Reino da Verdade Brasileira

Autor(a): Lucas Baldi


Volume 4

Capítulo 84.5: Uma pitada de magia

Ellie passou pela porta, sua mana agitada misturando-se a chuva. Tão preocupada, tão a mercê das emoções. Quem era o menino que a deixou assim? Oh, Ellie…

Não só isso, mas nessa cidade havia uma aura poderosa que conseguia se ocultar. Um pouco além da mana ambiente, peculiar demais para se misturar a ele. Alguém que, de fato, não era daqui. 

— Ótima percepção — disse Alatar, com um sorriso satisfeito. Direcionei meu olhar para ele — Eu demorei a perceber. Está e não está, mesmo com diversos cavaleiros reais pela cidade.

Olhei novamente para fora, para o escuro, as auras das pessoas comuns, a de Ellie, a mana do ambiente. Eu sabia que estava, mas… Não conseguia enxergar, localizar. Por quê?

A Aura de Ellie seguia bem e veloz.

— Dizem ser um fenômeno por causa da tempestade, que tem uma quantidade maior de mana que o comum, e de auras poderosas na cidade. Sem uma explicação exata, parece ter uma criatura, alguém, poderosa no lugar. Diferente, única, divina — Ele ri, e eu o olhei de novo. 

— Nunca vi algo parecido — falei, imparcial.

— Não se preocupe, ela ficará bem. A rainha Alyssa garantiu que o hospital em que o Lumi está tenha proteção máxima do reino, com entrada somente para quem tem permissão e rastreadores de mana para todo lado. 

— Lumi? Lumi Kai? — O garoto do goblin. Que magia peculiar… — O representante do Rei Lotier? 

— Você o conhece? Pensei que o rei 1 tivesse cortado todo o contato conosco — Ele parecia… confuso.

— Ele foi citado em uma reunião — Ponderei com a mão no queixo. 

Então foi ele quem conquistou seu coração, Ellie Higasa? O rapaz que luta como um maluco ao lado de um goblin anão. Deixei uma risada sincera escapar, relaxando meus ombros e olhei para a chuva de novo.

Como será ele?

Pestinha, omitiu o fato do “Garoto que eu gosto” ser alguém importante a viagem toda. 

— Anomalias de mana em grandes ambientes costumam atrair criaturas, já vi lugares seguros virarem dungeons perigosas — Ele arregalou os olhos de leve. — Já vi acontecer duas vezes na Fronteira, mas não foi relatado ou escrito. Temo que algo ruim esteja vindo — Ergui de leve meus lábios em um sorriso fraco. — Ou pior, já esteja aqui, entre nós. 

— Como um humano? — Ele perguntou curioso, se inclinando para mim. 

Um flash de lembrança me atingiu do ser mais poderoso da Fronteira me arremessando uma moeda antiga, uma relíquia. Meus pelos eriçaram e um frio tomou conta da minha barriga. 

— Mais que isso.

— Aconteceu algo lá — Ele disse mais sério, a aura se agitava.

Encarei o cavaleiro real com meus olhos brilhantes e verifiquei a aura de Ellie mais uma vez. Distante, cercada de auras poderosas e… Ao lado de uma pequena e fraca, cuja poder se limita ao máximo que possui no momento.

O que ele sofreu?

— Vai gostar de ouvir isso, cavaleiro Real — Me aproximei dele, colocando minhas mãos em seus largos ombros, dando um passo para mais perto. — Mais sua vida nunca mais será a mesma.



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