Sessão 1
Capítulo 14 — Mãe da Miyuki e Desespero
Capítulo 14 - Mãe da Miyuki e Desespero
— Perspectiva da Miyuki —
Meu joelho está bem vermelho por causa da queda no concreto. Deveria estar ardendo, mas, estranhamente, não sinto dor alguma.
Talvez seja porque meu coração já está morto que eu não sinto mais dor.
De algum jeito, consegui sair do Kitchen Aono e voltar para casa.
Minha mãe tem que trabalhar no turno da noite hoje.
Eu não queria vê-la agora, mas ela certamente estava em casa.
“Cheguei.”
Depois de um cumprimento rápido, minha mãe, que assistia a um programa de TV, me recebeu com o mesmo sorriso de sempre.
“Ah, bem-vinda de volta. Teve alguma atividade a mais na escola? Você chegou tarde.”
De alguma forma, aquelas palavras machucaram meu coração já morto.
“Eu fiquei um pouco com o Eiji.”
As palavras mal deixaram de ser uma mentira. A culpa de enganar minha mãe só fez crescer ainda mais o nojo que sentia de mim mesma.
“Ah, continua apaixonada por ele, hein? Que bom. Desde pequena, você sempre dizia que queria ser a esposa do Eiji. Fico feliz. Você teve uma juventude feliz.”
Aquelas palavras casuais perfuraram meu coração como uma arma mortal. Só aumentaram meu desejo por um lugar ao qual eu nunca mais poderia voltar.
“É... mãe, não me lembra dessas coisas constrangedoras, tá?”
Normalmente, as palavras leves da minha mãe me fariam sentir vergonha, mas também alegria.
Agora, porém, soavam como facas afiadas.
Porque eu sabia. Eu sempre soube. Era pra ter sido assim...
Quando o Eiji me confessou seu amor no ano passado, eu me senti no paraíso.
A partir dali, seria a namorada dele. No próximo ano, estudaríamos juntos para o vestibular e entraríamos na mesma universidade. Depois, já na faculdade, mataríamos algumas aulas para passear por aí.
Trabalharíamos em meio período e gastaríamos um pouco mais em presentes de aniversário e de Natal.
Quando começássemos a trabalhar, talvez brigássemos um pouco, mas depois nos acostumaríamos um ao outro, nos casaríamos, teríamos uma família feliz e envelheceríamos juntos.
Eu alimentava essa fantasia tola e feliz havia muito tempo.
“Desculpa, mãe. Tenho uma prova chegando, então vou estudar no meu quarto.”
“Ah, entendo. Eu saio daqui a pouco, então deixei curry na geladeira para o jantar. É só esquentar e comer, tá?”
“Tá bom, obrigada! Boa sorte no trabalho, mãe.”
Mal consegui dizer isso antes de correr para o meu quarto.
Eu não havia traído apenas o Eiji e sua mãe — havia traído a minha mãe também.
No fim, tive que encarar o peso de tudo o que fiz.
O futuro feliz que imaginei desapareceu por completo.
Tranquei a porta do quarto e desabei na cama.
Cerrei os punhos com força, tomada pela tristeza e pelo ódio por ter me manchado.
Minhas unhas se cravaram na pele e o sangue pingou sobre o cobertor cor-de-rosa.
Ouvi a voz do meu outro eu — aquele que me odiava por ter cedido à luxúria.
“Como você pôde trair alguém que amava tanto? Por que continua traindo as pessoas que ama?”
“Por que fez isso? Será que não sobrou gentileza ou razão dentro de você?”
Agora não há mais nada que eu possa fazer.
De que adianta você dizer isso?
Meu joelho arranhado e avermelhado finalmente começou a doer.
Minha mente, tomada pelo desespero, começou a seguir por um caminho sombrio.
Não, eu não posso. Não posso me deixar levar pelas ondas de emoção.
Pensei isso, e minha mente enfraquecida tentou, desesperadamente, me conter.
Mas a represa do meu coração já havia se rompido antes. Foi quando o Kondo-senpai me empurrou.
Então, não havia como conter meus sentimentos caindo na escuridão.
“Mesmo que você ainda se importe com o Eiji, já é tarde demais.”
“Você o traiu, então é tarde demais para agir como uma heroína vítima de um romance.”
“Você acha que é a vítima? Não! Deve estar doendo muito mais para o Eiji. O verdadeiro ferido é ele.”
“Pra começar, você o traiu e ainda ajudou a armar uma conspiração para isolá-lo. Como alguém assim pode ser perdoado?”
Meu eu interior me lançava insultos sem parar.
Meu coração frágil havia chegado ao limite.
Eu queria fugir.
E me deixei levar pelo caminho mais fácil.
Agora, tudo o que eu queria eram palavras gentis.
Então, com as mãos trêmulas, pedi ajuda.
Para o Kondo-senpai:
“Senpai, eu quero te ver.”
Como se me agarrasse a ele, disse aquilo com força a mim mesma, buscando o caminho fácil.
“Não tenho outra escolha. Só posso me agarrar a ele!”
Eu não tinha escolha a não ser me apegar à sua bondade.
Que eu fosse a pior mulher do mundo.
Não havia outro caminho.
No desespero, não consegui conter meus desejos.
Peguei da escrivaninha a foto do Eiji e eu na cerimônia de abertura das aulas e a segurei contra o peito, chorando em silêncio.
Quis rasgá-la, jogá-la fora.
Mas, mesmo pensando nisso, minha mão não se movia.
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