Volume Único
Capítulo 6.5: Lar doce lar
Sonhar era, por si só, um evento incomum para Hiroshi. No entanto, nesse dia, ao invés dos pesadelos das pessoas que matou, sua mente reproduzia uma lembrança de seu passado.
...
O céu estava cinzento, mas, felizmente, não choveu.
A sua residência estava intacta, mas toda a vegetação ao redor fora aniquilada.
A sua aldeia, sua terra natal, ninguém mais restava, além de dele mesmo. Era um cenário incomum, mas nostálgico para ele.
A residência era cercada por uma horta e era o garoto quem a limpava diariamente. Como de costume, o jovem Hiroshi tentava remover a mancha de sangue do chão de madeira de sua casa.
Não lembrava nem mesmo o motivo pelo qual a limpava, ele esfregava com força, jogava água, mas o sangue permanecia. Continuou a limpar mesmo assim. Afinal, o que mais poderia fazer em uma vila destruída?
No entanto, essa não era uma lembrança tranquila do seu passado, pois o som de passos ressoava pelo corredor de sua casa, passos extremamente pesados — como marteladas.
A ansiedade crescia à medida que os passos ficavam mais próximos, e as batidas ficavam cada vez mais ensurdecedoras, como se dessa vez, ecoassem nos tímpanos de Hiroshi. Quando chegou à porta da sala, os passos pararam.
Ele deixou de esfregar o chão e, sem ter para onde fugir, apenas ficou ali parado, ansioso, esperando a porta abrir.
Foram ouvidas três batidas leves na porta.
— Vá embora!
A porta se abriu mesmo assim e um homem saiu, o encarando por alguns segundos e disse:
— Ah, me desculpe, é difícil esconder… Isso. — Sangue fresco ainda respingava de suas mãos, criando novas manchas, mas não era sobre isso que falava.
Hiroshi encontrava-se encolhido no canto do cômodo, de olhos fechados, quando se virou para o homem e forçou um sorriso.
— Tudo bem… pai. — disse, escondendo o seu incômodo.
Diante disso, Hiroshi despertou.
O primeiro pensamento que teve foi: “Quanto falta para o meu aniversário?”.
