Volume 1

Epílogo 2: A Enfermeira vai te explicar o porquê de você estar tão nervosa.

— … Bom, julgando pelo jeito deles… Acho que eles dois estão saindo, não?

— Ha?

— Ha?

Estamos na enfermaria, à meia-noite. A enfermeira da escola, Sayo Konuki, está ouvindo a gravação de áudio em seus fones de ouvido enquanto ela faz anotações.

— Ei, o que foi que cê disse?

— Nukumizu, cê acha mesmo que uma amizade de anos atrás vai perder para uma de só 1 ano?

— Isso, isso! Sabe muito, Yanami. Obrigada, já me sinto bem melhor!

No papel em que Konuki fazia anotações, o nome de Nukumizu estava no centro, circulado. À esquerda e à direita estão os nomes de Yakishio e Yanami. Os três estão conectados com linhas.

— Um triângulo amoroso… Tendi.

Embora Nukumizu tenha encontrado o telefone os gravando, ele não percebeu o microfone escondido.

Bem, o que podemos tirar disso tudo?

As duas garotas são bem próximas, apesar de estarem em um triângulo amoroso. Algumas partes da conversa são difíceis de entender. No entanto, eles três não estão tentando fazer nenhuma provocação.

Porém, caso estejam, aqui vão algumas possibilidades ponderadas pela Sayo Konuki:

1. Nukumizu e Yakishio estão fazendo essas coisas de propósito para fazer ciúmes na Yanami.

2. Yanami concordou em deixar a Yakishio participar do trisal.

Konuki balançou a caneta, enquanto escrevia mais uma coisa.

3. Yanami finge que não sabe que tá levando chifre, mas na verdade gosta de ser traída.

O corpo de Konuki tremeu após ela escrever isso.

Aquele garoto, o Nukumizu, ele tem estratégias muito inteligentes, apesar de ser um personagem secundário. Que jogada de 200 de QI foi essa?!

Eu saí com três caras ao mesmo tempo quando estava no meu auge. Não esperava que ele fosse conseguir isso logo no primeiro ano do ensino médio.

— Tô ficando velha...

A sala estava silenciosa, dava para ouvir apenas o barulho do ar-condicionado.

Konuki se apoiou na cadeira enquanto olhava para o teto. Então, ela ouviu alguém pisando na areia, gentilmente. Um barulho tão baixo assim seria impossível de perceber caso estivesse de dia.

Konuki se levantou e imediatamente mudou para o modo professora. Afinal, ela ainda tem que mandar os alunos para casa se eles estiverem na escola até tão tarde.

Konuki olhou para fora da janela. Uma garota de uniforme escolar se posicionava na linha de partida da pista.

Konuki imediatamente olha para a garota, que quase se disfarçava na escuridão da noite.

— Ei, quem é que tá aqui?

Konuki estava calçando chinelos, já que saiu da sala com pressa. Ela ficou chocada após ver o rosto da garota. Será coincidência?

— Ah, é você.

— Eh, professora, o que cê ainda tá fazendo aqui? Já é sexta-feira à noite.

Agora foi a vez da menina perguntar.

— ... Eu tenho alguns motivos.

Como professora, ela não pode falar que está ouvindo a conversa dos alunos que gravou sem permissão.

— Além disso, eu que te pergunto. Já é tarde.

— Só deu vontade de correr.

Ela pegou uma garrafa de bebida esportiva e deu um gole.

— Vá agora, ou você acha melhor que eu te leve para casa?

— Posso correr só mais 100 metros antes de ir?

— Você ainda aguenta correr mais?

Konuki sorriu. A garota apenas respondeu com um sorriso encantador.

— Sinto que posso me sair ainda melhor na próxima vez.

A garota olhou para a escuridão à sua frente. Ela esqueceu de enxugar o suor. Seus olhos estão fixos na linha de chegada do outro lado.

— Acho que, se eu correr mais um pouco, vou poder processar tudo.

Konuki percebeu que, se ela fosse tão apaixonada por algo assim na adolescência também, seus dias de juventude poderiam ter sido bem diferentes.

— Certo, vá em frente. Mas se esforce o máximo que puder.

Óbvio, Konuki não se arrepende de nada que fez.

É só que ela acha que a garota tá bem melhor que ela agora.

A garota, de pele bronzeada, deu um sorriso tão brilhante quanto o sol.

— Claro!



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