Sessão 2

Capítulo 47 — Um Clube de Futebol Despedaçado

 

— Perspectiva do Kondo —

“Ai! O que diabos você está fazendo!?”

Protestei enquanto meu corpo era pressionado contra o armário. Por mais importante que fosse o capitão Watanabe, existem coisas que ele pode e não pode fazer.

“Cala a boca! O que você está fazendo!? Justo agora, quando essa atividade do clube é tão importante!”

“Hã?!”

Não entendi o que ele estava dizendo. Será que esse cara finalmente pirou?

“Não faça o bobo! Olha essas fotos!”

As fotos que me mostraram eram o momento crítico: eu e a Miyuki entrando num love hotel e outra minha sendo preso pela polícia.

Que diabos? Quem foi…

Não pode ser. Tem traidores neste clube. Meu sangue gelou.

Não, até onde isso foi? Não pode ser, até os professores? Ou…

Meu pai ia encobrir, mas esse desgraçado tirou foto minha prestes a ser preso. Não, não, não, não!

Minha recomendação e minha fama vão pro ralo.

“Eu não sei! Não fui eu!”

Saíram palavras estúpidas da minha boca. Eu estava mentindo.

“Claro que é você! Para de fingir!”

Ele agarrou meu peito e me enfiou contra o armário de novo.

Humilhação! Humilhação! Humilhação!

Sou o rei deste clube. Desafiar o rei é sentença de morte!

“Droga! O que vai acontecer com nosso torneio final por sua causa?! Eu preciso de uma bolsa esportiva. Se eu tiver que estudar pro vestibular agora, não vou conseguir. O que você espera que aconteça se não chegarmos ao torneio por sua culpa? Se o clube for dissolvido, minha vida acabou!”

“Cala a boca! Já ouvi seu discurso antes. Você fala alto demais. Chegamos até aqui por meu talento, e vocês são só um bando de fofoqueiros.”

Empurrei o corpo do Watanabe o mais forte que pude.

“Seu desgraçado!”

Watanabe me lançou um olhar assassino.

“Me escuta. A escola não pode me punir. Isso é só promiscuidade. Gente faz isso no colégio. Vai dar só uma suspensãozinha. De jeito nenhum vai afetar minhas atividades no clube. Além disso, meu pai é conselheiro. Ele é um figurão. Ele resolve um escândalo desses num piscar de olhos. Estou numa liga diferente da sua! Não compare seus valores comigo, pois eu sou o Escolhido.”

“Hã?”

“A escola não teria coragem de me expulsar. Eles não vão arriscar expulsar um jogador famoso. Se isso vazar, vai virar um escândalo e a reputação da escola será arruinada. Como os professores conservadores daqui ousariam fazer tal coisa?”

Falei com ar convencido.

“Exato!”

Um dos meus juniores concordou. Claro. Senti orgulho das minhas palavras.

“Viram? Sou invencível. Não sou como vocês. Sou diferente!”

Sim, sou especial. Seus fofoqueiros, meu pai dá conta disso. Minhas habilidades no futebol vão provar o resto.

“Kondo!”

Watanabe gritou e veio na minha direção. Eu disse pra ele,

“Lembre-se —vocês são meus servos, não são? É um fato inquestionável que participaram do bullying com o Aono. O que acha que vai acontecer se isso vazar? Além do mais, vocês acham que ganham o torneio sem mim? Hein, hein? Acham que arrumam recomendação sem mim?”

Sacudi-o, e Watanabe, tremendo de raiva, parou de se mover. Parece que meu veneno fez efeito.

“Droga!”

Gritou, tentando controlar a fúria. Watanabe chutou a lixeira com força, espalhando o lixo.

“Então cala a boca, se entendeu! Sim, vocês não ganham sem mim. Cresçam, seus idiotas!”

Zombei dos membros do clube e comecei a trocar de roupa pelo uniforme de esportes.

Tenho poder de vida e morte sobre esses caras. Certo —eles são minhas peças. Posso fazer o que quiser. Tem que ser assim.

“A partir de agora, se nos colocarem em desvantagem, vocês vão se responsabilizar!”

Watanabe disse, patético. Sim, sim, o escravo fala. Ri e o ignorei.

Tá tudo bem. Ainda vai dar certo. Eu sou o Escolhido!

Todo o estresse acumulado vai ser liberado nesse amistoso.

Estremei enquanto me dirigia ao campo.

 

Duas horas depois...

“Que diabos?”

O placar mostrava 4–1.

Nós é que devíamos estar com quatro.

Por quê, por quê, por quê?!

Como pudemos tomar quatro gols contra um adversário mais fraco e ainda assim não marcar no tempo extra?

“Eu não aceito esse resultado!”

Nosso clube estava completamente destruído. Restava só a verdade brutal: aquilo era o começo do fim.