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Intervalo: O Último Dia do Império
Mônica gravava a visão da capital ardente em seus olhos.
Do teto do palácio, ela observava a cena.
— Quinhentos anos... persistimos por quinhentos anos, Lyle-sama.
Quinhentos anos. Mônica havia observado o império por todo o tempo. Ela estava olhando para a capital Imperial. A capital havia continuado a expandir, tornando-se uma metrópole que sustentava uma população de três milhões, mas agora estava envolta em um mar de chamas, com fumaça negra subindo por todos os lados.
Enquanto as outras Valquírias tinham aplicado mudanças aos seus corpos com o avanço das tecnologias, apenas a Mônica, por estes quinhentos anos... nunca pusera os pés para fora da capital.
E o que ela testemunhou no final foi a visão daqueles que carregavam o sangue do Lyle atacando a cidade. Entre os atacantes, ela podia confirmar as formas das Valquírias.
— Em pensar que eles nos invadiriam a tal ponto em busca da Joia. Ter memórias ardendo é algo melancólico, até mesmo para uma autômato. Mesmo com os registros permanecendo no meu banco de dados.
A torre do relógio lentamente inclinou-se antes de desmoronar em pedaços. A queda do sino no topo da torre soltou um estrondo terrível.
Dentro de sua mão, Mônica agarrava a Joia.
— ... Mas que pena. De maneira alguma eu poderia aceitar qualquer pessoa que faria uma coisa dessas como sucessor do Lyle-sama. A Joia permanecerá aos cuidados desta Mônica.
Pulando do teto, ela correu pelo ruidoso castelo.
Nesse decadente castelo, os generais que tinham comprado suas posições com dinheiro berravam com seus homens.
Os oficiais tentavam fugir, e entre eles havia até mesmo alguns tentando levar itens preciosos do castelo consigo.
Quinhentos anos. A Mônica tinha visto tudo.
Ela tinha testemunhado tudo. Ela sempre esteve operando como uma das empregadas do castelo, e sequer se aproximara do palácio interno.
As Valquírias também tinham se distanciado do palácio interno.
O portão se abrira tão facilmente que talvez houvesse um conspirador no castelo. Aqueles aguardando do lado de fora debandaram para dentro, e causavam caos em meio às paredes do palácio.
Em seu meio talvez houvesse pessoas poderosas, já que os Cavaleiros do castelo sequer serviram para ganhar tempo. Mesmo havendo aqueles capazes de lutar, eles eram isolados, cercados, e fatiados.
— Eles realmente estudaram direito.
Mônica corria pelas estruturas caóticas, apenas para encontrar alguns cavaleiros inimigos diante de si.
— Empregada! Fique onde está!
— Se resistir, não terei outra escolha senão matá-la!
Dois Cavaleiros bem treinados.
Com um sorriso destemido em seu rosto, Mônica agarrou e os jogou para longe. Embora os soldados aliados estivessem surpresos, eles fielmente abaixaram suas cabeças e correram para lutar outra batalha.
— Eles não puseram as mãos em uma empregada inocente. São bons Cavaleiros. Então não tirei suas vidas.
Se eles tivessem-na atacado sem questionar, mesmo se ela não fosse ao ponto de tomar suas vidas, ela pelo menos lhes daria graves ferimentos. Mônica prosseguiu pelos corredores secretos com os quais tinha se acostumado, indo até a sala do trono encontrando as formas em pânico do alto-escalão.
E Vossa Alteza Imperial... O Descendente de Lyle estava colocado no trono onde o Lyle uma vez se sentou. Estar colocado era o termo correto.
Seus olhos estavam vazios.
Apesar do caos ocorrendo no exterior, ele não mostrava reação. Mas havia um primeiro-ministro por perto, e o ministro berrava ordens, ignorando completamente o imperador. Quando a Mônica se aproximou do trono, o primeiro ministro notou. Era um homem que havia obtido sua posição com dinheiro e autoridade.
— P-por que há uma empregada em um lugar destes!? Para trás, estás cometendo um ato de desrespeito!
Mônica cerrou seus olhos.
— São vocês sendo desrespeitosos! Puxa vida, é preciso uma mente e tanto para elaborar essas artimanhas. Mesmo que o imperador seja apenas uma parte do sistema de governo, fazer uma coisa dessas...
Ele antes tinha sido uma criança sábia. Mônica tinha confirmado isso de longe. Mas quando teve um sucessor, ele foi incapacitado com drogas, e até alimentado com veneno.
De sua boca semiaberta, um pequeno “aah” saía, enquanto ele tentava dizer algo. Esse tipo de coisa já estava acontecendo por algumas gerações. Tinha continuado por meio século. O alto escalão em volta, e o primeiro-ministro junto com aqueles que cuidavam dele, tinham transformado o imperador em nada mais que um enfeite.
Por conta disso, as mudanças de geração durante esse meio século aconteciam excepcionalmente rápido.
Mônica estapeou os guardas do palácio para longe e chegou na frente de vossa alteza imperial. E ajoelhando-se, ela curvou profundamente sua cabeça.
— Minhas mais profundas desculpas, vossa majestade... Pelo imperador fundador, Lyle, esta Mônica... Mas pelo menos no final...
Dizendo isso, Mônica chutou para longe o primeiro-ministro que havia puxado sua espada para se aproximar. O ministro que caiu escada abaixo quebrou alguns ossos, mas parecia estar vivo.
E a Mônica, silenciosamente, cortou o pescoço do atual imperador. Quando o sangue espirrou, ela deixou que banhasse seu corpo.
O imperador de olhos vazios estendeu uma mão para Mônica. Mônica agarrou essa mão com força.
— Is... —
Com um rosto de liberação em seu fim, o imperador fechou seus olhos. Mônica virou um olhar para secretamente trocada Joia Azul falsa na frente de seus olhos.
Então, o portão do saguão de audiências foi quebrado.
Lá, a figura de quatro Valquírias lideradas pelo Príncipe da Coroa de Cartaffs.
— Vossa Majestade. O Príncipe da Coroa de Cartaffs, Zerg, veio salvá-lo. Para punir os parasitas se aninhando no império, e... mulher, foi você quem o matou?
Vendo a figura ensanguentada do imperador que Mônica abraçava, Zerg parou de avançar. Os cavaleiros e soldados entravam um após o outro em correria no saguão.
Mas Zerg, que observava Mônica, estava perfeitamente calmo. As pessoas furiosas eram as Valquírias em volta dele.
— Mônica... você traiu!
— Não só você nos manteve longe, até mesmo vossa majestade... Como suspeitamos, você estava quebrada, afinal.
— Iremos destruí-la com as nossas próprias mãos!
Armaduras azuis, e prendedores de asas brancas. No período de quinhentos anos, as Valquírias tinham ficado mais poderosas. Contra elas, a Mônica estava em desvantagem sozinha.
— Seria ruim eu ser destruída aqui.
Mônica sentou o imperador no trono, ofereceu uma mesura asseada e correu dali. Ela conhecia mais o castelo do que qualquer Valquíria. Pois este tinha sido remodelado pouco a pouco.
Sem nada para fazer além de seu trabalho regular, ou ela mexia com modificações no Portador, ou no palácio... era essa a vida que Mônica levava.
Enquanto corria, ela se dirigiu de imediato ao palácio interno. O exército da aliança que tinha invadido o castelo já havia alcançado e posto as mãos nas mulheres e crianças do palácio.
— Matem-nos! A linhagem legítima é apenas a de Faunbeux!
— Erradique o sangue da Casa Walt!
— São as ordens do Zerg-sama. Façam-no!
Sem nenhuma valquíria em volta, os Cavaleiros e soldados podiam fazer o que quisessem. Mônica apressadamente correu para a maior mansão, e viu o cavaleiro que havia cortado a imperatriz.
A mulher que tinha tentado proteger seu jovem filho caiu, não havia um único guarda em volta dela.
— Me desculpe. Não me odeie, moleque.
Quando o Cavaleiro representante tentou matar a criança, Mônica pegou uma metralhadora de seu avental.
— Como imaginei, você não tinha intenção nenhuma de salvá-lo. Infelizmente, não deixarei que tome mais nada.
Depois de matar todos, Mônica instantaneamente abraçou o jovem garoto e foi para a passagem secreta que levava para fora do castelo.
Todos os caminhos secretos que ela havia feito em tempos antigos tinham se provado úteis.
Escapando do castelo, a um longo caminho da capital, Mônica chegou em um ponto de onde podia olhar a cidade.
Com o garotinho em seus braços, ela observava a capital. A cidade ardia, e a reconstrução certamente seria extremamente difícil.
— Mesmo depois dele despejar todo o seu sangue do peito nela, levou apenas alguns dias para virar cinzas. Mas enquanto seu sangue viver...
A criança era jovem demais para saber o que tinha acontecido. Mas ainda chorava lágrimas de tristeza. Mônica o acalmava enquanto abria a boca.
— Lyle-sama, esta Mônica... cumpriu sua promessa. Então algum dia... mesmo que seja só uma vez. Só mais uma vez, me deixe ouvir sua voz.
Mônica agarrou a Joia em suas mãos. A verdadeira Joia que ela tinha recebido do Lyle todos aqueles muitos anos atrás.
Chefe de Quinta Geração (;゜д゜): — Mas o que é isso, isso não foi nada animador. Além do mais, isso foi pesado. Que infernos... Não consigo sorrir.