Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Rudeus Greyrat


Volume 8

Capítulo 126

Não muito tempo atrás, Lotson-san e eu estávamos trabalhando em nosso projeto de trem mágico, mas por causa da falta de recursos e mãos de obra, ele havia sido deixado de lado. Agora a situação mudou completamente.

Com a ajuda do pessoal da escavação, conseguimos uma reserva de Pedras Mágicas processadas a uma velocidade impressionante. Inclusive os instruí para que mantivessem a sua própria segurança como prioridade máxima e ordenei que construíssem uma instalação adequada para ajudar com o trabalho, dessa forma, conforme o tempo passasse, nós teríamos um fluxo contínuo de material.

Embora fosse óbvio que seriam necessárias pedras para a construção do trem em si, nós também precisaríamos delas espalhadas em intervalos regulares ao longo dos trilhos. Isso porque conforme o maquinista colocasse o poder mágico no trem, este se espalharia até as rodas e seria perdido na medida em que o vagão fosse se movendo.

Nesse hora as pedras instaladas nos trilhos entrariam em ação. No instante em que o poder mágico estivesse prestes a se esgotar, os trilhos amplificariam a energia restante de volta para as rodas. Dessa forma, com as pedras mágicas responsáveis por transmitir e preservar a mana do maquinista em combinação com as pedras mágicas responsáveis por amplificar o poder do restante que não foi perdido, o trem seria capaz de se mover por um longo período.

Mudando um pouco de assunto, a capital estavam em um grande alvoroço depois que Lahsa chegou com as informações aa respeito da nova arma que foi descoberta. Embora ele já estivesse de mãos cheias lidando com isso, ainda lhe causei mais problemas, enviando um relatório completo sobre o trem mágico para poder receber a autorização do rei.

Fazer isso com meu amigo me deixou com bastante remorso, mas ter Helan como a primeira e a última parada do trem traria muitos benefícios para o povo.

Uma era de prosperidade como nunca vista antes estava aguardando por Helan, então era claro que eu não conseguia segurar a minha excitação.

Seria uma grande perda de tempo não fazer nada enquanto esperava pela resposta, por isso decidi começar logo a construir a estação de saída. Na pior das hipóteses, onde a capital não autorizasse o meu projeto, eu só precisava fazer com que o trem circulasse unicamente por Helan, portanto não havia motivos para hesitar.

Toda a parte de gerenciamento de finanças e recursos humanos deixei para o Lotson-san e como já tinha um monte de gente capaz cuidando da construção, eu nem precisava mais me preocupar com aquilo. Verdade seja dita, se deixasse as coisas nas mãos dele, muito provavelmente daqui a um mês estaria tudo pronto.

Deixando isso de lado, ainda era preciso construir o trem mágico. Quem sabe, essa coisa poderia vir a ser os pés de ferro que carregariam o peso de toda nação e para isso, eu precisava colocar toda a minha técnica e habilidade como ferreiro.

Para tal, reuni especialistas das mais diferentes áreas da rua dos artesãos, juntando mais de uma centena de pessoas na frente do galpão onde a construção seria feita. Confirmei pessoalmente a capacidade de cada um deles, isso porque esses membros estariam responsáveis pela manufaturação das peças fundamentais para o trem mágico. Claro, eu teria os aprendizes deles trabalhando também, mas o time central seria formado por eles.

— A partir de agora nós estaremos fazendo história. Vamos construir esse trem como se as nossas vidas dependesse disso!

Todo mundo gritou concordando comigo e assim os trabalhos tiveram início.

Sem saber o quão árduo e longo seria o caminho, nem mesmo se nossos desejos de progredir um dia seriam atendidos… estou de sacanagem, a verdade é que não levou nem uma semana para terminarmos um modelo funcional!

Naturalmente, nem tudo estava pronto ainda. Nós iríamos precisa fazer um protótipo bem maior para que servisse na prática, por isso a massa da coisa iria diferir e muito. O nosso objetivo era fazer com que uma montanha de ferro se mexesse, então não restava dúvidas de que iria dar trabalho…

Ainda assim, nós obtivemos uma ideia de quanta energia seria necessária para mover o corpo principal do trem carregado de passageiros e bagagens. Como já tínhamos conseguido sucesso em uma versão de escala menor, teoricamente era possível e o fato de que o modelo ainda tinha energia de sobra mesmo depois de começar a se mover, nos dava muito mais confiança no trabalho.

Eu não conseguia parar de apertar os meus punhos com a animação de pensar em toda aquela energia explosiva empurrando o vagão principal enquanto as pedras mágicas nos trilhos mantinham aquela coisa se movendo a uma velocidade constante.

A partir do modelo, previmos de quanto seria a massa da versão completa do trem mágico e começamos a calcular precisamente quanto poder mágico necessário pra movê-lo, assim como elaborar o tipo de sistema para produzir esta energia.

De início, eu estava tão preso na ideia de mover as rodas usando diretamente a energia mágica das pedras, mas no final acabou que essa energia sozinha não seria o bastante para mover todo o peso. Acima de tudo isso, os custos com pessoal para manter uma coisa tão pesada se movendo não poderiam ser mantidos.

Não tinha jeito do trem se mover ao redor do país. A ideia era tão ridícula que teve alguém que chegou a falar que viajar a cavalo era muito mais fácil e prático do que isso.

Uma discussão angustiante prosseguiu e, quando achei que não teria mais como tocar o projeto, me reclinei para cima do objeto que estava atrás de mim. Foi aí que uma ideia me veio a cabeça.

A “coisa” em que eu estava inclinado era a Máquina de Regar III.

EURECA!

No entanto, Eli chegou logo em seguida trazendo o lanche preparado pelas esposas dos artesãos. Como eu estava com fome e comer com todo mundo deixava a comida ainda mais gostosa, nós começamos um banquete em alto astral dentro do galpão. A gente inclusive acabou bebendo um pouco enquanto conversávamos sobre o futuro do território Helan, antes de cair no sono.

Quando o dia raiou, a ideia que tive tinha fugido completamente da minha cabeça…

Errm… no que é que eu estava pensando mesmo?

AAAAAAAAHHH!, ESTAVA NA PONTA DA LÍNGUA!

AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!

Somente dois dias depois é que fui recordar o que era.

Olhando bem agora, o que me levou a lembrar do que tinha esquecido, foi um dos momentos mais sem sentido e amargos da minha vida. Por que estou dizendo isso? É bem simples, a ideia me voltou quando eu estava passando completamente cansado pela Máquina de Regar III e taquei o dedo mindinho na quina. E assim, depois de rolar no chão que nem um idiota “EUREKA”, gritei.

Se querem saber, não sinto mesmo a menor vontade de lembrar da cara de nojo dos artesãos quando me viram sorrindo e gritando de agonia ao mesmo tempo no chão sujo do galpão.

— Pessoal, prestem bem atenção! Eu acabei de ter uma grande ideia!

Depois que me recuperei, subi no palco que tinha sido colocado no meio e gritei o mais alto possível para que a minha voz chegasse até todo mundo.

E a minha ideia foi:

— Até agora nós ficamos apenas discutindo uma forma de direcionar a energia diretamente para as rodas dos trem, mas para que isso desse certo seria necessário uma quantidade imensa de poder mágico. No entanto, se a gente usasse a Máquina de Regar para bombardear um feitiço de vento na direção oposta do vagão, isso não teria força suficiente para movê-lo?

O plano foi imediatamente colocado em prática e, para a nossa felicidade, a Máquina de Regar III tinha sido muito bem construída, disparando as rajadas de ar com grande intensidade. Depois de alguns cálculos, não só concluímos que o trem mágico conseguia se mover dentro dos limites de mana e pedras mágicas que tínhamos estabelecido, como ainda teria uma velocidade considerável.

Para o protótipo, construímos uma versão simples do trem equipado com uma unidade levemente modificada do regador, além de uma linha férrea de cem metros.

O maquinista se acomodou dentro do vagão e começou a inserir a sua mana. Desse modo, uma poderosa rajada de vento — que não era perigosa para as pessoas, mas sim útil a elas. A energia mágica corria de maneira instável e às vezes até se dispersava para fora do circuito mágico, mas em pouco tempo ela se ajustou e as rodas começaram a se mover sem muito ruído. Ele percorreu suavemente pelos trilhos na medida em que ia ganhando velocidade, até completar os cem metros que havíamos preparado para o teste.

Fiquei tão feliz que tinha tudo dado certo que a minha cabeça quase explodiu com qual alto foi o meu grito de comemoração, ou melhor, o nosso, já que eu não era o único presente a estar comemorando.

Sim, todo mundo explodiu em alegria.

Mas imediatamente depois, outra explosão, agora uma de verdade, cortou a nossa celebração e todo mundo virou dizendo “EH!?” na direção de onde o som tinha vindo.

O trem mágico tinha continuado a se mexer mesmo depois que acabaram os trilhos e atravessou a parede do galpão, só indo parar quando esmagar em um dos prédios da rua dos artesãos…

Esse foi o primeiro acidente férreo envolvendo um trem mágico e um bando de idiotas que tinham na cabeça apenas a ideia de fazer a coisa se mover, mas não de parar. O pobre do nosso maquinista de testes (Cobaia) acabou precisando ficar internado por duas semanas até se recuperar.

— Ah, isso não foi nada. Estou louco para poder pilotar amanhã de novo!

Eu nem sequer conseguia olhar direto nos olhos daquele cara enquanto ele fazia um enorme sorriso com um também enorme sangramento no rosto.

Sério, foi mau aí.

E parece que essa não tinha sido a única grande notícia que aquele cara teve nesse dia. Depois de chegar em sua casa na rua dos artesãos, descobriu que a mulher dele que estava grávida tinha dado a luz a um menino, que batizou de Philip. Aparentemente, em homenagem ao seu pai que ele tanto respeitava.

Por causa disso, nomeamos o trem mágico de Philip como uma forma de pedir desculpas e é claro, ele ficou muito contente de saber que o primeiro protótipo tinha sido nomeado em homenagem a seu pai e filho. Apesar de ser um cena bonita de se ver, eu não conseguia deixar de sentir remorso assistindo ao homem alegre com a cabeça toda enfaixada.

De qualquer forma, nenhum dos outros artesãos levantou qualquer objeção com relação ao nome do trem.

— Até que ficou muito bom, não é?

— Sim, com toda certeza ficou.

Os homens repetiram isso uns com os outros.

Pelo visto eu não tinha sido o único a fica comovido com a cena do nosso maquinista vindo no dia seguinte ao acidente com a cabeça toda enfaixada. Não havia uma sombra de dúvida que o Trem Mágico Philip deixaria marca na história.

Por favor, perdoa a gente com essa, tá?

Com isso, o nosso curso de ação estava definido agora. Primeiro, seria necessário remodelar a Máquina de Regar outra vez para melhorar ainda mais o desempenho do trem e agora que novos progressos se tornaram visíveis, era apenas uma questão de tempo até que estivesse pronto.

Assim, o tempo foi passando e os dias de trabalho no trem mágico prosseguiram outra vez e, enquanto trabalhávamos nisso, a resposta da capital finalmente veio.

É claro que foi uma carta positiva como já esperado, mas o conteúdo dela não deixava de ser surpreendente.

Nela, estava a assinatura do Rei com instruções que diziam que os direitos de construir a ferrovia ao redor de todo o Reino de Kudam pertenciam a mim. Entretanto, como a capital estava ocupada com a dissolução da família Dartanel em decorrência da questão envolvendo a máquina de regar, assim como em decidir como lidar com a perigosa família Salman, a qual tinha apoio do Reino Ammirale, eles não poderiam me enviar qualquer mão-de-obra. Mais ainda, nem sequer algum dinheiro.

Por outro lado, no caso de o projeto do Trem Mágico se concluído, o Rei prometeu nos dar uma recompensa inimaginável.

Hmm, uma recompensa inimaginável… É, acho que vou trabalhar duro nisso.

Mas ainda assim, nenhuma ajuda da capital, heim? Se for para contar apenas com os recursos do território Helan, nós terminaríamos isso era nunca.

Parece que eu não tenho outra escolha, senão mandar os Diabravos roubarem algum dinheiro para mim, né?

Piadas de lado, não era como se as minhas mãos estivessem completamente amarradas. Ainda restavam algumas possibilidades a minha disposição.

Talvez eu teria de persuadir o Lorde Karthus, cujo território se encontrava logo ao lado do oeste de Helan. Para isso, seria necessário pedir ao Lotson para reunir informações sobre ele…

Embora as coisas seriam difíceis, comecei a arquitetar um plano para conseguir isso, mas uma coisa inesperada aconteceu quando pedi ao homem que desse a sua opinião sobre a minha ideia.

— Embora as pessoas de Helan estejam mais do que felizes em cooperar com a construção da ferrovia, algumas objeções tem sido erguidas sobre construí-la aqui no território.

— Eh? Por que isso agora?

Quero dizer, Helan possui uma beleza natural exuberante e, mesmo depois da construção dos trilhos não era como se o ambiente fosse ficar completamente arruinado ou coisa parecida.

— A verdade é que não passa de uma superstição, mas o povo acredita que existe um dragão adormecido nas profundezas desta terra.

— Eerrr, e do nada você vem de novo com essas informações surpreendentes…

— Não foram poucas as pessoas que passaram a crer que isso seja verdade após o desastre que aconteceu há três anos atrás e o surgimento anormal de fontes termais de recentemente.

— Um Dragão… certo, mas o que isso tem a ver com as fontes?

— Eles dizem que o sopro do dragão mantem a água fervente. Ao que tudo indica, os rumores ficaram mais fortes porque o Poobe adora passar o dia imerso nas fontes ao redor do território.

— Mas que coisa…

Eu apertei a minha cabeça com força.

Em pensar que haveria objeções do meu povo depois de chegar a este ponto. Na minha mente, toda a população de Helan concordaria na mesma hora com isso.

Apesar de que fui eu quem resolveu a questão do desastre natural no território, infelizmente acabei perdendo toda memória sobre isso. Se alguém viesse falar comigo sobre dragões, infelizmente eu só poderia responder que não fazia a menor ideia sobre isso.

— Sério, eles estão dizendo que fazer a ferrovia aqui seria um erro por causa de um dragão dormindo?

— Exatamente, senhor. Eles dizem que perturbar o dragão poderia fazê-lo acordar e trazer novas calamidades para esta terra. O número de pessoas que acreditam nisso não pode ser ignorado.

— Hmm, isso é um problema. O que posso fazer para persuadir eles? Se eu não tomar cuidado, posso acabar colocando ainda mais lenha na fogueira…

Isso era terrível. Caso nada fosse feito, poderia acabar arruinando o plano inteiro.

— Imaginei que poderíamos chegar a esta situação, por isso tratei de buscar uma forma de resolver o problema.

— Ah, como esperado de você, Lotson-san!

Eu sabia que poderia contar com o “Homem mais confiável de Helan”, apesar de que ainda não sabia qual a proposta que ele tinha para mim.

— Existe uma outra superstição que tem se espalhado envolvendo o senhor, Kururi-sama. Isso é, que em suas veias corre sangue de dragão e dai sua capacidade para entrar as fontes com 100% de precisão. Esta pode ser uma dica de como solucionar o problema.

— Oho, saquei. Podemos fazer uso disso.

Uma mudança de paradigma estava vindo e assim problemas iriam inevitavelmente surgir em tempos como estes. Vamos botar um fim em tudo isso para a glória de Helan!


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