Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 41: Resolver problemas

Vinte dias se passaram desde o fracasso completo de Hiroshi.  

Sobre o primeiro turno de cozinheiros, com a ajuda de Boris, o antigo auxiliar de Victor, agora novo contratado não oficial de Hiroshi, as coisas voltaram ao que era antes, caóticas, perigosas, mas funcionais.  

Houve outras tentativas e planos para diminuir a quantidade de acidentes, nenhuma deu certo. 

Hiroshi mostrou seu plano para construção da padaria para Boris, que discordou completamente e sugeriu algo totalmente diferente. Os dois ficaram em um impasse em relação a isso, então trocaram seu foco para criar experimentos na horta subterrânea, dos pratos que iriam compor o cardápio da padaria. 

Os mais comuns, os pratos que iriam ser o coração do restaurante, disponíveis todos os dias, levaram pouco tempo para serem escolhidos. 

— E... Terminamos! — disse Boris, orgulhosamente, balançando o primeiro protótipo do menu de papel, que ficaria colado na parede principal da padaria. 

— Ainda acho que tem espaço para colocar mais sobremesas — disse Hiroshi. 

— Isso é proposital para os sazonais, as promoções e pratos especiais. 

— E quais são eles? 

— A gente inventa na hora. 

— Não é meio perigoso deixar para última hora? 

— Se está tão preocupado, podemos criar... Pelo menos os primeiros, antecipadamente. 

Mas a decisão dos pratos especiais levou dez vezes mais tempo e sanidade mental dos dois, que novamente não conseguiam chegar a um consenso. 

Fora esses acontecimentos, a mansão se tornou mais movimentada. Os primeiros passos para a mudança começaram, com móveis sendo carregados, vendidos, doados e jogados fora. 

— Bom dia senhor Pavlov! Quer experimentar o novo prato que estamos criando para a padaria? — perguntou Boris. 

Ah, não pode ser só... Batatas hoje? — E por causa disso, Pavlov parecia mais desanimado e com mais olheiras que o normal. — Nessa condição que estou seria um desperdício fazer as suas refeições tão elaboradas... Me perdoe. 

Nesses períodos estressantes, Pavlov constantemente tomava o que chamava de pílulas energéticas, que vinham em recipientes com grandes avisos vermelhos a saúde e centenas de efeitos colaterais. 

— Por favor, não se preocupe com isso! Mesmo que não possamos contar com a sua valiosa avaliação, o Mikhail sempre está disposto a nos ajudar, já que ele adora esse tipo comida. Fique tranquilo que em sua mesa estarão as batatas mais normais de toda a Rússia! Por favor, foque com tranquilidade nos assuntos mais importantes. — Boris e Victor haviam tentado criar alternativas, depois de Pavlov quase morrer de overdose, porém, ele dizia que gostava de viver perigosamente, uma das desculpas para não largar de seu vício. 

Logo depois vieram as negociações com os interessados em comprar a mansão, os últimos detalhes da mudança e quando Hiroshi se deu conta, estava preparando suas malas para voltar ao Japão. 

— Foi curto, mas um bom tempo aqui, obrigado. — Hiroshi se curvou levemente em direção a mansão vazia, se virou e andou em direção as carroças dos funcionários. 

Ei! Vem com a gente! — convidou Mikhail, puxando Hiroshi no meio do caminho para a carruagem dos Pavlov. 

Hiroshi sorriu. 

— No ritmo que está melhorando, capaz de ficar mais forte que eu logo, logo. — Além das novas comidas que substituíram os soros de Mikhail, Pavlov havia encontrado um novo tratamento com um médico estrangeiro que melhorou a saúde de Mikhail da noite para o dia. — Tudo bem, eu vou com vocês. Mas antes, pode chamar seu pai aqui? 

— Já volto! 

— É conversa de adulto, espere lá na carruagem mesmo, juro que não vai demorar. 

Ao ouvir Mikhail, Pavlov olhou para Hiroshi, fez um gesto com a mão, que instantaneamente foi respondido com a chegada de um soldado e desceu para conversar. 

— Sei com o que está preocupado, mas dessa vez ele mandou um homem forte o bastante para lutar de igual para igual com aquele que nos atacou quando estávamos vindo. 

— Mas e se vier mais de um homem como aquele? Da mesma forma que você fez, ele pode ter chamado reforços o suficiente para nos cercar e nos massacrar. 

— Dá para contar nos dedos quantos homens tem a força daquele monstro, e nenhum deles está nesse país além do que está ao meu lado. Não vai ser como da última vez. 

— Se você diz, então tudo bem, mas não era sobre isso que queria falar. 

— O que é então? 

— Eu estou preocupado com o que está usando ou usou no Mikhail. Se é uma de suas pílulas, eu fortemente recomendaria parar. 

Pavlov agarrou firmemente seu colar de cruz e disse com um tom baixo: 

— É uma medida paliativa, ele já vai morrer de um jeito ou de outro, pelo menos que seja com o menor sofrimento possível. 

— Olhe quanto dinheiro e bens você tem! Com tudo isso não seria melhor pesquisar uma cura até o último suspiro dele? 

— Ele é meu filho, sobre esse assunto, sua opinião não importa. — E Pavlov voltou a carruagem. — Se não tocar mais nesse assunto, venha com a gente! 

Hiroshi acenou para Mikhail e foi para as carroças dos empregados. 

— Boris, sabe de alguém aqui que conhece medicina? — perguntou Hiroshi. 



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