Volume 1
Prólogo: A Origem
Evolução... essa é a única palavra que consegue encapsular o conceito humano em sua essência. Milhares de anos atrás, a evolução levou a humanidade a um novo patamar, desencadeando forças e habilidades nunca antes imaginadas. A partir desse ponto, uma energia misteriosa começou a emergir, fruto das circunstâncias extremas em que viviam nossos antepassados.
Para alguns, essa energia única, chamada Togen, teria surgido como uma resposta biológica às catástrofes naturais que assolavam o mundo. O corpo humano, pressionado pela necessidade de adaptação, teria encontrado meios para sobreviver e prosperar em meio ao caos, manifestando essa energia como um mecanismo de defesa e sobrevivência.
Outros, no entanto, acreditavam que essa transformação transcendia as forças biológicas e naturais. Para eles, o Togen era uma dádiva enviada diretamente por uma força divina, uma luz sagrada que escapava à compreensão humana. Esse dom, vindo do próprio Deus ou de uma entidade superior, colocava o homem em contato com algo além de seu alcance, algo que superava a própria evolução e iluminava o caminho para um destino extraordinário.
Nessa necessidade de se adaptar ao ecôssistema e às catástrofes mundiais, seres de todo planeta evoluíam aceleradamente de acordo com o ambiente em que viviam, assim, também alcançando a energia denominada Togen. Entretanto, algumas dessas criaturas alcançaram uma evolução ainda mais surpreendente, desenvolvendo um tipo de Togen, algo que ultrapassa qualquer expectativa ou compreensão conhecida. Esse Togen era fruto de uma energia “Impura” que envolvia algumas criaturas, deixando-as mais nocivas e, consequentemente, com uma força além do normal, chamada de Togen Maligno.
Esse Togen Maligno, contudo, possuía uma peculiaridade inquietante: ele não surgia naturalmente na espécie humana. Para que um humano pudesse abrigar essa forma obscura de energia, seria necessário implantá-la de maneira artificial, como se seu próprio ser rejeitasse algo tão distorcido. Apenas seres da natureza em si conseguem nascer e desenvolver naturalmente essa energia: porém, ela não surgiu do “nada”, mas sim dele…
O que é, para você, um monstro? Seria ele um ser humano desprovido de piedade e compaixão ou, talvez, uma criatura que transcende os limites das emoções e da moralidade humana? Um ser que, por sua própria forma de vida, foge dos padrões implantados e que acreditamos serem fundamentais na essência humana? Alguém ou algo que se coloca fora dos padrões éticos e morais que moldaram a nossa civilização?
Desde de o nascer da pureza humana, com toda a vida criada diante desse extenso universo, o conceito de ‘monstro’ tem assombrado o imaginário humano. Porém, houve um período nessa terra onde essa diferença entre esses seres… não existiu.
Antes da chegada do Togen Maligno, existia um lugar além de nossa dimensão, um espaço mergulhado em escuridão eterna e tingido com uma tonalidade sutilmente arroxeada. Um vazio absoluto, onde a solidão e a desolação formavam um ambiente tão sinistro que nenhuma mente humana poderia suportá-lo. Ali, no coração daquele lugar nefasto e vazio, repousava um pequeno feto que se desenvolvia lentamente, sendo alimentado e construído por uma energia negativa que permeava sua pele áspera e asquerosa. Quando finalmente alcançou a plenitude de seu desenvolvimento, o feto estava transformado: uma criatura completa, organizada e imbuída de uma adaptação impecável para sua chegada à Terra. Quando a fenda dimensional rasgou o céu, afastando as nuvens e pássaros por perto, os humanos Homo sapiens, que já continham minimamente um grande raciocínio, olhavam para o céu com seus olhos brilhantes, como se buscassem uma resposta para toda a névoa roxa que se espalhava pela região. Da imensa fenda, a criatura anômala emergiu, observando tudo à sua volta e mantendo-se acima de todos que o observavam. Ele era a personificação de toda maldade e do caos reprimido por todos os seres vivos, agora implantado nesse novo planeta com uma vida magnífica aos seus olhos.
Depois de sua chegada, essa criatura cativou pequenos grupos humanos, que rapidamente se referiam a ele como “seu deus do novo mundo”, mesmo que ele matasse, torturasse e brincasse com eles. Todos que viviam à sua volta — mesmo que juntos — não tinham um terço de todo o poder demonstrado por ele, pois seus atributos físicos, habilidades, inteligência, entre muitas outras coisas, estavam extremamente fora do alcance de qualquer humano.
O universo, de maneira indireta, enviou à Terra a representação do caos, uma força que prometia desestabilizar tudo em seu caminho. Contudo, a própria Terra, em sua resistência e resiliência, respondeu a essa ameaça criando pequenos seres de almas puras, dotados de uma luz interna capaz de enfrentar essa ‘maldição’ que cercava o planeta. Esses seres, conhecidos como fadas, emergiram como protetoras da natureza.
Naquele mesmo tempo que a criatura havia chegado à Terra pela fenda dimensional, a névoa roxa que vagava pelo mundo alocou-se em um vulcão de uma grande ilha, poavada por pessoas de uma pequena e simples aldeia. Porém, depois de alguns dias, ele desencadeou uma erupção por todo o terreno, espalhando desenfreadamente o Togen Maligno por meio da fumaça e das rochas que caíam na água.
Assim, seguiu-se por anos o imperio formado pelo Caos, adorando-o e o referindo como um deus que iria salvar o mundo das ruínas, ajudando e cuidando somente daqueles que proclamaram seu nome.
Com tudo, a humanidade continuou a evoluir e controlar suas habilidades meta humanas, desde de pequenas poças de água, brasas quase apagadas, terras acabadas, a grandes lagos, chamas intensas e pedaços de terra consideravemnete grandes. A habilidade era como um balão com ar dentro: Quando estourado, você conseguiria utilizar livremente, contanto que não gastasse seu Togen a um limite drastico, já que agora, o corpo humano se tornou dependente do Togen para sua sobrevivência.
Anos se passaram novamente, e o mundo continuava a desabar com a presença do Caos, que fortificava seus súditos, corrompendo-os com seu poder impuro e sombrio. Ele manipulava cada vez mais seus servos, que, se pudessem, dariam a vida em prol de seu nome. No entanto, alguns humanos se aliaram às fadas com um único objetivo: matar essa criatura infernal que impregnava o mundo com sua energia. Para conseguirem concluir esse feito, eles treinaram incansavelmente. Porém, apenas um guerreiro se destacou entre os demais, sendo o escolhido para liderar o extenso exército de fadas e humanos. Ao seu lado no poder, a gloriosa rainha das fadas dividia o “Trono de Guerra” com o humano. Ela mantinha uma postura séria e confiante; suas asas lilás com azul-marinho ao centro eram esplêndidas. Vestia uma roupa vinho escuro com bordas redondas e brancas, digna de uma verdadeira rainha disposta a proteger seu povo, mesmo que não possuísse um rei ao seu lado.
A batalha, seguindo a lógica temporal atual, foi travada na data do dia. O clima estava tenso, preparado para um dia chuvoso. As tropas marchavam firmemente, com passos que afundavam o chão, deixando pegadas profundas. No entanto, muitos humanos morriam de maneiras brutais. O líder dos humanos, que já estava à beira da morte, machucado e ferido, ressurgiu na batalha com uma armadura negra e, junto da rainha das fadas, mutilou o monstro que se declarava deus…
Com um corte profundo em seu peito, feito por uma grande espada negra, seu sangue transbordava no chão e sua aura de maldade se direcionava ao céu, que escurecia drasticamente. Raios despencavam do céu em uma fúria incessante, atingindo o solo repetidamente e devastando tudo ao redor. Cada impacto era seguido por um clarão ofuscante e um estrondo ensurdecedor, transformando a terra em uma paisagem de destruição e caos. Árvores eram reduzidas a cinzas, o solo rachava sob o calor intenso, e o ar parecia vibrar com a energia selvagem que pairava, implacável e indomável. A cada novo raio, a devastação se expandia, deixando um rastro de destruição absoluta.
Todas as pessoas observavam atentamente, não acreditando no que seus olhos encaravam fixamente: quatro novos seres estavam se materializando, cada um com suas peculiaridades.
A primeira criatura possuía uma pele tão seca e enrugada que parecia não ter se alimentado por milênios. Mas, apesar de sua aparência debilitada, uma poderosa aura de energia emanava de seu corpo, preenchendo o ambiente com uma presença opressora. À medida que essa energia se espalhava, as pequenas plantas ao seu redor, ainda verdes e vivas no solo, murchavam instantaneamente, como se a própria força vital lhes tivesse sido arrancada. O simples ato de estar perto dessa criatura fazia a natureza ao seu redor sucumbir, refletindo o impacto sombrio e devastador de sua existência. Ainda se materializando lentamente, seu olhar e sua expressão quase morta intimidavam todos os bravos guerreiros à sua volta.
O segundo ser, aos olhos de alguns dos guerreiros, era o mais perturbador. Sua pele continha fissuras e lacerações que revelavam ossos expostos por todo o corpo, como se estivessem à beira da decomposição. Ainda demonstrando um grande poder, sua aparência era mórbida, quase pronta para aves necrófagas, como os cathartidae — tipicamente chamados de urubus — se alimentarem desse corpo doente e frágil.
A terceira criatura se assemelhava a um esqueleto humano, mas, diferente dos demais, possuía alguns ossos maiores em seu corpo, como sua caixa torácica, fêmur e os braços, com uma espécie de ossos acumulados envolvendo o úmero. Onde estava situado seu coração, emanava um brilho forte e sombrio. Em suas costas, por trás de um sobremanto que o cobria, uma foice roxa se formava lentamente.
O último era visualmente mais forte que os outros, pois, além de também ser um esqueleto como o anterior, seus ossos eram bem mais largos e grossos, e sua altura era de cerca de 2 metros e meio. Mesmo sendo um esqueleto, era visível uma rachadura em seu olho esquerdo, e, por sua barba grande e grisalha, imaginaram que ele seria o mais velho dos três. Seu corpo, mesmo em formação, já estava protegido com uma grande armadura feita de rubi e rochas semelhantes às de um vulcão em erupção.
Em meio ao caos e destruição, humanos e fadas tremiam de medo, buscando desesperadamente abrigo nos cantos mais próximos. O pânico dominava seus corações enquanto o mundo ao redor parecia ruir. No entanto, em meio ao desespero coletivo, Litith, a majestosa rainha das fadas, manteve-se firme. Seus olhos, brilhando com determinação, pousaram no líder dos humanos, agora caído ao chão, enfraquecido e imóvel. Ela sorriu suavemente com uma expressão de satisfação antes de voltar sua atenção para as criaturas grotescas que ainda estavam em formação, suas presenças contaminando o ar. Com passos lentos e graciosos, Litith caminhou até próximo das quatro criaturas, elevando suas delicadas mãos ao céu. Seus lábios moveram-se suavemente enquanto pronunciava palavras antigas, um idioma perdido, que jamais havia sido ouvido por qualquer ser mortal. Cada sílaba parecia vibrar no ar, carregando um poder incomensurável.
Assim, como seu último gesto, Lilith os atingiu com uma magia poderosa que interrompeu a energia maligna que os rodeava e afastou todas as nuvens à sua volta, gradativamente trazendo de volta os pequenos raios de sol. A luz explodiu, e Lilith, olhando para todos com seu último sorriso no rosto, desapareceu com ele.
Quando a poeira baixou, as quatro criaturas haviam se transformado em objetos diferentes. No entanto, Lilith deixou todo o conhecimento para o mundo como preço do selamento. O tão poderoso Caos, que dividiu fragmentos do seu poder entre eles, agora não passava de um simples ‘nada’, pois sua existência não estava mais na mesma dimensão.
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Prezar a vida de outro ser era essencial, por mais que a necessidade e o instinto humano sempre nos levem a um fim: matar ou morrer. Uma escolha que leva o ser ao seu período de evolução, seja ele mental, espiritual ou físico. No fim, ele vai adquirir algo com suas ações, talvez boas, talvez ruins; talvez ele veja que isso não é necessário, ou que isso é o que o faz humano.
A necessidade da evolução constante elevou o ego da humanidade, e assim eles decretaram: monstros não são humanos. Anos depois, a raça humana começou a desprezar qualquer tipo de criatura criada pela própria natureza, fazendo as fadas se afastarem e nunca mais serem vistas pelos humanos. Por outro lado, o culto dos adoradores do caos se fragmentou por todo o mundo, jurando trazer seu deus de volta à Terra, e assim, eles se esconderam na sociedade.
Depois disso, o mundo voltou ao normal… ou pelo menos os humanos pensaram. Um estudo avançado feito pelos mais renomados exploradores mostrou a existência de um novo Togen, interligado diretamente com a alma, pois aparentemente o corpo humano também desenvolveu uma espécie de armazenamento de Togen extra. Apelidado de Togen Espiritual, foi descoberto, depois de muitos testes, que esse era o ponto final de certa forma, já que, caso ele acabasse, ali mesmo seria seu fim. Esse tipo de Togen também não pode ser regenerado como os outros e pode causar danos psicológicos, espirituais e até mesmo físicos permanentemente.
E assim, chegamos à atualidade; um mundo visualmente belo, ou pelo menos era de se esperar…
Nota do autor: Olá, para você que não me conhece, me chamo Otávio e atualmente tenho como hobby escrever. Essa ideia e paixão pela escrita surgiram de repente — embora em alguns momentos eu tenha preguiça — e me vi escrevendo uma grande história, com algumas referências, características levemente “genéricas” e traços meus que fazem a obra ser chamada de “minha”. Também venho dizer que estou postando o prólogo posteriormente, pois achei necessário descrever brevemente o sistema do mundo que será desenvolvido gradativamente. Quando iniciei esse hobby, eu não tinha tanto conhecimento sobre esse ramo. Possivelmente o prólogo estará escrito melhor até mesmo do que o capítulo, já que está sendo escrito depois. Então, peço paciência de vocês e que não desistam logo no início. Obrigado.