Sputnik Saga Brasileira

Autor(a): Safe_Project


72 SEASONS

Capítulo 18: Planos de Vida ou Morte II

Dois dias, este foi o tempo estipulado por Vloid para o início do primeiro ritual que iniciaria o processo de unificação da humanidade.

Apesar de ser possível a mentira, Rag acreditava que o vampiro disse a verdade. Pelo menos ele carecia do jeito de um mentiroso, e suas próprias palavras se infiltraram na mente do rapaz: você não pode fazer nada a respeito.

"Foco! Eu preciso de foco! O 9° Selo confirmou que é possível derrotá-lo, então o que eu preciso fazer agora é bem simples…"

Percorreu a catedral às pressas, ignorando a surpresa — e susto — no rosto de outros membros da Igreja quando lhe viam. Pouco se importou, Vloid não somente o queria vivo, mas tinha certeza de que voltaria para o Grande Templo por conta própria, o que excluía a possibilidade dele mandar alguém para lhe sequestrar.

Quando na biblioteca, foi preciso na escolha dos livros, amontoando um sobre o outro até formar uma pilha maior que três pessoas. Tudo foi carregado para sua casa, onde esperava ter um pouco mais de privacidade. Precisava ter.

"Dois dias, eu tenho que descobrir o máximo possível sobre Vloid e sua possível habilidade dentro desse tempo! Sendo ele um vampiro antigo, tenho quase certeza de que algum desses livros terá alguma informação sobre ele!  Talvez de algum pesquisador ou diário de um caçador que tenha lutado contra ele no passado!"

Nesta altura do campeonato, até mesmo a altura do vampiro já seria uma ótima informação, pois, honestamente, as expectativas de vitória do cardeal eram bem baixas no momento.

Chegou em casa chutando a porta, não esperando ninguém casa, recepcionado então com uma panela que voou contra seu rosto e o derrubou.

A-Ah!! Rag! Me desculpa, querido, eu levei um susto!

Sua mãe, Amelia, que de alguma forma saiu do Corredor Sagrado, estava aqui! Como esperado, puxou o filho para um abraço obrigatório, sendo possível escutar os ossos do pobre coitado estralarem.

— Mã-Mãe…!! É bom ver você, mas… urgh, co-como a senhora chegou aqui? O Sr. Russisch que lhe trouxe?

— Isso são apenas detalhes, querido, o importante é que ambos estamos… bem?

Seu par de olhos azuis analisaram o filhote dos pés à cabeça. Outros apenas notariam as roupas sujas e talvez alguns ferimentos leves aqui e ali, mas o olhar da mãe ia muito além disso. Passado o êxtase do reencontro, ela sorriu, orgulhosa, e disse:

— Você passou por bastante coisa e ainda está de pé, não esperava menos do meu garoto.

O rosto do cardeal ganhou um raríssimo rubor, não por ele ser isento de emoções ou coisa do tipo, mas simplesmente por ter uma vida caótica demais para que sobrasse tempo para este tipo de sensação prosperar.

Pela primeira vez — talvez em toda a sua vida — se permitiu enterrar o rosto no peito da mãe, quase voltando à época em que era apenas um bebê, aconchegado por seu calor e aroma característico, apenas estranhando o objeto crocante que foi forçado em sua boca.

— Eu acabei de fazer estes biscoitos, leve alguns para o seu quarto junto com alguns copos de leite! Tem chocolate extra, do jeito que você gosta!

Hobligadu

Já encerrado o abraço caloroso, recolheu os livros e os levou para o quarto, recebendo em seguida a bandeja com os quitutes. Sua mãe dando uma última palavra antes que fechasse a porta.

— Rag… Não se force tanto, meu bem.

Afagou a cabeça do filho, um ataque combinado com o sorriso de amor materno. Ele devolveu um sorriso ainda maior, exclamando um sim que destruiu por completo sua antiga imagem sempre recolhida.

— Trate de voltar para casa logo quando resolver tudo, você ainda precisa conhecer seu pai.

— Mas eu nem tenho um pai.

— Ainda.

Sentiu genuíno medo do que isto poderia significar, mas, como dito antes, tinha que focar no que era importante no momento.

Trancando-se no quarto com uma pilha de livros, uma bacia cheia de biscoitos e alguns copos de leite, sem dúvidas tinha o necessário para passar dois dias inteiros ali.

"Certo, vamos começar! Eu posso não saber quem o Vloid é agora, mas eu estou prestes a descobrir lendo esses livros!!"

E então…

16

horas

se passaram

— E-Eu…

Rag estava sentado à mesa, mas atualmente em posição fetal sobre a cadeira, os olhos ressecados de tanto tempo lendo mais e mais páginas.

— Eu não encontrei… NADA!!

Em sua velocidade máxima, já havia terminado de ler todos os livros que trouxe consigo, e tinha mais do que certeza de que nenhum outro na biblioteca poderia conter informações relevantes.

Encarando-o com um rosto repleto de satisfação, o demônio do Livro de Selos se deitava de bruços na cama, batendo as pernas num ânimo infantil enquanto ria de seu mestre.

Olha, mesmo que de certa forma isso seja ruim para mim também, o único que vai se ferrar de verdade aqui é você, então eu tenho que dizer que ficar te observando todo este tempo foi hilário.

Óbvio! Onde estava com a cabeça exatamente? Vloid poderia ser um Papa, mas ainda era um Vampiro Original, seria de extrema burrice deixar suas habilidades serem registradas em qualquer tipo de mídia.

Os únicos que deveriam ter alguma informação sobre elas seriam os Vampiros sobre seu comando — que Rag eliminou — ou outros humanos que lhe encontraram anteriormente — que ou estavam entre os vampiros mortos ou foram eliminados por Vloid.

Droga Deu uma forte cabeçada contra a superfície de madeira, se arrependendo no instante após o bonk ecoar pelo quarto.

"Isso é ruim, muito ruim… A única coisa que eu sei sobre ele é o nome." Ergueu a cabeça e cerrou os punhos. "Vloid… Tsc! Será que ele planejou tudo isso?"

Se não havia informações sobre o inimigo, deveria partir para o Plano B: criar suas próprias informações e torcer para dar certo.

Já havia tentado usar o 9° Selo para descobrir algo sobre o vampiro antes mesmo de entrar no Corredor Sagrado, algo que inesperadamente falhou, tal como o 54° Selo com a vampira mecânica no início da jornada, então cá estava.

"Bem, eu planejava deixar isso como última opção, mas não esperava que realmente teria que usá-la, mas é uma situação de emergência, então eu tenho que confiar que vai dar certo!!"

Ajeitou a postura, fazendo cessar a risada da criatura em sua cama, em seguida, girou dramaticamente na cadeira que nem rodas tinha e fitou o demônio.

— Você vai me ajudar a bolar um plano de ataque contra Vloid.

Huh? O que é esse tom grosseiro do nada? Você sabe bem que eu não trabalho assim, rapaz, e não tem Selo no livro que faça eu te obedecer.

— Então vamos fazer um pacto, não um que envolva a [72 Seasons], mas apenas eu e você.

Ho~! Parece que finalmente estamos falando a mesma língua. Continue…

É necessário, repetiu em pensamento. Encarando o abismo que eram os olhos da criatura, agarrou as correntes que lhe prendiam por vontade própria, disposto a torná-las em seus próprios chicotes de metal.

— Você compartilha tudo que souber sobre o Vloid e me ajuda a bolar uma estratégia para vencê-lo, além disso, durante a luta contra ele, você vai tornar possível que eu mesmo escolha quais Selos serão usados como punição pelos usos. Em troca disso, eu lhe garanto que, se nada do que eu tentar funcionar contra ele, eu usarei aquele ataque como última medida.

O demônio deu um salto repentino da cama, extasiado como se o efeito tardio de alguma coisa tivesse batido.

HAHAHAHAHAHAHA! Não acredito que trouxe isso! Feito, eu aceito isso, é claro, mas devo dizer que fiquei surpreso! Está tão desesperado que já aceitou seu destino? Pelo jeito aqueles humanos capturados irão potencializar outra coisa ao invés do ritual, não é?

HEHEHAHA!! Mal posso esperar para devorar aquele vampiro! Eu me pergunto o quanto de poder ele vai conseguir me proporcionar!

— É o que veremos.

O demônio franziu o cenho a imitar o arquear de uma sobrancelha, visto que não tinha uma de fato, mas deu um curto riso logo em seguida. Independente do que Rag planejasse, ele não poderia quebrar as regras de um pacto, o lembraria disso através da recriação de alguns eventos nostálgicos.

Certo, então quer compartilhar informações, não é? Bem, você já começou mal. Eu não sou onisciente, tudo que eu sei é o que eu vi pelos seus olhos enquanto te acompanhava, em outras palavras, tudo o que eu sei sobre o Vloid é também o que você sabe sobre ele, ou seja, nada.

— Estou ciente disso, quero mais discutir sobre possibilidades.

Aff! Estou ouvindo

— Ele chegou até nós através da metade dianteira de um enorme navio cargueiro que estava em ruínas, aquilo sem dúvidas é a habilidade dele, o problema é entender o que ela faz… não consigo imaginar algo que case um navio com um Papa, então deve ser uma simbologia ou algum tipo de abstração.

O que ela faz não é o único problema, mas sim saber se ela é a única que ele tem. Você lembra do quinto livro que leu? Capítulo 7, "Convergência ou Adaptação".

Rag buscou-o de imediato, lembrando-se do conteúdo conforme passava o olho pelas páginas. Era um livro de teoria sobre a espécie dos Vampiros.

Precisa se lembrar que ele não é um inimigo ordinário como os outros do Corredor Sagrado, mas sim um Vampiro Original. Ele é tão inteligente quanto qualquer humano, e considerando que ele já conduziu vários experimentos com sangue de humanos e outros vampiros, é melhor você esperar pelo pior.

Havia uma teoria sobre uma suposta habilidade dos vampiros em "evoluir", por assim dizer. Como Amaldiçoados possuem apenas uma Maldição — isto é definitivo —, era esperado que Vampiros, como os criadores destes, seguissem a mesma regra, o que aparentava ser um engano.

Por ser um evento tão raro quanto o ressurgir de uma espécie considerada extinta, poucos dados foram coletados, tornando difícil tornar a teoria em um fato, mas a questão era que um Vampiro, através de rituais e uma dieta de sangue bastante específica, seria capaz de desenvolver novas habilidades além daquela que carrega de nascença, sua marca registrada.

Analisando Vloid, seus planos e sua possível história, Rag tremeu.

— Se for assim… Qua-Quantas habilidades esse cara deve ter?!

Não acho que sejam muitas. Apesar de precavido, ele parecia mais focado em tornar seu ritual em realidade do que se tornar um vampiro propriamente poderoso, mas tenho certeza de que ele desenvolveu novas, e não qualquer uma, deve ser algo que ele consiga combinar com a habilidade principal.

— É, faria mais sentido. Bem, mas em questão de combate prático, o que acha melhor: distância ou corpo-a-corpo?

A Força e Agilidade deles podem ser baixas, mas você também é uma tripa, e eu não duvido que ele tenha alguma forma de melhorar os atributos por um certo tempo.

— Melhorar? Fala como um sacrifício de atributos, né… Hum Isso torna mais complicado, eu estava pensando em tentar uma curta distância. Eu tentei atirar nele da primeira vez, mas a arma desapareceu num piscar de olhos. Eu tenho um estoque delas, então perder uma ou duas não é problema, mas parece que elas vão ser inúteis.

Bem, isto foi com um projétil físico, não sabemos se ele pode fazer algo contra um disparo criado através de um Selo. Mas me diga, você não pretende lutar simplesmente atacando com tudo, não é?

— Claro que não! Na verdade, eu pretendo começar a luta usando o 30° Selo para tentar, pelo menos, enfraquecê-lo.

Certo, é um começo, ele provavelmente deve ter um monte de melhorias no corpo, então é bom você tentar amenizar isso pelo menos um pouco. Tem algo em mente após o 30°?

— O que acha de usar o efeito do 42° Selo nele?

De guiar sobre as águas?

— O outro.

Ah! Bem, aquele cara é um cadáver ambulante, então não acho que atacar o pinto dele vai fazer alguma diferença, aquela coisa já deve estar podre.

— Entendi. Acho que não tem muito o que fazer para deixá-lo mais fraco, então. Eu estou pensando em focar em ataques à distância, vou usar familiares para atacá-lo e tentar entender como a habilidade funciona.

Você pode usar o 8° e o 55° para fugir dos ataques ou evitar algum efeito maligno de longo prazo.

— Essa é a ideia, ele provavelmente vai ignorar os familiares e focar em me acertar à distância também, mas caso ele tente criar um combate corpo-a-corpo, meu plano é usar o 1° para fugir ou 26° para afastá-lo de mim.

O 26°? Hum, é, faria sentido funcionar nele, vale a pena tentar.

Ficariam, Cardeal e demônio, discutindo desta forma pelo resto do tempo que havia disponível. Devido ao tempo curto e a ansiedade gerada ante o conflito iminente, Rag temeu ter deixado passar alguma alternativa de ataque que garantisse seu sucesso, mas tinha de avançar mesmo assim.

Ante a limitação gerada por desconhecer as verdadeiras capacidades de seu oponente, sua melhor opção era atacar da maneira que podia, evoluir durante a luta e, como um bom membro da igreja, rezar por sua vida.

 

 

 


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