Volume 1
Capítulo 12: A Nova Corporação
…22 de agosto de 1426…
— Eu tenho certeza, chefe! Era ele! Eu conseguia sentir sua presença maligna somente com o seu olhar.
— Pelo que me foi dito, eu acho que não tenho dúvidas… ele está de volta.
— Mas o que vamos fazer agora que temos essa informação?
— Vamos iniciar a segunda parte do nosso plano, a ressurreição.
— Iremos prosseguir tão rápido assim?
— Para você foi rápido, garoto, para mim é como séculos.
Passos lentos e profundos eram escutados afastando-se de uma cela proxima de um extenso corredor.
— Estou ansiono para a volta dele — disse o chefe, se retirando do local.
Em uma escuridão no profundo de uma sela, Netero abriu lentamente seus olhos, escutando a conversa de duas pessoas proximas, mas por estar cansado e machucado, não conseguiu visualizar de quem seriam as vozes.
— Acordou rápido, garoto! — disse Nakamura com uma expressão amigavel do lado de fora da cela — Você ficou apenas 3 dias desacordado, não sei nem como você está vivo.
— Água… — sussurrou Netero, implorando com uma voz fraca e seca.
— Claro! — concordou Nakamura, rolando uma garrafa de aguá para Netero, deixando quase fora de seu alcance e forçando Netero a se esforçar para pegar a garrafa.
Com dificuldade, ele conseguiu pegar a garrafa de água e a bebeu rapidamente, aliviando sua sede e melhorando levemente sua voz.
— Onde… eu estou? — perguntou Netero, tentando se levantar e se soltar das correntes.
— Está na sua nova casa! — disse Nakamura com um belo sorriso em seu rosto, enquanto a expressão de Netero caia. — Eu salvei você, então você está me devendo uma.
— E eu me importo? Me solte desse lugar! — gritou Netero, extressado e cuspindo veneno na em suas correntes para derretelas, mas o veneno simplesmente cai sobre o chão.
Nakamura dá uma longa risada e limpa as lagrimas de seus olhos.
— É claro que nós não somos burros — disse Nakamura, apontando para as correntes. — Esse material que você tentou derreter é um ferro forjado pelo nosso melhor guerreiro, ele não desmancharia por um veneno como esse.
— Me solta daqui… — mumurmurou Netero.
— Mi, Mi, Mi… — murmurou Nakamura de volta para Netero. — Se você quiser melhorar terá que concordar comigo, garoto.
Tentando se libertar das correntes, Netero elevou seu corpo para frente, encarando frente a frente Nakamuro, que sorria tranquilamente observando a expressão acabada de Netero.
— Onde estão as minhas cobras? — perguntou Netero, seriamente.
— Quando eu te salvei, não restou nenhum dos seus animais.
— ELES NÃO SÃO ANIMAIS, SÃO MINHA FAMÍLIA! — gritou Netero com raiva em seu olhar. — ME SOLTA DAQUI, EU NÃO VOU FICAR NESSE LUGAR PODRE!
De repente uma onda de frio veio a todo local, enquanto as paredes se congelavam superficialmente; no fim do corredor, passos gelados aproximavam-se de Nakamura, que olhava preocupado para frente.
— Viu o que fez garoto! — murmurou Nakamura, observando Yagami se aproximar deles. — Olá, Yagami!
— Porque ouço tanta gritaria vindo daqui, Nakamura? — perguntou Yagami, com uma voz fria encarando Nakamura fixamente.
— N-Não é nada, Yagami.
— Otimo. O porquê desse moleque está gritando tanto em nossa corporação?
— EU QUERO QUE VOCÊS ME SOLTEM DAQUI AGORA! — gritou Netero, encarando Yagami.
— Y-Yagami não precisa se preocupar, eu vo-
Somente com o olhar sério de Yagami para Nakamura, ele se calou. Yagami se aproximou da jaula, tocou na barra de ferro e congelou todo o local que Netero estava, queimando sua pele somente com o contato do gelo em sua pele.
— Você não está falando com seus amiguinhos, garoto — disse Yagami, apontando para o rosto do garoto. — Esse não é um local para crianças ficarem chorando e gritando, aqui é a nossa casa e se você discorda disso, farei questão de atravessá-lo com uma estaca de gelo.
Assustado, Netero se manteve em silêncio encarando Yagami.
— Você disse que esse garoto seria util, Nakamura, não me decepcione.
Yagami tocou nos ombros de Nakamura, se afastando do correrdor e saindo do local, assim toda a cela que estava coberta de gelo se desfez sem deixar um pingo de água ao chão.
— Como… esse gelo não gerou água? — perguntou Netero, confuso.
— Nem eu sei garoto… nem eu…
Netero então se ajoelha para Nakamura, encostando sua testa no chão gelado.
— Eu não vou mentir… você me salvou, e eu querendo ou não, não poderei escolher sair daqui então eu me juntarei a você.
A expressão de Nakamura mudou completamente.
— Mas com uma condição: você irá me treinar para derrotar Yuta.
— Yuta? Quem seria esse cara?
— O garoto de fogo na arena, o nome dele é Yuta. Ele matou minha família e eu não vou deixar isso barato.
Nakamura entendeu tudo o que Netero havia falado, pois havia revelado uma informação importante para o plano, o nome do portador que procuravam. Ele ficou surpreso com as informações que recebeu facilmente do garoto. "Yuta... então ele está no corpo desse Yuta..." pensou Nakamura.
Soridente, ele estendeu uma suas mãos para Netero.
— Eu vou te ajudar, garoto, em troca de algumas informações.
Olhando para Nakamura com uma expressão emburecida, Netero ficou em silêncio por alguns segundos.
— Você sabe que não consigo apertar sua mão, nè?
Tranquilamente, ele se afastou da cela de Netero.
— È… Eu sei — sussurrou Nakamura para si mesmo, com uma expressão séria e um belo soriso em seu rosto.
***
Em um vazio absoluto na completa escuridão, Yuta se levantou.
— Que lugar é esse? — disse Yuta, porém, sem sua boca se mecher.
Neste lugar, não era necessário que ele se expressasse, pois seus pensamentos eram suas palavras, que ecoavam por toda aquela escuridão. Subitamente, surgiram chamas em todos os lugares, enquanto uma pequena porção da escuridão estava avermelhada. Antes de observar ao redor, ele compreendeu que esse espaço inóspito, repleto de escuridão... era a sua própria mente. Assim, ele se dirigiu à neblina vermelha, que consumia uma parte mínima de sua mente; com passos lentos e hesitantes, ele cruzou as chamas, deparando-se com um trono esculpido por todo aquele fogo sombrio.
Pluf
Bruscamente, a metade do rosto de Yuta se incendiou, queimando sua pele de dentro para fora. Caído no chão e agonizando de dor, ele tenta apagar as chamas, mas nada adiantava.
— Ora, Ora… — disse uma voz sombria, saindo em meio às chamas do trono e aplaudindo com suas mãos suavemente — Olha… tenho que dizer, você me impressionou garoto.
Ajoelhado sobre o chão com sua visão limitada, ele tentava entender quem mais estava em sua mente, se aproximando lentamente dele. Desesperado, Yuta tentou se levantar, entretanto uma corrente fervente vinha em sua direção, forçando ele a se jogar sobre o chão novamente e desvar por pouco da corrente.
— Quem é você? — Perguntou Yuta, apreensivo.
A criatura que estava diante dele, riu de sua expressão decadente.
— Eu? Sou o que você e todos no mundo deveriam temer. — Yuta o observou confuso, sem entender o que estava acontecendo.
Mesmo com seu rosto ferido e com sua mão sobre o machucado, ele se levantou lentamente.
— Essa é a minha mente! Seja lá quem é você, não era para você estar aqui na minha mente.
— Sua? — perguntou a criatura, debochando. — Você me trouxe aqui novamente, então enquanto eu estiver aqui não a nada seu, Yuta.
Tentando manter sua calma, Yuta tirou a mão de seu rosto, que já estava completamente curado; estendendo sua mão, ele arremessou uma bola de fogo na criatura, que sem dificuldade deu um tapa na bola de fogo com o dorso de sua mão, desfazendo ela no ar.
— Garoto… — disse a criatura rapidamente no ar em cima de Yuta e com o toque de seu pé, o afundou no chão. — Você não tem compreenção do que é magia e nem de quem sou. Sua presença é completamente inferior comparado a mim.
Yuta tentou se levantar, dando um chute na criatura, que apenas com uma mão o segurou e o lançou para longe. No entanto, antes que o corpo de Yuta tocasse o solo, a criatura agarrou sua face e o ergueu para o alto.
— Você está me incomodando demais, garoto — disse a criatura, aproximando-se do rosto de Yuta. — Saiba que eu irei cobrar toda essa insolencia em breve.
— Você ainda não me respodeu… — respondeu Yuta, tentando respirar — Quem é você?
Irritada, a entidade apertou o rosto de Yuta, obscurecendo a visão do menino e causando uma dor instantânea em seu pescoço, porém, em segundos ele estava próximo daquele lugar novamente.
Então, depois que te oblitero, você volta... Já previa que você não morreria em sua própria mente, afinal, isso seria patético.
Antes de Yuta se erguer, correntes geradas pelas chamas se agarraram ao seu pulso, avançando até os seus ombros e o imobilizando.
— Já que está tão preocupado de saber quem eu sou, porque não pergunta a ele.
Os seus olhos não conseguiam acreditar no que estavam vendo, a figura de seu pai estava à sua frente, porém ela foi rapidamente corrompida pelas chamas escuras que a envolviam e a lavando ao seu desaparecimento.
— Como… você conhece ele...
À medida que ele se perguntava sobre o que acabou de ver, as correntes subiam pelo seu corpo, chegando próximo de seu pescoço.
— Em alguns anos, sua vida irá desabar, Yuta — disse a criatura, sentando-se em seu trono — E eu garantirei que serei eu a causa disso.
Ao envolver o trono, as chamas negras subiram de forma acelerada, desaparecendo juntamente com a abominável criatura. Naquela situação, Yuta já não conseguia compreender o que estava acontecendo, pois mesmo tentando se libertar, as correntes o prendiam. Assim, ele foi forçado a permanecer imóvel, com o corpo ardendo e a mente vazia.
…26 de agosto de 1426…
Numa manhã, a percepção de Yuta clareou em uma sala completamente vazia. "Um centro hospitalar?" Yuta refletiu, com o corpo quase todo enfaixado, a visão um pouco embaçada e dores por todo o corpo. Apesar de estar ciente de que já não estava em sua mente, ele conseguia sentir a dor, a dor de quem estava há dias sendo queimado pelas correntes.
Clic… Clac
O som do relógio ecoava pelo corredor, enquanto Yuta encarava seus braços, com o último resquício de dor. Então, ela desapareceu completamente.
"Essa dor não é real." pensou Yuta.
Inesperadamente, a porta da sala se abriu. Um jovem médico com seu jaleco branco entrou na sala, fechando a porta logo em seguida.
— Pelo visto você melhorou um pouco — disse o médico, colocando a mão sobre a testa de Yuta e observando uma tela que havia ao seu lado.
— Acho… que sim — respondeu Yuta, um pouco confuso.
— Estou contente que você tenha acordado, Yuta. Tenho várias pessoas esperando a sua volta.
Alegremente, Yuta sorriu, já sabendo que quem o esperava, eram seus amigos e família.
— Por quanto tempo eu dormi?
— Há cerca de uma semana.
— TODO ESSE TEMPO?!
— Exatamente.
Trim Trim Trim
— Alô?... O Yuta? Ele já está consciente de novo — disse o médico, conversando no interfone. — Sua família já está vindo para te ver, Yuta. Agradeço a sua companhia conosco nesse hospital.
O médico rapidamente se retirou da sala.
"Eu devo ter deixado eles preocupados" pensou Yuta, relembrando sobre sua habilidade no torneio. "Talvez, se não tivesse usado aquele ataque, nada disso teria acontecido..." refletiu.
— Realmente não teria acontecido.
Assustado, ele procurou por toda a sala, mas não havia ninguém além dele.
— Quem é você? apareça! — disse Yuta, tentando encontrar a fonte da voz.
Uma sombra surgiu na porta, enquanto a maçaneta se inclinava levemente. Com medo, ele estendeu a mão em direção à porta, mas quando esta se abriu, sua avó Maria estava lá, com um olhar de saudade.
Yuta ficou perplexo, pois se a voz não vinha da sala nem de fora dela, só havia uma resposta possível... as vozes internas de sua mente.
María correu em direção a Yuta e o abraçou com todas as suas forças, com algumas lágrimas em seus olhos.
— Eu te avisei pra você tomar cuidado! Você poderia ter morrido por causa de um torneio bobo! E o que eu iria fazer? Perder você?
— Calma, vovó. Eu estou melhor agora! — disse Yuta, constrangido. — Mas eu admito que estrapolei um pouco.
— YUTAAAA! — gritou Jerry, correndo e pulando para cima da cama. — VOCÊ ESTÁ VIVO!
— Agora estou, Jerry — respondeu Yuta, com uma risada.
Escutando os gritos pelo corredor, Yuzumi e Zeldres entraram na sala.
— Pensei que você iria morrer assim — disse Zeldres, brincando.
— Claro que não!
Calmamente, Yuzumi se aproximou de Yuta com uma garrafa d'água em sua mão.
— Não nos assuste mais... — sussurrou Yuzumi, abraçando fortemente Yuta.
— Pode deixar! — respondeu Yuta, alegremente.
Yuzumi então entregou a garrafa d'água para Yuta, que a bebeu instantâneamente.
— O que acenteceu no dia do festival?
Todos olharam confusos para Yuta.
— Como assim? — perguntou Zeldres.
— Depois que eu usei o ataque na batalha, eu não me lembro de mais nada.
— É... Podemos dizer que você não era você... — disse Yuzumi.
— Algo dominou seu corpo e saiu destruindo um pouco da cidade — acrescentou Zeldres.
— E o que aconteceu depois disso?
— Nomori e Hyuma viraram monstros e... — disse Zeldres, pensando em como poderia dizer isso — "Você” os eliminou, já que eles estavam destruindo a cidade.
— Eles… morreram?
— N-Não foi bem isso, Yuta! Se não fosse você que tivesse atacado eles, outras pessoas teriam os eliminado — respondeu Yuzumi, tentando acalmá-lo.
— Entendo... — concordou Yuta. — Vocês me falaram somente do Nomori e Hyuma, mas o que houve com o Netero?
— O menino das cobras? — perguntou Maria.
— Exatamente.
— Ele está desaparecido, não foi encontrado depois do incid...
Enquanto Maria falava, a porta se abriu novamente.
— Toc, Toc? Aqui é o quarto de Yuta Futsume, certo?
Encarando todos do quarto, o homem, com um belo sorriso em seu rosto, entrou na sala. Maria se levantou de sua cadeira, enquanto eles a encaravam sem entender o que estava acontecendo. Ela então estende sua mão, comprimento o homem, que rapidamente a comprimentou de volta.
— Quanto tempo, Maria — disse o homem, fechando a porta da sala. — Já faz alguns anos que não nos vemos.
— Você não é muito de aparecer, Shin.
"Shin?" Pensou Yuta. Zeldres, com seus olhos brilhantes, tentava analisar o Togen de Shin, porém algo estava o impedindo. "Algum artefato mágico?" Pensou Zeldres.
— Mas hoje é um dia especial, não é atoa que estou aqui. — respondeu Shin, contente. — Vocês poderiam deixar eu, Yuta e Dona Maria a sós por alguns minutos? Tenho alguns assuntos para conversar com eles.
— Ok — concordou Zeldres, com um olhar sereno para Shin.
Mesmo confusa e querendo entender mais sobre o que estava acontecendo, Yuzumi se retirou do quarto.
"O que esse cara quer com o Yuta?!" Pensou Yuzumi, andando em circulos pelo corredor. Por fim, Jerry se retirou da sala, fechando a porta.
— Vamos ver por onde posso começar... — disse o homem, olhando para o teto e sentado em sua cadeira, mas mudando seu olhar para Yuta rapidamente. — Me chamo Shin Okoji, mas pode me chamar de Shin.
Yuta observava atentamente o homem. Seu cabelo tinha raízes pretas e as pontas cinzas, seus olhos paraciam um grande caramelo claro, seu belo terno preto com algumas marcações da cor dos seus olhos, e junto de seu traje, duas luvas pretas em suas mãos.
— Quem é você? — perguntou Yuta, curioso.
— Podemos dizer que você tem um valor especial para mim — respondeu Shin, ignorando a pergunta de Yuta e então pegando uma foto de seu bolso, onde nela havia um retrato da mãe de Yuta, junto de várias pessoas à sua volta.
— Essa... é a minha mãe!
— Posso te garantir que sim, Yuta — respondeu Shin. — Pela sua reação, imagino que ninguém ainda havia te falado, mas sua mãe trabalhava para mim, Líder da Guardiões da Aurora Negra.
— Você só pode estar de brincadeira, não é? — indagou Yuta, apressadamente tentando se erguer da cama, deixando cair as faixas em seu rosto por acidente e mostrando que suas lesões já haviam se curado.
— Yo! Pelo visto você tem uma regeneração Incrível, isso não era pra ter cicatrizado com tanta rapidez.
Passando a mão pelo seu rosto, Yuta sentiu sua pele lisa e intacta.
— Shin está falando a verdade, Yuta. — disse María, abaixando sua cabeça e confirmando e confirmando suas palavras.
— No entanto, como mencionei, sua mãe fazia parte do alto escalão da minha equipe e era uma das minhas guerreiras mais talentosas naquele período, portanto, acredito que você tenha herdado isso dela — afirmou Shin, empolgado. — Além disso, dispomos de quartos, aulas e treinamentos físicos e psicológicos para nossos estudantes. Presumo que você terá sucesso por lá.
A porta de repente foi aberta de forma abrupta por Zeldres e Yuzumi que olhavam com olhares desesperadores para os três.
— Você só veio aqui para buscar o Yuta, né?! — perguntou Yuzumi, apontando para Shin.
— Exatamente — respondeu Shin, sem esboçar qualquer tipo de reação.