Volume 1
Capítulo 19: Aceito
No coração da floresta, entre árvores imponentes, deparavam-se Fuxi e Alaric. Este último, perplexo com as informações recém-recebidas.
A expressão "dualidade" era nova para o jovem, uma palavra nunca antes ouvida. No entanto, a explicação de Fuxi prontamente esclareceu o significado; ter duas almas em seu corpo parecia-lhe algo absurdo.
— Como assim!? — Seus braços abertos e olhos arregalados, demonstravam sua confusão e incerteza.
— É exatamente o que escutou, garoto. — Fuxi por outro lado demonstrava tranquilidade em suas palavras.
O lobo desvendou a dualidade de Alaric no primeiro encontro deles. Ainda na floresta congelada, enquanto observava o jovem, percebeu a aura duplicada que o envolvia.
— Garoto, me escute. — Seu tom calmo, acalmou o jovem que começou a escutá-lo. — Isso não importa agora. Apenas use o que aprendeu, em sua batalha.
Alaric havia aprendido sobre a mana, e descoberto a verdade sobre suas espadas de luz. Entretanto, ainda não tinha ideia de como aplicar o conhecimento em batalha.
— Fux-
A ação foi tão veloz que o jovem sequer conseguiu concluir a palavra em seus lábios.
— Em meu nome…
— Que o tempo volte.
Ao concluir a última sílaba, o tempo retornou seu curso; o vento desvaneceu, as árvores recobraram seu brilho e balançar, até as nuvens falsas retomaram seu curso diante da imponente lua.
E então o demônio pairando no ar recapturou o domínio sobre o tempo, retomando sua caçada pelo jovem.
“Lobo… Lunático” Ao pensar Alaric correu.
Contudo, um problema persistia, seu braço ainda latejava. Então, imaginando uma forma de utilizar o conhecimento adquirido, invocou as espadas novamente.
Entendo que elas eram apenas um amontoado de energia, começou a tentar desfazer suas formas, mas sem dissipar a energia, fazendo com que as espadas contorcessem.
O demônio que já havia o localizado, avançou impiedosamente, visando apenas a morte de seu algoz.
Como um gavião caçando um ratinho entre as árvores, o demônio inclinou-se em direção ao jovem, chegando em milésimos.
Num movimento surpreendente, Alaric virou-se justamente quando a espada do demônio se aproximava. O demônio, perplexo, não percebeu o propósito desse ato, pensando apenas na facilidade de matar o jovem.
A revelação veio rápido. Alaric, ainda lutando para controlar a energia, lançou uma esfera de mana pura em direção ao demônio. Antes que o ser pudesse reagir, a bola explodiu, arremessando violentamente Alaric ao chão e obscurecendo a visão do demônio, que voou descontroladamente, colidindo com uma árvore.
— Desculpa aí — falou sarcasticamente, levantando-se. — Ainda não controlo bem minha mana.
Um pouco de mana saiu de seu braço antes dolorido.
O demônio, livrando-se de detritos e folhas, ergueu-se, analisando o jovem. Para ele, o rapaz não representava ameaça; sempre fora o caçador nessa batalha. Cada ação do demônio provocava reações de Alaric, mas o jovem persistia em sua sobrevivência, irritando-o profundamente.
— Morra de uma vez — disse o demônio calmamente e, avançou na direção do garoto. — Criatura insistente.
— Hahaha! Eu poderia dizer que, você parece um pouquinho irritado. — Seu tom sarcástico, só irritava mais o demônio. Ao falar refez uma espada de luz e continuou: — Se me quer morto, tente.
O jovem avançou ao encontro da lâmina afiada, ao fim de seus avanços.
Tiinn!!
Um som estridente reverberou por toda a floresta, marcando o choque das espadas. Uma disputa de força foi iniciada, onde a derrota poderia significar a despedida da vida.
— Você é forte, demônio — disse, adicionando vigor aos seus braços, pressionando levemente a katana. — Mas irá perder.
— Falaste demais — Respondeu, acrescentando mais força aos seus braços, equilibrando a disputa. — Eu vou te silenciar.
A disputa tornou-se um impasse, com forças sendo acrescentadas em respostas.
— Sabe, demônio — um sorriso vil se formou em seu rosto. — Cuidado com as costas.
Alaric formou uma espada nas costas do demônio e a disparou; o ser tentou reagir. Contudo, ao girar para bloquear o ataque, sentiu o ferro gélido tocar sua coluna, e rapidamente saltou para frente.
No entanto, já era tarde. A espada de Alaric o atravessará de um lado ao outro. Um fino filete vermelho escorria da ferida recém-aberta.
“Um humano me feriu!?” O demônio não acreditava no que se passava à sua frente.
— Não posso ler mentes que nem o lobo. — Alaric começou a entrar em posição de combate. — Mas seu rosto me mostra confusão.
— Irá morrer aqui, humano. — Passou a mão pelo ferimento, instantaneamente o curando. — Não chores em teu último vislumbre do mundo vivo.
— Você fala confiantemente demais... Mas sabe. — Alaric desertava, desfazendo as espadas e começando a moldá-las novamente. Desta vez, tomaram a forma de um arco. — Eu aprendi um pouco sobre como funciona esse negócio de mana.
O demônio surpreendeu-se com a nova arma de Alaric, um arco de luz semelhante às suas espadas. No entanto, o que o deixou perplexo foi a capacidade do jovem de moldá-lo, considerando que sua classe provavelmente era de espadachim, não de arqueiro.
Suas conclusões foram interrompidas pelo intenso brilho emanado do arco, formando uma flecha dourada com um vórtice em sua ponta.
Em milésimos, Alaric a disparou. O demônio não teve tempo para reagir adequadamente, apenas se esquivou lateralmente. A parte da floresta atingida pela flecha foi completamente distorcida graças ao vórtice.
A segunda flecha veio rapidamente, o demônio a rebateu novamente e a lançou para o lado. A uma velocidade extrema, aproximou-se de Alaric, passando ao seu lado. Em seguida, girou o corpo tentando desferir um corte lateral com a katana.
Pliinn!
O som de impacto contra algo sólido confundiu o demônio. Alaric prontamente transmutou o arco em adagas, desferindo um ataque ao demônio ainda ao seu lado. No entanto, o ser se afastou novamente, deixando apenas o rastro residual da sua presença.
Alaric ergueu a camisa, revelando a mana em seu corpo agindo como uma espécie de armadura. O jovem compreendeu um pouco sobre como a mana funcionava; o vórtice na flecha fora algo involuntário, pois ainda não dominava a adição de propriedades à mana, focando apenas na manipulação física, que era automática.
“Esse garoto… Está realmente me dando trabalho!?”
— Venha demônio! — Seu olhar desafiador e sorriso incitou o demônio.
— Como queira. — Um grande sorriso também abriu em seu rosto.
Novamente, avançaram na direção um do outro. Ao aproximar-se, Alaric deslizou de joelhos pelo chão terroso, abrindo seu braço direito que portava a adaga, acertou a perna do demônio.
Este, sem perder tempo, virou rapidamente o corpo, com ele ainda no ar, desferiu outro golpe de katana, visando o braço do jovem que ainda estava esticado.
Se o fio daquela arma entrasse em contato com a pele do jovem, ele poderia dar adeus ao seu braço. De repente, a adaga em sua mão começou a contorcer-se, transformando-se numa faquinha de arremesso e voando na direção da lâmina da katana, desviando-a e fazendo acertar apenas o chão.
— Dualidade, né? — Ao cair no chão, fechou os olhos rapidamente. — Se você quer sair, eu aceito.
Alaric ainda não entendia completamente o significado da dualidade, mas aceitou de bom grado e pura impulsividade. Afinal, se isso o ajudasse em batalhas, não via razão para objeções. Por um instante, o silêncio reinou, e ele sentiu um par de olhos intensos a observá-lo. Estavam longe, e não eram do lobo, muito menos do demônio. Ele não sabia o que era, mas a sensação que transmitiam era de morte... Então, de repente, suas íris adquiriram um tom branco pálido, irradiando uma leve luminescência.
“O que é isso!? A mana dele está aumentando!?” Se questionou o demônio, ao analisar Alaric.
O topo de sua cabeça foi adornado com uma coroa fina, de pequeno diâmetro, com vários fios em posição vertical do lado esquerdo, terminando em pontas em forma de cruz. Seu cabelo vermelho escuro transformou-se em um tom de vermelho sangue.
Seu olhar assumiu uma expressão fria, sem qualquer emoção, refletindo uma arrogância palpável. Alaric começou a voar.
— Não posso permanecer no chão, devo estar acima de criaturas vis, como demônios — uma voz diferente soava, imponente e marcante. — Venha, fruto do pecado, e enfrente a punição divina.
— O que falou!?
— O que escutou, filho de Blanc. — respondeu em tom arrogante. — És fruto do pecado.
— Fruto do pecado!? — O demônio, que até agora mostrava-se calmo, perdeu toda a calmaria. — Eu… Pandora não pecou… vocês deuses… Vocês a deram a caixa e a obrigaram a abrir.
— Ousa culpar os deuses!? — Várias espadas começaram a se formar ao redor de Alaric, muito mais do que apenas três.
O ódio tomou conta do coração do demônio, sua mana começou a aumentar desproporcionalmente. A katana carmesim começou a irradiar, como se estivesse esquentando, e de fato estava. As folhas das árvores começaram a murchar, e em questão de segundos, os troncos incendiaram-se.
— Deuses… Deuses são piores que demônios — A medida que falava, sua aura aumentava exponencialmente — Se acham superiores… — Ergueu seu tronco e apontou para o suposto Alaric. — Vocês… vocês são podres.
— Garoto, sua dualidade assumiu o controle mesmo — comentou Fuxi, ao observar Alaric emanando aquela aura divina.
Alaric olhou para a falsa lua no céu e então falou:
— Como será que está minha irmã… Ártemis? — Um olhar melancólico tomou sua face. — E Luna? Cumpriu sua promessa? — baixou o olhar e olhou para sua mão aberta. — Esse corpo, não posso tomar posse dele totalmente, afinal, sou um deus…
fervendo de ódio, o demônio saltou em direção a Alaric, sua katana pronta para perfurar o jovem.
— Criatura vil, em meu nome… Apolo, destruam aquela existência.
Ao falar, inúmeras espadas ao redor de Apolo lançaram-se em direção ao demônio. A lua e o céu estrelado tornaram-se testemunhas da batalha, as espadas resplandeciam à medida que avançavam, a katana de lâmina carmesim ficava cada vez mais incandescente.
Em seu olhar: um dos responsáveis pelos demônios serem odiados, ou por sua existência pecaminosa.
— APOLOOOOOOOOO!!!!!
O olhar superior de Apolo demonstrava sua indiferença. As primeiras espadas chegaram próximas ao demônio; ele as rebateu. Duas vieram por seus flancos contrários, em um rodopio, as rebateu facilmente e continuou avançando.
Mais espadas chegaram, e ele tentava rebater Apesar da quantidade massiva de espadas, o demônio continuava a desviar habilmente. Seus movimentos eram rápidos, mas ele sabia que até a rapidez tinha seus limites.
Aumentando sua velocidade ao máximo, ele virou apenas um borrão.
— Teima em morrer, criatura!? — Apolo estava enfadado com a insistência daquele ser. — Morra de uma vez!
Ao falar, Apolo invocou um arco e mirou no demônio.
— Isso me traz lembranças dela… Ártemis… — Um sorriso inundou seu rosto antes desbotado. — Está me observando, irmã?
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— Apólo!! — gritou, cruzando os braços. — Você pegou meu arco de novo!?
— Por que tudo tem que ser minha culpa, Ártemis? — Indagou, sentando nas escadarias do Olimpo.
Ártemis, era a jovem deusa da caça, com seus curtos cabelos verdes e, olhos do mesmo tom, que diziasse capazes de acertar um alvo a 100km de distância, seu corpo exibia algumas tatuagens tribais e sua cabeça ostentava uma coroa, como todas as outras divindades.
Apolo, já estava enjoado de tudo no Olimpo ser atribuído a ele, não tinha um dia de paz.
— Porque né, Apolo? — Deu um tapa em sua nuca. — Porque você vive aprontando.
Um tapa de uma deusa caçadora dói muito mais do que pode parecer.
— Aí! — Gemeu, pondo a mão na nuca. — Ei! isso não era necessário. Hump!
Realmente, Apolo era um deus travesso, sendo um dos deuses mais recentes criados, filho de Zeus, agindo como um adolescente bagunceiro. Isso contrastava bastante com Ártemis, sua irmã gêmea, que sempre foi comportada e responsável.
— Irmão… Você me parece pensativo — comentou, coçando seus cabelos verdes. — Não é do seu feitio pensar.
— Haha, muito engraçado Ártemis. — Mesmo debochando de sua irmã, ela realmente estava certa, ele não era do tipo que pensava muito. — Tá vendo tudo isso Ártemis? — Apontou para toda extensão do Olimpo.
Um lugar belo, elevando-se acima das escadarias, revelava um enorme e imponente palácio onde todos os deuses gregos se encontravam. Construído inteiramente de um material branco, contrastava de maneira deslumbrante com as águas que fluíam de suas paredes. Campos de treino se estendiam por todo lugar, pois mesmo deuses precisavam aprimorar seus poderes.
Abaixo da escadaria, uma vasta planície verdejante se estendia, repleta de animais, criando uma imagem paradisíaca.
— Não sou cega, Apolo, vejo perfeitamente o Olimpo. — Colocou as mãos nas laterais do corpo. — Mas e aí?
— Sonhei que tudo isso queimava.
— Credo, Apolo. — Ártemis sentou ao lado dele. — É isso que te preocupa?
Apolo mostrava-se cabisbaixo, retraído, diferente do que realmente era.
— Sim, não quero te perder, irmã…
Ártemis se surpreendeu. Apolo nunca demonstrou afeto, sempre foi tímido em expressar suas emoções. Para ele ter feito isso, algo sério estava prestes a acontecer.
Ártemis não sabia como reagir, mas no final eram irmãos. Então, ela fez o mais lógico e o abraçou forte, seus cabelos verdes contrastaram com os cabelos vermelhos sangue de Apolo.
Um abraço entre deuses, um sinal de afeto. Apolo, de início, tentou se desvencilhar, mas acabou cedendo, ou perdendo... Interprete como achar melhor.
— Tá bom, Ártemis. — Tentou se soltar, sem sucesso. — Ártemis! Me solta!
— Só mais um pouquinho. — Uma expressão serena tomava sua face. — Afinal, raramente você é fofinho assim.
Apolo logo percebeu que não seria possível escapar do abraço mortal da sua irmã ursa, e assim o jovem deus Apolo iria morrer asfixiado.
— Vou te ensinar a usar o arco — disse, enquanto olhava o céu azul. — Para assim você me proteger… Desse jeito você vai tirar essa expressão de preocupação?
— Idiota… Vou.
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— No final, você realmente me ensinou. — À medida que falava, o arco irradiava mais brilho. — Adeus, demônio.
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Notas:
Aviso: Todas as ilustrações presentes na novel foram geradas por IA — já que atualmente não possuo recursos para contratar um ilustrador. — Reconhecemos que a IA não é perfeita, portanto, a ocorrência de erros é inevitável. O objetivo é simplesmente proporcionar uma representação visual do que o autor imaginou inicialmente. Lembre-se de que as ilustrações são apenas uma interpretação básica e, por vezes, podem não estar totalmente em conformidade com a descrição fornecida. Recomendamos que considere sempre a descrição como a verdade principal, utilizando as imagens como um guia básico. Pedimos desculpas antecipadamente caso algo cause desconforto visual.
Deuses citados para caso não seja de seu conhecimento:
- Apolo, deus grego do sol.
- Ártemis, deusa grega da caça.
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