Volume 1
Capítulo 1.1: O Filho da Família Secundária
“Você por acaso sabe a verdade por trás da magia?”
“A verdade é que é tudo ‘mentira’.”
~~ Tsuchimikado Yakou.
PARTE 1
Foi um incidente que aconteceu há muitos anos.
Quando os membros da família se reuniam às vezes, Harutora e Natsume, muitas vezes brincavam juntos.
O brincalhão Harutora sempre se machucava, mas Natsume, a princesa da família principal, era muito modesta e dócil. Ela tinha medo de conhecer estranhos e tinha poucos amigos. Assim, sempre que Harutora vinha, seu rosto se enchia de entusiasmo. Ela iria ouvir o que Harutora dissesse e iria onde quer que ele fosse.
O lugar que estavam brincando era o pátio interior da mansão da família principal.
Havia uma grande floresta de bambus no jardim, um lago, algumas lanternas de pedra, algumas pedras cobertas de musgo, pequenos insetos e assim por diante. Estava tudo cheio de alegria e aventuras.
Mas, durante um tempo, quando eles estavam brincando, Natsume foi subitamente assustada enquanto se escondia atrás de Harutora. Ela estava procurando enquanto brincavam de esconde-esconde, mas abraçou firmemente Harutora, chorando.
“Eu acho que há algo, olhando diretamente para mim.”
Harutora não conseguia ver nada.
No início, ele pensou que Natsume estava apenas muito assustada. Chamou-a de medrosa.
“Basta voltar para os adultos, se está tão assustada. Eu posso brincar sozinho.”
Por causa de Harutora, Natsume quase chorou mais. No entanto, ela não o fez. Conseguiu resistir, forçando um sorriso enquanto continuava a brincar com Harutora.
Mas quando Harutora ouviu de seus pais que Natsume era um “espírito vidente”, ele sabia que estava errado.
Natsume não estava com medo, mas tinha visto algo que Harutora não podia ver.
“Sinto muito.”
Os olhos de Natsume se arregalaram quando viu Harutora se curvar em desculpas. Harutora continuou a insistir que era o culpado e pediu desculpas alegando a própria culpa.
“Eu não posso ver essas coisas assustadoras, e tudo que eu posso ver não me assusta. Então, quando você estiver com medo, eu definitivamente a protegerei, Natsume.”
E assim, de repente Natsume murmurou algumas palavras para si mesma, e em seguida, deu a Harutora um olhar de expectativa.
“Você quer se tornar meu Shikigami?”
Naquela época, Harutora não entendeu o significado por trás de suas palavras.
“O que é um Shikigami?” Ele perguntou.
Sacudindo a cabeça, Natsume disse. “Eu não sei. Vovó disse que um Shikigami iria me proteger, e que você vai se tornar meu Shikigami como parte da ‘tradição’ de nossa família, Harutora. E você vai estar comigo para me proteger.”
Mas Harutora ainda não entendia.
“O que é essa ‘tradição’?”
“É algo decidido entre nossas famílias, Harutora.”
“É isso? Por que eu não posso saber o que é?”
“Foi determinado que seria assim.”
Natsume respondeu com um tom forçado, sentindo-se como se seus mais valiosos encantamentos tivessem disso tratados com desdém. Harutora se sentiu envergonhado por isso. Natsume, em seguida, mostrou um olhar inseguro no momento em que viu a expressão de Harutora.
“Será que você não... quer se tornar meu Shikigami?”
Sua voz tremia, e Harutora, em pânico, pensou que a tinha feito chorar novamente.
No entanto, Natsume não estava chorando. Ela estava inquieta, com medo, e seus olhos pareciam que estavam a ponto de chorar, mas Harutora viu que eles não estavam oscilantes. Aqueles olhos pareciam a superfície de um lago numa montanha, refletindo apenas o céu. Havia uma determinação obstinada de um tipo que Harutora não conhecia.
Ele parecia atraído pelos olhos de Natsume.
“Tudo bem.” Ele respondeu. “Ok, eu me tornarei seu Shikigami, Natsume. Eu sempre estarei com você e sempre a protegerei.”
Natsume levantou a mão esquerda e estendeu o dedo mindinho. Harutora estendeu sua mão direita e usou seu dedo mindinho para tocar o de Natsume.
Natsume começou a cantar, e parecia tão séria que era assustador. Harutora a seguiu, e suas vozes formaram uma promessa.
Uma vez que suas mãos se soltaram, Natsume parecia que havia ganhado na maior loteria de sua vida, e mostrou um sorriso radiante. Harutora viu aquele sorriso deslumbrante e pensou que finalmente haviam feito às pazes.
Mas por que eu não estou tão feliz como a Natsume? Sua mente pensava que isso era bom, mas havia uma parte em seu coração, que simplesmente não conseguia se acalmar. Parecia que ele tinha engolido um pedaço de doce tão grande quanto o próprio punho.
Era pesado, doloroso, mas não podia cuspi-lo.
Era muito doce.
Depois disso, os dois continuaram a brincar no jardim da mansão, como de costume. Sempre que Natsume parecia assustada, Harutora olhava o lugar onde não havia nada, balançava os punhos, gritava bravamente e perseguia a coisa que só Natsume podia ver.
Não importa o que acontecesse, ele definitivamente não a deixaria se machucar.
~~ Isso foi há muitos anos.
Naquela época, Harutora ainda não entendia o que o “futuro” significava.