Volume 8
Capítulo 744: O Homem Descongelado
Han Sen não ouviu nenhum anúncio, mas entendeu exatamente o que tinha acontecido ao olhar para a fada.
Sem hesitar, Han Sen desferiu um golpe com o Rex Pontiagudo Flamejante na cabeça da fada.
O corpo pequeno, do tamanho da palma de uma mão, parecia prestes a ser despedaçado pela lança flamejante.
Mas a fada ergueu um punho pequeno e desviou o Rex Pontiagudo. Um ar gélido surgiu rapidamente, apagando as chamas da arma e a congelando por completo.
Pang!
Sem fogo, o Rex Pontiagudo foi lançado para longe com uma força que nem mesmo Han Sen conseguiu resistir. A arma voou pelos ares enquanto sua mão sangrava.
Han Sen segurou a mão ferida e pensou chocado: “Então essa é a verdadeira forma da Super Criatura gerada pela planta.”
Vendo a fada bela e assustadora se aproximar, cercada por flocos de neve, Han Sen invocou sua Balestra do Pavão e disparou três dardos.
A fada bateu suas asas como uma borboleta e desviou graciosamente dos projéteis. Em seguida, voltou a se aproximar do Han Sen.
Dong!
A Arcanja investiu para atacar com a espada grande, mas a fada bloqueou o golpe com os punhos, produzindo um estrondo. O impacto fez a Arcanja recuar, meio atordoada, mas a fada também não saiu ilesa. Precisou voar em três círculos antes de recuperar o equilíbrio.
Dong! Dong! Dong!
A fada voou para cercar a Arcanja, e seus punhos criaram uma tempestade de fragmentos de gelo ao colidirem com a espada grande.
Han Sen recuou para um canto, seu poder e velocidade estavam muito abaixo dos de uma Super Criatura adulta. Ele não tinha chance de participar da luta.
A batalha entre a Arcanja e a fada acontecia no ar. A fada dominava o elemento gelo, e cada golpe seu carregava um ar congelante e intenso. Ao redor delas, a atmosfera parecia estar congelando.
O corpo da Arcanja, no entanto, era extremamente equilibrado e tinha uma resistência tremenda a todos os elementos. Por isso, mesmo com seu controle do gelo, a fada não conseguia causar muito dano a ela.
A raposa prateada também não podia ajudar. Ainda era jovem e estava longe de se tornar uma Super Criatura adulta, com seu crescimento lento. Não tinha poder suficiente para competir nesse nível.
Curiosamente, agora que não estava lutando, o Raposa Prateada se aproximou rapidamente do lago. Procurou a flor que Han Sen tinha destruído, encontrou na água e começou a comer.
— Raposa, se achar um item bom... que tal dividir? — Han Sen disse, correndo na direção dela. A raposa percebeu a aproximação do mestre e devorou a flor ainda mais rápido.
Quando Han Sen chegou, não restava nada: nem folhas, nem raízes.
— Sua egoísta miserável! — gritou Han Sen, indignado.
A Raposa Prateada voltou a agir de forma fofa, subiu no ombro do Han Sen e ficou quieta. Seu pelo agora tinha um leve tom prateado, e um ar gelado exalava dela.
— Ah, deixa pra lá... — suspirou Han Sen. Não tinha mais o que fazer.
Sem poder ajudar na luta da Arcanja contra a fada, Han Sen pensou que era hora de fazer algo com o homem congelado que estava ao lado do lago. Correu até ele, na intenção de arrastá-lo para a floresta de bambu.
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Caso a Arcanja não conseguisse vencer a fada, pelo menos poderiam fugir e levar o homem com eles.
Ao se aproximar, Han Sen ficou surpreso, porque o homem estava começando a descongelar.
“Será que foi por causa da destruição do narciso?”, pensou Han Sen, enquanto o arrastava para a floresta de bambus.
O gelo no corpo do homem derretia rapidamente. Quando chegaram na floresta de bambu, já não restava mais gelo algum em seu corpo.
— Será que ele vai sobreviver a um processo de descongelamento tão simples? — Han Sen franziu a testa. Humanos precisavam de equipamentos especiais para sobreviver ao descongelamento. Por isso, duvidava que ele fosse sobreviver.
Han Sen observou o homem, vendo sua força vital aumentar e os músculos se reestruturarem. Talvez ele realmente sobrevivesse.
Han Sen olhava para ele, nervoso, sem entender como conseguia se recuperar tão rápido, ainda mais com a temperatura ambiente ainda tão baixa.
Ele sentiu o ar gélido dentro do corpo do homem se dissipando lentamente, enquanto os batimentos cardíacos voltavam, ainda que lentos.
Meia hora depois, todo o frio tinha desaparecido. O coração e os órgãos do homem estavam novamente funcionais.
Os olhos ainda estavam fechados, mas Han Sen começou a notar movimento por trás das pálpebras.
Ansioso, Han Sen o observava. Se esse homem fosse mesmo Qin Huaizhen e despertasse, o mistério poderia enfim ser desvendado.
De repente, o homem abriu os olhos. Eram olhos pretos que pareciam vazios, mas arregalados. Ele estava encarando o céu.
— Você está acordado? Consegue me ouvir? — Han Sen se agachou ao lado dele, sem saber bem o que dizer, e fez essas perguntas para testar sua consciência.
Os olhos do homem se moveram lentamente, até fixarem em Han Sen.
Assim que o viu, o rosto do homem se encheu de pavor e choque. Ele agarrou o braço do Han Sen e, com todas as forças que restavam, balbuciou: — Tome cuidado... com Han... Jing... Zhi...
Squelch!
Logo após dizer essas palavras, sangue jorrou da boca e seu corpo começou a se contorcer e convulsionar. Seus olhos reviraram.
— Ei! O que houve?! — Han Sen segurou o homem e tentou fazer com que ele bebesse uma poção de recuperação. Mas não adiantava, porque cuspia sangue sem parar.
Mesmo se debatendo, o homem não soltava o braço do Han Sen. Seus globos oculares brancos continuavam fixos nele, como se ainda tentasse dizer algo. Com a boca cheia de sangue, só conseguia balbuciar sons inaudíveis.
Com o último resquício de força, o homem apontou para o próprio bolso. Antes de fazer qualquer outro movimento, arqueou o corpo, tossiu sangue, que espirrou sobre Han Sen, e então parou de se mexer. Os olhos permaneceram abertos, encarando Han Sen.
O rosto do Han Sen ficou pálido. Toda a força vital do homem tinha se esgotado, de modo que estava morto.
Mas as últimas palavras que disse deixaram Han Sen profundamente intrigado.
— Tomar cuidado com Han Jingzhi? Por que eu deveria tomar cuidado com Han Jingzhi? Ele disse isso pra mim? Ou estava falando com outra pessoa? Talvez tenha me confundido com alguém? — O coração do Han Sen foi tomado por dúvidas.
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