Volume 9
Capítulo 36: Sétimo Andar de Aincrad
Para meu alívio, Asuna e «Kizmel» já tinham escapado do esconderijo dos Elfos Caídos e estavam navegando rio abaixo quando finalmente consegui enviar uma mensagem. Elas haviam encerrado a missão de reconhecimento tão rápido porque tinham ouvido informações importantes logo após se infiltrarem no local. Pelo visto, a situação era um pouco complicada, e enviar mensagens longas enquanto viajavam de gôndola seria arriscado demais, então prometeram explicar tudo pessoalmente quando nos reencontrássemos no Castelo Yofel.
Quando contei sobre meu encontro com «Kysarah», a resposta chegou apenas um segundo depois.
SAIA DAÍ AGORA!
Custou-me algum esforço para convencê-las de que eu já estava em um lugar seguro. Eu não acreditava que «Kysarah» atravessaria o rio Uhl de barco — ou nadando —, mas mesmo assim fiz questão de reforçar que tivessem cuidado.
Levantei a cabeça e observei a praça do portão de transferência em «Rovia». A praça, de frente para o canal, era cercada por várias lojas que, durante o dia, costumavam ser acompanhadas por barracas de mercado. Mas agora, pouco antes da meia-noite, quase tudo estava fechado, e não havia nenhum outro jogador à vista.
Aproximei-me do portão de teleporte central, subi os poucos degraus e toquei o portal oval, que brilhava com um leve tom azulado. Não consegui me lembrar imediatamente do nome da cidade principal do oitavo andar — não a visitava desde o lançamento oficial —, o que me fez entrar em pânico por um instante. Mas então recuperei a memória e disse.
— Teleportar: «Frieven».
O oitavo andar de Aincrad era um andar florestal.
O terceiro andar também tinha tema de floresta, mas a atmosfera era completamente diferente. Enquanto o terceiro lembrava uma mata intocada e primitiva — ainda que muito mais fácil de explorar do que qualquer floresta do mundo real —, o oitavo parecia uma mata cuidadosamente cultivada. Tudo, desde as árvores imponentes até o musgo sobre as pedras e até mesmo os cogumelos em suas bases, parecia receber manutenção constante.
O resultado era uma beleza de conto de fadas, quase onírica.
Mas, para os jogadores, também era uma espécie de campo minado. Bastava sair um pouco do caminho de tijolos e esmagar um único cogumelo para receber uma multa — ou, no pior dos casos, acabar preso.
Felizmente, não era necessário entrar na floresta para limpar o andar. O oitavo andar era dividido em duas áreas: a ala externa e a ala interna, separadas por um enorme lago artificial em formato de anel. A cidade principal e a Torre do Labirinto ficavam na ala externa; a floresta cobria toda a parte interna.
Havia apenas duas pontes — uma ao norte e outra ao sul — que cruzavam o lago. Uma vez atravessada, a sensação era de estar, geográfica e mentalmente, em outro mundo. Afinal, toda a ala interna, com seis quilômetros de diâmetro, incluindo a floresta, era a capital do Reino «Kales’Oh: Syrva».
Ao sair do portão de teleporte, inspirei o ar fresco da noite, levemente perfumado pelo aroma das árvores.
A cidade principal do oitavo andar, «Frieven», ficava sobre uma grande colina rochosa na extremidade sul da ala externa. "Grande" era relativo — cerca de cinquenta metros de altura e trinta de diâmetro —, mas ainda assim não chegava nem perto da imponência do castelo real dos elfos da floresta, que alcançava até a parte inferior do andar acima. Ainda assim, era do tamanho de um bom prédio comercial.
A praça ao redor do portão era apenas uma parte nivelada do topo da colina, e o próprio portão ficava sobre uma saliência de pedra simples. Desci os degraus grosseiramente talhados e olhei em volta.
A praça tinha no máximo vinte metros de diâmetro. Sem lojas, sem barracas de mercado, sem jogadores — embora a cidade tivesse acabado de abrir. Ainda assim, sons distantes de conversas animadas vinham de algum ponto abaixo.
Abri minha janela e enviei uma mensagem para Argo.
DESCULPE A DEMORA. ACABEI DE CHEGAR EM FRIEVEN.
A resposta veio rápido:
ESTOU NO BAR BOLOTA, 12º ANDAR.
Hesitei por apenas um segundo antes de responder.
OK.
E fechei a janela.
O portão de transferência por onde eu havia chegado ficava na extremidade sul da praça. Três escadarias — leste, oeste e norte — levavam para o interior da colina rochosa. Tentei me lembrar qual delas levava ao 12º andar e, no impulso, escolhi a escada leste.
Os degraus gastos davam em um corredor estreito e sinuoso. Ao longo da parede interna havia portas de diversos formatos, cores e materiais, posicionadas de forma irregular. Apesar da hora avançada, luz quente e risadas escapavam de algumas delas.
Alguns jogadores caminhavam pelo corredor. Não pertenciam a nenhum grupo de limpeza, então provavelmente eram turistas vindos de andares inferiores para conhecer a nova cidade. «Frieven» tinha mais de cem estabelecimentos espremidos em seu interior rochoso — e cerca de 60% deles eram bares ou tavernas —, tornando-se um paraíso para quem gostava de beber e socializar.
Para piorar, os túneis haviam sido escavados sabe-se lá por quem, sem qualquer planejamento. Então, mesmo com a numeração dos andares, não havia conexão lógica entre eles: descer uma escada do 10º andar podia levar ao 7º, e outra poderia subir até o 9º, e assim por diante. E ainda havia andares divididos em setores isolados, sem ligação direta.
Durante o beta, jogadores que decoravam o mapa interno ganhavam muito dinheiro oferecendo serviços como guias. Esse era o verdadeiro motivo pelo qual eu havia hesitado antes de responder OK para Argo.
Segui minha memória vaga, virei à direita no corredor, desci uma escada à esquerda, caminhei um pouco, subi outra, e, quando já estava prestes a desistir e pedir ajuda, uma porta marrom no fim do corredor me pareceu vagamente familiar.
Uma pequena janela de vidro fosco deixava escapar um brilho suave. Abaixo dela, uma placa de bronze em formato de bolota estava fixada na porta. Não havia nome visível, mas este tinha que ser o lugar.
Quando empurrei a porta, ela emitiu um som seco de korokoron. O interior mal iluminado tinha três assentos no balcão e uma mesa semicircular nos fundos. Bares pequenos como aquele eram comuns em «Frieven».
Atrás do balcão, um bartender minúsculo polia copos. Mas não era uma criança — nem mesmo humano. Era um beastkin semelhante a um texugo, com pelo marrom e focinho pontudo.
Ele me lançou um olhar com olhos negros e arredondados e murmurou, com uma voz surpreendentemente grave.
— Bem-vindo.
— Ah… estou aqui para encontrar alguém — respondi.
Ele mexeu o focinho preto para a direita. O gesto me lembrou — ainda que só um pouco — a forma como «Kysarah» havia me ordenado silenciosamente a sair, e senti uma mistura estranha de diversão e apreensão. Assenti com seriedade e caminhei até o fundo do estabelecimento.
A mesa semicircular era feita de um tronco maciço cortado ao meio, com belos anéis ainda visíveis na superfície. Sobre ela, havia um prato entalhado em madeira e dois copos. No prato, pequenas nozes marrons que pareciam — e, ao olhar de perto, realmente eram — bolotas.
Sentada em um dos bancos de toco estava uma jogadora de porte pequeno, que sorriu ao me encarar.
— Finalmente apareceu, hein?
O capuz ainda estava levantado, escondendo a metade superior do rosto na sombra. Mas aquele tom nasal era inconfundivelmente de Argo. Fiz minha melhor cara feia e soltei a frase que estava guardando.
— Este lugar? Sério? Por que aqui, de todos os lugares? Não dava para se encontrar em algum ponto mais fácil? Tipo a praça de teletransporte?
— Achei que você fosse gostar de um lugar assim — disse ela, com um sorriso de canto.
Nesse momento, uma tosse veio de mais fundo nas sombras, e percebi que havia outra pessoa sentada no canto, atrás de uma coluna.
Talvez fosse o jogador que havia alertado Argo sobre a crise DKB–ALS… Inclinei-me para ver melhor.
Era um homem — mais alto que a média. Cabelo curto, espetado, preso por uma bandana vermelha, e um cavanhaque aparado. Armadura de couro reforçada com placas metálicas, e uma espada fina, levemente curva.
Mas nada disso importou.
Porque, no instante em que nossos olhares se cruzaram, fui tomado por um choque tão intenso que fiquei sem pensar em nada.
— Yo — disse o homem da bandana, erguendo levemente o copo.
Minha boca abriu e fechou duas vezes antes que eu finalmente conseguisse murmurar.
— Klein…
(Continua no volume 10)
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