Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: BravoED/ Delongas


Volume 7

Capítulo 16: Negociações


Era uma sensação estranha.

A Qilin May estava na minha frente, e eu olhava meus arredores.

Ao mesmo tempo, a May em si parecia levemente perplexa.

Após dar um salto em sua forma qilin, ela deixou o pano pendurado em seu braço balançar enquanto tocava o chão.

Ela estava em sua forma humana, usando sua mão esquerda para segurar sua cabeça.

— Ah~ uma Skill interessante que você tem aí. Pensei ter visto dez, mas é uma completamente diferente, talvez?

A informação que eu obtinha das minhas Skills provavelmente também estava sendo transmitida para ela.

Eu entendia que isso era o que significava estarmos ligados.

A informação que eu portava... o mapa informativo, e as distribuições de inimigos estavam sendo compartilhados com ela.

Similarmente, o que quer que ela estivesse vendo através de seus olhos estava sendo enviado para mim.

— ... Minha cabeça está começando a doer. A informação que tem que ser processada deu um salto repentino.

Segurei minha cabeça, e me vi a segurando do ponto de vista dela. Ainda assim, lá estava ela, ocupando o mesmo espaço no meu campo de visão. Era uma sensação terrível.

De dentro da Joia, o Sétimo me ofereceu alguns conselhos.

『Lyle, limite o fluxo de informações. Acha que consegue fazer isso? Visão... você não precisa compartilhar os cinco sentidos. Por enquanto, você também não tem que dar a ela os efeitos da sua Skill.』

May abriu seus olhos arregaladamente.

— Mas que surpresa. Você realmente pode falar.

Parece que ela ouviu dessa vez. Eu intuitivamente manipulei minha própria Skill, e de algum jeito consegui controlar a inundação de informações sensoriais.

E após fazer com que eu não visse através dos olhos dela simultaneamente, sacudi minha cabeça.

O Quinto a chamou.

『Isso mesmo. Deste modo, nós somos todos capazes de falar com o Lyle. Essa voz geralmente não alcança mais ninguém, porém... parece que você percebeu.』

Diante de sua voz bondosa, May levou ambas as mãos ao peito, e começou a derramar lágrimas.

— Fredricks... desculpa, eu... não pude manter minha promessa.

Ter uma garota chorando diante dos meus olhos fez eu me sentir mal.

Em seu tom gentil, o Quinto:

『Está tudo bem! Eu também menti para você. Porque eu pensei que nunca nos veríamos de novo.』

May limpou suas lágrimas com um dedo, e respondeu com um sorriso:

— Mas com isso, conseguimos conversar mais uma vez. E isso é algo que me deixa feliz, Fredricks.

Mas o Quinto...

『… Desculpa, May. Eu já morri. O que foi deixado nesta Joia é a minha... a Skill de Fredricks Walt, junto com suas memórias e mente. Eu sou como uma imitação produzida por uma gravação.』

Parecendo declarar seu pesar, May se inquietou.

Isso deve ter sido o quão idêntica a presença do Quinto da Joia era em comparação ao verdadeiro. O suficiente para fazê-la pensar que eu o selei lá dentro.

『É minha responsabilidade a promessa não ter sido cumprida. Você não tem mais que se preocupar com isso.』

— Mas... mas!

May estendeu sua mão, e tocou a Joia pendurada em meu pescoço. E o cenário de repente passou por uma mudança.

(Essa sensação... Eu estou sendo arrastado para dentro?)

Era o estábulo que frequentemente aparecia na memória do Quinto.

Em volta estavam os vários animais que ele estava cuidando, e no centro estavam eu e a May.

— Miquel, Ângelo, e Maia... por quê? Digo, todos já deveriam estar mortos.

Surpresa, May tentou tocar os cavalos e outros animais que ela chamou. Mas sem conseguir cumprir seu propósito, suas mãos os atravessaram.

Ela olhou na direção do cômodo em que ela uma vez morou.

E de lá, uma garota de vestido correu para fora, e começou a falar com os animais.

As criaturas exclamaram em resposta, e caminharam até ela.

Um enorme cachorro se aproximou de uma pequena May, e ela pareceu deleitada enquanto ele lambia seu rosto.

— ... Zeroute.

Chamando seu nome, May olhou para baixo com uma expressão triste. Nisso, ouvi passos se aproximando.

Me virei, encontrando o Quinto na entrada do estábulo.

『... Nunca pensei que algo assim seria possível.』

Eu busquei confirmação:

— Essa é sua sala de memórias? Mas por que a May está aqui?

Ele segurou sua cabeça, e a sacudiu.

『Como se eu soubesse. Só consigo pensar que ela usou sua Skill para se conectar conosco também. Mas faz um bom tempo desde que nos encontramos assim, May.』

Debulhando-se em lágrimas, May saltou no Quinto. Ela havia mudado para sua forma qilin.

— Fredricks! Eu cresci. Eu virei uma adulta completa, eu posso até fazer meu próprio rebanho!

O Quinto abraçou o pescoço da enorme qilin, e a afagou.

『Você realmente cresceu. Entendo, então você é uma adulta agora... Fico feliz por você. Eu não pude deixar de me perguntar. Mas agora posso ter certeza. Então eu nunca te encontrei no final, não foi. Bem, fico feliz que você tenha crescido saudável.』

Enquanto ela virava sua cabeça em confusão, o Quinto explicou:

『... Nossas memórias só vão até o último momento em que seguramos a gema azul. Não há nada depois disso. Então eu não sei como tudo terminou.』

May apontou sua testa para ele, e ele começou a acariciar.

Suas ações pareciam indicar que ela não se importava com isso.

『Ei, May? Pode ouvir um pedido meu?』

— Pedido?

May fitou seu rosto.

『... Você pode dar uma mão ao Lyle?』

O Quinto me deixou aos cuidados dela.

Dentro da floresta.

Após eu recobrar a consciência, parti de volta ao vilarejo.

May havia explodido os monstros reunidos com seu relâmpago, então mal havia qualquer trabalho sobrando.

Confirmei a situação nos arredores com as Skills, e sondei a área onde os três garotos haviam fugido antes de seguir em frente.

— Aqui está. Sério, mesmo se quisessem jogar de lado, eles realmente tinham que espalhar desse jeito? É um saco de coletar.

Peguei a última moeda de prata, e a pus no saco. Havia cinquenta em total.

Ou isso é tudo, ou os garotos ainda têm o que falta.

Soltando um suspiro, me virei e olhei para a May.

Ela estava em sua forma humana.

E em seus trajes que claramente não serviam para entrar em uma floresta, ela se punha toda arrumada.

Os galhos e mato nunca manchavam ou se prendiam em suas roupas. Apesar de toda a lama no chão, seus calçados em forma de sandálias não apresentavam o menor problema.

Nesta floresta escura, ela mantinha uma expressão calma, seguindo atrás de mim.

— Você realmente planeja me seguir?

May me olha, perplexa:

— É claro. É o pedido do Fredricks afinal. Eu sempre fui salva por ele, sem uma oportunidade de pagar o favor. Bem, meu objetivo é principalmente derrotar monstros de qualquer jeito. Não há problema nenhum em trabalhar junto com um humano para isso.

Eu contei as moedas de novo, selei a bolsa, e me virei para ela.

— Hm, vir comigo basicamente significa que você estará se tornando uma aventureira, sabe?

Ela responde com olhos cansados.

— Isso realmente não importa. Entre minhas companheiras, há outras se aventurando também. Não é como se eu fosse a única curiosa por aí.

Quando me encontrei chocado por essa realidade surpreendente, ela sorriu:

— Ah, mas você não será capaz de diferenciá-las. Olha.

Ela tocou os chifres crescendo diagonalmente atrás de suas orelhas, e eles encolheram até não poderem mais ser vistos.

— Desse jeito, nossa aparência é a mesma. Há uns poucos humanos por aí que podem ver através disso com Skills, mas... se eles tentarem fazer algo, eu entrarei em contraofensiva.

Ainda surpreso, eu...

— Então dá para diferenciar com Skills.

— É passável uma quantidade surpreendentemente enorme. Na verdade, mesmo se eles puderem ver, muitos humanos fingem não poder. Apesar de haverem idiotas aqui e ali.

E o que acontece com tais idiotas é algo que eu podia entender sem perguntar.

(E se ela for descoberta, teria que fugir?)

Ninguém de baixa habilidade seria capaz de capturar uma besta sagrada. E se alguém tiver essa habilidade, isso significa que possuem habilidade o bastante de pôr comida na mesa sem ter que fazer isso.

Minha cabeça se abaixa um pouco.

— E se o Fredricks estava falando a verdade, então nós não podemos permanecer sem relevância. No seu senso de passagem do tempo, cerca de trezentos anos atrás. Na época, houve um evento que causou um enorme decaimento em nossa população. Por causa de uma única pessoa.

Agrissa...

A linhagem da minha avó, trazida de volta às suas raízes, vinha da ardilosa megera Agrissa.

Com esse sangue em suas veias, Celes estava tentando mover o país.

— Caiu tanto assim?

May afirmou não saber muito, antes de me dizer:

— Algumas de nossa raça fizeram pouco dela. Elas foram capturadas. Esplendidamente empalhadas e montadas. Os chifres e escamas viraram ferramentas humanas, e a carne foi devorada. Mesmo não tendo problemas com comida, humanos tendem a fazer bastante isso.

Era um sentimento que ela não podia entender.

— É por isso que você vai me ajudar?

May levou sua mão ao queixo, e fez uma expressão honesta enquanto me analisava da cabeça aos pés.

— Já que o Fredricks não está mais aqui, eu posso muito bem pedir ao descendente dele. Ei, quer fazer um filho comigo? Se possível dois? Mas na verdade eu queria uns cinco.

Soltei um “pff” de surpresa, e de dentro da Joia, o Quinto:

『Maaaaayy!! Você tem que se dar mais valor!! Não saia simplesmente dizendo essas coisas!』

Ele estava sendo barulhento, mas o Sexto resmungou em resposta.

『Então você trata os seus animais assim, ainda assim, conosco, era tudo “vai logo fazer um”, e “já terminou?” ... Eu realmente não consigo aceitar.』

Inclinei minha cabeça.

— Você sabe o que está dizendo? Vá pedir a um macho da sua própria espécie.

Ela deu um riso de zombaria e...

— Eu gostaria de perguntar se você sabe do que está falando. Para com a espécie da qual vocês todos se referem como bestas sagradas não há tal coisa como machos. E eu sei tudo sobre fazer bebês, pelo menos. Não é por isso que essa forma humana existe? Ah, mas... se você disse que prefere a forma qilin, até eu ficaria um pouco perturbada. Esses tipos de passatempos especiais são algo que eu não tinha ouvido até agora.

 

Vendo-a coçar seu rosto avermelhados, berrei:

— Idiota! Quem raios falou algo assim!?

— Então está tudo bem. Não~ mesmo com a longevidade e tudo mais, não é bom se nossos números decaírem demais. E parece que os monstros estão aumentando ultimamente, então o equilíbrio vai desmoronar nesse ritmo. Okay, vamos fazer isso.

Sacudi minha cabeça bem violentamente.

— Por quê? Você tem uma parceira?  Parando para pensar, tem um monte de garotas a sua volta, mas... Ah, será que você é do tipo que gosta de harém? Mas isso é estranho. Ouvi que humanos não fazem haréns muito frequentemente. Ah! Entendi!

Ela pareceu encontrar uma resposta satisfatória dentro de si.

— Fredricks tinha um harém, então vocês são uma subespécie que faz haréns. Sim, sim, sei com certeza que há humanos que fazem isso, então não tem erros!

— Isso está cheio de erros! Você realmente planeja viver na sociedade humana com esse nível de entendimento!?

Eu queria esclarecer os mal-entendidos dela...

— Mas as fêmeas em sua volta têm afeição por você, não é? Eu realmente não entendo vocês humanos. Mas vou te seguir porque quero a sua semente. Eu lhe darei poder, e você espalhará sua semente em mim. Certo, isso parece bom.

— Não, não parece! Isso está tão errado que eu não sei por onde começar... de qualquer jeito, esse tipo de coisa deve acontecer entre duas pessoas que se amam!

Nisso, vozes vieram da Joia.

Do Terceiro para cima...

『O que fazer? Não posso dizer que concordo com o senso de valores do garoto.』
『E espera, se isso é tudo que se precisa para ganhar a ajuda de uma qilin, então porque não ir pra cima?』
『Minha adorável e pequenina May está... espera, o senso de valores do Lyle não é um pouco estranho?』
『Sétimo... tem certeza que você não educou ele errado?』
『Bem, eu e a Zenoire éramos o casal perfeito. Não é surpresa o Lyle ficar com inveja disso.』

Achei a gabação própria casual do Sétimo irritante, e ouvi a vovó reclamar dele antes.

Você tem que ter cuidado para não acabar como ele, Lyle, ela diria em um tom bondoso.

(Eu não sou mais um nobre, então não tenho ligação nenhuma com casamentos políticos! E só fazer filhos... quem é que vai explicar isso para as minhas companheiras!?)

Continuei a escutar as exigências ultrajes dela enquanto prosseguia ao vilarejo.

— Okay, escuta aqui, definitivamente não mencione fazer filhos. Estou sendo sério! Especialmente não em torno da Novem.

May relembra.

— Novem? Ah, aquela com o cabelo amarrado, não é? Aquela criança é bastante estranha. Seu harém é cheio de aberrações, e especialmente aquela criança. Me pergunto o que é... Tenho a sensação de que já encontrei ela antes em algum lugar.

Do que ela estava falando? Com isso em mente, vi minhas companheiras... Novem e as outras estavam na entrada da floresta, entrando para me procurar, então as chamei.

Após retornar da floresta, fui até a casa do chefe para dar meu relatório.

Com suor pingando de sua face, ele soltou um suspiro profundo.

— Significando que um qilin não está vindo destruir nosso vilarejo?

— Sim, eu convenci ela a não fazer isso. Ela também disse que desde que o equilíbrio da floresta não seja mais danificado, ela vai encerrar com uma ameaça.

Eu não podia realmente ir tão longe ao ponto de dizer que a May era aquela qilin específica.

Os três garotos estavam atualmente trancados no depósito do vilarejo.

Parece que após retornarem, eles explicaram como enfureceram um qilin, lançando o vilarejo em caos.

E naturalmente, o chefe foi culpado.

Eu havia retornado enquanto ele pensava em uma contramedida, então era por isso que eu estava aqui.

— Essa é uma ajuda enorme. Mas como podemos fazer os aldeões entenderem isso... entre eles, há alguns idiotas pedindo para matar os três e oferecê-los à floresta por perdão.

Fazer algo assim não tinha significado absolutamente nenhum. Mesmo se ele explicasse isso, o chefe atualmente não tinha os meios de impedir os aldeões em pânico.

Virei meus olhos para o dinheiro do vilarejo na mesa.

E de dentro da Joia, veio a voz do Terceiro.

『Ah, eu acabei de pensar em algo bom.』

Isso definitivamente não seria bom, foi o que pensei, enquanto tocava a Joia para pedir a explicação.

『É a melhor resposta para tanto você e o chefe. Você precisará da ajuda da May, mas primeiro faça uma transação com o chefe.』

Talvez pensando que era algo interessante, o Sexto endossou a ideia.

『Isso parece bom. Faça a sua recompensa o relatório para a guilda sobre o seu exame.』

O Quarto também:

『Em troca de não receber o dinheiro de recompensa pelo pedido. Eu também estava pensando nisso, mas... se a situação é realmente ruim assim, tenho certeza que o chefe vai dar alguma força. Além do mais, ele até terá uma dívida conosco!』

O Quinto:

『Eu não quero envolver a May nos seus negócios ilícitos, mas... não tem jeito.』

O Sétimo:

『Há mérito para todos os envolvidos. Lyle... você está fazendo uma boa ação. O chefe será aceito pelo vilarejo, e você será avaliado como pronto para o labirinto. Felicidade para ambos os lados.』

O que exatamente está passando pela cabeça deles quando veem o chefe diante dos meus olhos desesperadamente procurando por uma solução...?

Mas eu não conseguia pensar em nada melhor para superar a situação de qualquer jeito.

— Chefe, um pouquinho do seu tempo.

— O que foi?

E assim, começou a transação com o chefe.


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