Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 9: Quebra de Dungeon

 

A rainha Annaelia retornou comigo para o castelo enquanto eu carregava a espada em minhas mãos.

 Senti um enorme poder emanando da espada, como se fosse uma parte do poder das sombras que eu ainda não havia desbloqueado.

 No caminho para a sala do trono, encontramos Isael e Jules com os olhos fixos na cidade, o que chamou minha atenção.

— Ei, o que estão vendo aí? — me aproximei dos dois.

— Nada não, só como Atalanta é bem mais animada do que Luminara — disse Isael — veja só. Bêbados, soldados lutando contra um minotauro, crianças brincando.

— Espere, você disse soldados lutando contra um minotauro? — a rainha se aproximou da vidraça — Isso não.

Ela se afastou apressada, e nós três a seguimos até uma sala onde havia uma enorme esfera mágica usada para localizar quebras de masmorras. Aqui, as masmorras são covis de monstros.

 Para zerar uma masmorra, é preciso derrotar o rei da dungeon, um monstro muito maior e mais forte. Quando uma masmorra não é fechada rapidamente, ocorre uma quebra de masmorra, e monstros podem aparecer nas cidades.

— Houve uma quebra de masmorra bem no meio da cidade — ela disse preocupada.

— Vamos resolver isso — dirigi meu olhar para Isael e Jules — chamem Arya e Johanna aqui; vamos precisar delas.

— Sim, senhor — Isael sorriu e saiu da sala com Jules.

— Não sei como agradecê-lo, Majestade.

— Me chame apenas de Galrian, e também é meu trabalho proteger as pessoas dos reinos.

— Sei que está focado em encontrar o assassino do rei de Luminara, então me desculpe por tomar seu tempo ainda mais — ela se curvou.

— Não se preocupe, mas preciso de mais um favor, se possível — olhei para ela — quero que decrete o fim da escravidão dos demi-humanos e que seja minha aliada quando eu precisar de ajuda.

— Ok...

— Agradeço — me curvei para ela.

Os quatro retornaram já com suas armas prontas. 

Me aproximei deles e estendi o braço para o lado; um portal de sombras surgiu, e antes de entrarmos, a rainha Annaelia acenou com a cabeça. 

Um sorriso apareceu em meu rosto, e adentrei o portal com Isael, Johanna, Jules e Arya.

Emergimos no céu e começamos a cair em direção ao minotauro de pelagem vermelha, argola em volta do focinho e chifres curvados para a frente.

 Enquanto caíamos, fixei meus olhos em Johanna, balancei a cabeça, ela sorriu, pegou o arco, posicionou duas flechas e disparou na direção da cabeça do minotauro.

 As flechas cortaram o ar e acertaram a cabeça do monstro. Pousamos em pé sobre o corpo e olhamos para os soldados.

— Eles são... — o soldado ficou surpreso — aqueles que prendemos.

— Onde está a quebra da masmorra? — disse Isael.

O soldado apontou para um enorme portal no meio da cidade, muito maior do que uma quebra de dungeon normal, e vários minotauros menores emergiam dele. 

Tínhamos pouco tempo antes do rei da dungeon surgir também, e se isso acontecesse, teríamos tantas mortes quanto em uma guerra.

— Jules, arremesse eu e Isael em direção ao portal.

— Parece que você pensou o mesmo que eu, Galrian — Isael sorriu.

— Vai ficar tudo bem mesmo? — falou Jules preocupada.

— Não se preocupe, seu marido vai voltar bem— sorri para ela, enquanto apontava para Isael.

— O-ok... — ela ergueu o cajado.

Isael e eu levitamos. Ela balançou o cajado, e fomos arremessados em direção ao portal. 

Invoquei minhas asas de sombras e peguei Isael.

 Nós adentramos o portal e emergimos agora em uma espécie de labirinto.

— Ops, parece que não calculamos bem o que iria ter do outro lado — disse Isael enquanto analisava o lugar.

O labirinto era feito com pedras cobertas por musgos, impossível alguém entrar sem se perder. Peguei Isael novamente e voei em direção ao meio. 

Aparentemente, os vários minotauros que saíam da masmorra sabiam o caminho para a saída do labirinto.

— Galrian, encontrei o rei — Isael apontou em direção a um minotauro de pelagem negra.

— Ótimo, vamos lá!

As asas de sombras sumiram das minhas costas, e começamos a cair em direção ao enorme monstro. 

Olhei para a Umbra da Noite e a posicionei. 

As sombras deram um impulso em meus pés, avancei em direção a ele. A espada cortou o ar e partiu o chifre direito dele. 

A ponta caiu em direção ao chão. Isael girou no ar, suas botas de metais apareceram em suas pernas, colidindo contra o rosto dele com um chute certeiro. A criatura deu dois passos para trás, atordoada.

— Galrian e Isael 2, chifrudo 0 — disse Isael enquanto caía em pé no chão.

Cai de pé ao lado dele e o minotauro havia se recuperado, ele dirigiu seu olhar em nossa direção, estendeu suas mãos para o lado e um enorme machado surgiu em suas mãos. Nós dois sorrimos e avançamos em direção a ele.

[...]

Johanna estendeu seu arco para cima e disparou uma flecha para o alto. A flecha, ao chegar alto o suficiente, se separou em várias que caíram em direção aos minotauros menores, enquanto Jules e Arya ajudavam os soldados a evacuar as pessoas para um local seguro.

Um minotauro começou a correr em direção a Johanna, que sorriu e atingiu uma flecha na cabeça dele.

— Continue assim, Johanna — disse Jules — temos que cuidar deste lado enquanto Galrian e Isael não voltam.

Ela acenou com a cabeça e pegou duas flechas do seu aljava, disparando em direção a um grupo que se aproximava.

 A flecha atingiu o chão, e uma explosão ocorreu, arremessando vários minotauros para longe, já sem vida.

[...]

O machado passou a poucos centímetros do meu lado, o impacto o fez ficar preso sobre o chão. 

Isael aproveitou-se do tamanho do machado, que tornava o minotauro mais lento, subiu em cima dele e usou como caminho para correr pelo cabo, ele acertou um soco em cheio na criatura. 

O impacto o arremessou para trás, ele se chocou com a parede.

Aproveitei a situação, me aproximei dele e causei um corte na perna do minotauro com a Umbra da Noite.

 A dor o fez soltar um grito ensurdecedor, e colocamos as mãos próximas aos ouvidos para nos proteger do som. 

A criatura se ergueu novamente, seus olhos agora brilhavam em vermelho. Ergueu o punho e socou o chão para nós atingir.

 Desviei para o meu lado esquerdo, e Isael para o lado direito dele.

— Parece que o deixamos completamente irritado — disse Isael.

— Temos que acabar logo com isso antes que mais minotauros saiam.

— É, mas o senhor chifrudo parece ter chegado ao seu limite.

— Então, vamos apelar um pouco mais usando aquilo.

— É um espécie pequeno; é capaz de tudo se desmoronar.

— Se vencermos ele, vai desmoronar do mesmo jeito.

Isael sorriu, estendeu seu braço direito em minha direção, e eu estendi meu braço esquerdo em direção ao dele.

 Uma bola de magia preta e roxa apareceu na distância entre nossas mãos, a esfera se tornava cada vez maior. O minotauro avançou em nossa direção.

— Rajada Arcana... — falou Isael.

— Das Sombras!

Esticamos os braços em direção ao minotauro.

 A esfera transformou-se em um feixe negro e roxo que avançou em direção ao monstro.

 Ao colidir com ele, uma explosão ocorreu, e uma cortina de fumaça se formou, Isael avistou um cristal cair da fumaça em direção ao chão. 

— Conseguimos — disse Isael com um sorriso no rosto.

A masmorra começou a tremer. Isael correu, pegou o cristal, e invoquei minhas asas de sombras, peguei o braço direito de Isael. 

Me impulsionei em direção à saída da masmorra, aumentei a velocidade. Antes que o portal se fechasse completamente, emergimos do outro lado juntos.

Todos os minotauros foram derrotados. Soltei Isael, que caiu ao lado de Jules enquanto segurava o cristal em suas mãos. Pousei à frente deles, e minhas asas de sombras desapareceram.

Arya e Johanna se aproximaram de nós, e os moradores junto dos soldados nos ovacionaram com grande felicidade.

 Olhávamos com surpresa em direção à enorme multidão, e do castelo, a Rainha Annaelia sorria com grande felicidade por termos salvado a capital real de Atalanta.

— Parece que temos uma fama diferente aqui — falou Jules.

— Já não quero voltar para Luminara — disse Isael.

— Eu também não — afirmou Johanna.

— Precisamos voltar para achar o assassino — encarei todos eles.

— Galrian tem razão — Arya lançou o seu olhar em direção a eles — Luminara ainda precisa de nós.

— Bom, sempre podemos voltar aqui — Jules disse com um sorriso em seu rosto.

 

                    [...]

 

No castelo, Hestia se aproximou do Comandante Kay, que observava o treino dos soldados reais com as mãos em suas costas.

— Sinto saudades de ver o Galrian dando uma surra em todos eles — disse Kay sem retirar os olhos dos soldados.

— Eu assistia do meu quarto, sempre torcia por ele.

— O que veio fazer aqui, alteza? Deveria estar se preparando para a coroação.

— Quero que faça uma roupa do exército real para mim, como a sua roupa e a roupa do Galrian. Sabe, com esse casaco branco e o cinto para pendurar uma bainha.

— O que? — Kay ficou surpreso ao ouvir o pedido de Hestia — Para quem?

— Para mim — ela fixou seu olhar nos soldados — Quero uma roupa de batalha. Pretendo ir atrás do Galrian, já que ele não deu notícias.

Kay queria repreendê-la, mas sabia que seria inútil falar algo para ela, afinal, ela fazia o que queria agora que o seu pai havia falecido.

 Logo, uma ideia surgiu em sua mente que iria fazê-la mudar de ideia.

— Sabe o cristal do trono? — disse ele — Aquilo é um cristal de comunicação.

— Sim, é o que tem?

— Quero dizer que podemos contatar o Galrian por ele. É por isso que disse a ele para ir para o castelo das montanhas. Afinal, lá é o castelo do Rei das Sombras, o cristal de comunicação de lá é ligado ao de todos os reinos, inclusive Luminara.

— Interessante. Amanhã o Adrian irá sair, então vou tentar fazer contato — ela sorriu e o olhou — Mas ainda quero a roupa, ok?

— Como quiser, alteza — Kay se curvou.

De manhã, todos estávamos nos prontos para sair. A Umbra da Noite agora estava em uma bainha que a Rainha Annaelia havia me dado, um dos muitos presentes que recebemos dela e dos moradores por termos salvado a capital real.

— O barco que usamos para vir até aqui está ancorado no porto. O capitão e sua tripulação foram mortos por sereias durante a viagem. Podem ficar com ele — falei, enquanto olhava em direção à rainha.

— Hm, acho que meus soldados podem verificar. Se tiver algo de valor, enviarei para vocês.

— Obrigado pela hospitalidade, Majestade. 

— Se precisar de algo, é só chamar. O Galrian vai adorar ajudá-la, Majestade — Isael sorriu 

Você e sua tentativa de me jogar para a rainha, Isael. 

Não caia nesse papinho dele, Majestade.

Estendi meu braço, e um portal de sombras apareceu à nossa frente.

 Antes de entrarmos, a rainha se aproximou de mim e deu um beijo na minha bochecha direita.

 Isael e Jules bateram as mãos, Arya e Johanna a encararam, e meu coração acelerou.

— Espero nos ver em breve, Rei das Sombras.

— Digo o mesmo, Majestade — dei um sorriso.

Entramos no portal e saímos em uma parte do castelo que eu queria encontrar há muito tempo: a sala do trono. 

Enquanto analisava o trono negro à nossa frente, o cristal de comunicação do trono, usado para se comunicar com os reinos, começou a piscar. 

Me aproximei dele, o portal de sombras se fechou, e ao tocar no cristal, o rosto de Hestia apareceu, o que pegou todos nós de surpresa.

— A quanto tempo, Galrian Wolfhart... ou devo chamá-lo de Rei das Sombras? — ela disse com um sorriso em seu rosto.

— Hestia?! — falamos todos juntos, surpresos. 

Engolimos em seco enquanto olhávamos em direção a Hestia. Na minha mente, só aparecia o momento em que ela cuspia no meu rosto, e não só isso.

 Como ela também havia me acusado sem nem me ouvir direito, eu queria perguntar o motivo, e parece que esse dia chegou.

Eu a encarei com um olhar de raiva, e ao fitar meus olhos, ela tentou não demonstrar medo, ao mesmo tempo em que uma expressão triste se desenhava em seu rosto.





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