Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Rudeus Greyrat


Volume 8

Capítulo 125

Os Diabravos finalmente trouxeram para frente da mansão, o item que confiscaram durante o ataque às operações ilegais da Família Dartanel. Ele era tão grande que foi preciso usar uma carroça pesada, puxada por quatro cavalos, para poder carregá-lo até aqui. Só de olhar, dava para saber que esse não era um crime nem um pouco leve.

Com a ajuda de um grupo de cidadãos que tinham a minha absoluta confiança, nós trouxemos a carga para dentro do armazém da mansão. Embora ela estivesse sendo coberta por um pano, o forte cheiro de ferro e a densidade da coisa, indicava que provavelmente tratava-se de algum tipo de armamento. Assim, no instante em que terminaram de transportar, pedi para que eles fossem embora.

Pela forma como me obedeceram sem perguntar nada, parecia que tinha ficado óbvio que se tratava de uma coisa perigosa e eu não queria expô-los mais do que já tinha feito. Afinal, nós ainda deveríamos que decidir o que faríamos primeiro.

Assim, desatei os nós das cortas e tirei o pano de cima.

O que apareceu diante da gente foi algo que parecia um enorme canhão, entretanto, diferente de um canhão normal, esse tinha diversos barris acoplados ao invés de um único com grande porte. Ao todo, foram 20 deles, soldados cuidadosamente ao redor de um cilindro e na base havia rodas de ferro reforçadas, dando a impressão de que poderiam carregar com toda certeza o enorme peso da arma. A altura individual dos barris alcançava a altura do meu peito.

Essa coisa tem uma presença e tanto.

— Parece um pouco diferente dos canhões da capital, não é? Ou melhor, bem, bem diferente…

O meu comentário foi ambos a minha impressão sobre aquilo e um convite para que o Lahsa dissesse alguma coisa.

— É verdade. O designe dos canhões mágicos da capital serve para disparar a longas distâncias e com bastante poder de fogo, mas esse aqui passa uma outra ideia.

Além disso… O olhar do Lahsa dizia que ele queria falar um pouco mais, no entanto ele apenas se moveu ao redor para verificar a arma com mais detalhes.

A investigação dele prosseguiu pelo dia todo e o que descobriu foi que, julgando pelos materiais usados, definitivamente era um equipamento importado do Reino Ammirale. Quanto a quem o tinha produzido, deveria ter sido a família Salman.

De início, não sabíamos como utilizar a arma, mas após passar algum tempo mexendo nela, Lahsa descobriu como e ficou surpreso com a sua eficiência, assim como assustado.

Aparentemente, o sistema de disparo de balas mágicas era o mesmo dos canhões que ele estava familiarizado. Você colocava a mão na pedra mágica acima da arma e enviava mana após mudar a sua propriedade. Isso fazia com que a sua magia ressoasse com a pedra mágica, formando uma bala mágica que era disparada pelo barril com imenso poder destrutivo e longo alcance.

Entretanto, canhões mágicos possuiam uma fraqueza: eles não poderiam disparar em rápida sucessão. A razão disso era o custo elevado para cada disparo. Eram necessários três magos experientes trabalhando juntos para ativar a pedra mágica.

Se considerarmos 3 a energia usada em cada disparo, o poder destrutivo seria 4, o que significava que não era assim tão eficiente. Obviamente havia méritos nisso, como poder atacar de longas distâncias, mas para cada rodada seria preciso descansar de um a dois minutos antes de poder atacar novamente. Ainda assim, os canhões tinham o seu valor e por isso continuavam sendo usados, especialmente para a defesa de castelos.

Agora, vamos falar sobre o armamento que foi criado pelas famílias Salman e Dartanel.

Era bem claro que os tiros dessa arma não tinham a mesma força ou alcance de um canhão mágico, mas falando em termos praticidade, seu desempenho foi muito superior.

Primeiro, dava para controlá-lo usando apenas uma pessoa. O operador colocaria poder mágico nele e, diferente dos canhões mágicos ineficientes, a energia necessária para ativação era de valor 1, enquanto o poder ofensivo seria o mesmo de um feitiço normal. A razão para isso foi porque os barril eran finos, permitindo que a magia fosse comprimida na hora do disparo. Mas isso não era tudo, como muitos barris foram alinhados, significava que podia ser disparado em rápida sucessão. Embora pudesse depender de quanto poder mágico o operador possuía, ainda assim seria possível disparar um bom número de balas no mesmo período de tempo que um canhão normal dispararia apenas uma.

— Algo assim poderia colocar o reino em perigo?

— É difícil dizer já que tem muita coisa que não sabemos ainda, mas acho que, por hora, seria melhor voltar para a capital e relatar o que descobrimos.

Fazia um bom tempo desde a última vez que vi o Lahsa com uma cara tão preocupada… Tirando talvez quando ele bebeu muita água do poço e ficou com um terrível dor de barriga.

Como não dava para testar a máquina dentro da mansão, nós a levamos para o lado de fora. De acordo com a nossa teoria, aquela arma deveria ter um poder de fogo considerável, mas exatamente o quanto ainda era desconhecido.

Certo, nós colocamos ela do lado de fora, mas no que iremos atirar? Nas árvores? Não, mesmo árvores são seres vivos.

No final, viramos o barril para cima, a um ângulo de 60 graus. Fazer o ajuste preciso tomou algum esforço, mas se tudo desse certo, o tiro cairia em um campo de flores mais a frente.

Colocando a minha mão sobre a pedra mágica, pressionei a minha magia com propriedade da água para dentro dela.

No instante em que atingi o nível máximo de poder, esferas comprimidas de água foram atiradas pelos barris, uma após a outra. A velocidade era tão grande que foi disparado três vezes a cada segundo.

RA-TA-TA-TA-TA, o som ecoou ao redor tão forte que até o chão tremia. As esferas de água foram lançadas bem alto no ar antes de caírem no chão que nem chuva.

Uau, que maneira boa de regar as plantas.

Essa foi a primeira ideia que tive, mas obviamente não falei em voz alta. Nós estávamos lidando com a segurança nacional aqui, então eu precisava agir com seriedade.

Ainda assim, não teria problema usar o canhão para esse propósito por mais um tempinho…

— Se essas coisas começarem a ser produzidas em massa, nós não teremos a menor chance…

— Duvido muito que isso aconteça. Veja, as pedras mágicas usadas na fabricação são extremamente raras, então não seria tão fácil conseguí-las. Agora, não podemos negar que a tecnologia que eles empregaram é assustadora. Vou deixar o canhão sob o seu controle enquanto retorno até a capital para relatar isso ao meu pai, Aniki.

Tendo decidido que retornariam para a capital real, Iris e Lahsa começaram os preparativos mesmo sendo tarde da noite.

Lotson e eu desmontamos a arma e preparamos algumas plantas simples de última hora. Embora ainda teríamos de fazer uma análise mais profunda, por enquanto aquilo seria o bastante para que Lahsa levasse com ele.

— Como iremos chamar essa arma?

Lotson fez essa pergunta quando entregamos a planta.

Agora que ele falou, é realmente inconveniente não ter um nome não é? Que tal “Máquina de Regar”? Não, ninguém iria concordar com isso.

— Pessoal, como “Máquina de Regar” soa para vocês? Desse jeito, não vai ter problema mesmo se o nome acabar vazando, já que ninguém saberá do que se trata, certo?

Essa foi à proposta de Iris.

O fato dela ter pensado a mesma coisa que eu… de alguma forma me deixava contente.

— Sim, que excelente ideia. Muito bem, a partir de agora a arma será chamada de Máquina de Regar!

E com isso nós tínhamos chegado a um consenso.

Tão de brincadeira comigo!? Se era para acabar assim, eu queria ter dito, então!

Acabei ficando arrependido de não ter sugerido.

— Então, Aniki. Vamos estar separados, mas será apenas por um breve momento.

Desse modo, Lahsa e Iris partiram a cavalo levando as informações sobre a Máquina de Regar para a Capital.

Agora, restavam apenas eu, Eli e Lotson, mas não tínhamos nada de específico para fazer enquanto aguardávamos o retorno deles. Bem, ainda tinha o trabalho para desenvolver o território e, já que o designe da Máquina de Regar estava pronto, não faria mal algum preparar uma para mim mesmo, não é?

Com isso em mente, fui até a rua dos artesãos na manhã seguinte. As melhorias que fizéssemos na região estavam correndo bem, tornando a rua maior e mais movimentada e, é claro, a Máquina de Regar comigo. Apesar dos meus esforços para não deixar a informação vazar, não teve outro jeito senão torna-la pública.

Os melhores artesãos se reuniram ao meu redor enquanto eu discutia segurando um martelo na mão, os planos para a criação da Máquina de Regar II.

— Bem, com as habilidades de Kururi-sama e a ajuda de todos, não vejo razão para não conseguirmos criar uma coisa parecia ou até mesmo melhor. Agora, o problema é que não dá para fazer nada sem as pedras mágicas.

Depois de uma longa discussão, a conclusão que chegamos era que as pedras mágicas seriam vitais para a continuidade do projeto, mas infelizmente esse tipo de pedra capaz de suportar alta pressão mágica poderia ser encontrada apenas em áreas seletas e em uma quantidade muito reduzida. Como a capital monopolizava a maioria delas, era claro que não havia nenhuma no território Helan. Embora não fosse possível construir um produto completo, decidíamos pelo menos criar alguma coisa já que estava todo mundo reunido aqui de qualquer forma.

Desse modo, a Máquina de Regar II acabou sendo finalizada em apenas uma semana. Os barris ficaram mais redondos e belamente modelados que na versão original, além dos pequenos detalhes que foram melhorados de maneira chocante. Essa era a prova do tanto que a rua dos artesãos havia se desenvolvido.

— Bem, que tal um teste?

Estava na natureza humana querer testar alguma coisa depois que ela estivesse pronta. Por isso, apesar de ser uma pena, acabamos desmontando a Máquina de Regar I para, naturalmente, roubar suas pedras mágicas.

Assim que as coloquei na II, nós imediatamente começamos o teste. As esferas de água foram lançadas no ar, numa altitude muito mais elevada do que o teste no outro dia. Elas foram mais rápidas também e com um consumo de energia bem mais eficiente. Para se ter uma ideia, se a energia posta era 1, a força demonstrada seria 5.

Hoje as plantas vão ter muito do que beber!

Dito isso, nem tudo foram boas notícias. Uma arma assustadora agora tinha evoluído para um verdadeiro monstro.

Rapaz, por que diabos eu fiz isso?

Não pude deixar de me preocupar.

Mas ainda, estava na natureza humana querer melhorar alguma coisa depois que ela estivesse pronta e assim, antes que percebesse, já tínhamos começado o planejamento para a Máquina de Regar III. Onde será que a população de Helan queria chegar com uma coisa dessas?

Mesmo tendo dito isso, não pude deixar de ser o mais proativo no desenvolvimento já que a liderança era minha…

Enquanto a produção da III seguia firme, Lotson veio até mim relatar uma importante descoberta, por isso, deixei o local dos trabalhos para ir recebê-lo. Aparentemente, um misterioso minério tinha sido descoberto no subsolo de Helan.

Nós vinhamos criando diferentes políticas econômicas para diminuir a dependência dos recursos naturais do território, no entanto qualquer fonte de renda extra ainda era muito bem-vinda. Em outras palavras, não era o ideal, mas não tinha problema fazer um bom gerenciamento para que os ganhos continuassem pelo período mais prolongado possível.

Deixando os planos para o desenvolvimento da Máquina de Regar III nas mãos dos artesãos, decidi ir até o local de onde o relatório veio. Muita gente estava presente lá e eles continuavam as escavações em linha reta através da montanha.

A ideia inicial deles era aumentar a área disponível para agricultura, no entanto a população acabou se deparando com um tesouro inesperado, por isso continuaram cavando animadamente. Minérios podiam ser vendidos por um alto preço na rua dos artesãos, por isso as pessoas estava excitadas com a possibilidade de aumentar, mesmo que apenas temporariamente, os seus ganhos.

Assim que cheguei, todos pararam o seu trabalho e me guiaram por entre os túneis que estavam sendo escavados. A largura foi considerável, permitindo que duas ou três pessoas pudessem caminhar lado-a-lado e a passagem estava iluminada por lamparinas.

O meu objetivo era investigar e, pelo que pude ver, a disponibilidade do minério era tão grande quanto se podia cavar. Eu peguei uma amostra no chão e dei uma limpada para dar uma boa olhada na aparência desse material misterioso.

— Oh!

Embora estivesse curioso para saber o tipo de minério, a quantidade disponível também era um fator importante. Primeiro, eu queria calcular quanto poderia ser ganho e o valor que pagaríamos a população, além de também providenciar qualquer suprimento necessário para a exploração, mas…  ao que parecia, os meus planos tinham começado a sair do controle.

Fui imediatamente chamar alguém para escavar uma amostra maior para mim. Depois disso, levei até o lado de fora, onde estava mais iluminado, para examinar melhor a amostra.

Sim, eles são os mesmo. Não há erro!

Aquele não era um simples minério. Era uma Pedra Mágica.

Não só isso, mas uma de alta concentração de magia e alta pureza, o que significava que poderia ser usada em Máquinas de Regar… ah e também em canhões mágicos, mas o último não importava.

Olhei firme para a pedra em minha mão e a comparei com a pureza das pedras da Capital que Lahsa me contou e com a usada na Máquina de Regar. Aplicando um pouquinho da minha mana sobre ela, o resultado foi duas… não, ao menos três vezes maior em condutibilidade. Isso era incrível!

Eu então me virei para o túnel atrás de mim e olhei para a montanha acima dele. Ela era muito maior e mais larga do que tinha imaginado.

Havia um homem que conhecia bem o lugar, por isso pedi que o chamassem para ter uma ideia do volume de minério que poderíamos extrair.

— Se for numa escala pequena como essa, acho que talvez por uns 20 ou 30 anos? — Ele disse.

Embora ainda seriam necessárias maiores investigações, só esse pedaço de informação era o suficiente para fazer as minhas mãos tremerem. E assim, Lotson-san que esteve de pé ao meu lado durante todo esse tempo, cochichou para mim.

— Kururi-sama, a profecia estava correta. O senhor pode realmente acabar controlando o país inteiro.

Um calafrio percorreu em mim e imediatamente comecei a suar. Helan agora tinha todas essas pedras mágicas e a tecnologia da Máquina de Regar e, aquele que gerenciava tudo isso era ninguém menos do que eu.

Não, não, não, não! Isso é errado! Não sou o tipo de cara que gosta de tramar coisas assim!

A nova Máquina de Regar III estaria pronta dentro de uma semana e era esperado um aumento significativo no desempenho, embora eu estava certo de que isso também acarretaria uma nova série de defeitos que precisariam ser revistos.

A mesma coisa acontecia durante o processo de criação de novas espadas, onde você teria que refazer tudo pelo menos dez vezes antes de se aproximar da perfeição. O que significava que nós teríamos de continuar até chegar pelo menos na Máquina de Regar X ou XI.

Se nós conseguirmos concluir isso com a mão de obra e habilidade atual da rua dos artesãos, seremos capazes de alcançar a produção em massa e, agora que temos um suprimento de pedras mágicas, eu poderia dominar o mundo! Fuahahaha!

Não, não, NÃO! No momento em que você começa a pensar assim, já é a sua derrota! Eu preciso me acalmar e viver da maneira mais honesta possível.

— Lotson-san, vamos deixar a dominação do país para outro momento. Por hora, eu quero usar esses recursos para algo muito mais divertido.

— Ah, o senhor está querendo dizer o que penso que está querendo?

— Sim, até o momento tínhamos apenas feito planos, mas nada de concreto. Agora nós obtivemos todos esses recursos e a rua dos artesãos está terminada. A população do território também tem crescido, então podemos usar um pouquinho mais de dinheiro, mesmo que tenha de ser emprestado. Acredito que tenha chegado a hora de colocarmos um trem mágico para rodar em todo o país.

— Em todo o país…

— Sim, apesar de que isso poderá ser bem mais trabalhoso do que dominar o mundo.

— Como desejar, Kururi-sama.  Nesse caso, posso considerar então que, uma vez que o senhor tenha conseguido concluir o trem, dominar o mundo será uma questão fácil?

NÃO, NÃO, NÃO! O QUE ACHA QUE ESTÁ DIZENDO, HOMEM!?


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