Sakurai Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume Único

Capítulo 17: Proposta

— Pegue — disse Will jogando uma espada. 

Sota se surpreendeu ao ver que ela possuía um estilo ocidental. Ao passar a mão, ele percebeu de cara que a textura da bainha parecia diferente, um legitimo couro de altíssima qualidade. Após passar um tempo aproveitando essa sensação, ele segurou o cabo da espada e a desembainhou, se deparando com uma lâmina prateada de dois gumes, cheia de escritos em uma língua que ele não conhecia. 

— O que isso tudo significa? — perguntou Sota. 

— Não sei também. — Will olhou para uma árvore, se aproximou e bateu levemente nela. — Tente cortar isso. 

Sota fez uma expressão negativa e olhou para a espada, novamente passando a mão na bainha. 

— Isso não vai arruinar o fio da espada? 

— Se isso for verdade, então é melhor que jogue fora agora. 

Sota que estava mais familiarizado com esse tipo de espada, se ajeitou rapidamente e desferiu um ataque horizontal com toda sua força. 

A lâmina passou sem dificuldades pelo tronco, desequilibrando Sota que não esperava que fosse tão fácil, e a árvore caiu. 

— Dá pro gasto — disse Will. 

Sota ficou deslumbrado, se tivesse sido apresentado mais cedo para essa espada tão incrível, não teria pensado duas vezes antes de abandonar sua antiga claymore. Essa arma estava em um patamar acima de tudo que Sota tinha visto até agora. 

— Onde você conseguiu? 

— Achei largado no chão. 

— Se não quer contar é só falar... 

Will se sentou no chão e disse: 

— Agora você tem uma arma descente que combina com o que você gosta, brinque com isso até se sentir totalmente confortável, então começaremos o treino. 

Sota balançou a espada por alguns minutos, então se sentiu pronto. 

— Está sendo apressado — disse Will. 

— Ficar cortando o ar sem propósito não tem graça. 

— Precisa de um alvo então? — Will se levantou. — Tente me acertar. 

Sota ficou parado. 

— O que está esperando? — perguntou Will. 

— Você não vai pegar nada para se defender? 

— Por que faria isso? Isso não é uma luta, é um aquecimento. Vai logo. 

“Ah, já li essa cena antes, eu vou atacar, mas mesmo desarmado, ele vai me dar uma surra!”, pensou Sota. 

Ao invés de ter medo, Sota se sentiu feliz em poder presenciar uma cena que só viu nos livros, para ele, era como se estivesse um passo mais perto de se tornar um verdadeiro espadachim. 

—Tudo bem, aqui vou eu! 

Sota correu, preparando um ataque vertical simples, ansioso para receber alguma dica importante após ser brutalmente espancado. Ele olhou para o braço de Will e fez um corte lento e desajeitado. 

— O... Que? — se perguntou Sota, ao ver o sangue cobrir sua espada e se espalhar para suas mãos, enquanto o braço de Will caiu no chão. 

Sota gritou e soltou sua espada, seu corpo começou a tremer, o desespero preencheu sua mente.  

— O que eu fiz... O que eu fiz... D-desculpa — disse Sota, passando o sangue fresco em sua face. 

“Não era para eu cortar de verdade? Eu estraguei tudo? Eu...” 

Mas Will, tranquilamente, pegou um frasco de seu bolso, bebeu o líquido vermelho e se abaixou para pegar seu braço caído, então encostou esse braço na região do corte. Dois minutos se passaram, e seu braço havia se reconstruído perfeitamente, sem deixar cicatriz. 

“Ele é maluco.”, pensou Sota. 

— Isso... Isso é... Você é mesmo humano? — perguntou Sota. — Não, que rude da minha parte, ignore minha pergunta, me desculpe. 

— Tudo bem, essa pergunta é válida. Mas antes, seu corte foi completamente ridículo. Isso foi pelo medo de cortar uma pessoa ou sua técnica é ruim? Ou será os dois? — Will pensou e anotou mentalmente algumas ideias de treino. — Respondendo sua pergunta, depende do que você considera humano. Eu diria que não sou, mas outros vampiros podem dizer que sim. 

— Hah... Isso realmente foi assustador. — Sota não conseguiu prestar atenção na resposta, sua mente ainda estava em choque. — Por que não avisou antes? 

— Perderia parte do sentido. 

— Não faça isso nunca mais, por favor. 

Will retirou da mochila que carregava em suas costas dois pesos e disse: 

— Agora que está aquecido, vamos para o treino real. 

— Espere! Eu preciso de uma pausa.  

— Cinco minutos. 

— Dez? 

— Sete e nada mais. 

Sota andou para longe de Will e ficou parado, olhando para o nada e pensando em nada. 

— Deu tempo. — Will apareceu do nada em sua frente, no segundo em que os sete minutos terminaram. — Pegue isso e faça quinhentas repetições. 

Sota seguiu os treinos físicos que só pareciam piorar. O dia se passou, e quando os exercícios terminaram, ele desmaiou. 

Isso se repetiu por mais cinco dias. 

 

— Sinceramente, sua persistência e foco são bons, mas isso não é o suficiente. Você não tem talento para se vingar, desista — disse Willmut. 

— ...Não tem mesmo como? Nem se eu continuar com esses treinos infernais por mais mil dias? — perguntou Sota. 

— Olha, eu posso fazer isso se... 

— Tem algum jeito!? 

— Por você ser tão focado, eu até poderia te dar um atalho. 

— Mas atalhos não vem de graça. — Sota só disse isso porque parecia legal, seu real desejo era aceitar sem perguntar mais nada. 

— Você aceita se tornar um ghoul? 

— S... Não, eu vou conseguir com meu próprio esforço, sem precisar de atalhos! 

— Que pena, bom, já que não aceitou, eu vou indo. 

— Vai embora!? 

— É só perca de tempo se eu ficar. — Willmut se virou para ir embora, mas parou. — Como presente por ter resistido a seu treinamento, vou te dizer uma informação que descobri por aí. O filho do Xogum descobriu que você está vivo e sabe onde você está. 

— Quantos são? 

— Cerca de cinquenta. 

— E... Quanto tempo até ele chegar? 

— Vinte minutos. 

— Seu desgraçado... Eu aceito a proposta. 

Will sorriu. 



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