusta e com dois canos gigantes aparece bem ao lado dele. Ele pega, a carrega e depois põe nas costas.
— Trinta minutos para se prepararem! Depois disso, eu vou caçar vocês! — Por fim, sai para um canto.
Ah! A gente vai ser caçado, e não ele. Entendi.
As pessoas em volta de mim, todos, sem exceção, começam a ficar preocupadas. Eu também estou bastante preocupado com a vida delas…