Ronan Brasileira

Autor(a): Raphael Fiamoncini


Volume 1

Capítulo 85: Visita Inesperada (1)

O ressoar de três batidas reverberaram na casa dos Zeppelis, anunciando uma visita não esperada por nenhum dos três residentes. Susan caminhou desengonçada, nervosa pelo medo de receber más noticias mais uma vez. Porém, ao girar a maçaneta e puxar a porta, um sorriso tomou os seus lábios.

— Olha só. Se não é a minha Leonhart favorita na porta da minha humilde residência. O que traz você aqui senhorita? — Susan testemunhou as bochechas da garota enrubescerem conforme falava.

— E-eu... é... bem...

— Nossa, mas que grosseria da minha parta — disse segurando a mão da garota, conduzindo-a para dentro. — Venha, pode entrar mocinha, vou trazer um chá agora mesmo. — E a largou perto do sofá, com o rosto tão vermelho quanto os morangos em cima da mesa de jantar.

A garota se levantou e guardou sua capa amarelo ipê no cabideiro perto da porta.

Da cozinha, Susan iniciou a conversa.

— A senhorita veio desacompanhada?

— Sim.

— Não é perigoso? Ainda mais agora que seu pai é o novo Arquimago?

Nathalia recordou da mentira que contou a Ronaldo e seus rapazes antes de sair, ou melhor, de fugir. Assuntos femininos costumam deixar os homens confusos.

— É sim senhora Zeppeli, mas ninguém meche comigo, não mais.

— Pode me chamar de Susan. Mesmo assim mocinha, você deveria se cuidar melhor. Ainda mais depois do atentado na universidade. Malucos como aqueles nunca devem ser subestimados. O amigo do Dario, o Runan, sofreu bastante pelo que meu filho contou.

Nathalia gostou daquele nome.

— O Ronan? Eu estive com ele. A gente levou a pior, mas por sorte o Dario e o professor... digo, ex-professor Ronaldo chegaram a tempo.

Susan voltou trazendo consigo uma bandeja, que deixou em cima da mesa para sentar ao lado da garota, que retirou suas luvas de couro. As duas pegaram uma xícara cada e bebericaram o chá ainda quente.

— Ronan, é isso mesmo — Susan se corrigiu. — Mas você não veio aqui para fofocar com uma senhora como eu, não é verdade?

— Que é isso senho... Susan. Eu adoro conversar com você, mas... — Tomou fôlego e reuniu coragem. — Eu vim convidar o seu filho.

Os olhares se cruzaram.

— Para? — perguntou uma senhora Zeppeli curiosa.

Nathalia encarou o chão, estranhando a sensação que a tomava.

— Dar uma volta...

— Você sabe por acaso que horas são?

— Tarde... perdão. Vou indo antes que... — Nathalia sentiu sua mão direita ser puxada num convite a se levantar do sofá.

— É hora de eu ir chamá-lo, sua bobinha. — Susan caminhou em direção à escada que levava ao quarto de seu filho.

— Susan, você é uma figura — Nathalia comentou ao pôr de volta suas luvas.

Cada segundo pareceu durar uma infinidade. Pôde ouvir vozes vindas do andar de cima, mas eram impossíveis de serem compreendidas. Suas pernas tremiam de nervoso, Nathalia engoliu a saliva que veio a acumular no fundo da boca, sentiu o rosto esquentar até que, finalmente, passos ressoaram vindos da escada por onde a senhora Zeppeli havia desaparecido minutos atrás.

Parado no primeiro degrau, Dario indagou:

— O que você faz aqui?

Nathalia contemplou as vestes do garoto, uma camisa manga longa de linho cinza por baixo de um gibão justo na cor marrom escura e uma calça de couro na mesma cor.

— Vim te visitar.

— Mas... por quê?

— Porque eu gosto da senhora Zeppeli. Ao contrário de você, ela é gentil e compreensiva com os outros.

As sobrancelhas de Dario arquearam.

— Isso é uma piada, né?

— De forma alguma. E por que você está vestido dessa forma?

— Porque eu tenho bom gosto.

Nathalia irrompeu em risadas.  O constrangimento em Dario foi se dissolvendo aos poucos, até se entregar ao riso contagiante da colega. Quando a seriedade recuperou a consciência de ambos, Dario verbalizou a seguinte pergunta:

— Mas falando sério, o que você veio fazer?

— A dona Susan não te contou?

— Ela contou sim, mas quero ouvir de você mesmo. — E apontou para ela.

Com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso malicioso, ela respondeu:

— Vim te convidar para sair — disse prendendo uma mecha do cabelo por trás da orelha.

Dario levou a mão ao rosto e coçou os olhos.

— Então vamos. — Caminhou porta a fora, deixando Nathalia atordoada. — Você vem ou não?

Ela levantou do sofá, pegou a capa amarela do cabideiro e o acompanhou.

— Nada mal — Dario comentou.

— O quê?

— Seu visual...

Nathalia deu um puxão no colete de couro marrom que sobrepunha em parte seu casaco manga longa vestido por baixo.

— Gostei da capa amarelada, principalmente das luvas — ele acrescentou. — Mas não me diga que você tomou chá sem tirá-las.

— É claro que não, eu não sou uma... — Hesitou parando na estrada em frente à residência dos Zeppelis.

— Uma de nós? — Dario quis saber.

— Não, deixa isso pra lá.

— Como quiser Leonhart, mas admita: você não veio só para caminhar comigo.

Nathalia correu saltitante até permanecer a cinco metros do colega Ela sorriu, levantou o braço direito em direção à lua e esticou os dedos.

— Eu te conto quando chegar a hora. — Então desceu o braço e apontou para ele com o indicador.

Com as mãos nos bolsos da calça, Dario deixou um riso escapar.

— Como quiser, Leonhart. — E caminhou até ficarem lado a lado.


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