Volume 8
Capítulo 10: Recepcionistas de Beim
O sexto nível subterrâneo.
Enquanto sondávamos a área, Alette-san havia esmagado o chefe do andar, então o caminho para o sétimo andar havia se aberto.
Eu olhava para as gemas verde-ervilha... os peridotos em cada uma das minhas mãos.
Nós havíamos encontrado uma sala de tamanho moderado na caverna, e descansado.
Era o segundo dia desde que havíamos entrado no Labirinto, e tínhamos materiais e Pedras Mágicas mais que o bastante em mãos.
No final, nós ainda havíamos de abrir o primeiro baú de tesouro que encontrei.
— Isso é só uma coincidência?
Olhando para as duas pedras, elas até tinham a mesma forma.
Eu senti que podíamos vendê-las por um bocado, mas era bastante ominoso um tesouro ter se manifestado proximamente de repente ser o exato mesmo que o primeiro que encontramos.
Em minha volta, Aria e Eva descansavam, e Clara também estava dando uma pausa.
A lanterna do Miniportador estava iluminando o interior escuro.
Novem e May estavam de vigia, e após guardar as gemas, me sento, e descanso meu queixo nas mãos para pensar:
(A pedra de nascimento do oitavo mês, e algo relacionado a destino, não era? De acordo com a Clara, deveria ser frágil, mas...)
Talvez devido à Mana correndo por ela, era extremamente dura.
Se a avaliássemos, seu valor pode até exceder nossas expectativas.
Eu sabia disso, mas simultaneamente, sentia algo errado nela.
Aria e Eva cochilaram.
Clara também estava sentada e dormindo.
Quando me sentei por um pouco, os ancestrais na joia deram suas opiniões quanto ao assunto.
A voz que ouvi foi a do Sexto:
『Pode ser uma coincidência. Mas pensando sobre isso a esse ponto não serve a propósito nenhum. Quando retornar, por que não tenta perguntar àquela Cavaleira Alette ou algo assim? Perguntar se eles encontraram uma larga quantidade de peridoto.』
Pensando que essa provavelmente era o melhor curso a seguir, chequei a localização da Alette-san no mapa.
Após derrotar o chefe do sexto andar, parece que ela retornou à base dentro do Labirinto.
(... Está um pouco cedo, mas vamos encerrar aqui.)
Aqueles prosseguindo ao sétimo eram apenas o grupo do Albano e a Marina-san. Mesmo agora, os outros grupos ainda haviam de pôr os pés no sexto andar.
(Bem, isso se tornará claro em breve.)
Pressionei minhas costas contra a parede e fechei meus olhos.
–
–
–
Após a pausa.
Terminamos uma refeição, retornamos ao quinto andar, e discutimos o assunto com o grupo da Alette-san.
Quando contei a ela que estaríamos retornando à superfície...
— Oh, então isso é perfeito. Pode entregar uma carta para os meus homens lá em cima?
Ela pediu um favor.
Não foi só conversa fiada, também chequei a respeito do tesouro que encontramos.
Enquanto ela escrevia a carta para seus subordinados, me dirigi a ela:
— Parando para pensar, encontramos um baú de tesouro. Ele possuía uma pedra preciosa dentro, mas uma coisa me deixou um pouco curioso... os tesouros neste Labirinto são gemas preciosas na maior parte?
Às vezes, se encontra Labirinto assim.
E nesse caso, surgia a obrigação de relatar à guilda.
A caneta da Alette-san parou por um momento, mas logo começou a se mover mais uma vez.
— Não, não ouvi nada disso. É melhor você não dizer coisas assim para os outros grupos, okay?
Eu particularmente não tinha a intenção de divulgar o conteúdo dos baús de tesouro para outros de qualquer jeito.
— ... Eu só achei um pouco estranho. Encontrei a mesma gema duas vezes seguidas.
Ela terminou sua carta, e estava esperando a tinta secar.
Após confirmar o conteúdo, ela assentiu, e me olhou.
— Bem, viva tempo o bastante como aventureiro, e tenho certeza que você terá sorte uma ou duas vezes. O que foi? Se for me dar de presente, aceito a qualquer hora.
Enquanto Alette-san dizia isso de um modo provocador, seu Cavaleiro ajudante se aproximou.
— Se você realmente der para ela, ela irá entender errado, então, por favor, não. Mesmo nesse estado, a capitã é muito pura quando se trata de relações entre homens e mulheres, então isso acabará sendo um saco.
Ele disse isso com um sorriso, enquanto estendia um envelope vazio para a Alette-san.
Aceitando o envelope em uma puxada súbita, ela dobrou a carta e a inseriu dentro dele antes de selar.
E me entregou:
— Ignore essa parte! B-bem, deixa para lá. Nada a se preocupar demais. Ao invés de avaliá-la aqui, recomendo que leve-a para um avaliador aprovado da guida quando voltar. Há muitos fraudulentos por aqui, então melhor tomar cuidado.
Peguei a carta da mulher com um rosto avermelhado, dei um sorriso torto, e assenti.
(É, mesmo se planejarmos vendê-la, vai ser depois de voltarmos para Beim.)
Após retornarmos à superfície, terei que considerar a formação do grupo, os ganhos dessa vez, e a divisão da recompensa. É irritante ter isso nadando pela minha mente o tempo todo.
Nesse momento, à base do quinto andar, veio uma mulher ensanguentada com uma enorme carga sobre seus ombros.
Pensando que estava ferida, eu estava prestes a correr até ela, mas a Alette-san simplesmente deu um suspiro.
— Marina, vendendo eles aqui de novo? Apenas vá até a superfície sozinha de vez em quando.
Nisso, a mulher ensanguentada:
— Isso é um saco. Eu te pago pelo problema e ponto final, certo? Pode fazer tão caro quanto quiser, mas por favor me venda alguns remédios e perecíveis.
A mulher descendo tal bolsa enorme no chão, sacudiu seus longos cabelos pretos bagunçados.
Sangue voou.
Seus olhos eram vermelhos, e sua bolsa acertou o chão com um “splat”.
Alette-san levantou-se de sua cadeira e reclamou:
— Puxa vida, não pode prestar um pouco mais de atenção para sua aparência? Alguém prepare um banho para ela.. Alguns remédios e comida enquanto isso. Marina, quanto você acha que vai precisar?
A Marina-san ofereceu um pouco de gratidão à natureza simpática da Alette-san.
— Um conjunto inteiro de remédios. Comida para... dez dias? E monstros homens-sapos começam a aparecer no sétimo andar. Eles não oferecem muita resistência, mas há muitas poças lá embaixo. Com a vantagem do terreno, eles são bastante animados. E também, eu não preciso de um banho.
Alette-san levou sua mão esquerda ao quadril, e apontou sua direita para a Marina-san.
— Limpe essa imundície. Falta de higiene pode afetar o quão bem você se recupera de ferimentos. Mas obrigada pela informação. Te darei um bom preço.
Talvez desinteressada, Marina-san acenou sua mão.
— Se me der demais, vai ser apenas um incômodo no Labirinto. Mas acho que deveria descansar um pouco. Apenas me dê o bastante para cobrir os remédios, comida, e suas inconveniências.
Alta, e vestindo um casaco grosso, Marina-san se equipava levemente.
Quão temível ela deve ser se enfrentou esses monstros de mãos nuas.
(Ela usou magia? Não, esse caso ela não deveria estar tão ensanguentada...E a atmosfera dela é aquela de guerreiros.)
Enquanto pensava isso, Marina-san lançou um olhar para a May, que estava falando com a Novem.
Alette-san fez uma expressão relutante.
— Oy, não sai puxando briga aqui.
Marina-san coçou sua cabeça.
— Eu não estou puxando nada. Mas tem gente forte por todos os lados. Está me dando calafrios. Ei, Alette... quem seria esse garoto ao seu lado?
Seus olhos vermelhos se focaram em mim, minhas mãos sentiram vontade de disparar ao cabo do meu sabre.
Uma voz veio da Joia:
Era o Terceiro.
『Lyle!』
Sua voz era séria. Ao escutá-la, parei minhas mãos, e estabilizei minha respiração.
Olhei para a Marina-san:
— Poderia por favor não dirigir sua sede de sangue para cá?
Após fazer uma expressão um pouco surpresa, ela começou a rir.
— Esplêndido! Garotinho, declare seu nome!
(Ela está me tratando como uma criança? Mas pelo que posso ver, nós não temos tanta diferença de idade...?)
Me apresentei:
— É Lyle. Lyle Walt.
Após ouvir isso, Marina-san deixou sua bolsa com um dos subordinados da Alette-san, antes de partir até a cortina que havia sido preparada.
— Me lembrarei.
Enquanto ela partia com um sorriso em seu rosto, não pude me levar a vê-la como alguém inofensiva.
E a Alette-san se virou. Mas sua expressão para mim era severa.
— ... Walt? Havia uma casa com esse nome em Bahnseim, não havia? Lyle-kun, você é um ex-nobre?
Eu fiquei um pouco perturbado sobre como responder, mas o fiz com um sorriso:
— É uma violação de boas maneiras bisbilhotar demais um aventureiro, Alette-san.
Ela deu de ombros.
— Nisso você tá certo. Peço desculpas. Bem, deixarei a carta com você.
–
–
–
Retornamos à superfície por volta do meio-dia do terceiro dia.
Tendo voltado relativamente rápido, levamos nossa bagagem ao edifício da guilda.
Vendo os espólios de guerra estufados no Miniportador, alguns aventureiros nos lançaram olhares de relance.
— Oy, esse não é aquele Portador de que todo mundo tá falando?
— Então já tem alguém aqui que pode usar.
— Que inveja. Com uma unidade só, quanto você acha que dá pra guardar?
Ao invés dos nossos ganhos, parece que eles estavam com inveja da utilidade do Portador.
Como seu desenvolvedor, eu estava bastante satisfeito.
A Clara me chamou:
— Lyle-san, a cidade cresceu ainda mais de novo.
Com só um pouco de tempo fora, a cidade havia se desenvolvido ainda mais.
Eu concordei com ela:
— Isso. Mas deixar ela crescer tanto assim, o que exatamente eles planejam fazer quando tudo tiver acabado?
Havia realmente uma necessidade de tudo isso? Eu me perguntava enquanto caminhava até a guilda, apenas para encontrar uma verdade surpreendente nos aguardando.
Entramos na filial da guilda.
Ao lado do edifício, um mercado havia sido armado para os mercadores comprarem materiais de monstros de aventureiros.
A guilda comprava Pedras Mágicas, e sua placa torta tinha o mais novo valor postado nela.
O número mostrado era só um pouco mais alto que antes.
Para o recepcionista realizando a transação, falei:
— É um pouco mais que antes.
— Sim, houve uma mudança lá em Beim. Meio que somos obrigados a coincidir com eles. Então, por favor não reclame se cair de novo.
O recepcionista dando um sorriso amargo provavelmente havia recebido tais reclamações antes.
Acabei simpatizando com ele um pouco.
— Bem, não vou reclamar desde que seja um preço razoável. Mesmo assim, esse lugar realmente se desenvolveu um bocado. Há realmente a necessidade de ir tão longe?
E o recepcionista me olhou:
— Oh, então você ficou fora por um tempo? A verdade é que há um rio por perto, e parece que essas partes são bastante convenientes para reclamação de terras. No momento, tem um levantamento sendo realizado lá fora, e mesmo após o Labirinto ter sido completado, haverá reclamação de terras com este ponto como base. Um mensageiro de Beim já trouxe ordens para nos movermos rumo a esse objetivo.
... Então não era um assentamento temporário, eles estavam construindo um verdadeiro.
Não seria estranho um pequeno vilarejo desaparecer a qualquer momento.
Se eles não fizessem nada, então as safras que Beim podia obter apenas diminuiriam. Além do mais, a população de Beim era maior do que podia suportar.
Com muita mão de obra extra parada, eles provavelmente pensaram em reclamar terras.
Os chefes históricos soltaram algumas vozes espantadas.
Do Terceiro para cima...
『Impressionante. A escala está em outro nível.』
『Mas é surpreendentemente viável.』
『Se eles vão fazer isso de qualquer jeito, então é melhor reciclar.』
『... Além disso, eles têm aventureiros aqui para fazer o levantamento das terras, e garantir a segurança.』
『E há a subjugação do Labirinto acontecendo no momento, então se a questão é a viabilidade, é viável.』
Para minha surpresa, o recepcionista ofereceu um sorriso.
— Bem, esses tipos de coisas não são muito incomuns. Normalmente, nós apenas arranjamos a forma mínima possível, e usamos isso como base. E para garantir que nenhum bandido resida depois, nós destruímos quando terminamos.
Seria problemático se renegados acabassem residindo nos restos de uma base.
Então quando está terminado, eles varriam do mapa, e voltavam para Beim.
— ... Nesse caso, há pedidos de Beim vindo para os aventureiros? Para fazer o levantamento desta área?
Terminando a papelada, ele assentiu para mim.
— Bastante. Há muitos que aceitam enquanto esperam o quinto andar ser completado também.
E o dinheiro ganho é esbanjado de volta na cidade.
Se eles realmente tentassem lucrar, me pergunto quantas reservas teriam quando voltassem para casa?
(Posso apenas ver isso como eles sendo usados por aqueles que estão realmente lucrando aqui.)
Essa era minha impressão.
— Se você não for voltar ao Labirinto, se importa em aceitar um pedido? Daqui a um tempo, os escravos serão enviados para alguma reclamação real.
Enquanto pensava sobre o quão rápido tudo isso estava acontecendo, eu...
(Escravos? Trazendo eles todo percurso até aqui, estão planejando colocá-los em trabalhos forçados?)
Meus pensamentos seguiam nessa linha.
–
–
–
... O sétimo nível inferior.
O grupo do Albano encontrou um baú de tesouro, e imediatamente começou a conferir se estava armadilhado.
Os cadáveres dos monstros em volta flutuavam em volta, na água que vinha até os joelhos.
Sapos assumindo forma humanoide, trajando couraças, e equipados com lança e escudo.
Esses homens-sapo flutuavam com seus corpos cheios de ferimentos enquanto tingiam a água em seu entorno de vermelho.
Um membro de seu grupo levantou sua voz:
— Sem armadilhas! Além disso, essa daqui é um boa peça. Uma gema. Eu até vislumbrei uma luz nela. É um artigo considerável, chefe!
Albano sentiu certo asco enquanto olhava para seu subordinado que ainda o chamava de “chefe”, mesmo a esse ponto.
— É líder. Erre na próxima e sua recompensa vai cair. Mais importante, uma gema... finalmente um prêmio após descer tanto.
Os tesouros até agora eram metais raros... metais imbuídos com Mana, mas tudo que haviam encontrado até o momento eram os insignificantes, ferro e cobre.
Não eram baratos, mas também não se podia dizer que tinham um valor extraordinário.
(Nós precisaremos de dinheiro para sair dessa vida. Já estava na hora de encontrarmos algum tesouro de verdade, mas...)
Seu companheiro escavou o tesouro enterrado na parede.
Mas o que havia lá era...
— … Huh? É só ferro? Isso não deveria ser... ai!
Albano bateu na nuca de seu companheiro com a palma de sua mão, e berrou:
— Isso não é nada além de ferro, não é!? Aumentando minhas expectativas desse jeito... merda, bora voltar por hoje. Voltem ao quinto andar e arrumem um lugar pra dormir com a chefe. Nós já encontramos a próxima sala do chefe. Quando chegarmos na superfície, vamos poder brincar um pouco.
Ouvindo isso, seus companheiros começaram a berrar.
— Com isso, dá pra botar bebida na mesa!
— Oy, alguém quer ir pra mesa de cartas comigo?
— Mulheres pra mim!
Vendo seus homens tão leais aos seus instintos, Albano formou um sorriso em seu rosto. Mas por dentro, ele estalou sua língua, e olhou com nojo.
(Merda! Cada um deles está satisfeito com o estado atual... nós finalmente nos movemos do bandidismo para trabalhar como aventureiros, e ainda assim eles já estão satisfeitos com isso.)
Os membros do grupo do Albano haviam sido bandidos desde que nasceram. Filhos de bandidos, ensinados a abrir fechaduras muito antes de a ler e escrever. E eram bem versados na arte do roubo.
Seu companheiro ainda inclinava sua cabeça.
— Mas tenho certeza que vi. Uma luz verde amarelada. Eu tinha certeza que era peridoto, sabe...
Albano olhou para o colega que havia batido.
— Ei, anda logo. Continua fazendo asneiras, e eu realmente vou cortar seu pagamento.
— P-pera aí. Eu tenho uma conta. Se meu pagamento cair eu não vô podê mais me divertir, Albano.
Albano chutou suas costas.
— Então se apressa logo!
Em sua mente:
(Cada um deles, são só birra, mulheres e apostas... Eu definitivamente vou me graduar dessa vida um dia.)
Ele se agarrava a esse desejo de caminhar numa estrada decente. Reafirmando esse desejo, Albano caminhava na frente de seu grupo, rumo à sala do quinto andar...
–
–
–
... O grupo do Lyle. havia retornado à base.
No meio da noite, a Novem havia acordado sozinha, e caminhado para fora.
Ela olhava para a lua, e quando expirava, sua respiração era branca.
A frieza apenas crescia mais, e ela se preocupava se começaria a nevar em breve.
— Nós temos que ficar aquecidos. Talvez devêssemos comprar mais lenha.
Enquanto pensava no quão preocupante seria se o Lyle pegasse uma gripe, Novem olhava de volta para a lua.
Em sua volta, aventureiros faziam farra nos bares, e soltavam vozes altas nas mesas.
Comemorando vitória, lamentando por uma derrota.
Ela podia até ouvir as vozes dos aventureiros comprando as rameiras.
Mas a Novem não achava que era alto demais.
A Aria ocasionalmente esconderia seu rosto avermelhado, e reclamaria que não era capaz de dormir. Havia horas que a Clara também parecia sonolenta.
Pelas palavras da Miranda, a Shannon sempre ia para a cama cedo, então ela sempre olhava para essa cena com espanto.
Eva conversava com os outros elfos, e a May alegremente circulava as barracas de comida.
Não importava quão barulhentos seus arredores fossem, a Mônica funcionava do mesmo jeito de sempre.
Seria estranho dizer que tudo estava indo bem, mas para a Novem, tudo ainda estava no lado favorável.
Miranda parecia estar desconfiando dela, mas desde que fosse pelo bem do Lyle, era algo que deixaria a Novem feliz.
Era só que, a coisa que elevava sua ansiedade...
(Aquele peridoto... será que 【Octō】 está tentando dizer que está de olho em nós?)