Volume 16
Capítulo 10: Sem Problema
... A sala dada ao Rauno no castelo de Rhuvenns.
【Rauno Bandelphia】 sentava-se no sofá, removendo seu casaco e o jogando nas costas do sofá, e afrouxando o colarinho de sua camisa. Ele tinha sido reconhecido oficialmente como um Cavaleiro, mas é verdade que havia algo nisso que ele não podia aceitar.
— Maldição!
A parte mais irritante era como ele havia auxiliado em apreender aqueles se movendo de forma suspeita no Castelo Rhuvenns. A ajuda em si estava tudo bem. Porém, saber que seria usada assim fazia disso uma história diferente. Innis que estava na sala, estava de cabeça baixa perto da parede.
Cobrindo seu rosto com as duas mãos, Rauno a chamou do sofá.
— ... Por que agiu por conta própria? É verdade que tenho um apego restante à Cavalaria. Mas agora que eles sabem da sua Skill, irão definitivamente...
Portando a Skill 【Informação】 que a deixava realizar previsões do futuro, ela tinha algo em demanda não só por aqueles com autoridade. E com base nas informações que tivesse, era realmente capaz de dizer o futuro nos mínimos detalhes, por isso Rauno havia escondido sua Skill.
Innis abaixou os olhos.
— E-eu sei. Mas também era meu sonho ver você se tornar um Cavaleiro.
Ouvindo isso, foi difícil para o Rauno refutar. Pois ele havia contado para Innis sobre seus apegos restantes a ser um Cavaleiro no meio de sua reclamações. Ele tinha feito isso porque mesmo se não a contasse, ela seria capaz de descobrir com as informações que tivesse em mãos.
Rauno se preocupava com ela.
— Em palácios, castelos e lugares assim, quando os conflitos de poder se intensificam, as pessoas mudam. Você acha que daqui a dez anos eles serão os mesmos que hoje? Eles definitivamente avançarão. A Miranda é assim. Como cliente, ela paga bem. Apesar de oferecer trabalhos de alta dificuldade, ela paga o bastante por eles. Individualmente, ela é uma boa pessoa. Mas... definitivamente põe as mãos em negócios sujos. E essa é só a sabemos. Quando se pensa no futuro...
A previsão de Rauno estava em cheio. Se o Lyle derrubasse Bahnseim, seria a introdução de uma era do seu governo. Dali, problemas de sucessão viriam, e o que aguardava era um conflito de poder entre as mulheres.
Se Innis solicitou a ajuda de Novem, então o Rauno estava do lado da Novem. Não importava como se visse, significaria que Rauno tinha o suporte da Novem.
E isso significa que seriam arrastados para conflitos de poder e guerras de facção. Innis soava apologética.
— Mesmo assim, ela é alguém que honra suas promessas. E não é alguém que tomaria iniciativa para começar uma guerra...
— Não é tão simples! O mundo não é tão ingênuo ao ponto em que se você não fizer nada, não será arrastado para uma guerra!
Apesar dele não mostrar isso em seu rosto, Rauno, que havia testemunhado pessoalmente conflitos de poder, sentia-se terrível. E ele sabia que Novem era uma mulher que age quando chega a hora.
Com isso em mente, quando chegasse a hora, quem solicitaria seus serviços? Era um cálculo elementar.
— É verdade que ela não agirá por iniciativa própria. Mas você sabe o que neste último caso, não é? No momento em que o Conde reuniu aliados, ela imediatamente ordenou que fossem descartados. Ao invés de usá-los, ela pensou no futuro, e os eliminou. Sem consultar o Lyle, ainda. Ela é desse tipo de pessoa. Se aqueles em sua volta começarem a agir, ela usará quaisquer que sejam os meios.
Após dizer, Rauno parou suas palavras. E se virou para Innis.
— ... Desculpa. Você deu o seu melhor por mim. Mas por favor, não faça esse tipo de coisa de novo. Sua Skill é perigosa demais. E o Lyle já fez uso dela, não é?
Innis fez uma expressão sutil enquanto assentia.
— S-sim. Duas vezes.
— ... Duas vezes, huh. Que tipo de coisas ele te fez prever?
Em resposta às palavras de Rauno, Innis primeiro disse algo decente. Mas depois disso...
— Sobre quando Bahnseim atacaria, e... como ele pode evitar o pandemônio matrimonial futuro.
Rauno levantou seu rosto, fazendo uma expressão sutil própria.
— ... Bahnseim é um problema, mas o pandemônio também é algo sério. Se já chegou a isso, os conflitos faccionais e de poder já estão a caminho!
Rauno agarrou sua cabeça...
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... Beim Sul.
A Guilda na entrada do Labirinto estava um pouco mais organizada que antes.
Aventureiros novatos começavam a sair, e como o grupo de primeira classe havia movido seu lar de volta para Beim Norte, o grupo aventureiro de Erhart havia se tornado o maior grupo aventureiro de Beim Sul.
Seus números tinham dobrado em comparação a antes, e incluindo novos recrutas, eles agora tinham chegado a quase quinze. Mostrando seu rosto no balcão da Guilda, Erhart foi até a mesa da recepcionista Rühe. É claro, essa era a única mesa de recepção, então não havia outra para ir.
— Ah, Erhart-san!
Virando-se para Rühe enquanto ela acenava com a mão, Erhart acenou de volta embaraçado. Olhando em volta, os aventureiros novatos o encaravam. Como Rühe era o tipo fofo de recepcionista, ela naturalmente tinha alta popularidade entre os aventureiros.
Ela antes havia sido encarregada da educação de novatos da Filial Leste de Beim, e estava acostumada ao seu trabalho a esse ponto. Ela lidava habilidosamente com os aventureiros, e era a admiração dos novos recrutas.
— O-oi. Desculpa, mas posso confirmar algumas coisas? Entrar no Labirinto é bom e tudo mais, mas já está na hora de pedidos de fora aparecerem.
Como Erhart não era particularmente especializado em coletar pedras mágicas e materiais no Labirinto, ele queria se voltar para os pedidos dos arredores de Beim Sul e seus vilarejos circunjacentes.
Pois apesar de inexperientes, o grupo de Erhart era o grupo número um em Beim Sul.
E a Guilda de Beim Sul e os mercadores, e o alto escalão, também estavam solicitando assertivamente que ele fizesse isso também. Significando que essas ordens tinham vindo do Lyle. Erhart não tinha sido solicitado por nome, mas havia apenas recrutas novos em volta, no final, o grupo do Erhart teve que ser aquele atendendo os pedidos.
Coçando sua cabeça, ele ignorava os olhares em volta enquanto falava com Rühe. Mas ainda podia ouvi-los. Era uma Guilda pequena em comparação a de Beim. Era natural que os sons chegassem.
— Qual é a daquele babaca de regata?
— Ele é o aventureiro número um em Beim Sul... porque não há mais ninguém melhor.
— Vou ultrapassá-lo rapidinho, e então a Rühe-chan vai...
Ouvindo essas vozes, por alguma razão Erhart sentiu-se embaraçado.
(... Maldito Lyle, ele ficou me vendo estourar com aquele olhar morno. Então foi por isso. Aquele cara definitivamente tem uma personalidade terrível.)
Tendo se acalmado um pouco e conseguido olhar para o que estava em sua volta, Erhart recordou seu eu passado e se sentiu envergonhado.
— Para pedidos de fora, temos a limpeza de antes da manutenção da estrada. Durante o trabalho em si, terão soldados e guardas, mas fizeram um pedido à Guilda para limpar os monstros da área primeiro. Mas estou um pouco ansiosa em deixar isso para os outros grupos.
Pelo conteúdo do pedido, em meio a Beim Sul lotada de novatos, o grupo do Erhart era basicamente o único capaz de realizá-lo. Erhart assentiu.
— Recebemos alguns novatos e estamos os treinando, mas levará algum tempo até começarem a entrar em forma. Mesmo se os colocarmos em biscates, eles vão ficar moles sem ninguém para ficar de olho, então levará algum tempo até que possam ficar sozinhos. E espera, eu mesmo mal sou mais que um novato.
Nisso, Rühe começou a elogiá-lo desesperadamente.
— Do que você está falando!? Quando os especialistas em Labirinto de primeira-classe estavam aqui, você se voluntariou para os biscates, e ensinou várias coisas para todo mundo, não foi? Acho que alguém capaz de fazer isso é... i-incrível.
Vendo o rosto de Rühe se avermelhar um pouco, Erhart pôde apenas dizer: — C-certo.
(… Mas por quê? Por que as mulheres estão me notando agora? Elas costumavam fugir mesmo se eu tentasse me aproximar.)
Cheio de conflito, Erhart soltou um suspiro enquanto recebia o documento e conferia seu conteúdo. Quantos levar, quem levar junto, e quem deve deixar descansar. Enquanto ponderava várias coisas, uma voz o chamou por trás.
Um grupo por volta da mesma idade que Erhart. Aventureiros recém-recrutados que tinham formado um grupo, com uma atitude confiante.
— Ei, Rühe-chan, poderia nos dar esse pedido? Acredito que já chegamos no ponto de sermos capazes o bastante para cumpri-lo. Se ficarmos presos com limpezas e biscates para sempre, ficaremos estressados, ou melhor...
Ele queria tomar o pedido que estava indo para Erhart. Mas Rühe deu uma resposta séria.
— Por favor, diga uma coisa dessas depois que conseguirem pelo menos uma avaliação 【C】 em um pedido de biscate. E o seu equipamento não é adequado para o pedido. Precisa pelo menos ter o mínimo de equipamento antes de entrar em batalha.
Enquanto os aventureiros novatos ficavam vexados, olhos se concentraram sobre Erhart.
— M-mas olha só como esse cara tá vestido, e o grupo dele...
Ele começou a reclamar sobre Erhart, mas enquanto aqueles em volta observavam, a avaliação dos novos aventureiros apenas caía. Independentemente de como queriam mostrar seus pontos positivos para Rühe, vendo-os agirem de modo tão infrutífero deixou Erhart tão envergonhado que sentiu que seu rosto irromperia em chamas.
Foi naquele momento. Em preocupação com Erhart que ainda havia de retornar, alguém de seu grupo entrou na guilda.
... Uma aventureira.
— Erhart, já terminou de ver os pedidos? Então vem fazer compras comigo? Lembra que abriu uma loja nova no caminho. Eu quero dar uma olhada.
Uma aventureira que antes tinha sido fascinada através da Skill de um aventureiro de Cartaffs chamado Larc. Com o surgimento dessa talentosa e bela mulher, Rühe a encarou cheia de ciúmes.
— O Erhart-san está no meio da conferência do pedido. Se vai fazer compras, por que não vai sozinha? Interferindo com o trabalho do seu líder, o que isso faz de você como aventureira?
Diante das palavras espinhosas de Rühe, o coração de Erhart começou a acelerar. Os novatos também ficaram perturbados.
A aventureira falou:
— Não estou tentando atrapalhar. Se ele está no meio disso, então vou apenas esperar. Não está tudo bem? E essa é uma questão interna do grupo, então não quero uma recepcionista se enfiando.
Erhart pensou:
(Merda, por que eles não seguraram ela? Deveriam saber que eu estava indo pra Guilda.)
“Eles” eram os jovens do mesmo vilarejo que ele, que o acompanhavam em suas aventuras desde seus primeiros dias. Eles tinham ido para Beim com Erhart, e causaram problemas com o Lyle após se tornarem aventureiros. Erhart havia dito aos seus colegas para manter as aventureiras longe.
Mas o resultado era como se podia ver, uma disputa tinha começado na Guilda.
— Para início de conversa, o Erhart-san é o aventureiro número um em Beim Sul. Por causa disso, ele precisa se concentrar no próprio trabalho. Já que vocês são tão habilidosas, por que não tentam fazer um grupo novo ou algo do tipo, e aceitam alguns pedidos?
A aventureira falou em resposta às palavras de Rühe:
— Eu causei alguns problemas em Cartaffs. O Erhart foi encarregado de ficar de olho em mim, e considerando os interesses do grupo, é impensável dividir nossas forças. É por isso que falam que recepcionistas só conseguem ver o próprio lado. Nós já temos alguns problemas próprios. O bastante ao ponto de que até queremos mais mãos.
Nessa Guilda agitada, Marianne desceu com um pacote de papéis nas mãos, das escadas no fundo da Guilda.
— Oh, outra briga. Rühe, pode parar sua briguinha aí? Se não trabalhar na mesa de recepção, causará problemas aos nossos caros aventureiros.
Marianne advertiu Rühe. Nisso, Erhart constrangidamente olhou para Marianne, esfregando seu cabelo enquanto, ainda constrangido, oferecia seus cumprimentos.
— Há quanto tempo.
— ... Sim, já faz um tempo. Erhart-kun. Ouvi que está trabalhando duro. Estou feliz por você.
Ela sorria enquanto respondia, mas havia uma atmosfera peculiar entre os dois. Vendo isso, Rühe estufou suas bochechas, enquanto a aventureira pressionou seu peito nas costas do Erhart enquanto falava.
— Ei, confere logo o pedido.
— J-já vou! Então se afasta das minhas costas.
Erhart apressadamente virou seus olhos de volta aos papéis. Os aventureiros novatos ficaram assistindo boquiabertos.
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... Dentro do Castelo Rhuvenns.
Saltitando, Shannon tentava pegar o pudim que eu mantinha fora de seu alcance.
— Ei, devolve! Esse pudim é meu!
— Nem vem! Não importa como se veja, esse é meu. E espera aí, você já comeu dois, não foi! Os pratos vazios são prova o bastante!
Quando deixei o escritório e fui ao refeitório que não era de uso geral, encontrei a Shannon comendo. Comendo o pudim deixado na mesa.
Havia apenas um pudim sobrando... não importava como se visse, era o meu pudim.
— Você é um homem, então mostra algum autocontrole! E falaram que eu podia comer tudo que sobrasse!
— E eu estou bem aqui, então não vai ser uma sobra. Até eu gosto de doces. Ou melhor, você já comeu dois, então por que não mostra você um pouco de autocontrole!? Não, de moderação!
Percebendo que não conseguia roubá-lo com sua altura, ela agarrou minhas roupas e começou a me sacudir.
— O pudim de hoje foi especialmente bom! Ultimamente eu não consegui comer sobremesa nenhuma, tá!
— Isso porque você não para de cometer erros no trabalho. Os erros são seus! A culpa é sua por dormir no trabalho!
O refeitório... mesmo sendo chamado assim, nosso refeitório podia ser usado apenas por uns poucos seletos. Apenas por mim e aqueles ligados a mim. Por causa disso, não havia ninguém em volta além de mim e da Shannon. Então nós podíamos gritar tanto quanto quiséssemos.
— Mesquinho! Lyle mesquinho!
— Gananciosa! Shannon Gananciosa!
Acho que o estresse do trabalho apertou algum botão estranho em mim. Enquanto fazíamos barulho, a porta da sala se abriu. O refeitório tinha sido preparado para quatro. Uma pessoa provavelmente era a Lianne, mas eu não sabia quem eram os outros.
No momento que minha atenção foi tomada, Shannon puxou meu braço para baixo, fazendo o pudim voar no ar quando tentei levantá-lo de novo.
O pudim seguiu sua trajetória rumo ao rosto da mulher ruiva... Aria. A cena se desenrolou para mim como se fosse em câmera lenta.
O pudim se desfez, se grudando e esparramando pelo rosto da Aria antes de cair mole no chão. Aria ficou em silêncio por um tempo, mas...
— ... Você já sabe o que eu quero dizer, não é?
Eu, imediatamente:
— N-não! Isso foi a Shannon!
Shannon sacudiu sua cabeça violentamente em negação.
— Errado. Foi o Lyle!
Lambendo o pudim grudado eu seu rosto, os olhos da Aria se cerraram gradualmente... olhando para mesa, ela notou que não havia pudim sobrando.
— Cadê o meu pudiiiiiiiiiiim!!?
— Descuuuuuuuuuuuuullllpaaa!
Dizendo isso, Shannon correu para fora da sala, e um pouco atrasado, eu também pulei para fora de lá.
— Ei, não vem com essa! Por que você tá fugindo sozinha!? Isso é tudo culpa sua, tá ouvindo!
Alcançando a Shannon, que só era rápida quando se tratava de coisas assim, enquanto fugíamos pelo corredor, um borrão vermelho de alguma coisa passou pelo espaço entre nós e se manifestou na nossa frente.
Shannon parou.
— I-injustiça! Usar Skill é injustiça!
Aria olhou para Shannon.
— Olha quem fala! Ouvi que você usou sua Skill pra mexer bastante com a Miranda. Tanto faz, quem foi que roubou minha alegria?
Quando a Aria estalou dos dedos na mão, eu apontei para a Shannon.
— V-você me vendeu, Lyle!
— Não, foi você quem comeu. E ainda comeu dois, não foi? Isso definitivamente é culpa sua. Deixou a pobre da Aria com raiva.
Enquanto eu dizia isso aos risos, Aria colocou uma mão nos meu ombro.
— Então o Lyle terá que pagar por me acertar com seu pudim. — Eu vi aquilo.
... É, eu sabia que daria nisso. Foi por isso que fugi.
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