Trovão Infinito Brasileira

Autor(a): Halk


Volume 1

Capítulo 26: Se Tiver Medo, Vai Assim Mesmo

Estou na escuridão. Dá para ver pouca coisa daqui para frente. Sinto a presença de alguém. Mas não apenas uma pessoa, varias pessoas. 

Isso está me incomodando. Essa sensação não é normal. A energia que sinto… É como se essas pessoas estivessem diferentes. Mortas.

Da escuridão se aproxima alguma criatura que me ataca. Seus braços são negros, o corpo magrelo e a pele completamente negra. Não parece ter rosto, apenas uma fenda onde fica sua boca.

Sou arremessado para longe, onde bato com tudo na parede da caverna e caio no chão. Meu corpo para de emanar luz e soo frio. Levanto-me assustado fazendo os raios continuarem dançando em volta do meu corpo para poder enxergar.

A criatura bizarra se joga em mim com seus dedos pontudos e afiados, cravando na minha pele, me espremendo contra a parede. Sinto a região penetrada ficar quente, uma dor ardente, como se estivesse queimando meu corpo por dentro.

Ela abre a bocarra na minha frente e eu imediatamente dou um soco em seu rosto, fazendo a criatura quebrar o pescoço e tombar no chão, morta.

— Aí! — Ponho a mão no local onde fui ferido. — Que porra é essa?

De repente uma luz sai da minha pulseira e passa pelo corpo da criatura negra. É como se estivesse analisando. Depois uma pequena tela holográfica aparace para mim da minha pulseira.

 

ϟ [STATUS] ϟ

[NOME: Estertor Comum]

[ORIGEM: Bioquímica]

[NÍVEL: 7]

[SAÚDE: Preto]

[Estertores são pessoas submetidas a experimentos bioquímicos fracassados, sofrendo mutação. Tais pessoas são consumidas pela infecção e morrem com a febre antes que o vírus tome conta de seu corpo.]

[Os olhos são prejudicados e viver na escuridão fez com que eles apresentassem uma nova mutação: audição super apurada. Cuidado ao fazer barulho.]

[São fáceis de derrotar isoladamente, porém problemáticas em bando.]

 

— De uma nota de 0 a 10, qual seu nível de satisfação com o status básico do objeto? — pergunta Remi.

— Você estava aqui o tempo todo?

— Minhas ordens são de ficar com você, até segunda ordem.

É lógico que estava. Sempre esqueço da presença desse robô idiota comigo.

De repente me vem uma ideia. Talvez seja uma boa pedir para que ele chame ajuda, porém logo essa ideia me foge. Se alguém descobrir que o ando fazendo aqui, posso acabar encrencado.

— Tá legal, como faço para sair daqui?

Rhum! — Ele faz um barulho estranho e parece que está pensando. Depois abre um mapa que mostra onde estou e mostra também diversos outros caminhos que eu deveria seguir. — Existem duas saídas que podem ser acessadas. A primeira é a mais fácil de se conseguir passar. A segunda tem um pequeno lago cheio de produtos químicos que podem ser mortais para um não-estertor.

Ok, pelo visto o jeito é seguir o mapa. Tenho de seguir reto por essa passagem até dar em outra caverna gigante. Só espero que não tenha nenhuma outra dessas criaturas por aí.

— Tem energia por aqui perto?

— Sim. Em cada um dos números há lâmpadas que você pode usar para se recuperar.

Ótimo. Estou com esse ferimento perto do ombro e quero dar um jeito nele o quanto antes.

Dou um chute no cadáver da criatura e continuo seguindo. Tenho de me concentrar na eletricidade em volta do meu corpo para conseguir iluminar o caminho, porém estou preocupado de que não consiga fazer isso por conta da dor.

— Aí, Remi. Você tem uma lanterna?

Imediatamente sai uma luz da pulseira. Que útil, agora consigo ver muito mais a frente, o problema é que não consigo ver aos arredores. De qualquer forma, não é como se eu quisesse olhar para trás.

Continuo seguindo em frente pelo corredor de pedras até encontrar um ponto luminoso. Deve ser ali a passagem para a próxima caverna. 

Assim que passo pelo arco da passagem, vejo que aqui é tudo um pouco mais bem trabalhado. O piso é mais reto, tem algumas escadas que levam para baixo. O mapa diz para tomar o caminho mais a direita. É isso que vou fazer. Mas antes…

Vou em direção a algumas luzes que tem por ali e dreno a energia delas. Vou me sentindo melhor à medida que a drenagem acontece. O problema é que tudo vai ficando novamente escuro e… A drenagem faz barulho.

Sinto aquela presença novamente. Na minha direita. Quando olho não vejo nada. Agora a minha esquerda. Não há nada aqui quando viro. Sinto que é uma presença forte, como se não fosse apenas um, mas vários.

Por fim olho para o teto e aponto minha lanterna-pulseira. Diversas daquelas criaturas escuras, sem olhos e com bocas gigantes cheias de dentes negros afiados estão no teto, me mirando.

— Ah, porra!

Elas pulam em cima de mim. Erram por pouco, sou mais rápido que elas. Corro em direção a saída, onde ficaria o corredor. Mas são muitas e estão vindas da escuridão, de todos os lados. Droga, essa pele escura delas é muito ruim.

Como já estou com minhas energias recarregadas, faço os raios viajarem pelo meu corpo. Meu cabelo se arrepia, sinto meu corpo formigar. Agora consigo ver todos e estou preparado para acabar com cada um dessas criaturas bizarras.

Elas pulam em minha direção. Eu dou um soco em todas elas, jogando elas para cima e para baixo. São leves. Meus socos destroem os seus esqueletos frágeis de forma muito fácil. O problema é que são muitos.

Me atacando de todos os lados, as criaturas conseguem fazer ferimentos terríveis em minha pele. Me arranham, rasgam as minhas roupas e uma até consegue morder a minha coxa.

Embora a dor seja forte, um soco na cabeça dessas criaturas fazem os seus crânios afundarem como se não fossem nada. Talvez eu seja forte demais, ou elas que sejam frágeis demais, vai saber.

Uso minhas novas habilidades. Levanto meus braços em direção a elas e solto relâmpagos. Acabo acertando uma bem no peito e a matando. Apenas um raio é o suficiente para matá-las. Isso é muito animador.

O problema é que agora as criaturas parecem mais agitadas. O barulho que meu raio faz reverberou por toda a caverna e outras criaturas, que antes não tinham aparecido se unem na festa.

Isso está ficando cada vez mais difícil.

Dou um salto na parede mais próxima e me impulsiono para trás, giro no ar e caio bem longe da multidão de criaturas que estava à minha volta. Aprendi a fazer isso naquele treino das plataformas em realidade virtual.

As criaturas são cegas, não surdas. Correm em minha direção, tentando me pegar. Eu pulo por obstáculos, às deixando para trás, e ao mesmo tempo aponto meu braço para trás e lanço raios sobre eles. 

De uma em uma, cada criatura vai caindo. Isso é muito satisfatório de ver, porém sei que não vão desistir de mim tão cedo. 

Logo vou chegar em um lado da caverna que não tem saída, estou justamente correndo para o lado contrário de onde deveria ir para dar espaço para mim. Tenho de enfrentá-las de algum jeito.

Me viro e as encaro. É como uma onda negra balançando, furiosa para me destroçar. Bem, se querem o presuntinho aqui vão ter que fazer por merecer.

Faço vários raios saírem das minhas mãos e irem em direção às criaturas. Elas vão caindo, porém vão surgindo outras. Não desanimo, continuo lançando meus raios, cada vez mais rápido, cada vez com maior intensidade.

As criaturas caem, eu continuo de pé. Quando a onda chega em mim já não é uma onda tão grande quanto antes, porém aquele tanto de garras e dentes ainda representa uma ameaça.

Vou pulando, desviando e socando todas as criaturas que passam pela minha frente. Algumas ainda conseguem me arranhar ou morder. 

Estou no meio de um círculo dessas coisas. Elas pulam em cima de mim para tentar me matar, mas morrem antes mesmo de conseguir me alcançar e aquelas que ainda conseguem fazer alguma coisa contra mim tem um fim terrivel, com a cabeça esmagada ou pescoço quebrado.

Continuo na batalha árdua por um tempo. Uso toda a minha energia para acabar com o máximo dessas criaturas possível. Minha energia está acabando, estou ficando sem força.

ϟ [ATENÇÃO] ϟ

[SAÚDE: Amarela]

[Ou você procura um curandeiro, ou então vai morrer.]

 

Dou uma leve risada enquanto vejo a tela holográfica à minha frente. Se eu pudesse fazer qualquer coisa, eu faria. Mas o jeito vai ser aguentar até o final.

Minha batalha com essas criaturas demora muito tempo. Mais tempo do que eu poderia saber. No fim, consigo acabar com todas. Estou sobre vários cadáveres negros. Todos foram derrotados por mim.

Se alguém me visse agora me confundiria com essa pilha de bichos mortos. Estou no chão, respirando fundo, procurando forças para continuar seguindo. Meu olho foi arranhado, tenho quase certeza que perdi a visão.

Como consegui deixar uma criatura me ferir tanto assim?

— Atenção. Nível de saúde muito baixo. Atenção…

— Ah, não me diga? Obrigado pelo aviso, Remi.

— De nada — responde com simpatia.

Me levanto com dificuldade, respirando fundo. Se alguma criatura aparecer na minha frente eu estou muito lascado. Tenho de me apoiar nas paredes para continuar seguindo em frente.

Manco de uma perna por conta de uma mordida, a roupa completamente rasgada e um olho perdido por bobeira, continuo seguindo em frente. Tenho fé de que a próxima sala vai ser mais fácil.

Vou seguindo o corredor até finalmente chegar em outro canto luminoso. Logo ao lado, na parede, tem uma luz enorme. Essa parece ser dá boa. Levanto minha mão e dreno totalmente a energia dela.

Lambo os beiços. Não é o suficiente para me recuperar de todo esse dano, porém é o suficiente para que meu olho esteja novinho em folha. E para a minha alegria existem diversas dessas lâmpadas maiores. Vou drenar elas à vontade.

Assim que chego perto da próxima, toda a minha alegria se esvai. Vejo que mais a frente está um número consideravelmente alto daquelas criaturas. Porém essas parecem diferentes, parecem mais fortes.

 

ϟ [STATUS] ϟ

[NOME: Estertor Corpulento]

[ORIGEM: Bioquímica]

[NÍVEL: 15]

[SAÚDE: Verde]

[Estertores Corpulentos são como Estertores Comuns, porém com massa muscular suficiente para deixá-los tão fortes quanto um humano e também mais resistentes.]

[Dão trabalho para derrotar isoladamente, em bando é melhor correr.]

 

Esses caras olham diretamente para mim, mesmo sem olhos. Sabem exatamente onde eu estou. Um deles parece notar a minha presença e ruge para mim.

Porra, eu não tenho sorte mesmo.



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