Sessão 3

Capítulo 75 — Mãe e Filho

 

—Perspectiva de Eiji —

Quando cheguei em casa, abri imediatamente um site de web novel no qual eu estava registrado. Era uma grande plataforma que havia me chamado a atenção, mas eu só estava cadastrado havia alguns dias.

Lembrei do que a Ichijou-san me disse recentemente. Não tinha certeza se eu tinha talento, mas como já não tinha mais lugar no clube de literatura, aquele era o único caminho que eu tinha.

Por muito tempo fiquei em choque e sem conseguir escrever, mas, graças ao incentivo dela, comecei a recuperar a motivação. Copiei o manuscrito que havia escrito para o clube de literatura e colei no formulário de envio.

Preenchi as informações necessárias e cliquei no botão de enviar — aquele que eu nunca tivera coragem de apertar antes. Normalmente, o medo me paralisaria nesse momento, mas tentei me animar. Estava nervoso por mostrar meu romance a um público desconhecido.

Seria mentira dizer que eu não estava curioso sobre a ideia de romances online. Mas compartilhar meu trabalho num site onde tantas pessoas poderiam vê-lo exigia coragem, e eu tinha medo de correr esse risco.

Temia receber críticas ruins, mas hoje, apertar aquele botão foi surpreendentemente fácil.

“Pelo menos não fui insultado como na escola.”

Acho que estou mais forte agora.

Cliquei em atualizar.

“Oh, dez pessoas já visualizaram.”

Ainda não havia comentários, mas só de saber que alguém viu meu trabalho já me deixou feliz. Então, ouvi uma batida na porta.

“Eiji, posso falar com você?”

Era a voz da mamãe.

“Pode, está aberto.”

Respondi, e mamãe entrou no quarto, sorrindo mais calorosamente do que o habitual.

“Na verdade, eu fui à delegacia com o Takayanagi-sensei há pouco tempo.”

“O quê? À delegacia?”

Fiquei um pouco surpreso, mas como ela mencionou o Sensei, já pude imaginar o motivo.

“Sim, sobre o incidente em que você foi agredido. Parece que alguém filmou a cena, e o Sensei conferiu. Por isso fui confirmar tudo. Sinto muito por não ter percebido antes. Deve ter doído muito, não foi?”

Mamãe me abraçou suavemente.

“Agora está tudo bem. Todo mundo está ao meu lado.”

“Sim, somos realmente abençoados com pessoas boas. Até seu falecido pai está nos olhando. Acabei de registrar uma queixa contra um aluno do terceiro ano chamado Kondo.”

Ao ouvir aquelas palavras, sentimentos contraditórios de alívio e ansiedade se misturaram dentro de mim.

“Entendo.”

Se esse vídeo agora estava na polícia, o Kondo-senpai não escaparia das consequências. Eu temia retaliação, mas me lembrei de que não estava sozinho — todo mundo estava comigo.

“Além disso, Eiji, ouvi algo incrível. Você e a Ai-chan salvaram um senhor que desmaiou ontem? A polícia me contou. A mamãe ficou tão surpresa. Isso é realmente incrível. Estou tão orgulhosa de você.”

As palavras dela romperam minhas barreiras emocionais, e senti vontade de chorar.

“Como a mamãe soube...?”

“A polícia me reconheceu. Eles acharam que poderia ter relação com a mesma pessoa que foi atacada. O corpo de bombeiros vai até conceder a você e à Ai-chan um certificado. A pessoa responsável virá à escola amanhã.”

“O que aconteceu com o senhor que desmaiou?”

Não pude evitar perguntar com uma voz muito mais jovem, parecendo criança.

“Está tudo bem. Disseram que a vida dele foi salva graças à sua rápida reação. Eles só querem agradecer direito.”

“Entendo... Que bom.”

Era a única coisa com que eu estava preocupado. Eu havia procurado online e checado as redes sociais algumas vezes, mas não encontrei atualizações.

“Meu filho é realmente incrível. Tenho certeza de que seu pai também está orgulhoso de você.”

“É...”

Meu peito ficou aquecido, como se eu estivesse mais próximo daquele grande pai que sempre admirei.

 

No dia seguinte.

À medida que a notícia se espalhou, a atmosfera na escola mudou drasticamente.

Na semana seguinte, parecia que as posições de ataque e defesa haviam se invertido — era o Kondo quem agora estava encurralado.

Ele devia ter percebido então que sua queda havia começado naquele exato dia.