Volume 16
Capítulo 12: Os Malditos Pintinhos
— Aqueles defeitos deteriorados... não importa como se veja, cuidar dos pitinhos é meu trabalho também. Oh, tenho que trocar a fechadura do frangote antes daquelas idiotas chegarem.
... Noite.
Produzindo uma ferramenta do espaço entre sua saia e avental, Mônica cantarolava enquanto habilmente trocava a fechadura do quarto do Lyle.
Tendo reservas por conta das Valquírias de repente se agitando para cuidar dos pintinhos... os filhos de Lyle, ela agiu.
Com a troca completa, ela abriu a porta e soltou:
— Também instalei placas de ferro na porta, então não será penetrada tão facilmente. Caso entrem à força, o frangote vai acordar em choque, e o engatinhar noturno terminará em falha... tolas, todos aqueles malditos pintinhos fofos pertencerão a mim!
Após irromper em risada maníaca, ela testou a tranca e placas de ferro instaladas dentro da porta antes de fechá-la. E foi entregar a nova chave ao Lyle...
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... Grudada na parede do Castelo Rhuvenns... a Unidade Valquíria Nove.
Ela tinha visto o olhar aliviado da Mônica trocando a fechadura de fora da janela. Além de roupas negras, sua forma grudada na parede parecia a de um intruso suspeito de todos os ângulos.
— ... Cobice o quanto quiser o que lhe escapará das mãos. Pode ter especificações melhores, mas... não parece entender nossa superioridade numérica. Alguém importante do passado uma vez disse: “Guerra é sobre números, irmão.”
(NT: Essa é uma citação de Dozle Zabi, comandante das forças espaciais de Zeon durante a Guerra de Um Ano.)
Unidade Nove, em uma tentativa de trabalhar na tranca do quarto do Lyle, entrou pela janela. Mas enquanto o vidro se abria silenciosamente, e ela aterrissava no corredor, as outras Valquírias de preto também apareceram diante da porta.
Uma tinha descido do teto, outra aparecera de uma curva...
— V-vocês...!
Enquanto a Unidade Nove se levantava e entrava em posição de batalha, a Unidade Trinta e Dois pegou as ferramentas que planejava usar na tranca como arma.
— Parece que todas estamos pensando o mesmo. Mas já instiguei a Aria-san, então não posso recuar.
Levantando seus punhos, a Unidade Cinquenta e Um também não mostrava sinais de abrir mão.
— Eu poderia dizer basicamente o mesmo. De acordo com a Unidade Trinta e Quatro, ela vai colar um sistema de rotação para cuidar dos queridos pitinhos... Não posso recuar aqui!
Unidade Nove olhou para as duas, e fez uma proposta:
— Espera um minuto. Não acham que podemos trabalhar juntas? Não há razão em brigarmos entre nós aqui. Pelo bem de todas, vamos dar as mãos e...
Nisso, três Valquírias vestidas de empregadas... correram para lá.
— Não vou deixar!
— O que estão fazendo na frente do quarto de nosso mestre!?
— Intrusos. Eliminar. Mesmo se forem irmãs, são estranhas para mim no momento que colocam roupas estranhas assim. Rivais devem desaparecer.
Enquanto as três unidades diziam tais coisas extremas, as três de negro entraram em negociações.
— P-por favor, espere. Não podemos todas apenas... nos dar bem...
Nisso, a Valquíria em roupas de empregada falou:
— ... Mas que pena. Estamos no barco da Shannon. Mesmo se as outras tiverem pitinhos próprios, certamente será em um futuro distante para nós. É por isso... que determinamos que vocês estão meramente no caminho!
— Não deixarei a chance de obter um pintinho inutilmente adorável escapar!
— Um pintinho que herdará a inutilidade da Shannon-san... Acho isso simplesmente maravilhoso.
— Que cruel! Puxando a perna dos outros... E ainda estou com um pouco de raiva por estar com inveja de vocês.
As empregadas autômato que deveriam ser habilidosas estavam tendo uma conversa bastante decepcionante. Elas estavam em pose na frente da porta com várias peças de equipamentos e ferramentas de limpeza sem mover um dedo.
Assistindo elas de longe, estava o Lyle que havia terminado seu trabalho. Vendo-as de longe, ele se virou silenciosamente para seu escritório.
— Acho que vou dormir no escritório hoje. Eu até já tenho cobertores e tudo mais.
E com isso, as Valquírias diante do quarto para onde o Lyle não retornaria, continuaram a se enfrentar, mantendo suas posições até o amanhecer...
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Recentemente, sabe.
Eu não tenho voltado ao meu quarto. A Mônica me entregou uma chave nova, e havia Valquíria segurando suas armas(?) e se enfrentando na frente da porta.
Sempre que eu perguntava, elas diriam algo sobre pintinhos ou algo do tipo... ou melhor, não é estranho que já foi gravado em pedra que meus filhos seriam chamados de pintinhos? O que é isso? Isso não significa que apesar de não falarem em voz alta, todas já me reconheceram como um frangote?
Daquele dia em diante, eu comecei a dormir no escritório, ou em algum outro quarto. Às vezes, eu também dormia no escritório do general Blois. Após falar sobre trabalho, ele me deixaria dormir em seu sofá.
— Por que é que eu tenho que ficar fugindo assim?
Enquanto eu reclamava, o Terceiro ria:
『Não é fofo? Sabe, pintinhos? Ainda assim, é verdade que é um problema que você não pode ignorar. Mas neste momento, não é a melhor hora.』
A Casa Walt tinha se movido, e o interior do Castelo estava tão agitado, e ainda assim essas Valquírias não paravam de causar problemas desnecessários... aqueles núcleos estavam definitivamente as influenciando de um modo ruim. Enquanto eu pensava isso, não pude deixar de sentir a implacabilidade dos criadores que gravaram esses núcleos, os antigos.
No pátio do palácio, eu olhava para os Cavaleiros e soldados que terminavam de se preparar enquanto pensava sobre outras coisas triviais assim.
Mas o Sétimo falou seriamente:
『... Se possível, seria melhor se você tivesse pelo menos um filho. Essa guerra iminente influenciará o que está por vir. Pode-se dizer que esse é um momento crucial para resolver as coisas com Bahnseim.』
O Terceiro me alertou.
『Mas só na luta com Bahnseim. A Celes é um problema à parte, Lyle.』
Mesmo que me perguntasse sobre crianças, com o constrangimento e todos os vários que trariam, eu não podia responder. Nisso, o Sétimo falou:
『Lyle, venha para a Joia hoje à noite. Precisamos conversar um pouco. Você foi criado em um ambiente um pouco especial. Então parece que você não entende, mas... a união de sangue é algo extremamente importante.』
Eu podia entender o que ele estava tentando dizer. Agarrei a Joia para mostrar minha aprovação enquanto olhava em volta.
Estávamos prontos para marchar, e os membros principais estavam reunidos. As forças de Beim Norte e Sul tinham se juntado, e reforços da aliança tinham vindo.
Cartaffs e Djanpear não foram capazes de participar, mas ainda assim, estávamos prontos.
Vestindo minha armadura de azul e branco, eu segurava meu elmo em minha mão esquerda enquanto olhava para o céu. As nuvens esparsas voavam pelo brilhante céu azul. O frio matinal havia passado um pouco com a emergência do sol. Eu podia sentir o calor da luz do dia.
Novem veio até mim.
— Lyle-sama, estamos prontos para marchar. Algumas unidades já começaram a se mover. Precisamos nos apressar. Precisa fazer um discurso quando chegarmos.
Respondi de modo cansado enquanto a Novem falava meu cronograma.
— Eu fiz um discurso ontem mesmo. Bem, também é o meu trabalho... Novem, a Casa Forxuz também está se movendo. Você não precisa se forçar a...
Quando falei isso, Novem sacudiu sua cabeça de lado.
Tentei fazê-la recuar algumas vezes, mas parece que ela não tinha intenções de tal.
— Do momento que deixei o território de Weihs com você, cortei todos os laços com a minha Casa. Mesmo que estejam contra mim, tenho certeza que meu pai e irmão não hesitarão. É claro, eu também não hesitarei.
Com olhos que não mostravam qualquer vacilo em resolução, Novem me fitou: — Entendo — falei, e saí caminhando. Os membros principais em volta seguiram atrás de mim.
— ... Enfrentar a família realmente é doloroso.
Pensei ter murmurado isso de modo que ninguém pudesse ouvir, mas parece que a Novem tinha captado. E as palavras com as quais respondeu, foram...
— Tenho certeza que será capaz de superar isso, Lyle-sama. Por favor, tenha mais confiança em si.
Talvez eu devesse chamar de palavras bem com a cara da Novem. É isso o que elas são.
A Casa Forxuz que portava suas memórias e servia os Walts. A tribo que carregava o poder de Novem, aquela chamada de deusa maligna.
Havia muito a se pensar, mas antes disso... eu precisava me concentrar no meu pai, Maizel Walt.
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Noite.
Deitado no compartimento de carga do Portador, eu enviei minha consciência para a Joia.
Eu tinha sido chamado lá pelo Sétimo, e de algum modo podia entender a razão de ter me chamado. Se ele quisesse conversar, eu só precisava encontrar um lugar para poder falar sozinho com ele.
Não sendo esse o caso, havia algo que ele queria que eu visse... Isso significava que havia chegado a hora dele me mostrar sua memória.
O Sétimo aguardava do outro lado da mesa, o Terceiro não estava por perto.
— Cadê o Terceiro?
『Deixou seu assento. Provavelmente achou que não era necessário nos observar. Afinal, a memória que vou lhe mostrar é... é mais fácil apenas mostrar.』
Dizendo isso, segui o Sétimo enquanto caminhava ao seu quarto, e o segui até seu quarto de memórias.
Ali, a cena que vi foi do Sétimo em seus dias jovens.
O jovem Sétimo... Brod Walt estava em lágrimas.
『... Titia.』
Era a sala de estar da mansão da Casa Walt. Parada perto da porta, uma extravagante carruagem, e uma carroça para bagagens. A carroça também estava coberta por um toldo. Além do mais, havia Cavaleiros acompanhando os cavalos.
Parecia que a carroça tinha algo de valor dentro, e o Chefe de Sexta Geração, Fiennes, e até a Quinta Geração, Fredricks, tinham vindo.
Fiennes afagou a cabeça de Brod.
『Não fique tão triste. Para a Milleia, essa oferta é sua última chance. Seria lamentável ela ficar sozinha para sempre, merda.』
Olhei para o Sétimo ao meu lado.
— O Sexto não parece meio rude?
O Sétimo assentiu:
『Você está certo. Bem, ele é do tipo de pessoa que pode falar essas coisas e ser perdoado.』
A Milleia-san riu. O Quinto, Fredricks, tinha se distanciado um pouco, sem tentar se intrometer na conversa.
『Irmão, você faz parecer que eu sou uma velhota que perdeu sua chance de se casar. Bem, não vou dizer que está errado. Eu entendo que essa é minha chance final. Pois bem, Brod-kun, estou partindo.』
Milleia-san se abaixou para ficar na altura dos olhos de Brod, seus olhos dourados fitando o garoto.
『Você vai achar alguém. Alguém melhor que eu... e tenha certeza de evitar pessoas distorcidas como eu. Você é um menino sério, Brod-kun.』
Enquanto dava uma leve risada, Fiennes se aproximou pelos lados.
『Qual o problema? Do que vocês estão sussurrando?』
Quando Fiennes lançou um sorriso, a Milleia-san sorriu de volta e disse: “Não é nada”. Que apropriado dela, eu acho.
E sem olhar para o rosto do Sétimo, eu...
— ... Será que seu primeiro amor foi...
『Provavelmente minha tia. Embora eu não entendesse naquela idade. Quando eu estava na mansão, ela era uma colega de conversa. O pai estava sempre ocupado, mas além disso, a única que sempre entendeu meus problemas foi a titia.』
O cenário em volta ficou cinza, e quando desapareceu, uma cena diferente tomou o seu lugar. Nela, a Milleia-san e Brod estavam fazendo algo no quintal.
Tendo preparado algo como inimigo, Milleia-san estava segurando uma arma de fogo que podia atirar apenas uma bala.
Recuperando sua cor, a cena lentamente começou a se mover.
『É doloroso ser comparado ao meu irmão? Aquilo é só fachada. Tenho certeza que meu irmão só está forçando a Alabarda pra você porque está doido para ensinar. Duvido que esteja pensando ao ponto de fazer você superá-lo, ou algo do tipo.』
De cabeça baixa, Brod levantou um pouco seu rosto, e olhou para a arma de defesa pessoal da Milleia-san.
『... Mesmo que meu pai se sinta assim, não é assim que os outros vão pensar. Hm, pode me ensinar como usar uma arma de fogo?』
Milleia-san pareceu um pouco surpresa, tentando dizer algo. Mas parou, sacudiu sua cabeça, e deu um sorriso para Brod.
『Bem, não há nada a se perder em aprender algo novo, então vou te ensinar. Quando chegar no meu nível pode até fazer algo assim.』
Dizendo isso, ela se posicionou sem sequer olhar para o alvo, e descarregou uma bala bem em seu centro. Do outro lado, a bala se embutiu na parede.
『É-é isso. Se eu tiver isso, vou poder ser grande como o meu pai!』
Milleia-san ofereceu um sorriso perturbado em resposta à alegria de Brod.
『Não acho que você precise se focar tanto nisso. Até mesmo meu irmão não é um chefe perfeito, afinal. Acho que é melhor você tentar ser o tipo de chefe da Casa Walt que combine com você.』
Mas mesmo ouvindo suas palavras, Brod deu um olhar cabisbaixo.
『... Estou estudando bastante. Também treinei muito. Mas todo mundo em volta só fica falando sobre o quão incrível meu pai era. Eu sei que ele é incrível. Tenho orgulho dele como meu pai. Mas não sou tão forte quanto ele.』
Milleia-san o consolou.
『A geração passada, Fredricks, era pequeno, mas mesmo assim, ele usou seu próprio modo para...』
『Mas ele ainda era forte! Todo mundo fala que o papai e o vovô eram incríveis! Geração após geração, a Casa Walt... sempre foi de uma linhagem forte. Mas eu... eu...』
Olhei para o Sétimo. Nisso, ele pareceu um pouco constrangido.
『Na época, não importava o que eu fizesse, eu só conseguia ver as costas do meu pai e avô... do Sexto e do Quinto. Eu pensava neles como uma enorme muralha que eu nunca conseguiria superar. Digo, todo mundo em volta só ficava louvando eles aos céus. E também. A Casa Walt continuava a crescer. Eu podia sentir isso pesando sobre mim.』
Tive a sensação de entendê-lo um pouco. Era o mesmo com o meu pai, Maizel. Ele perseguiu o que significava ser um nobre.
Parando para pensar agora, ele havia perseguido demais. Diferente de mim, que entrou em contato com as memórias do Primeiro ao Sétimo, e tinha chegado a uma conclusão com isso.
Tendo crescido com os boatos embelezados de seus ancestrais, o Sétimo se encontrava no meio de uma enorme pressão.
『Foi ficando mais pesado a cada geração. Nós deixaríamos histórias para a seguinte. E como eles vão falar de nós? As obrigações e responsabilidades ficavam mais pesadas quanto mais a Casa crescia. Quanto mais meu pai ganhava, mais a fama da Casa Walt crescia. Mas e eu? Frequentemente me encontrei pensando isso.』
Enquanto eu escutava seriamente, o Sétimo pigarreou propositalmente.
『De qualquer modo, é isso. Se estiver se perguntando o que quero dizer... Eu quero ver o rosto do meu bisneto.』
Após abrir minha boca e fitar pasmo por um tempo...
— Eh? Isso? Mas como é que isso tem relação com a história? Ou melhor, do que é que você está falando?
Quando o fitei fixamente, o Sétimo tentou justificar. Com gestos de mão.
『Não, quero dizer, sabe!? Isso e aquilo acontecem quando as gerações se acumulam, mas não é tudo ruim. E também. Se você não tiver filhos, a Casa cairá em ruína.』
Ele tem um ponto. Mas quando a conversa estava tão séria, quem pensaria que viraria isso?
Nisso, o Sétimo murmurou:
『... Lyle, se enfrentar o Maizel, existe uma chance de um de vocês morrer. Não, tenho certeza que um de vocês irá. E Maizel é o garoto da Zenoire. Assim como você era talentoso, o Maizel também era. Então originalmente, eu só estava pensando que seria melhor você deixar um filho antes de partir para a batalha.』
Falei para o Sétimo.
— Se perdermos, tudo estará perdido de qualquer jeito.
『Mesmo assim. Existe um enorme problema. Mas se você não tiver filho nenhum, não terá ninguém para seguir em frente. Não importa o quanto cresça seus feitos, se não houver ninguém para suceder, será apenas uma marca na história. Serei direto. Esposas legais, facções, todos esses problemas ainda são melhores do que não ter filho nenhum.』
Enquanto eu me encontrava incapaz de responder, ele prosseguiu:
『... Meus sentimentos honestos são esses: eu não quero ver você e o Maizel lutando. Mas não existe mais volta.』
Parece que minha luta com meu pai trouxe um senso de crise para o Sétimo. Disso, eu pude antecipar que meu pai era definitivamente forte. Forte o bastante para o Sétimo duvidar da minha vitória...
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