Sessão 1
Capítulo 20 — A Caloura e Seus Colegas de Classe
Separei-me do Senpai e fui para a sala.
Os olhares dos meus colegas eram confusos — afinal, eu havia faltado no dia anterior e saído da escola sem avisar ninguém.
Por precaução, avisei à minha professora responsável que não estava me sentindo bem e que ficaria de repouso, então seria tratado apenas como uma dispensa antecipada.
“Ichijou-san, ouvi dizer que você não estava bem. Já melhorou?”
A presidente da classe me perguntou, preocupada.
Ao vê-la com seus óculos de aro de vime e aquele jeito certinho de aluna modelo, até senti um certo alívio.
“Sim. Descansei ontem e já estou melhor. Acho que foi um leve golpe de calor.”
Respondi com meu tom habitual e amigável.
“Entendo, ainda está muito quente. Não se esforce demais.”
“Pode deixar. Obrigada pela preocupação.”
Essa é a máscara que uso em sala de aula. Sou gentil com todos, mas mantenho certa distância.
Assim, não fico isolada — e evito mal-entendidos.
A boa aparência é uma faca de dois gumes em um espaço fechado como a escola. É fácil despertar ciúmes ou causar problemas amorosos.
Por isso, tento ao máximo evitar criar inimizades, mantendo tudo sob controle.
A verdade é que eu me acho uma mulher irritante. Quero poder depender de alguém, mas não consigo.
E é por isso que acabo forçando a mim mesma demais — como ontem.
Senti vergonha de mim mesma por viver presa a essa contradição. Mesmo assim, preciso interpretar o papel de Ai Ichijou, a garota perfeita que todos esperam ver.
Ninguém enxerga quem eu realmente sou. Nem professores, nem amigos, nem meus empregados...
Nem mesmo o meu próprio pai.
…Só uma pessoa: Aono-senpai.
A pessoa mais especial da minha vida, que conheci apenas ontem — e que, de algum modo, já se tornou meu melhor amigo.
Com ele, posso mostrar o lado mais feio e constrangedor de mim, o verdadeiro “eu” — até partes que nem eu mesma conhecia.
Meu verdadeiro eu ri desse jeito... Nem eu me reconheço.
O engraçado é que, quando caminho ao lado dele, não sinto dor. Ele deve achar que sou um escudo, protegendo-o dos outros.
Porque o Senpai é bondoso… e eu, ardilosa.
Mas, na verdade, foi ele quem protegeu meu coração. E é por isso que quero passar o máximo de tempo possível ao lado dele.
Acho que é assim que as garotas se apaixonam. Mas talvez eu seja um caso especial…
“Ei, Ichijou-san. Desculpa… posso te perguntar mais uma coisa?”
A presidente de classe voltou a me chamar.
“O que foi?”
“É que… me desculpa, eu… eu vi.”
“Viu? Viu o quê?”
Eu sabia o que era, mas quis confirmar. Já esperava por isso, então não havia motivo pra me abalar.
“De manhã… eu vi a Ichijou-san indo pra escola junto com ‘aquele senpai de quem a gente falou’.”
Eu sabia.
“Oh, está falando do Aono-senpai?”
Fiz questão de dizer o nome dele em voz alta — de propósito, pra que todos ouvissem.
E, claro, meus colegas começaram a cochichar assim que ouviram aquele nome.
“O quê? A Ichijou-san e…”
“Aono-senpai… aquele que se envolveu no caso de violência, né?”
“Impossível. Deve ter algum engano.”
“Sim.”
A presidente da classe parecia um pouco decepcionada.
Tenho certeza de que ela queria perguntar isso discretamente, sem me expor.
Parecia realmente chateada por ter virado um assunto público.
“Sim, eu fui até a casa do Senpai, e nós viemos juntos pra escola.”
Disse de um modo que reverberasse pela sala toda — como se fosse uma declaração.
Assim, serviria como uma espécie de dissuasão.
“Vieram juntos de casa?! A Ichijou-san é tão próxima assim do Senpai?”
“Sim. Tão próxima que até a mãe dele me convida pra jantar.”
A sala inteira ficou em choque. Nunca tinham ouvido boatos sobre eu me aproximar de rapazes.
De certo modo, mencionei isso de forma a soar como uma “aprovação dos pais” — algo que deixasse claro que era uma relação respeitável.
Mas, no fim das contas, não estava mentindo.
“Ichijou-san, você sabe dos rumores sobre o Aono-senpai? Porque, sinceramente, não ouvi nada de bom sobre ele!”
Mahira — um dos meninos do time de futebol — se intrometeu na conversa.
Ele é do tipo extrovertido e galanteador, então provavelmente se meteu sem pensar.
“Sim, eu sei.”
Admiti prontamente.
“Então por que… por que você está fazendo isso? Ele não é digno da Ichijou-san…”
Olhei para ele, demonstrando leve incômodo — algo que normalmente não faria. Lancei-lhe um olhar firme, quase cortante.
“Ei, Mahira-kun? Você já conversou pessoalmente com o Aono-senpai?”
“Não… nunca.”
“Então você viu com seus próprios olhos o que aconteceu nesse tal incidente?”
“…Não.”
Perguntei de modo a encurralá-lo. Talvez percebendo minha irritação, os alunos ao redor — que fofocavam sem pensar — ficaram em silêncio.
O clima ficou tenso, como num velório.
“O Senpai não é o tipo de pessoa que faria algo como nos rumores. Eu sei disso, porque o conheço melhor do que ninguém — ele é meu melhor amigo. Foi ele quem me salvou, e por isso sou grata. Então espero que vocês não digam coisas irresponsáveis.”
Mas percebi que forçar demais seria contraprodutivo. Então suavizei o tom e falei de maneira gentil, mas firme.
“É… desculpa. Falei besteira sem conhecer ele direito.”
Fiquei aliviada com a sinceridade do pedido de desculpas. Mahira é galanteador, mas sei que não é uma má pessoa.
“Tudo bem. Eu também fui meio dura, desculpa.”
Encerramos o assunto com um sorriso travesso da minha parte.
“Desculpa, eu acabei dizendo algo estranho,” a presidente da classe murmurou, constrangida.
“Está tudo bem. Não tenho nada pra esconder.”
Na verdade, senti um leve remorso por tê-los envolvido no meu pequeno plano.
Mesmo que o Senpai fosse inocentado das calúnias, seria difícil apagar completamente a má reputação. Eu não queria que esses rumores se tornassem uma sombra que o perseguisse no futuro.
Então, pensei em abafar as más línguas com boatos positivos — mesmo que fosse um pouco.
Pelo meu Senpai, eu faria qualquer coisa.
E essa era uma decisão que eu não pretendia mudar.
Traduzido por Moonlight Valley
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