Volume 2 – Arco 2
Capítulo 20: Fuyuki
A nevasca cobria tudo. O vento gelado rasgava o ar. O branco começava a cobrir completamente o território, antes verde e colorido. Um par de olhos esmeraldas brilhavam em pura fúria. Eles se estreitaram, em dor, enquanto assistiam a cena se desenrolar. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto pálido.
O verão congelado era um evento marcado nas memórias da garota intitulada Princesa do Gelo. Mas, mais do que apenas o puro branco e a tormenta causada, o que inundava sua visão embaçada eram os corpos ensanguentados daqueles que amava.
E, do outro lado, com um largo sorriso, estava um homem mascarado.
***
Era um sonho recorrente. Ela nem poderia chamar de pesadelo, ou de memórias, pois se tornou costumeiro ao ponto de serem parte do presente. As visões do passado, de um ano atrás, já não despertavam mais os mesmos sentimentos que um dia a corromperam completamente, a transformando de corpo e alma naquela pessoa fria e que só buscava vingança contra aquele homem.
Seu tempo havia parado naquele dia, e se tornou presa àquilo para sempre. Nada mais que uma penitência por desejar egoistamente um cenário como aquele.
***
Os nobres eram uma das classes mais admiradas na sociedade. Famílias que tinham uma enorme responsabilidade, mas que também possuíam riquezas e herdavam um grande poder. Embora muitas delas se obrigassem a manter a cultura de gerações, seguindo à risca todos os ensinamentos e leis de seus antepassados, poucos descendentes se opunham à isso.
O medo da rejeição era grande.
O pavor da punição era ainda maior.
Orgulho, lealdade e diligência eram as três regras da nobreza.
A família Minami não era diferente. Os membros estavam sempre envolvidos na política local, expandindo territórios e sendo um dos maiores poderes de combate existentes da época. Participaram ativamente na guerra contra os demais países, há centenas de anos; estiveram presentes no embate à Libitina, no início da Era Sombria, há um século; e, principalmente, na defesa aos ataques terroristas da Insanidade. Podia-se dizer que os Minami eram a maior força de combate de Thaleia.
No entanto, somente os homens da família poderiam ir ao campo de batalha. As mulheres permaneciam em suas respectivas casas, servindo convidados e trabalhando para manter a estabilidade de seu ducado como uma líder fantasma - em outras palavras, não faziam nada além de permanecerem em suas residências.
A tradição dos Minami exigia um patriarcado. Naturalmente, o nascimento de um homem herdeiro era motivo de comemoração; entretanto, as mulheres não recebiam o mesmo tipo de tratamento, muito embora ainda fossem úteis em casamentos arranjados para gerar descendentes fortes e importantes.
Então não foi uma surpresa que o nascimento da filha do patriarca trouxesse uma série de comentários e cochichos desgostosos. Foi uma grande desonra. No início, porque sua esposa Coldy só teria a chance de gerar um herdeiro; e, depois, por esse herdeiro ser uma mulher.
Os anos que se seguiram para a jovem Fuyuki Minami foram difíceis, olhando de fora. A jovem era vítima de maus olhares, e, muitas vezes, de maus tratos por essas mesmas pessoas. No entanto, a garotinha foi educada desde cedo a manter sempre um sorriso casual em seu rosto e jamais erguer seu tom de voz aos outros. Foi educada da mesma forma que todas as demais mulheres e nunca teve a oportunidade de conhecer a vida de outras crianças da mesma idade, então não se importava com nada daquilo.
Na época, o curandeiro da família garantiu que Fuyuki tinha uma saúde impecável e um círculo de chi mais forte do que o normal. Porém, aquilo não importava para o pai, ciente de que ela jamais faria uso daquela vitalidade.
Certa vez, a ideia de travestirem-na, escondendo sua identidade real, chegou aos ouvidos do patriarca. Coldy pareceu bastante incomodada com a ideia, assim como Laion, seu marido, mas por motivos diferentes. A notícia do nascimento da herdeira Minami já havia se espalhado, e para, além disso, Fuyuki era bela e delicada demais para se tornar um homem à altura do desejado. Embora sequer tivesse completado dez anos, já recebia muitos pedidos de noivados antecipados à sua maioridade - que, naturalmente, seu pai recusou a todos, por hora.
Fuyuki continuou a crescer sendo muito bem educada e ensinada pelos melhores professores da região. Ela era inteligente e aprendia fácil; sua bela aparência chamava a atenção e dificilmente havia alguém que lhe erguesse a voz que não fossem os próprios membros Minami lhe direcionando xingamentos gratuitos.
— Se desculpe, princesinha. — Ele a pegou pelos cabelos e bateu sua cabeça contra a parede de pedra, mas a garota manteve sua expressão suave. — Ei. Está me ouvindo, sua porca?! Como ousa me fazer tropeçar desse jeito?!
A pessoa que gritava estava com um dos pés descalços após, propositalmente, passar ao lado dela e fingir cair no chão em meio aos serviçais.
— Perdoe-me, meu senhor.
Fuyuki, parecendo ignorar completamente a raiva nas palavras do outro, apenas fechou os olhos e tentou reverenciá-lo, o que apenas o deixou ainda mais furioso.
— Sua putinha…!
Ele ergueu o punho cerrado no ar e o fez voar na direção do rosto dela.
— Opa, opa, vamos nos acalmar, senhores?
Mas o braço foi firmemente segurado por um jovem de sorriso fácil. Uma veia cresceu na testa do homem.
— Hã? Qual foi? Apareceu um dos cachorrinhos do Laion? Não encoste em mim, seu puto! Sabe quem eu sou?! — berrou enquanto se soltava e afastava, deixando a pequena Fuyuki cair no chão.
— … Não.
— Maldito! Eu sou-
— E nem me importo.
— HÃ?! Seu pirralho!
O som do punho se chocando contra a palma do rapaz foi suave, mas rapidamente o homem enraivecido foi ao chão, batendo o rosto.
— S-Seu…!
— Por favor, senhor, mantenha-se calmo. Não queremos qualquer tipo de confusão… Certo?
Falando calmamente, mas com um ar um tanto ameaçador, estreitou o olho esquerdo ao final. Foi o suficiente para que o homem apenas saísse andando enquanto resmungava alguma coisa que deveriam ser xingamentos.
— Você está bem, mocinha? Se machucou?
Fuyuki analisou a feição do rapaz que tinha cerca de vinte e tantos anos. Seus cabelos eram loiros na altura do ombro e um pequeno rabo de cavalo puxava a parte de cima dele para trás, deixando uma franja à mostra. Um par de olhos vermelhos claros e brilhantes aguardavam uma resposta para a pergunta feita.
— Agradeço humildemente por suas ações, senhor…?
— Nicolas, mocinha. Soquinho — riu ele, erguendo o punho na direção dela, que apenas inclinou a cabeça, confusa. O rapaz chamado Nicolas juntou as sobrancelhas, se sentindo traído. — Vaaaai, não me deixa no vácuo. Dá um soquinho.
Piscando um pouco confusa com as intenções dele, Fuyuki imitou o movimento e tocou o próprio punho no dele. Nicolas sorriu abertamente.
— Muito obrigada, senhor Nicolas, porém preciso me retirar imediatamente. Com sua licença.
— Epa, epa, um momento aí, amiga. A senhorita acabou se ferindo um pouco, então acho que seria melhor tratarmos desse ferimento antes.
A menina fez uma expressão amarga, mas Nicolas insistiu para que fossem até o curandeiro. De fato, uma marca roxa podia ser vista em sua testa devido à queda de mais cedo.
O jovem Nicolas permaneceu o tempo todo ao seu lado, fazendo perguntas e tentando fazê-la sorrir, mas foi tudo em vão. A garota não esboçava um riso sequer, a não ser a expressão educada que aprendeu a fazer desde o nascimento.
Os dias que se seguiram foram tranquilos e Fuyuki tornou a ver Nicolas com mais frequência. Ele sempre fazia questão de cumprimentá-la nos encontros ocasionais pelos corredores, ou quando saía de reuniões particulares da sala de seu pai. Foi então que a garota despertou certo interesse pelos guardiões.
— Bom dia, flor do dia!
— Opa, amiga, como vai?
— Princesinha! Soquinho!
Todas as vezes Nicolas a chamava de um jeito diferente. E, aos poucos, Fuyuki começou a se aproximar dele. Tinha algo agradável no jeito casual que o guardião a tratava quando estavam à sós. As pequenas brincadeiras diárias, os apelidos carinhosos, o sorriso fácil, o jeito que ele se impunha diante de outros membros da nobreza de forma pacífica para salvá-la das situações mais terríveis… Aos poucos, eles viraram grandes amigos.
Cerca de um ano mais tarde, Fuyuki voltou a ser provocada, mas, desta vez, pelos seus primos. Eram poucos anos mais velhos do que ela, mas agiam como se fossem adultos. Daquela vez, no entanto, Nicolas não estava lá para protegê-la, e Fuyuki se deixou levar. Foi derrubada no lago do jardim e chutada.
Um sentimento quente começou a queimar em seu peito. Era algo que nunca tinha sentido antes. Foi crescendo a cada chute, a cada risada, a cada olhar, a cada cuspida em seu rosto…
— O que é isso?!
— Minha perna! Aaaaaaaah!
— O que está havendo?
Uma ventania jorrou e derrubou todos os presentes, incluindo serviçais próximos. Uma das crianças caiu no chão, em choque, percebendo que suas pernas haviam congelado completamente.
Uma aura furiosa envolvia Fuyuki, que os olhava de baixo de um jeito nunca visto antes.
Instantes mais tarde, os pais da garota e Nicolas chegaram às pressas com o tumulto e ficaram tão surpresos quanto todos dali.
Um poder colossal havia despertado.
***
O despertar de um novo prodígio foi uma surpresa para todos. Mais do isso: Trouxe grande orgulho, principalmente para Coldy, que já tivera muito chi no passado - embora nunca tivesse tido a oportunidade de usá-lo apropriadamente.
Mas Fuyuki era diferente. E quase imediatamente se dispôs a entender melhor seus poderes.
— Nicolas, por favor me treine — disse Fuyuki, aos doze anos, o reverenciando.
O guardião entrou em pânico, chacoalhando as mãos para os lados.
— E-Erga a cabeça, senhorita! Vão achar estranho vê-la dessa forma… Mas… — Nicolas pigarreou — Mas por que eu? Acredito que hajam outros mestres melhores para-
— Nicolas — interrompeu ela, cruzando os braços e fazendo beiço — Me treine. Agora.
Ela bateu o pé no chão, ameaçando-o enquanto a temperatura começava cair ao seu redor. Com um riso envergonhado, Nicolas se agachou e assentiu.
— Está bem, senhorita Fuyuki. Mas não se engana com essa minha carinha linda porque eu vou pegar pesado no treino, viu? — Declarou ele, fazendo cafuné em sua cabeça. Um rubor surgiu nas bochechas dela.
Nicolas foi o primeiro amor de Fuyuki. Ele era duas décadas mais velho do que ela, então era mais como uma paixonite boba de infância, mas era um sentimento importante. Ele era forte, engraçado, gentil e protetor.
Ele contava histórias do mundo lá fora. De lugares que ela nunca havia ido, e nunca poderia ir. Contava piadas e a fez ter apreço pela leitura - principalmente pela fantasia, que a fazia viajar para longe e a ajudava a esquecer seu dia-a-dia solitário e chato.
Não, não eram dias chatos ou solitários… Ao lado dele, meus dias eram felizes.
***
O décimo quinto aniversário era tão importante quanto o décimo oitavo. Era o dia em que o aniversariante decidiria o que fazer da sua vida e dedicaria os próximos três anos em prol disso.
Uma festa glamurosa foi feita em homenagem à Fuyuki. Todos os presentes aguardavam que ela apagasse as velas do gigantesco bolo e declarasse à multidão seus planos e desejos para o futuro.
— Meu pai… Não, senhor Laion Minami, gostaria de fazer uma aposta.
Sussurros soaram pela sala, e o patriarca, confuso, passou os dedos pelos bigodes brancos.
— Prossiga, Fuyuki.
Com um olhar brilhante que passou por todos, e encarando rapidamente Nicolas - que ergueu o dedão para apoiá-la -, a garota inspirou fundo e berrou:
— Eu, Fuyuki Minami… Desejo me tornar a primeira matriarca! — Exclamações de surpresa foram ouvidas, e ela ergueu o dedo indicador percebendo as expressões de incompreensão dos pais — Mas, para isso, apostarei toda a minha liberdade e decisão de escolha.
Encarou com seriedade os pais, que estavam indignados e estarrecidos diante da decisão da herdeira.
— Em três anos, irei me casar com algum outro nobre e me tornarei como a mamãe. E estou disposta a fazer isso, entretanto, desde que me dêem uma chance.
Ela mostrou três dedos com a mão direita.
— Vou provar que sou digna do cargo. Eu prometo.
***
Os anos que sucederam não foram fáceis. Fuyuki treinou arduamente com Nicolas e se tornou uma mulher bela e forte. Não precisava da proteção dos guardiões de seu pai - ela lutava ao lado deles.
Foi com o peso de ser uma das únicas mulheres nobres em campo de batalha, e com sua impecável performance, que se tornou a Princesa do Gelo.
A primeira vez que matou alguém lhe trouxe um desconforto imenso, porém ela tinha alguém com quem podia contar e superou aquilo até que facilmente. Naquela época, no entanto, Nicolas e Fuyuki começaram a se ver muito pouco. Os ataques rebeldes se tornaram mais frequentes e perigosos, então os guardiões foram espalhados pelos territórios conforme as ordens do patriarca - este, que também estava em campo, lutando.
A Princesa do Gelo evitava mortes desnecessárias, mas podia ser impiedosa quando provocada.
***
— Um brinde à Fuyuki Minami!
O tilintar das taças de vidro chocando umas contra as outras ecoou pelo salão em festa, três anos mais tarde. Fuyuki estava radiante. Havia conseguido. Finalmente, seu potencial foi reconhecido e ela estava prestes a embarcar em uma nova jornada ao lado de seu pai. Ele que, agora, tinha repensado suas ações - após algumas broncas e auxílios da mãe, Coldy - e pediu desculpas à filha.
— Eu estava errado. Me perdoe, Fuyuki — A garota passou os dedos pelos olhos cheios d’água do pai — Eu te amo muito e estou orgulhoso de você.
Mesmo naquele momento, os ataques rebeldes continuavam, então muitas pessoas não puderam estar presentes naquele dia. Dentre eles, incluindo o próprio Nicolas, que havia viajado há três dias para o sul.
Mas ela estava feliz. As coisas tinham dado certo. Pela primeira vez em muito tempo, Fuyuki Minami estava orgulhosa de tudo o que tinha conquistado. Talvez, olhando bem profundamente em seu coração, estava feliz por ter feito todos aqueles que um dia pisaram nela curvarem a cabeça diante de si.
Foi quando tudo começou.
As janelas explodiram e grossos cacos de vidro voaram, acertando alguns convidados. Uma ventania grotesca invadiu o salão, derrubando as mesas. Uma densa névoa passou pelas frestas da porta… E uma onda dela invadiu o espaço completamente.
O que aconteceu a seguir… Fuyuki não distinguiu muito bem. As memórias eram uma bagunça completa. Se lembrava de correr e então tropeçar. De corpos se chocando. De gritos histéricos e passos pesados. Então, o som de algo macio sendo perfurado e rasgado.
Sangue.
De alguma forma, cambaleante, ela voou pela janela. O sol sumiu por trás das nuvens.
E ela viu. Viu quando Laion avançou na direção do homem e algo fino atravessou seu corpo largo. A lâmina foi retirada tão rapidamente quanto tinha se cravado e seu pai foi ao chão, gorfando e se afogando no próprio vômito de sangue.
E então, com as íris verdes presenciando tal cena, ela despertou novamente.
As nuvens se contorceram no céu numa espiral sombria, e bruscos trovões esbravejaram no céu quando a tempestade de neve iniciou. A essa altura, o massacre na igreja onde ocorrera a festa havia terminado, pois tudo havia se silenciado. Ou talvez fosse ela que perdera os sentidos.
Onde estava? O que estava fazendo? Quem era? O que era aquilo tudo?
As estacas de gelo cresceram do chão e quase perfuraram o corpo do mascarado oculto parcialmente na névoa. Um sorriso largo surgiu em sua face ao ver as lágrimas escorrendo no rosto dela.
— Muito bem, garota índigo. Explêndido. Você foi muito bem.
Havia um sarcasmo odioso em sua voz e Fuyuki berrou. Não conseguia distinguir a realidade da imaginação, e se viu perdida. Se viu desesperada. Se viu… Incapacitada.
— … Ora? Isso foi deveras impressionante.
Sangue escorreu do rosto do mascarado, que ria dos cortes causados em seu queixo. Mas estava um tanto perplexo pela jovem ter conseguido pegar nos braços uma mulher muito parecida com ela, mas inconsciente: Coldy Minami. Ainda estava respirando, viva.
O corpo de Laion foi soterrado pela neve, e as árvores, pelo gelo.
Um choque entre a névoa e o frio.
— De fato! Alguém com tanto poder… Capaz de criar uma tempestade dessas em um território sem gastar nada de chi… Sem sequer conjurar um elemento… É espetacular! A peça principal do nosso Destino!
Mas Fuyuki apenas caminhava a passos lentos e sem qualquer dificuldade na direção do mascarado… Na direção de Shai.
A tempestade engoliu tudo instantes depois.
***
Contratar guardiões confiáveis não era uma tarefa fácil. Mas Fuyuki Minami, a única sobrevivente, e nova matriarca, precisava fazer aquilo. Para tanto, com uma dor perfurando seu coração após receber a carta de óbito de seu primeiro amor, decidiu ir atrás dos Akai.
Os gêmeos Kanami e Sora eram completamente diferentes do Nicolas que conheceu. Eles eram frios, distantes… E diligentes demais.
O que eu estava esperando, afinal?
Eliza foi chamada um tempo depois e logo colocou em prática as pesquisas particulares da duquesa. No entanto, até então, não havia tido resultados para acordar Coldy de seu sono. Um coma além da compreensão humana… Um sono eterno.
Mas Fuyuki não desistiria até o final. Foi isso que Nicolas lhe ensinou ao longo de todos aqueles anos como mestre… E como melhor amigo.
Precisava, e iria, matar Shai. Destruiria a Insanidade e quaisquer outras Entidades relacionadas que existissem.
Para o tempo parado de Fuyuki e um coração em cacos congelado, apenas a dor e as lembranças de seus pecados a mantinham de pé.
Para esses sentimentos, apenas a chama da vingança era capaz de enterrar completamente o seu passado… E traria a penitência por cobiçar um destino proibido.