Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 20: Justo mas não certo

— Nove horas andando. — Enquanto Sota treinava, Will apareceu. — Esse é o tempo que uma pessoa comum levaria. Você provavelmente vai chegar lá em uma hora ou menos. 

— O que? 

— O criminoso do cartaz que eu mostrei semana passada. Ele se escondeu nesse endereço, que fica a nove horas daqui, em Nara. 

— A antiga capital? ...Se ele queria fugir, por que não foi para o interior? 

— Ele fugiu para lá, mas depois de um ano, voltou para a cidade. — Will bocejou. — Deve estar planejando alguma coisa... 

— Como eu chego lá? 

— Já disse, a pé. 

E Will desapareceu da visão de Sota. 

Quatro horas depois de ter começado a correr, Sota ainda não havia chegado, mas também não se sentia cansado. Ele havia parado apenas três vezes para comer e pedir informações. 

“Será que eu errei o caminho? Não... Eu é que estou lento demais”, pensou Sota. 

Depois de ter forçado seu corpo ao limite na luta do onsen, Sota não conseguiu recuperar nem um quinto da velocidade e força de antes. Sua regeneração também piorou. Em um teste simples, Sota fez um corte raso com uma faca, o que levou quinze minutos para se recuperar totalmente. 

“Será que eu estou demorando muito? E se ele já fez mais vítimas? Será que eu vou conseguir matar? E depois? Acho que vou passar em um templo antes... Não! Vou passar depois, depois de eu matar ele! ...Isso soa ruim.” 

— Ah, cheguei? 

Perdido em seus pensamentos, meia hora passou voando. Finalmente, Sota havia chegado na cidade de Nara. 

— Com licença, onde fica essa rua? — perguntou Sota, para um vendedor de balas. 

O vendedor inclinou a cabeça e fez uma expressão de bravo. 

— Por que quer ir lá? 

— Para... — Sota não podia simplesmente dizer: “ Ah, estou indo matar alguém.”, mas não havia pensado em nenhuma desculpa de antemão. — ...Visitar um amigo! 

— Entendi. Você segue reto até uma grande estátua, vira à direita, desce duas quadras, vai para esquerda... — Depois de dar as instruções, ele alertou: — Seu amigo mora em um lugar meio hostil para visitantes... Quer levar um doce de presente para ele? 

Como forma de agradecimento, Sota comprou uma pequena vasilha de balas. 

— Obrigado, tenha uma boa tarde. 

— Vá com cuidado. 

“Que lugar perfeito para um criminoso morar.” 

A partir de certo ponto, conforme Sota andava, mais vazia as ruas ficavam. Isso continuou até que em uma esquina, cinco homens de cortes de cabelos esquisitos e que usavam roupas ocidentais, começaram a segui-lo. 

Sota os ignorou e continuou andando, mas depois de dois minutos, um deles gritou. 

— Ei garotinho! Não acha que é desrespeitoso andar com um negócio desses por aqui? — disse, apontando para a espada prateada. — É perigoso e bastante suspeito, não é? Que tal nos entregar isso, por enquanto? Quando voltar você pode pegar isso de volta. 

Sota o ignorou e continuou andando. 

— Você é surdo!? Ei! Pode ir parando por aí. 

Ha... Bandidos genéricos antes de enfrentar o chefão? Que clichê. 

— Tá achando que a gente tá aqui de brincadeira? — E apontou um revólver para Sota. — A gente é de patente alta, então temos paciência, mas se ficar enrolando muito... 

— Espera aí, como todo mundo está conseguindo uma arma?  

— Todo mundo não! A gente tem contato direto com um dos cabeças da grande filial de Tokyo... Esse meu amigo aqui é primo de um dos chefes de lá! 

— E isso é algo para se orgulhar? ...Parabéns? 

— Ele tá muito engraçadinho, vamos ter que dar uma lição nele... 

— Relaxa... Desde quando a gente sai batendo em crianças? — Ele engatilhou a arma. — Vamos evitar isso e entregar logo tudo o que tem mocinho esnobe? 

— Só vem para cima logo, eu não posso perder mais tempo aqui — disse Sota. 

— Seu desgraçado... — Ele apontou no pé de Sota, mas antes de atirar, ele viu sua arma voar para cima em um chute. 

Os outros assaltantes pegaram uma faca de seu bolso e correram para direção de Sota, mas antes que percebessem, já estavam no chão. 

— O mesmo modelo... — disse Sota, analisando a arma. — Por acaso vocês compraram isso do Xogum de Quioto?  

— Xogum? Do que você está... — Sota segurou a cabeça dele e bateu duas vezes no chão de pedra. 

— De onde é que você comprou isso? — perguntou Sota. 

— Meu primo! — gritou um dos assaltantes, desesperado. — Ele deu de presente! 

— Se foi um presente para você, por que isso está com ele? 

— É porque... 

Sota pegou a arma e arremessou no rosto dele, que caiu inconsciente, então andou até a arma colocou seu pé sobre ela. 

— Espere! Eu pago dinheiro, mas não quebre a arma! — gritou o assaltante com o rosto sangrando. 

— Por que eu devo deixar uma coisa tão perigosa nas mãos de um desgraçado como você? 

— Por favor não quebre, eles vão me... 

Sota pisou na arma antes de ele terminar, o assaltante gritou e correu preparando um soco, mas Sota o derrubou, chutando suas pernas.  

— Pensando bem... Esse é um bom treinamento. — Sota andou até o assaltante caído e pisou em seu rosto. — Por que eu deixaria algo tão nojento continuar respirando? 

— Deixa ele! Nós nunca mais faremos isso! Desculpa! — imploraram, os outros, com lágrimas em seus rostos. 

— Não vou errar de novo, melhorem na próxima vida. 

— Pare com isso! — gritou uma garota que aparentava ter oito anos. 

Sota parou. 

— Ah, não é o que está pensando... Se acalme, eles são caras maus, se eu não fizer isso... 

Ela começou a chorar e Sota tirou seu pé do rosto do assaltante imediatamente. 

— Tudo bem, tudo bem, eu vou parar... Algum desses é seu pai? Se for, eu posso fazer ele prometer não fazer mais coisas más e deixar ele ir... Mas os outros, vou ter que entregar para os guardas... 

— Eles não são pessoas más! 

Sota congelou, sem saber o que fazer ou dizer.  



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