Soul Eye Brasileira

Autor(a): ReaderBecameWriter

Revisão: Delongas


Volume 4

Capítulo 251: Rastreando

Quando me dei conta, estava em uma cela com várias mulheres diferentes. Estava assustada, mas saber que não estava nas mãos daquelas pessoas me aliviava, mesmo que um pouco.

De algum jeito, consegui fugir do lugar. As pessoas estavam todas desmaiadas quando acordei, então só precisei sair.

Do lado de fora, encontrei uma agente da Interpol. Quando a vi, pensei em deixar o meu destino nas mãos dela. Afinal, na situação em que estava, as pessoas que me mantinham presa já poderiam saber do meu paradeiro.

Depois que fugi, passei apenas por três cidades. Foi nesse momento que o pneu do carro estourou, fui capturada e trazida pra cá.

Os sequestradores não estavam longe, era só questão de tempo até eles me alcançarem.

Esse fato me mantinha tensa o tempo inteiro, a pressão psicológica era grande demais. Então, embora naquele momento eu tenha decidido deixar meu destino nas mãos da agente da Interpol, quando encontrei um carro e entrei, eu decidi fugir dali.

Eu precisava aumentar minha distância daquele lugar.

E se o chip em meu corpo tiver mandado a minha localização? Nunca tinha testado se o subterrâneo conseguia bloquear o sinal de ser enviado.

Eu peguei o camburão, o mesmo que usaram para me capturar, e saí de lá. Quando pensei que tinha conseguido fugir, aqueles homens apareceram.

Eu sabia que eles eram fortes, mas não sabia que eram tão fortes. Um deles segurou o camburão com uma mão, impedindo o movimento do carro, e outro apareceu ao lado da porta do motorista. Tentei fechar a porta para conseguir algum tempo, mas ele simplesmente arrancou a porta para fora do carro.

Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, o homem simplesmente me nocauteou e me levou embora.

...

Quando acordei, estava de volta em casa. O casal que cuidara de mim desde pequena me deu uma bronca por tentar fugir de casa.

Mas seja o casal, ou os sequestradores, eles não suspeitaram de nada. Desde os meus quinze anos, o número de vezes que tentei “fugir” não podia ser contado com dois dígitos. Todas as vezes foram tentativas para testar certas coisas, nunca foi sério, mas por já ter precedente, nunca suspeitaram.

Essa foi minha primeira tentativa séria de fugir, e no final acabou em fracasso. Por ter conseguido fugir por mais tempo que o normal, o casal ficou preocupado, o que fez com que eu me sentisse mal, mas os sequestradores não deram à mínima.

Eles me vigiam desde pequena, e acreditam no motivo bobo que inventei para fugir quando era adolescente sem atrair suspeitas.

“Me sinto sufocada estando aqui. A casa é cheia de seguranças, e onde quer que eu vá, quinze seguranças sempre vêm junto.”

O casal que cuida de mim já prometeu várias vezes diminuir os seguranças, mas nunca o fizeram. Provavelmente, eles tentaram argumentar com as pessoas que me sequestraram, mas os sequestradores nunca aceitaram.

O casal provavelmente acha que é porque eu sou muito importante para esse suposto pai político, e os sequestradores só fazem isso para me vigiar sempre.

Depois de algumas semanas, quando eu planejava minha próxima fuga, aquele homem me ligou pedindo minha presença.

Desde pequena, esse homem visita nossa casa, e traz um fotógrafo junto para tirar fotos minhas. A desculpa é que meus pais adotivos querem fotos do meu crescimento, mas a minha teoria é que eles estão documentando meu crescimento para que possam usar isso no futuro para ameaçar meu pai.

Esse homem me fez o chamar de “tio” desde pequena, e ele diz que é o chefe de uma empresa que tira fotografias profissionais. Como meus pais adotivos são supostamente pessoas ricas e influentes, ele vem sempre com a desculpa que está mostrando respeito aos meus pais, mas eu posso dizer... Ele é perigoso.

Fora seu suposto empreendimento de fotografia, ele é um homem muito rico e capaz. De vez em quando, ele me liga para testar produtos novos de sua empresa de pesquisa.

Desde drones, até cremes e maquiagem, ele já me fez testar vários produtos, muitas vezes me falando da produção deles em detalhes que normalmente ninguém entenderia... Provavelmente, testando meu QI.

Até onde essas pessoas irão para brincar com a minha vida? Isso é simplesmente muito deprimente.

O chamado dessa vez, novamente, é para testar um novo produto. Quando cheguei ao local, não o vi em lugar nenhum, e simplesmente me deram um quarto para esperar.

Alguns minutos depois, recebi uma chamada dele me pedindo um favor. Queria que eu tentasse ligar a televisão do homem no quarto ao lado. Aparentemente, o homem no quarto ao lado é aleijado ou algo assim.

Fiz o que ele pediu, mas como não sabia se funcionou, pensei em ir ao quarto ao lado para descobrir. Mas, incrivelmente, aquele homem que sempre esteve calmo, entrou em pânico ao me ouvir falar que ia entrar no quarto ao lado.

Ele escondeu muito bem o pânico na sua voz, mas percebi. Fingindo não estar escutando ele falar, fui ao quarto ao lado para descobrir o que ele queria tanto esconder de mim.

Quando abri a porta, vi uma situação estranha.

O quarto era espaçoso, maior que o que eu estava.  No centro do quarto, havia uma cama elegante, e ao lado havia duas pessoas. Um rapaz que parecia ter quinze anos, e um homem alto com uma máscara estranha.

O mais estranho sobre esses dois é que o rapaz de quinze anos parecia estar segurando o homem, impedindo ele de se mover.

Na parede ao lado, que dava para o quarto em que eu estava, havia uma tela enorme com uma imagem do quarto exatamente igual.

Isso era bizarro.

E no centro do quarto, na cama, havia um homem sem um dos braços e sem as duas pernas que estava sentado olhando na minha direção.

Quando vi esse homem, eu ignorei completamente toda a situação estranha no quarto. Parecia que eu tinha esquecido tudo.

Passou-se vinte anos, o corpo do homem estava todo enfaixado, mas assim que coloquei os olhos nele, eu gritei.

“Pai!”

E corri em sua direção com lágrimas nos olhos.

Nunca estive tão feliz em toda a minha vida.

***

Observando em silêncio a mudança dos eventos, Baijian olhou para a marionete que estava presa com sua telecinese e disse:

“Eu sabia que vocês ainda tinham uma grande bomba no subterrâneo, que caso as outras falhassem, era para ser explodida com o aperto de um botão... Mas depois de analisar a situação, eu sabia que isso só podia ser feito por alguém perto da bomba. A bomba era para ser sua última carta na manga caso as outras não dessem certo, então você fez com que ela tivesse um sinal fraco para que não fosse impedida... É uma pena.”

Ouvindo isso, a pessoa que estava controlando a marionete remotamente entrou em um ataque de raiva. Todo seu plano tinha sido visto, e mesmo sua última carta na manga não deu certo.

Ele estava enfrentando a família Ye, por isso sabia que detonar bombas remotamente não ia funcionar. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, a família Ye provavelmente já teria interceptado o sinal. A melhor forma que ele pensou então foi uma bomba com um sinal fraco para ser acionada por alguém perto dela...

Que também falhou. Ye Qinyan tentou no primeiro momento detonar a bomba, mas Baijian a impediu com sua telecinese. Acreditando que tinha apertado o botão, Qinyan pensou em entrar no quarto pra ver se tinha conseguido, e ao ver o homem no telefone em pânico, ela ficou com mais vontade ainda de entrar no quarto. Quando entrou, o que lhe esperava era seu pai, por quem esteve ansiando por vinte anos.

Todo o seu plano foi destruído, o homem obviamente ficou furioso, mas não podia fazer nada sobre isso.

Baijian observou a interação entre o homem na cama e a menina, e vendo que eles precisavam de tempo sozinhos, saiu do quarto com a marionete. Não muito tempo depois dele sair do quarto, a marionete de repente perdeu todas as forças. Jogando a marionete no chão, Baijian falou:

“O que acha disso?”

De repente, um homem apareceu flutuando no meio do ar, e respondeu:

“É uma marionete de baixíssima qualidade, feita de corpos de humanos mortos. Ela é manipulada usando energia natural através de objetos. Normalmente, cultivadores talentosos, como os do meu clã, que alcançaram Sistema de Energia, conseguem externar energia natural facilmente, o problema é que isso não é fácil para cultivadores normais sem talento.”

“Especialmente se eles não vierem de um mundo com um sistema de cultivo desenvolvido. Assim como os fracos pensam em jeitos de derrotar os fortes, como quando você entrou dentro do corpo daquele monstro marinho para tentar matá-lo por dentro, cultivadores fracos buscam formas de fazer coisas que cultivadores fortes fazem. Uma dessas formas é usar objetos.”

Salon então apontou para o teto do corredor em que estavam, onde tinha uma espécie de câmera toda preta. Ele simplesmente flutuou até a câmera, e pegou, da parte de trás, uma pequena peça preta e a entregou para Baijian.

“Esses objetos se chamam receptores. É como se fosse uma teia de aranha. O marionetista condensa energia natural em uma espécie de linha, e liga essa linha de energia natural nesses receptores, podendo assim manipular essas marionetes de longas distâncias. Cultivadores assim normalmente conseguem manipular só dentro de cem a duzentos metros a sua volta, mas com esses objetos, contanto que tenham muitos, e os espalhem bem, podem manipular da distância que quiserem, dependendo é claro da qualidade desses objetos.”

“A partir da qualidade desse receptor, a meu ver, ele pode manipular essas marionetes de no máximo dez quilômetros.”

Baijian escutou tudo em silêncio e entendeu mais ou menos como funciona essa habilidade. Jogando o receptor na sua mão no chão, ele falou:

“Esse lugar subterrâneo está a dois quilômetros da superfície, o que significa que o marionetista está a até oito quilômetros de distância, e pode aumentar, já que ele cortou a ligação com a marionete, provavelmente para fugir. A única forma de rastreá-lo é usando esses objetos para saber onde ele está, certo?”

Salon assentiu lentamente, e Baijian simplesmente saiu em disparada, primeiro ele precisava sair do subterrâneo. No caminho, ele encontrou vários desses objetos escondidos em diversos lugares diferentes por toda a base.

Em poucos minutos, Baijian alcançou a superfície, e quando planejava seguir o rastro, sentiu algo com sua mente. Puxando seu celular, ele discou um número e falou:

“Tem um grupo de duzentos cultivadores poderosos por perto da entrada da base subterrânea. Mande os reforços aqui para segurá-los, estou indo atrás do líder.”

Desligando rapidamente o celular, Baijian espalhou sua mente ao máximo, e começou a se mover na direção que os receptores estavam colocados. Por mais que os receptores estivessem bem espalhados, por a mente de Baijian conseguir abranger um espaço maior que 500 metros, ele conseguia analisar rapidamente a direção geral de onde tinha mais receptores. Com isso, chegar até a pessoa por trás disso é possível.

Correndo rapidamente por entre a floresta que envolvia a entrada subterrânea, Baijian fez cálculos constantes e finalmente chegou à coordenada aproximada de onde o homem estava controlando o fantoche.

De quando o fantoche perdeu as forças, até agora, só se passaram três minutos, não tem como ele ter fugido longe. Chegando rapidamente ao local, Baijian subiu no ar e observou em todas as direções. Não encontrando nada, ele rapidamente desceu e investigou o local. Depois de seguir muitas pistas deixadas pelo homem durante a fuga, ele chegou num lugar onde tinha um buraco.

Parecia uma espécie de túnel estranho, e Baijian conseguiu sentir com sua mente alguém dentro do túnel.



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