Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 29: A Direção É Mais Importante Do Que A Velocidade (1)

Cinco criaturas caninas estão na minha frente, babando de raiva. Acho que estão pensando que sou um rango apetitoso. Na verdade, qualquer criatura deve achar isso de mim. 

Com a posição de combate em que estou, tomo cuidado em não ser atacado de nenhuma direção. 

Talvez existam outros espalhados pela escuridão, só aguardando o momento certo para investirem contra mim e tentarem arrancar um pedaço da minha carne. 

Não é hoje que quero virar comida de cachorro. 

— Podem vir! — grito, batendo nas minhas pernas. Eles continuam parados, ainda babando grunhindo de raiva. 

Acho que tratá-los como cachorros não vai provocá-los. São humanos mutantes que viraram… Coisas. Não entendem o que estou dizendo. 

Tenho uma nova ideia. 

Dou um passo para frente muito rápido e paro. Eles imediatamente se movem, para trás. Dão um salto tão rápido quanto o meu e ainda por cima param com mais facilidade ainda. 

Tento novamente o mesmo truque. Dessa vez eles vêm para cima com tudo. 

Suas bocarras se abrem e me mordem na perna, outro no ombro e um outro no braço. Os outros dois tentam morder qualquer coisa, porém não tem muito mais espaço para eles. 

Grito de dor e deixo a eletricidade do meu corpo vazar. A energia vai se esvaindo conforme vou fritando as criaturas que estão penduradas em mim. 

Consigo jogar elas para os lados, fazendo elas esbarrarem nas outras duas que estavam livres. 

Agora eu estou livre. Ao menos é o que penso, porém logo isso se prova ser mentira. 

Uma das criaturas já está pronta para me matar e investe em mim mais uma vez. Isso não foi um movimento muito inteligente da parte dele. 

Levanto o meu braço e atiro um raio direto em seu rosto. O relâmpago atinge a parte interna de sua boca e ele se contorce de dor em pleno ar.

Dou um passo para o lado para que seu corpo caia. Assim que está bem abaixo de mim dou um pisão em sua cabeça, a esmagando. 

Olho para frente e vejo que as outras criaturas estão vindo em direção. Solto novos relâmpagos nelas e estas caem no chão. Outras duas continuam avançando em minha direção.

As duas conseguem me alcançar, uma mordendo a minha perna e a outra pulando em meu peito, me fazendo cair no chão por não conseguir me apoiar.

No chão eu seguro o pescoço da criatura acima de mim a fim de impedir que ela arranque alguma coisa de mim. Ela está mirando meu pescoço.

Suas mandíbulas se abrindo e fechando bruscamente produzem um som que me dá aflição. Ela não sente dor por bater os dentes tão forte assim?

Jogo meu braço para o lado por um instante e puxo uma pedra que cabe na minha mão. Enfio a parte mais afiada da rocha bem no olho da criatura.

Ela gane e depois se afasta com um salto rápido. A outra que está se entretendo na minha perna leva um chute bem no topo da cabeça, o que a faz se afastar.

Tento me levantar, porém minha perna já era. A dor é horrível e tudo que eu queria agora era apenas me deitar e gritar, mas sei que isso não vai ser possível.

Uso minha fortificação na minha perna. A dor se esvai por um tempo, porém eu sei que essa dor vai voltar com tudo assim que esse efeito passar.

Corro em direção a uma lâmpada que estava ali perto e dreno a sua energia. Tem mais energia do que imaginava, porém nem de longe é o suficiente.

As criaturas correm atrás de mim e eu corro delas drenando o máximo de energia que consigo. 

Quando vejo que está suficiente, deixo o efeito do fortalecimento na minha perna passar. Sinto uma leve dor, porém graças a energia que drenei estou melhor.

Mesmo com as luzes apagadas, aponto meus braços para frente e começo a atirar relâmpagos das palmas das minhas mãos o mais rápido que posso.

Alguns erram, outros acertam. Mas nem de longe é o suficiente para parar as criaturas. 

Uma delas pula em mim mais uma vez, mirando meu pescoço. Assim que suas mãos e pernas atingem meu peito, seguro ela pelo torço e a jogo contra a parede com força.

Ela solta um grito de dor e fica ali parada, se rastejando. Ei, quem sabe eu não tenha quebrado os ossos dela?

Sem tempo para pensar, as outras três já estão perto e sincronizadas. Vão tentar me morder um canto de cada vez. 

Chute o vento tentando prever onde uma das criaturas pularia, mas erro. Elas apenas se desviam sem nenhum esforço e partem para cima de mim, me derrubando contra o chão novamente. 

Uma pega meu pé, a outra meu braço e a terceira sobe em cima de mim para levar o meu rosto. Protejo meu rosto de sua mordida com o meu braço livre.

Estou em uma situação ruim. A mordida desses caras rasga minha carne e a dor que eu sinto me faz querer explodir. Tenho de dar um jeito nisso antes que seja tarde demais e eu não consiga nenhuma energia para me recuperar desse dano.

Uso a mesma estratégia do monstro anterior. Forço o meu braço contra a boca da criatura que está tentando morder meu rosto. Ela recua por um segundo.

Livro o meu outro braço e solto um relâmpago a queima-roupa, direto em seu olho direito. Agora ela está cega e com dores. Levanta a cabeça para cima por um instante e essa é minha hora de brilhar.

Dou um soco em sua garganta, o mais forte que posso, e a criatura cai no chão, tremendo e tentando respirar, sem de fato conseguir.

Olho para as outras duas que agora pouco estavam se divertindo comigo. Elas estão assustadas e tentam recuar. 

Pulo em direção a uma e consigo agarrá-la. A outra criatura sai disparada, com medo. Não tem problema. A que eu peguei vai pagar caro pelo que fez.

Começo a socar a sua cara desfigurada e que parece a de um humano. Depois continuo socando seu corpo, piso em sua cabeça e depois continuo chutando seu corpo já morto.

Essa coisa imunda, quem ela pensa que é para tentar me fazer alguma coisa? Criaturas idiotas, da próxima vez vou acabar com todas elas. Se eu ao menos tivesse o meu taco…

Espera um segundo, para onde aquela quinta criatura foi?

Olho para os lados, porém a escuridão me atrapalha. Dou de ombros e vou até as últimas lanternas que sobraram. Dreno a energia delas e me sinto um pouco melhor, mesmo sabendo que isso nem de longe é o suficiente.

Começo a correr em direção a saída, porém ouço um barulho atrás de mim. Está escuro e a lanterna da minha pulseira não vai até o fundo desse percurso. 

Jogo um relâmpago para frente e ele vai iluminando o grande e largo corredor até atingir uma parede. Eu me assusto com o que vi e dou um passo para trás.

Meus olhos estavam me enganando? Não é possível. Que porra era aquela?

O barulho vai se aproximando e a lanterna de Remi finalmente consegue alcançar a primeira criatura. É aquele desgraçado que saio correndo. Não parece nada feliz comigo.

E ele trouxe reforços.

Ao seu lado está o que parece ser mais um humano meio cachorro. A diferença é que ele é maior, tem garras no lugar dos dedos e uma boca ainda mais ameaçadora.

 

ϟ [STATUS] ϟ

[NOME: Fúria]

[ORIGEM: Bioquímica]

[NÍVEL: 32]

[SAÚDE: Verde]

[Fúrias com o nível maior que 20 são maiores, mais rápidas e mais resistentes. Elas são conhecidas por ter um “dash”, como um salto, que pega o inimigo desprevenido. Um soldado comum é esmagado ao contato.]

[Não há como fugir de Fúrias.]

“Não há como fugir de Fúrias”, são elas que fogem de você, pelo visto. Bom, vou botar essa daí para correr. Apesar da aparência horrenda, não deve ser tão difícil que aquele monstrengo que…

A Fúria maior dá um “salto” para frente com uma velocidade que não consigo prever. Sou acertado por suas garras e jogado para longe, muito longe, para o fim do corredor, começando o outro corredor.

Bato minhas costas na parede com tudo e caio no chão igual um saco de batatas. Puta merda, essa doeu. Minhas costas… meu peito… Tudo doí e para piorar estou ficando sem ar.

Quando finalmente consigo respirar e olho para frente, graças a lanterna da minha pulseira, vejo a Fúria menor perto de mim, parecendo muito excitada. Nem sabia que esse troço era capaz de esboçar uma expressão de felicidade.

— Vo-você é um… covarde, s-sabia? — falo olhando para a fúria que trouxe o irmão mais velho para a briga.

Ela grunhe para mim, como se me entendesse. A outra criatura chega perto de mim e eu me levanto. Droga, o que eu faço contra algo que só vai para frente do nada?



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