Volume Único
Capítulo 20: Justo mas não certo
— Nove horas andando. — Enquanto Sota treinava, Will apareceu. — Esse é o tempo que uma pessoa comum levaria. Você provavelmente vai chegar lá em uma hora ou menos.
— O que?
— O criminoso do cartaz que eu mostrei semana passada. Ele se escondeu nesse endereço, que fica a nove horas daqui, em Nara.
— A antiga capital? ...Se ele queria fugir, por que não foi para o interior?
— Ele fugiu para lá, mas depois de um ano, voltou para a cidade. — Will bocejou. — Deve estar planejando alguma coisa...
— Como eu chego lá?
— Já disse, a pé.
E Will desapareceu da visão de Sota.
Quatro horas depois de ter começado a correr, Sota ainda não havia chegado, mas também não se sentia cansado. Ele havia parado apenas três vezes para comer e pedir informações.
“Será que eu errei o caminho? Não... Eu é que estou lento demais”, pensou Sota.
Depois de ter forçado seu corpo ao limite na luta do onsen, Sota não conseguiu recuperar nem um quinto da velocidade e força de antes. Sua regeneração também piorou. Em um teste simples, Sota fez um corte raso com uma faca, o que levou quinze minutos para se recuperar totalmente.
“Será que eu estou demorando muito? E se ele já fez mais vítimas? Será que eu vou conseguir matar? E depois? Acho que vou passar em um templo antes... Não! Vou passar depois, depois de eu matar ele! ...Isso soa ruim.”
— Ah, cheguei?
Perdido em seus pensamentos, meia hora passou voando. Finalmente, Sota havia chegado na cidade de Nara.
— Com licença, onde fica essa rua? — perguntou Sota, para um vendedor de balas.
O vendedor inclinou a cabeça e fez uma expressão de bravo.
— Por que quer ir lá?
— Para... — Sota não podia simplesmente dizer: “ Ah, estou indo matar alguém.”, mas não havia pensado em nenhuma desculpa de antemão. — ...Visitar um amigo!
— Entendi. Você segue reto até uma grande estátua, vira à direita, desce duas quadras, vai para esquerda... — Depois de dar as instruções, ele alertou: — Seu amigo mora em um lugar meio hostil para visitantes... Quer levar um doce de presente para ele?
Como forma de agradecimento, Sota comprou uma pequena vasilha de balas.
— Obrigado, tenha uma boa tarde.
— Vá com cuidado.
“Que lugar perfeito para um criminoso morar.”
A partir de certo ponto, conforme Sota andava, mais vazia as ruas ficavam. Isso continuou até que em uma esquina, cinco homens de cortes de cabelos esquisitos e que usavam roupas ocidentais, começaram a segui-lo.
Sota os ignorou e continuou andando, mas depois de dois minutos, um deles gritou.
— Ei garotinho! Não acha que é desrespeitoso andar com um negócio desses por aqui? — disse, apontando para a espada prateada. — É perigoso e bastante suspeito, não é? Que tal nos entregar isso, por enquanto? Quando voltar você pode pegar isso de volta.
Sota o ignorou e continuou andando.
— Você é surdo!? Ei! Pode ir parando por aí.
— Ha... Bandidos genéricos antes de enfrentar o chefão? Que clichê.
— Tá achando que a gente tá aqui de brincadeira? — E apontou um revólver para Sota. — A gente é de patente alta, então temos paciência, mas se ficar enrolando muito...
— Espera aí, como todo mundo está conseguindo uma arma?
— Todo mundo não! A gente tem contato direto com um dos cabeças da grande filial de Tokyo... Esse meu amigo aqui é primo de um dos chefes de lá!
— E isso é algo para se orgulhar? ...Parabéns?
— Ele tá muito engraçadinho, vamos ter que dar uma lição nele...
— Relaxa... Desde quando a gente sai batendo em crianças? — Ele engatilhou a arma. — Vamos evitar isso e entregar logo tudo o que tem mocinho esnobe?
— Só vem para cima logo, eu não posso perder mais tempo aqui — disse Sota.
— Seu desgraçado... — Ele apontou no pé de Sota, mas antes de atirar, ele viu sua arma voar para cima em um chute.
Os outros assaltantes pegaram uma faca de seu bolso e correram para direção de Sota, mas antes que percebessem, já estavam no chão.
— O mesmo modelo... — disse Sota, analisando a arma. — Por acaso vocês compraram isso do Xogum de Quioto?
— Xogum? Do que você está... — Sota segurou a cabeça dele e bateu duas vezes no chão de pedra.
— De onde é que você comprou isso? — perguntou Sota.
— Meu primo! — gritou um dos assaltantes, desesperado. — Ele deu de presente!
— Se foi um presente para você, por que isso está com ele?
— É porque...
Sota pegou a arma e arremessou no rosto dele, que caiu inconsciente, então andou até a arma colocou seu pé sobre ela.
— Espere! Eu pago dinheiro, mas não quebre a arma! — gritou o assaltante com o rosto sangrando.
— Por que eu devo deixar uma coisa tão perigosa nas mãos de um desgraçado como você?
— Por favor não quebre, eles vão me...
Sota pisou na arma antes de ele terminar, o assaltante gritou e correu preparando um soco, mas Sota o derrubou, chutando suas pernas.
— Pensando bem... Esse é um bom treinamento. — Sota andou até o assaltante caído e pisou em seu rosto. — Por que eu deixaria algo tão nojento continuar respirando?
— Deixa ele! Nós nunca mais faremos isso! Desculpa! — imploraram, os outros, com lágrimas em seus rostos.
— Não vou errar de novo, melhorem na próxima vida.
— Pare com isso! — gritou uma garota que aparentava ter oito anos.
Sota parou.
— Ah, não é o que está pensando... Se acalme, eles são caras maus, se eu não fizer isso...
Ela começou a chorar e Sota tirou seu pé do rosto do assaltante imediatamente.
— Tudo bem, tudo bem, eu vou parar... Algum desses é seu pai? Se for, eu posso fazer ele prometer não fazer mais coisas más e deixar ele ir... Mas os outros, vou ter que entregar para os guardas...
— Eles não são pessoas más!
Sota congelou, sem saber o que fazer ou dizer.