Volume 2 – Arco 2
Capítulo 3: Passatempo
Ela suspirou enquanto afundava na grande banheira, a água quente cobrindo seu corpo até a metade do pescoço. Um rubor manchava suas bochechas. Seus olhos acompanhavam o subir do vapor quente, que impregnava nas paredes e teto, fazendo-as suar. E, apesar de estar meio sonolenta, sua mente continuava a trabalhar sem parar. Seu corpo, quando finalmente tinha sentido a oportunidade de descansar, foi afundando na banheira com água quente confortável, o som do esguicho da água penetrando seus ouvidos como uma canção... Ryota deu um suspiro e relaxou. Depois de muito tempo, relaxou.
Parecia que fazia uma eternidade desde que tivera a oportunidade de ficar daquele jeito — embora mal tivesse passado três dias desde o atentado em Aurora. E, com a mente ainda focada nisso, ela percebeu que a conversa com a duquesa não desaparecia de sua cabeça. Muito menos a imagem da bela moça, que parecia representar o ápice da beleza humana. Com seus cabelos brancos que lembravam seda, os olhos verdes brilhantes, porém sérios; a pose e tom de voz que demonstrava não apenas força, mas também seriedade. E, por fim, o sorriso que escondia muitas coisas. Coisas essas que pipocavam a mente de Ryota a ponto de doer.
Ryota encarou o teto branco enquanto aproveitava o banho no enorme banheiro. Ela tivera alguns problemas até entender como tudo aquilo funcionava, pois era a primeira vez que usava uma banheira, mas Kanami se dispôs a ajudá-la... Mesmo que a guardiã estivesse do outro lado da porta de vidro embaçada, dentro do mesmo cômodo, aguardando pacientemente por ordens. A garota dentro da banheira, lembrando-se que estava acompanhada, se encolheu um pouco para a sombra que via.
— Não precisa ficar me esperando aqui... Sabe? Eu consigo me virar sozinha, agora.
— Tem certeza? — Kanami surgiu sorrateiramente por uma fresta na porta, assustando Ryota.
— Sim! E pode me dar um pouco de privacidade fazendo o favor, amiga?!
Era a primeira vez que dividia o banheiro com alguém daquela forma, e percebeu que era um tanto constrangedor. Mas, mais do que isso, estava meio incomodada em ter alguém que ficasse a seguindo quando fosse fazer literalmente qualquer coisa. Ryota não conseguia se concentrar em seus pensamentos e na conversa que tivera com a duquesa alguns minutos atrás quando lembrava que havia alguém ao seu lado que poderia interferir sem nem um pingo de vergonha em seus pensamentos com comentários pouco sensíveis ou realistas.
Para falar a verdade, as expectativas que Ryota tinha quanto à personalidade de Kanami tinham se desfeito em pó quando ela percebeu que a guardiã não somente era bastante fria em relação a tudo, como tinha uma estranha falta de senso comum tão forte que quase dava vontade de chorar. Ou talvez Ryota fosse a estranha. Será que todos os ricos eram despidos por seus guardiões? Ela não sabia, e nem queria saber, mas não deixou que a estranha o fizesse de toda forma.
— A propósito, senhorita, deixarei seu roupão na porta.
Quando assim a escutou dizer, a garota nua estava praticamente ao lado da porta, uma mão estendida, prestes a sair. Ryota sentiu um pequeno calafrio.
— A-Ah... Obrigada.
Tentando ao máximo não ser vista, se envolveu no roupão branco e fofo, que aqueceu completamente seu corpo, e então saiu.
— O escolhi com base em sua proporção.
— ... Isso quer dizer que você ficou me analisando esse tempo todo? E não deveria uma empregada trazer minhas roupas e coisas assim ao invés de você? Ah, não que seja um problema, é só uma curiosidade mesmo. — Ryota abandonou as mãos ao perceber que tinha usado um tom de voz meio ríspido, mas Kanami não pareceu se incomodar com o apontamento.
— Teria alguma diferença?
— ... Não.
A guardiã inclinou a cabeça para o lado, e Ryota suspirou para a falta de expressão dela.
— Eu queria usar minhas roupas normais, se possível...
— Fala daqueles trapos rasgados, sujos e cheios de sangue? Joguei fora.
— Você fez o quê?!
— É brincadeira.
— Desculpa, mas isso foi uma piada de mal gosto!
Kanami piscou algumas vezes, olhou para baixo e riu com o nariz, mas sem sorrir.
— Coloquei as peças para lavar, senhorita. Elas retornarão aos seus aposentos pela manhã.
— Mas então...
— Deixei a postos sua vestimenta para o dia. Além da roupa, o café da tarde e a rota de passagem pela mansão foram escolhidos pela mestre Minami. Algo errado, senhorita?
Percebendo que tinha se calado durante algum tempo, Ryota sacudiu a cabeça.
— Não, não é nada... Bem, na verdade, eu estava um pouco preocupada com a minha jaqueta.
— Garanto que ninguém nesta mansão teria a necessidade de roubá-la.
— Já entendi que minhas roupas são terríveis, ok? Não precisa se repetir. — Um sorriso brotou em seu rosto conforme saiam do banheiro — Ela é uma jaqueta muito importante pra mim, sabe? Ganhei ela do vovô no meu aniversário de cinco anos. Na época, ela era meio grande demais, e ficava quase como um vestido de manga comprida, mas se tornou algo especial pra mim... Principalmente quando ele se foi.
Um riso caloroso escapou, e Ryota olhou para Kanami pelo espelho da penteadeira, sentando-se no banco confortável para pentear os cabelos molhados.
— Você tem algo assim, Kanami?
— … Desculpe?
— … Você ao menos tava me ouvindo?
— Me perdoe, senhorita. Estava pensando nas empregadas que virão vesti-la.
— Me vestir? Mas eu sei-
***
— Aaai!
A presilha cutucou ferozmente seus cabelos negros antes de se ajeitar — ou melhor, cutucou não seu cabelo, mas seu couro cabeludo. A empregada prontamente se desculpou, ainda focada em terminar o trabalho com agilidade. Ryota suspirou enquanto olhava para a completa escuridão. Afinal, estava vendada.
— Isso é mesmo necessário? Tipo, é só um vestido...
— É apenas uma forma da mestre melhorar o humor e a predisposição de seus convidados.
— Na real eu me sentiria melhor só usando uma calça de moletom, mesmo...
Quase que ao mesmo tempo, a venda em seus olhos caiu no chão sob seus pés, e suas íris alcançaram o espelho. Prendendo a respiração, analisou todo o perfil e a pessoa desconhecida que via no reflexo. Os cabelos negros e curtos foram graciosamente colocados para a direita, preso com presilhas de flores e estrelas prateadas e azuis, e uma linda trança surgia por baixo da orelha esquerda.
O vestido era deslumbrante, e Ryota quase se viu perdida no meio dele. Era um modelo simples e nobre, que mergulhava num vermelho sangue e chegava aos joelhos. Haviam babados brancos nas barras, e uma manga comprida justa, que deixava à mostra seus ombros cor de avelã. O modelo se ajustava perfeitamente no corpo, principalmente na cintura, e ele balançava conforme se movia.
Durante boa parte da sua vida, Ryota nunca se importou com a própria aparência. Na verdade, não ligava muito se estava bonita ou algo assim, e apenas se vestia com o que fosse mais confortável. Em verdade, ela geralmente usava as mesmas roupas no dia-a-dia, mudando apenas em situações extremamente necessárias. Da mesma forma, havia cortado seus longos cabelos negros para curtos, uma vez que seria mais prático de cuidar e de lidar com suas tarefas. Mas, agora, olhando para o novo visual, Ryota sentiu uma pontada estranha no peito.
Após um silêncio que pareceu deixar as empregadas preocupadas, se entreolhando, a garota, que até então estava com uma expressão de pura surpresa, exclamou:
— Kanami! Minha mochila, por favor!
— Aqui, senhorita. — Kanami já estava ao seu lado com a batida e velha mochila amarela. Ryota a pegou, então retirou algo de dentro e a entregou para a guardiã, que compreendeu rapidamente o que ela queria que fizesse. — A senhorita parece uma mulher, agora.
Ryota arqueou a sobrancelha dando um sorriso amarelo.
— Valeu, eu acho... — riu, então tocou a pedra do colar em seu pescoço. A peça, que possuía agora uma tonalidade azul clara, pareceu reluzir com a luz do sol. Sentindo o rosto esquentar por um momento, murmurou: — Até que a duquesa tem um bom olho pra essas coisas. Agora é sério, Kanami. Ficou bem em mim?
A guardiã suavizou a expressão.
— A senhorita parece uma princesa.
Uma sensação calorosa preencheu o corpo de Ryota de novo, como que feliz por ouvir isso. Embora sutil, o sorriso da guardiã parecia sincero. Em seguida, com a mesma neutralidade de sempre, dispensou as empregadas e acompanhou Ryota até a varanda que dava de frente para o grande jardim.
— É tão bom sentir o vento assim de novo... Me dá saudades de casa. — Após um tempo em silêncio, Ryota puxou nervosamente assunto, se remexendo no lugar — Entããão, você trabalha há muito tempo pra duquesa?
— Uma pergunta muito indiscreta. Tente novamente. — Kanami pigarreou ao olhar torcido da outra — Brincadeira. Trabalho há algum tempo.
— E ela sempre foi... Tipo, alguém incrível assim?
— Pelo jeito, os encantos da mestre chegaram até a senhorita.
— Mas é claro. Ela é linda de doer, fala muito bem, tem uma posição incrível na sociedade e faz umas paradas muito maneiras pra ajudar os outros.
— A mestre se tornou uma adulta muito cedo, embora não tivesse qualquer experiência na época. Há apenas alguns anos, ainda era conhecida como a Princesa do Gelo, impiedosa no campo de batalha.
— ... É meio difícil imaginar que um rostinho daqueles teria um título macabro desses.
Kanami se postou ao lado de Ryota.
— Foi algo necessário, pois os atentados ocorriam com bastante frequência em seu ducado. E, para enfrentar uma situação delicada e difícil dessas, era necessário não apenas calma, mas pulso firme. E, neste quesito, a mestre Minami sempre se mostrou bastante confiável. No entanto, ela também foi uma líder excepcional e comandou as tropas de resistência com seus guardiões, principalmente enfrentando os inimigos por conta própria.
Fuyuki parecia ser o ideal que toda garota queria ser quando crescer. Uma mistura da linda e rica princesa com uma guerreira independente. Embora ela parecesse bem nova do ponto de vista de Ryota, provavelmente sendo apenas uns dois ou três anos mais velha que ela.
— Pensando bem, ela não falou direito o que acontece com as vítimas dos atentados...
Tocando os dedos no queixo, Ryota assim refletiu em voz alta.
— Todas essas pessoas passam um tempo na mansão recebendo os tratamentos necessários antes de retornarem às suas vidas normalmente em alguma das cidades do ducado da mestre. — Kanami a encarou — Tenho certeza de que ela fará o mesmo por vocês.
Ryota imaginou que Fuyuki tentaria fazer dela e de Jaisen parte de seu ducado. Parte de seu povo. O que indicava, naturalmente, que futuramente precisariam retribuí-la de alguma forma pela gentileza. Era algo de se esperar. Embora achasse que ainda tinha algo estranho acontecendo, e não soubesse dizer o quê.
Talvez fosse o jeito que Kanami a olhou depois daquelas últimas palavras, da mesma forma que Fuyuki havia feito. Como se sentissem pena dela.
***
A mansão da duquesa era tão grande quanto Ryota tinha imaginado ao vê-la do lado de fora. Constituindo de três alas — uma ao centro, uma à esquerda e outra à direita —, com corredores extensos, janelas altas e paredes variando entre o cor-de-rosa, o bege e o azul. Kanami guiou Ryota por todos os andares, respondendo suas perguntas com a maior formalidade possível, embora a garota, após ter seu humor melhorado — como previsto por Fuyuki — falava bastante.
Ryota se atentou à quantidade pequena de pessoas na mansão, tendo poucas empregadas e somente um mordomo. Este, que Ryota ficou muito curiosa para conhecer por conta de sua voz forte — embora parecesse apenas um senhor de idade comum —, o porte profissional bastante carismático e o monóculo curioso que usava. Eles passaram alguns minutos discutindo a respeito até que Ryota mostrou o objeto à Kanami, que não pareceu nada interessada na conversa, mas respondia obedientemente aos comentários da garota e mantinha seus olhos nela o tempo todo.
Se a guardiã desgostava do jeito fácil de conversar e fazer amizades da convidada, não comentou nem demonstrou.
A mesma cena se repetiu quando a guardiã a perdeu de vista por um momento, mas logo encontrou-a quando a garota correu com biscoitos de chocolate até ela, lhe oferecendo um. Kanami ficou sem jeito por um segundo antes de visualizar o cozinheiro na porta da cozinha acenando para Ryota, e logo em seguida abaixando o olhar, com medo, ao ver a gêmea, numa reverência trêmula antes de se esconder atrás da porta.
— Foi mal, Kanami. Eu fiquei com um pouquiiinho só de fome e tinha um cheiro tããão bom vindo daqui, e aí eu só… Né? — Ryota continuava sorrindo desde que saíram do quarto. Kanami estava um tanto surpresa por ela continuar feliz e falante durante tanto tempo.
Embora, estranhamente, não fosse incômodo de forma alguma.
O terceiro andar era particular, sendo estritamente proibido subir, a menos que fosse convocado. Embora estivesse curiosa, Ryota não pediu detalhes a respeito e apenas seguiu o fluxo da caminhada e das poucas vezes em que a guardiã abria a boca para falar.
— Uma biblioteca?! Sério?
Kanami se voltou para a garota que dava pulinhos de felicidade olhando para a porta de madeira decorada que viu anteriormente. Porém, agora, ela estava totalmente fechada.
— Sim, senhorita. Por ser uma das casas principais, ela tem uma quantidade enorme de livros…
A boca de Ryota se formou num “o”, e ela se viu segurando um dos ombros magros de Kanami.
— Será que eu poderia visitar? Uma horinha dessas, e tal, só pra pegar um livrinho… Ou só olhar, mesmo! É claro que, se não der, tudo bem… Mas...
A gêmea inclinou a cabeça para o lado para o jeito ansioso que a jovem falava, fazendo sua franja escura balançar com suavidade.
— A senhorita parece gostar de ler.
Ryota parou por um momento e, assentindo, olhou para os próprios pés.
— Sim. Na verdade, minha mãe costumava ler muito pra mim. Todas as noites ficávamos no sofá, lendo histórias em voz alta de todos os tipos. Bem, normalmente a gente ficava relendo os mesmos cinco livros, já que Aurora é… Era um lugar isolado. Só um vilarejo à beira mar e, assim como os moradores de lá desgostavam um pouco de visitas, as pessoas de fora normalmente nunca curtiram muito visitar Aurora. Mesmo sendo um lugar tão bonito... Aaah. Enfim. Eu queria muuuito ler umas coisas diferentes, sabe? Mas, se não for possível, então...
— Tenho certeza de que a mestre ficará honrada em emprestá-los.
— Ah? Sério?! Aaah, tomara!
Ainda com o sorriso atípico, Kanami voltou a caminhar, enquanto a outra batia palmas e tagarelava, acompanhando-a dando pulinhos alegres que faziam o vestido balançar de forma nada elegante.
— Ei, ei, Kanami. Você gosta de ler?
— Eu… Na verdade, não.
Ryota soltou um grunhido triste.
— Aaah… Que pena.
— Não é como se eu não gostasse, na verdade. Perdão, me expressei mal. — Ela inclinou a cabeça, pedindo desculpas, antes de voltar a falar: — Na minha família, a leitura não é exatamente algo recorrente. Aprendemos somente a ler e escrever o básico, não a ter prazer pela prática.
— … Entendi. Uma tradição de família. — Ryota piscou, um tanto surpresa por ouvir aquilo dela. Então, após pensar um pouco, soltou um barulho que demonstrava ter tido uma ideia — Já sei! O que acha de eu te apresentar umas histórias bem legais? — Percebendo que o olhar de Kanami não se alterou, Ryota continuou, balançando as mãos: — Tipo assim, quando você tiver um tempinho livre e tal, a gente podia se reunir pra ler uma coisinha ou outra. Podemos descobrir algum gênero que você possa gostar, e eu te recomendo um livro bem legal!
— … Não sei, senhorita. Não acho que-
— Aaaah, vamos lá! Seria legal ter alguém pra conversar sobre isso.
Kanami virou os olhos cor de sangue para ela, ainda sem demonstrar nenhum interesse na proposta. Ryota parou por um momento, pensando que talvez tivesse a irritado falando demais, e decidiu se desculpar...
— E o Zero?
— Hã? O que tem ele?
— Não é alguém com quem a senhorita conversa sobre suas leituras?
A garota a fitou de volta, e então riu abertamente. Primeiro, Kanami achou que estivesse zombando da pergunta e estreitou os olhos, mas percebeu que a voz dela se distorceu num tom meio sem graça.
— Não é bem assim. É verdade que eu falo sobre o que eu tô lendo pra ele… Mas não é como se ele tivesse interesse. Então o Zero só fica em silêncio, ou acaba dormindo no meio do caminho. Ele também não é muito de ler como passatempo, sabe? Então… Eu fico falando com o vento toda hora.
Ryota cansou das diversas vezes em que se encontraram sob a Grande Árvore Aurora para falarem sobre suas leituras. Desde os romances nas quais ela já tinha lido e decorado até as suas ideias sobre possíveis novos finais para suas histórias favoritas de aventura. Ele sempre dizia que não era preciso ler, já que ela praticamente contava tudo pra ele.
O que não era tão mentira assim, embora ela mesma não quisesse admitir e gostaria de ouvir a opinião dele sobre o livro.
— … Entendo.
Como Ryota estava focada demais em fungar o nariz, quase não escutou o murmúrio seguido de Kanami.
— Hã? Desculpa, eu não ouvi.
— Eu vou pensar a respeito do que a senhorita disse.
— Sério?! Aaah! Pensa com carinho, tá bom? Eu juro de dedinho mindinho que não vou ficar te enchendo tanto o saco com isso. Mas, só talvez, um pouquinho… Às vezes.
Kanami desviou o olhar e riu com desdém.
— Embora eu negue caso a senhorita continue a me incomodar.
Vendo que ela se assustou um pouco com a declaração direta, Kanami riu baixinho, surpreendendo Ryota. Ela tinha um sorriso bem bonito, mesmo que dificilmente o mostrasse.
Deram uma última volta dentro da mansão antes de se dirigirem para o jardim, passando em frente ao quarto de Jaisen, que estava fechado. Ryota olhou por alguns segundos para a porta antes de seguir Kanami, que voltou à sua expressão inexpressiva. Ficou bem feliz por estar acompanhada da gêmea, embora imaginasse que ela estivesse tão ocupada quanto qualquer um dos outros servos da duquesa.
Foi quando retornaram para as escadas do salão principal que escutaram uma voz ecoar pelo local, fazendo os pelos da garota se arrepiar:
— Até que enfim terminaram a turnê. Como foi o passeio, senhorita?
O tom debochado ao se referir à garota o denunciou na mesma hora. Assim que trocaram olhares, Sora franziu o cenho e descruzou os braços, arrumando a postura, embora estivesse nitidamente irritado ao vê-la.