Reinos Arcanos: O Despertar da Magia Brasileira

Autor(a): Otávio Bento

Revisão: Guixxx11


Volume 1

Capítulo 1: Uma nova era

…10 de agosto de 1426…

O que te torna diferente de outras pessoas? Talvez nesse extenso mundo você poderia dizer dinheiro, poder ou até mesmo ser beleza, porém, o que te faz único é o seu modo de viver…

Em uma bela manhã de segunda-feira de um dia qualquer, uma voz ecoava pelo extenso corredor de uma pequena casa no vilarejo Áurea.

— Yuta! — gritava Bruna.

Enquanto isso, no quarto do garoto, raios de sol entravam pela janela, o cobertor estava jogado no chão e a TV estava ligada.

Com os gritos de Bruna, o pequeno garoto começa a acordar de seu longo sono.

Um suspiro longo escapou de seus lábios enquanto ele cobria sua boca.

— Já estou indo, Tia! — respondeu Yuta com uma voz cansada.

Ele se levanta calmamente de sua cama e começa a ir em direção à sala. Porém, resolveu olhar as horas em um relógio que havia perto de uma estante.

— Já são 10:30?! — gritou Yuta, inconformado.

— Eu já tinha te avisado para não ficar até tarde assistindo TV.

— Mas eu não fiquei até…

Yuta então se lembra do que havia dito a si mesmo.

“Acho que não tem problema se eu ficar só mais um pouquinho.”

Ele desviou seu olhar e deu um pequeno sorriso.

— Ok, ok. Talvez eu tenha ficado sim.

Bruna dá uma leve risada e aponta para a cozinha.

— Se eu fosse você, tomava seu café rápido, porque já está quase na hora da sua aula.

— Hoje tem aula?! — respondeu Yuta, preocupado.

Ele piscou repetidamente, tentando processar a informação.

— Acho melhor eu ir arrumar minhas coisas! — falou Yuta, apressadamente.

 ***

O nome desse garoto era Yuta Futsume. Ele era um jovem normal de apenas 13 anos que vivia em uma pequena aldeia. Em comparação aos outros alunos, ele era mais fraco, já que não havia liberado seu poder ainda. Nesse mundo, ter poder na visão das pessoas era algo crucial. Porém, Yuta não se importava muito com isso.

“E mais um dia normal de aula. Porque eu tenho que ir todo dia para a escola?”

De repente, Yuta sente algo tocando seus ombros, quando ele se vira para ver, havia uma bela garota ruiva.

— Você está atrasado de novo, Yuta! — falou com uma voz impaciente.

Yuta coloca a mão na parte de trás de sua cabeça e dá uma leve risada.

— Eu acabei me atrasando de novo, Yuzumi.

— Você tem que parar de ficar até tarde, porque…

Wuuuu!

Um longo barulho de sirene começou a tocar.

— Eu estou tão atrasado assim?!

— Vamos rápido!

Assim que escutaram o sinal, correram rapidamente para a escola. Ao chegar lá, depois de insistirem, o porteiro deixou-os entrar em sua aula.

Como o vilarejo era pequeno, eles tinham somente uma sala para todas as turmas. As aulas eram divididas por horários durante o dia. Porém, hoje algo seria diferente do comum.

— Ei turma, sentem-se em seus lugares que hoje teremos uma novidade — falou a professora calmamente.

Os olhos de Yuta rapidamente se fixaram na porta, ele podia sentir que algo estava por vir.

Toc! toc! 

Uma voz gritou do lado de fora da sala.

— Estou entrando! 

Um homem alto, de terno marrom e uma garrafa d’água, entra na sala. Acompanhando-o, havia um garoto de roupa preta. Seus olhos eram vermelhos como sangue, uma cor tão forte que era impossível não olhar para eles.

— Olá, meus queridos alunos! — gritou animado com a turma — Hoje, venho anunciar que temos um novo aluno nessa escola.

— Me chamo Zeldres, prazer em conhecê-los.

Yuta então escuta dois garotos sussurrando atrás dele.

— Ei Naoki, esse garoto parece ser de algum Reino popular.

— Ele deve ser bem forte. Já quero desafiá-lo!

— Pode se sentar ali — falou o diretor, enquanto apontava para um lugar vazio do lado de Yuta.

 “Ele vai sentar do meu lado?!”

Zeldres agradeceu o diretor e começou a subir as escadas em direção ao seu lugar.

 — Vou me retirar por agora. Caso vocês precisem de algo é só me chamar. Estarei na minha sala. 

O garoto senta do lado de Yuta e começa a retirar suas coisas de uma pequena mochila.

 — Bela mochila — falou Yuta com a intenção de ser amigável.

 — Sim — respondeu Zeldres não demonstrando muito interesse em fazer amigos.

 “Ele deve ser anti social. Vou tentar falar de algo mais legal.

 — Porque você se mudou para cá?

O garoto apenas fica em silêncio demonstrando que não queria falar. Yuta apenas ignorou e seguiu a aula normalmente.

No intervalo, Zeldres estava sozinho, comendo seu lanche e descansando. Por outro lado, Yuta estava conversando com alguns de seus amigos.

 Wuuuu!

— O Recreio tá passando muito rápido! — resmungou Yuta enquanto se levantava.

— Sim! — concordou Yuzumi, enquanto Yuta a ajudava a sair do chão.

Yasuke se levantou do chão e começou a se limpar.

— Tenho que ir falar algo importante com o Naoki.

— Ok, vamos para a sala, Yuzumi.

Entrando na sala, Yuta percebeu que já havia alguém lá. Era Zeldres.

Por mais que tentasse ser amigável, o garoto não era muito de conversar, então Yuta resolve apenas deixar isso de lado.

***

 — Por hoje é isso, turma, podem guardar seus materiais e irem para casa. Lembrem-se que amanhã teremos uma aula especial.

Todos começam a guardar suas coisas e se retirarem da sala. Enquanto Yuzumi conversava com sua amiga na parte de baixo, Yuta guardava suas coisas.

 — É Yuta, né? — perguntou Zeldres enquanto segurava a borracha de Yuta — Você deixou isso cair.

— Nem tinha reparado. — Yuta dá uma leve risada e pega a borracha de volta. — Muito obrigado.

Ele apenas pegou sua mochila e começou a andar em direção à porta. Enquanto ele saía, Yuta pensa consigo mesmo: “Ele é meio metido.”

Depois disso, Yuta e Yuzumi pegaram seus materiais e foram embora.

Ao chegar em casa, Yuta tomou seu banho e resolveu jogar uns jogos para se distrair um pouco. “Acho que hoje foi até bem legal.” pensou consigo mesmo. “Qual será a aula especial de amanhã?”

Trim trim trim 

O simples telefone que tinha na parede da casa começa a tocar. Bruna atendeu o celular e rapidamente podia ouvir sua voz pela casa.

— Yuta! A sua amiga tá querendo falar com você aqui.

Ele acaba a partida e desce as escadas de sua casa, curioso com o que Yuzumi tinha a falar. Ele pega o telefone e começa a conversa com Yuzumi.

— O QUE?! — gritou Yuta, pulando de alegria.

Bruna escutou o grito dele enquanto limpava a cozinha. Curiosa, ela limpa suas mãos e anda em direção a sala para entender o que estava acontecendo.

— Obrigado por me avisar, Yuzumi!

Enquanto ele colocava o telefone de volta no lugar, seus olhos estavam brilhando de alegria.

— Porque está tão animado? — perguntou Bruna, curiosa.

— Amanhã teremos uma missão!

— Que legal, Yuta!

Bruna sorriu enquanto fazia um leve carinho na cabeça de Yuta.

 ***

No dia seguinte, raios de sol entraram pelo quarto, a cama estava arrumada e a TV desligada. Yuta descia as escadas com seu uniforme e sua mochila.

— Que milagre você levantar cedo — falou Bruna surpresa, enquanto arrumava as coisas para o café — Já que você acordou cedo hoje, poderia me ajudar com o café?

Os dois começam a preparar o lanche. Yuta era um garoto preguiçoso, porém, era esforçado. Ele não deixava se abalar pelas coisas e sempre ajudava da maneira que podia. Desde novo, ele sonhava em dar uma vida de luxo para sua Tia.

Depois do café, ele rapidamente partiu em direção à escola enquanto pensava sobre a aula de hoje.

“Será que hoje eu vou poder finalmente completar uma missão séria?”

Uma memória vem na mente de Yuta.

 5 anos atrás

 — Ei pessoal! Algum de vocês quer fazer dupla comigo?

— Haha, eu não vou mesmo. Você vai me atrasar.

— Eu… já tenho outra dupla — falou o menino enquanto saia do local.

— A… Ok — concordou Yuta, afastando-se lentamente.

Ele se afasta dos garotos e se senta em um canto. Seu olhar estava caído, suas mãos leves e seu sorriso havia desaparecido.

— Ei, Garoto! — Uma garota ruiva o chamou, sua voz era doce e havia uma expressão alegre em seu rosto.

Yuta lentamente olha para a garota sem conseguir falar uma palavra.

— Percebi que você está aqui sozinho — falou a garota enquanto estendia sua pequena mão. — Quer fazer dupla comigo?

Naquele momento seus olhos brilharam, impressionado, ele pensou, “porque ela iria querer fazer dupla comigo?”, mesmo com essa dúvida ele fica muito feliz e aceita o pedido da garota. Desde então os dois se tornaram grandes amigos.

***

Yuta olha para sua mão apertando-a firme e pensa. “Eu vou completar essa missão e vou provar pra eles que sou forte!”

Depois disso, ele pega sua mochila e parte em direção à escola. Quanto mais ele se aproximava da escola, mais seu coração acelerava. Por mais que fosse uma missão simples, ele queria provar para as pessoas que ele era forte para completá-la rapidamente.

 — Você chegou cedo hoje em?! — falou Yuzumi muito surpresa.

— Quase não dormi essa noite. 

Algum tempo depois o sinal toca e eles vão para a sala de aula. A professora começa a organizar a turma.

— Vou explicar pra vocês a aula de hoje! — disse alegremente enquanto puxava um pano que tapava o quadro — Vocês irão formar trios e vou passar uma missão para cada trio. Aquele que completar primeiro terá uma grande recompensa!

“O que será que é essa recompensa? ” Pensou curioso “Eu tenho que completar essa missão!”

Os alunos quase nunca tinham uma missão para fazerem e essa era mais especial que o normal, já que teria uma recompensa para eles.

— Podem começar a formar seus trios!

Rapidamente, Yuta já se reunia com Yuzumi para discutirem. Eles sabiam que a maioria dos seus amigos já estavam com seus trios formados; então, sobrou somente uma opção. Eles se aproximam de Zeldres que estava longe da maioria dos alunos. Alguns outros trios o chamaram, porém, ele recusou.

— Ei, Zeldres. 

— Diga.

— Todos os trios estão preenchidos, então que tal você se juntar a nós? — disse Yuta enquanto mantinha um enorme sorriso em seu rosto.

— Não — respondeu Zeldres enquanto o sorriso de Yuta desaparecia. — Eu vou completar essa missão sozinho.

Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos, pensando em como poderia fazer ele mudar de ideia.

Zeldres se levanta e começa a ir em direção a professora.

Preocupado e sem saber o que fazer, Yuta recorre a sua última opção.

— Você não se acha forte o suficiente para participar do nosso grupo? — gritou Yuta apontando para Zeldres.

Naquele momento podia se ouvir o bater das asas de uma borboleta dentro da sala. Todos observavam com um olhar de espanto.

 — O que você tá fazendo? — sussurrou Yuzumi com uma voz preocupada.

 — Relaxa — sussurrou Yuta de volta para Yuzumi.

Mesmo com toda aquela tensão, algo inesperado aconteceu.

— Hahaha! Pelo visto estão precisando de alguém que complete a missão para vocês, né? — disse Zeldres, enquanto encarava Yuta com um sorriso arrogante. — Relaxa que eu completo.

Mesmo um pouco confuso com a reação de Zeldres, ele tinha certeza de uma coisa, o trio estava formado então ele poderia completar a missão tranquilamente.

Depois de todos os trios prontos, a missão foi passada: eram missões bem simples, como pescar, achar flores específicas ou alguns minérios em um riacho próximo. A missão do trio de Yuta era tranquila igual as outras. Eles teriam que colher alguns frutos em uma cesta e trazer de volta para a escola.

Rapidamente, eles saem da escola e sobem o pequeno morro que tinha ali por perto para colher as frutas. Quanto mais eles andavam em direção aos frutos, mais tenso ficava o lugar. Yuzumi olhava em volta e só via matos com algumas teias de aranha; lá já não havia tanto sol por conta da vegetação.

— Estamos quase lá — afirmou Zeldres, enquanto avançava em frente.

— Sei que isso parece meio aleatório, mas qual é o seu poder, Zeldres? — perguntou Yuta com um tom de curiosidade.

— Sinceramente, eu não sei te dizer — falou pensativo, enquanto caminhava em frente. — Se eu fosse tentar explicar, diria que são meus olhos.

— Seus olhos? — perguntou Yuzumi curiosa.

— Até onde eu sei, todos os membros da minha família tem olhos avermelhados.

Clack!

De repente, eles escutam um som de uma árvore quebrando bem longe.

— Melhor pegarmos essas frutas logo, não podemos perder tempo.

Eles concordam e começam a pegar rapidamente as frutas para chegarem a tempo; porém, Zeldres acaba se distanciado um pouco de Yuta e Yuzumi. 

Yuzumi sente um tremor pelo seu corpo. Mesmo os dois estando tranquilos, ela pensou consigo mesmo: “Talvez seja coisa da minha cabeça” 

Ao pegar uma das frutas, Yuta percebe que havia algo estranho ali.

— Ovos de dragão? Então será que…

— SAIAM DAÍ AGORA! — gritou Zeldres, enquanto um enorme dragão vinha em direção a Yuta.

Era um enorme dragão preto, seus olhos eram azuis como os céus, ele avançava firmemente destruindo tudo à sua volta.

Ele com sua fúria rebate uma árvore com toda a sua força na direção dos dois.

— SE ABAIXA, YUZUMI!

Yuta rapidamente se joga em direção a Yuzumi, derrubando-a no chão, enquanto os enormes estilhaços de árvores passavam destruindo tudo. Uma pessoa, naquele momento, pensaria: — Vamos fugir daqui! — Porém, ele teve uma ideia diferente.

— Yuzumi, leva as cestas de fruta daqui! — falou Yuta, enquanto se levantava do chão e corria em direção ao dragão. — Eu vou ganhar tempo! 

— Yuta… — sussurrou para si mesmo, enquanto via ele correr em direção ao dragão.

Enquanto Yuta corria, pensou com sigo mesmo: “Ok, eu só preciso ganhar tempo para eles fugirem.”

O dragão abre sua boca, preparando uma grande rajada de fogo em direção a Yuta, porém, rapidamente Zeldres interfere ultrapassando Yuta e arremessa uma pequena pedra no olho do dragão.

A essa altura, eles teriam 2 opções: ou a floresta iria pegar fogo, queimando tudo junto com eles, ou enfrentar o dragão e possivelmente morrer. Eles sabiam que nenhuma das opções iria funcionar.

Yuzumi rapidamente se aproxima deles com uma das cestas de frutas e estende suas duas mãos. Seus olhos começam a brilhar rosa, uma energia flui de sua mão, enquanto uma barreira rosa começa a se fechar em torno deles para protegê-los.

— Eu não sei se vou aguentar o ataque do dragão — falou enquanto utilizava seu máximo. — Mas vou tentar!

Assim que a barreira se forma em volta deles, eles podem sentir o frio na barriga, seus corpos se arrepiaram enquanto a neve começou a cair. Todos se encararam assustados, já que nunca havia nevado naquela região.

Enquanto a neve caía, podiam-se ver os pés do dragão sendo congelados. “O que diabos está acontecendo aqui?!”, pensou Zeldres em choque.

A barreira psíquica de Yuzumi começa a congelar, trancando-os dentro de um cubo de gelo.

BUMMM!!!

Um som de explosão foi causado do lado de fora da barreira. O gelo começava a ficar com gotas roxas por todas as partes. Os três começaram a ficar eufóricos e assustados com a situação.

 — Esse…é o sangue do dragão? — perguntou Yuzumi com as mãos trêmulas.

 — Aparentemente…sim — respondeu Yuta quase imóvel.

— Acho que estou vendo algo do lado de fora — sussurrou Zeldres, enquanto olhava para uma pequena fresta que ainda não estava congelada.

Os dois se aproximam para ver o que estava causando todo aquele clima. Um homem andava pela neve, lentamente, em direção aos restos do dragão. Seus cabelos eram frios como a neve, sua aura emanava. Quanto mais ele se aproximava, mais o gelo cobria a pequena fresta.

— Quem…

— É esse…

— Cara…?



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