Segunda Terra Brasileira

Autor(a): Dimas Tocchio Neto


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 5: Planeta Serafim

Em 10 de janeiro de 2052, finalmente alcançamos a órbita do planeta Serafim. Assim que chegamos, fui despertado por Diego, que programou sua câmara para se desativar automaticamente e, em seguida, acordar o resto da tripulação.

Ao observar o planeta de cima, é impossível não se impressionar com sua beleza. Embora apresente semelhanças com a Terra, há algo que se destaca até mesmo a partir da órbita: suas árvores são gigantescas, algumas com até 5 km de altura e uma largura proporcionalmente impressionante.

Enxergo imponentes cidades brilhantes como ouro, que se destacam no horizonte. Algumas dessas construções são tão imensas quanto as árvores gigantes deste planeta, o que me faz pensar que podemos estar lidando com uma civilização tecnologicamente avançada, equiparável ou até superior à nossa.

Há oito grandes cidades em Serafim, cada uma situada em um dos cantos do planeta. O mundo se assemelha a ter oito continentes separados por um vasto oceano azul. Nas proximidades dessas grandes cidades, avistam-se pequenas luzes que suponho serem de vilarejos ou cidades menores.

Mas algo que chamou muito a minha atenção, foram as florestas desse mundo. Elas parecem intocadas, mesmo com uma civilização tão avançada. Como isso é possível? É impressionante ver que a fauna e flora foram preservadas.

Após uma análise cuidadosa do terreno, optamos por pousar na costa, próxima à maior cidade que pudemos avistar. Estamos situados em uma área litorânea com uma densa floresta que se estende entre a cidade e a praia. Acreditamos que essa área pode fornecer algum grau de camuflagem para a nossa nave e nos permitir uma abordagem mais discreta para a cidade.

Logo que pousarmos, planejo danificar nosso comunicador com a Terra para garantir que não haja possibilidade de contato, mesmo que tentem consertá-lo.

A nave começa a descer lentamente em direção ao solo. A paisagem abaixo se aproxima rapidamente, revelando uma vista impressionante da floresta densa e exuberante que se estende por quilômetros. À medida que nos aproximamos da costa, podemos ver as ondas quebrando na praia e a cidade à distância, brilhando com luzes intensas como se fossem estrelas.

Sinto o coração acelerar em antecipação ao que pode estar esperando por nós. Sabemos tão pouco sobre essa civilização, e a possibilidade de encontrar vida inteligente em outro planeta é emocionante, mas também traz um certo nível de incerteza.

Finalmente, a nave aterrissa com um solavanco suave na areia. O silêncio que se segue é quase ensurdecedor, e por um momento, todos ficamos paralisados, contemplando o que acabamos de fazer. É hora de explorar esse mundo novo e misterioso.

Carlos se dirige à porta equipado com um medidor atmosférico para verificar se o ar do planeta é respirável para humanos. Assim que a porta se abre, ele sai e, em seguida, ouvimos sua voz pelo comunicador informando que o ar é seguro para respirar. Podemos descer sem os capacetes do traje espacial.

Com a confirmação de Carlos, todos saímos da nave carregando equipamentos de exploração e suprimentos para estabelecer um pequeno acampamento. É impressionante ver as árvores gigantes e a fauna exótica ao nosso redor.

Decidimos dividir o grupo em duas equipes: enquanto alguns ficam responsáveis por montar o acampamento, eu, Carlos, Isabella, Igor, Carlos, Ellie e Jose decidimos fazer uma pequena exploração na floresta. Antes de sairmos da nave, pegamos algumas armas como precaução. Optei por uma espada azul, Carlos escolheu uma arma a laser, Igor, Isabella e Jose, pegaram algumas pistolas, enquanto Ellie preferiu apenas uma câmera fotográfica.

Enquanto caminhamos pela floresta, podemos ouvir os sons dos animais e sentir a brisa suave que sopra pelas árvores. É emocionante e ao mesmo tempo assustador estar em um lugar tão desconhecido e selvagem.

— Que lugar incrível! — exclama Isabella, olhando ao redor com admiração.

— Realmente, nunca vi nada parecido — concorda Carlos.

— Ei, olha isso! — exclama Jose apontando para uma planta estranha que cresce no chão.

— Cuidado, José, pode ser venenosa — alerta Ellie, com sua câmera fotográfica pronta para registrar tudo.

— É verdade, melhor não tocá-la — concordo, me aproximando para examinar a planta. Ela tem um tom de verde vibrante e folhas finas e longas que se enrolam em espiral no final. Parece quase que ela está se contorcendo.

— Que coisa mais estranha, nunca vi nada parecido — comento, olhando para a planta curiosamente.

— Será que é comestível? — pergunta Igor, pegando uma das folhas com cuidado.

— Melhor não arriscar, Igor. É melhor deixar as plantas daqui em paz até que saibamos mais sobre elas — aconselho.

— É, acho que você tem razão — concorda Igor, soltando a folha da planta.

— Pessoal, olhem lá na frente! — exclama Isabella, apontando para uma estrutura alta e triangular que se ergue acima das árvores.

— O que é isso? — pergunta Carlos, franzindo a testa.

— Parece uma pirâmide — observa Ellie, com a câmera pronta para capturar a imagem.

— Vamos até lá dar uma olhada? — sugiro, empolgado com a descoberta.

— Claro, vamos lá! — concorda Igor.

Nos aproximamos da pirâmide e vemos que há algo escrito em uma linguagem desconhecida. Mas de repente, lembro de algo que vi em uma das explorações que fiz com meu pai.

— Esperem, eu conheço essa linguagem. É suméria! — exclamo, tentando decifrar as inscrições.

— Suméria? Como você sabe disso? — pergunta Carlos, surpreso.

— Participei de uma expedição com meu pai para explorar algumas ruínas antigas e vi inscrições sumérias lá. É uma das línguas mais antigas do mundo — explico.

— Incrível, cara! — elogia Jose, animado com a descoberta.

Ellie, porém, parece confusa. Ela se aproxima das inscrições e examina com atenção antes de perguntar:

— Mas como algo escrito em uma linguagem da Terra estaria aqui em outro planeta?
Fico em silêncio por um momento, ponderando sobre a questão de Ellie. É algo que realmente não faz muito sentido. Mas antes que eu possa formular uma resposta, um barulho alto nos interrompe.

— Shh, quietos! — sussurro para os outros, enquanto me escondo atrás da pirâmide juntamente com Ellie e Carlos. Isabella e Igor se juntam a nós enquanto Jose tenta correr para se juntar ao grupo, mas é interrompido por algumas humanoides que aparecem perto dele.

— Droga, temos que ajudá-lo! — exclama Isabella, puxando uma de suas pistolas e se preparando para atirar.

Mas antes que ela possa agir, os seres de pele branca agarram Jose pelos braços e o fazem de refém, pronunciando palavras estranhas em uma língua desconhecida. Eles são altos, com cerca de 1,90m de altura, e suas orelhas pontudas lembram as de elfos de histórias de fantasia. Sua pele branca é quase como neve, e seus olhos grandes e verdes parecem brilhar na escuridão da floresta.

— Isabella, Igor, corram de volta para a base e chame reforços! — ordeno, enquanto 
pego uma granada de fumaça em minha mochila.

— Ellie, Carlos, preparem-se para correr e pegar Jose! Eu vou lançar a granada de fumaça na direção deles e atraí-los para dentro da floresta. Vocês pegam José e correm na direção oposta. Entendido? — planejo rapidamente.

Ellie e Carlos assentem nervosamente, e eu lanço a granada na direção dos seres, criando uma cortina de fumaça densa. Enquanto isso, Isabella e Igor correm de volta para a base para chamar ajuda. Ellie e Carlos correm em direção a Jose, que está lutando para se libertar, e o puxam para longe dos seres, correndo para a floresta em direção à base.

Nesse momento entro no meio deles, mas um dos seres de pele branca agarra meu braço e tenta me impedir de fugir. Eu o derrubo com um soco e começo a correr em direção à floresta, gritando para o meu grupo ir sem mim. Os outros quatro seres começam a correr atrás de mim, enquanto corro o mais rápido que posso, procurando um lugar seguro para me esconder.
Continuo correndo cada vez mais para o centro da floresta, com os seres de pele branca em meu encalço. A adrenalina toma conta do meu corpo, e eu sinto meu coração batendo forte no peito. A floresta começa a ficar mais densa, e eu procuro por qualquer lugar onde possa me esconder.

Enquanto isso, meu grupo corre de volta ao litoral, tentando chegar à base o mais rápido possível para pedir ajuda. Ellie grita desesperadamente, prometendo que vai me salvar, enquanto Carlos tenta acalmá-la e manter a liderança do grupo. Isabella e Igor correm o mais rápido que podem, com medo de que os seres de pele branca também os persigam.

Eu continuo correndo pela floresta, ouvindo os seres de pele branca cada vez mais próximos. Preciso encontrar um lugar seguro, antes que seja tarde demais.

Os seres de pele branca se aproximam, formando um círculo ao meu redor em torno de uma caverna.

— Enfrentaremos vocês até o fim! — grito, sacando minha espada em um movimento rápido. — A humanidade vai prevalecer!

Mantenho minha espada erguida, pronta para lutar até o fim. A respiração pesada, o coração acelerado, a adrenalina correndo pelas veias. É o meu fim?

Ellie

Corri o máximo que minhas pernas permitiram, lutando contra a exaustão, mas sabia que precisávamos chegar à base o mais rápido possível para avisar a Terra. David havia se sacrificado para nos dar uma chance de escapar, e senti uma mistura de gratidão e tristeza enquanto corria.

Finalmente, chegamos à base e fomos recebidos por Diego, Akane, Annie e Victor. Expliquei rapidamente o que havia acontecido e que precisávamos enviar uma mensagem de alerta para a Terra. Annie correu para dentro da nave para enviar a mensagem, enquanto o resto de nós ficamos aguardando ansiosamente, tentando processar tudo o que havia acontecido.

Alguns minutos depois, Annie voltou correndo para a área de recepção da base, com uma expressão preocupada no rosto. Ela explicou que o comunicador estava quebrado e que não seria possível enviar uma mensagem para a Terra. Meu coração afundou no peito. Como poderíamos alertar a Terra sobre o que estava acontecendo? De repente, senti uma sensação de desamparo e desesperança.

— Certo, precisamos pensar em uma solução. — disse Diego, olhando ao redor para o resto de nós.

— Talvez pudéssemos tentar consertar o comunicador. — sugeriu Akane.

— Não temos as peças necessárias para consertá-lo aqui. — disse Victor.

— E se tentássemos enviar uma mensagem de outra forma? — perguntou Isabella.

— Como? — perguntou Carlos.

— Poderíamos tentar usar um satélite de transmissão próximo para enviar uma mensagem de alerta. — sugeri, enquanto pensava em todas as possíveis opções.

— É uma ideia arriscada, mas pode ser nossa única opção. — concordou Annie, que parecia estar um pouco mais calma agora.

— Mas quem teria quebrado o comunicador? E por quê? — questionou Igor.

É uma boa pergunta. Talvez tenha sido um acidente, ou talvez alguém tenha feito isso de propósito. — disse Diego, parecendo pensativo.

— Mas quem teria um motivo para nos impedir de alertar a Terra? — perguntou Akane.

Começamos a olhar uns para os outros, em busca de alguma resposta. Foi quando percebi que a atmosfera na sala havia mudado. Todos pareciam tensos, desconfiados.

— Eu não quero acusar ninguém sem ter provas, mas precisamos considerar todas as possibilidades. — disse Victor, parecendo um pouco nervoso.

— É verdade. Quem foram os últimos a sair da nave na hora da exploração? — perguntou Isabella, olhando para cada um de nós.

Foi quando nos lembramos que os últimos a sair da nave foram David, Carlos e Jose. Começamos a nos entreolhar com a suspeita pairando no ar.

— Carlos e Jose são os principais suspeitos. David não poderia ter quebrado o comunicador, afinal ele se sacrificou para salvar todos nós. — disse Diego, parecendo decidido.

— Mas por que eles fariam isso? Qual seria o motivo? — perguntou Akane.

— Talvez eles quisessem ficar presos aqui para sempre, ou talvez tenham um plano maior em mente. Não podemos descartar nenhuma possibilidade. — disse Victor, parecendo preocupado.

Nesse momento, Victor, Diego e Igor levantaram-se de suas cadeiras e avançaram em direção a Carlos e Jose, agarrando-os e amarrando-os em duas cadeiras próximas

— O que está acontecendo? Por que estamos sendo amarrados? — perguntou Carlos, tentando se soltar das cordas.

— Vocês são os principais suspeitos de terem quebrado o comunicador e nos impedido de alertar a Terra. Precisamos descobrir a verdade. — disse Isabella, olhando diretamente nos olhos de Carlos e José.

— Isso é um absurdo! Nós nunca faríamos algo assim! — exclamou José, parecendo ofendido.

Mas a tensão na sala só aumentava, enquanto tentávamos descobrir a verdade sobre o que havia acontecido.



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