Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 7: Ataque das Sereias

 

Juntei os cristais mágicos sobre a mesa da biblioteca. Arya estava ao meu lado.

 Quatro cristais eram suficientes, já que eu não precisava de um para me teletransportar.

 Bastava pensar no castelo em minha mente e abrir o portal de sombras que eu logo sairia dali. 

Os cristais eram mais como uma possibilidade de fuga para aqueles quatro, visto que nenhum deles tinha magia de teletransporte.

Estendi minha mão direita em direção aos cristais, as minhas sombras foram transferidas para cada um deles acima da mesa. 

Os cristais brancos se tornaram negros. Peguei-os na mão e entreguei um a Arya. 

Saímos da biblioteca acompanhados Lycan até onde os outros três estavam.

 Adentramos um cômodo que parecia ser um local para descansar, com dois sofás, um tapete vermelho no chão e almofadas espalhadas.

 À frente, uma lareira estava acesa. Jules estava deitada sobre o colo de Isael, que estava sentado no sofá, enquanto Johanna descansava sobre o outro sofá.

— Aqui — disse Arya, distribuindo os cristais para os três.

— O que são esses cristais? — falou Isael, observando o seu.

— Eu disse que iria criar cristais mágicos para vocês se teletransportarem para cá, não disse?

— Ajudei ele a fazer — complementou Arya, sentando-se.

— Isso quer dizer que iremos viver aqui, certo? — Johanna me olhou com curiosidade.

— Sim, mas como precisaremos ir para Atalanta em alguns dias, vou deixar o Lycan cuidando daqui.

— Vamos precisar de um barco — Isael mudou a direção do seu olhar para mim — se quiser, posso conseguir.

— Por que algo me diz para não perguntar como?

— Você sabe que muitos capitães de barcos nos devem um favorzinho, não é?

— Ah, o dia que vocês mataram o monstro marinho que estava atrapalhando a viagem deles — Johanna colocou seu olhar em direção ao teto.

— Exatamente, Johanna. Preparem as malas! Viajaremos em alguns dias! — Isael ergueu seu braço direito enquanto dizia essas palavras.

                       [...]

Estávamos à espera no porto, o capuz cobria o meu rosto, pois, se eu fosse reconhecido, seria um grande problema. 

Aparentemente, Isael, Jules, Arya e Johanna não estavam com cartazes de procurados pela cidade. 

O porto estava cheio de pessoas, e navios à vela estavam atracados.

 Após alguns minutos de espera, um homem barbudo se aproximou de nós, com a aparência de alguém que vivia em um barco.

— Estou feliz em levá-los para Atalanta, mas que pena que o ex-capitão Galrian não está com vocês devido à acusação de assassinato — disse o homem.

— É... — Isael olhou para mim e depois para ele — mas acredito que ele seja inocente, afinal, era muito próximo do rei.

Eu não preciso que você me defenda, Isael.

— Sim, tem razão — o homem deu uma risada — vamos indo.

Ele nos levou até o seu barco. Arya ficou impressionada ao ver um barco, afinal, não tinha visto esse tipo de veículo.

 Além do capitão, havia mais cinco homens na tripulação. Isael acenou com um sorriso, enquanto eu apenas acenava com a cabeça.

— Içar velas! Iremos partir agora!

As velas foram ajustadas para receber o impulso do vento. 

Um dos homens tomou o controle do navio, e Arya, visivelmente incomodada, seguiu para uma sala no convés.

— Tá tudo bem? — falei enquanto fixava meu olhar nela.

Ela acenou com a cabeça.

— Vá se deitar um pouco, ok?

Ela acenou novamente e se afastou. 

— E a primeira viagem de barco dela. Ela vai ficar bem — Isael disse e se aproximou de mim.

— Isso me traz boas lembranças — olhei em direção ao mar.

— Espero que não apareça um monstro marinho dessa vez — Isael se afastou de mim, dirigindo-se a Jules.

De fato, por algumas horas nenhum monstro apareceu, mas não sabíamos o que viria a seguir. 

O capitão estava com os seus olhos na direção de uma nuvem negra que se aproximava. 

Eu e Isael nos aproximamos dele e focamos nossos olhares na mesma direção, quando uma doce melodia encheu o ar. Johanna acenou para mim.

— O que foi? — me aproximei dela.

— Ei... é normal uma mulher com cauda de peixe? — disse ela.

— Mulher com cauda de peixe?

Ela apontou para a frente, e olhei na direção indicada. 

Em uma pedra a poucos metros do barco, havia uma linda mulher de cabelos azuis e uma cauda de peixe.

 Ela cantava a melodia que ressoava pelo ar. Um dos homens, se aproximou de nós e então pulou do barco em direção à mulher.

— Espera! — estendi meu braço direito.

O homem foi desmembrado em questão de segundos diante dos nossos olhos.

Ao olhar para baixo, várias mulheres com dentes pontiagudos e olhos vermelhos começaram a escalar o barco.

— Sereias! Estão atacando o barco! — falei, direcionando o olhar para elas.

O capitão olhou para suas costas, e uma linda mulher com cauda de peixe sorriu para ele. 

Ele se aproximou, pronto para abraçá-la, mas logo sua aparência assumiu uma forma monstruosa. 

Ela abocanhou a cabeça do capitão, decapitando-o. Reunimo-nos no meio do convés enquanto as criaturas invadiam o barco e assassinavam o restante da tripulação.

— Precisamos de alguém para assumir o controle do barco — invoquei a espada de sombras em minha mão esquerda.

— Deixa isso comigo! — Isael falou e se aproximou do leme — eu sei pilotar um barco.

— Eu vou ajudá-lo — Jules se aproximou de Isael.

As sereias cercaram eu e Johanna. Ela retirou o arco de suas costas, pegou uma flecha de sua aljava e disparou.

 A flecha cortou o ar e atingiu a cabeça de uma delas. Minha espada também cortou o ar, dividindo duas delas ao meio.

— Desconfiei quando o Isael disse que a viagem era de graça — disse Johanna enquanto disparava flechas que acertavam em cheio as sereias.

— Bem que o Galrian podia ter uma magia que pudesse ver o futuro! — disse Isael enquanto pilotava o barco.

Uma das sereias me segurou por trás, lambeu o meu pescoço e disse:

— Você é delicioso! Delicioso!

Dei uma cotovelada nela, ela me soltou. Girei o meu corpo e a parti ao meio com a espada de sombras.

 Depois, dei alguns passos para trás, e as costas de Johanna e as minhas se colaram uma na outra.

 Jules arremessava de volta para o mar aquelas que se aproximavam do leme e de Isael com a magia do ar.

Enquanto lutávamos para sobreviver, sentimos o barco começar a pender para o lado. 

Essas malditas perceberam que estava difícil nos transformar em seus almoços, então começaram a erguer o barco para nos derrubar no mar e finalmente nos devorar.

— Galrian!!!! — Isael gritou, enquanto tentava mudar a direção do barco.

— Precisamos fazer com que elas soltem o barco! — disse Johanna desesperada.

Arya abriu a porta com o rosto ainda sonolento devido ao barulho.

 Uma ideia surgiu em minha mente: se elas moviam o barco para o lado com a intenção de afundá-lo, só havia um jeito de resolver isso, puxar o barco contra a direção que elas empurravam.

— Tive uma ideia! — falei — Irei fazer o barco voltar para a direção certa!

— Como?! — Johanna disse enquanto se segurava para não cair no mar.

Duas asas feitas de sombras apareceram em minhas costas, e eu voei até o lado do barco que já estava torto, Estendi meus braços, e correntes de sombras prenderam ao lado do barco que já estava inclinado.

— O que esse doido vai fazer?! — falou Isael, segurando o leme e Jules.

— Não me diga que ele... — Jules olhou na minha direção.

Comecei a puxar o barco com as correntes, fazendo-o voltar ao normal. Aumentei ainda mais a força na esperança de conseguir, mas parecia que não funcionava de jeito nenhum.

— Vamos!!!! — Puxei com mais força e percebi que o barco havia começado a se endireitar.

— Tá funcionando?! — Isael olhou para mim.

— Aaaahhhh!!!!! — Comecei a puxar com o dobro, não, com o quádruplo da força. As sombras aumentavam a intensidade quantas vezes eu precisasse.

As sereias arregalaram os olhos; o lado que estava erguido caiu sobre elas. Eu havia conseguido evitar a queda do barco. 

Minhas asas desapareceram, e comecei a cair em direção à água, exausto. Johanna pegou na minha mão antes que eu atingisse a água e me puxou de volta para o barco com sucesso.

— Você conseguiu! — Johanna sorriu.

— É... sim... — Fechei os olhos devido ao cansaço.

Isael suspirou aliviado enquanto pilotava o barco. As sereias haviam desistido de nós. 

Queria ao menos ter salvado a tripulação antes deles serem mortos, mas existe um ditado que diz que não dá para salvar todo mundo. 

O resto do trajeto foi calmo, sem nenhum ataque de monstro ou alguma tempestade.

                     [...]

Hestia treinava no jardim com a espada que antes pertencia a Galrian sob a tutela do comandante Kay. 

Ela havia decidido aprender esgrima para o caso de ser necessário. Seus movimentos eram inspirados nos de Galrian, o que chamou a atenção do comandante Kay.

— Seus movimentos — disse Kay — por que são tão parecidos com os de Galrian?

— Decidi me inspirar nos movimentos dele — Hestia falou enquanto balançava a espada.

— Utilizando a espada dele também?

— Pretendo devolvê-la quando me encontrar com ele, mas ela será minha enquanto ele não voltar.

— Por que me pediu para treiná-la, Alteza? — Kay cruzou os braços.

— Sinto que vou precisar... — Hestia olhou para a lâmina da espada.

Adrian, que estava à procura de Hestia, a encontrou no jardim.

 Ele se aproximou e se irritou ao vê-la empunhar a espada que antes pertencia a Galrian.

— O que está fazendo? — ele retirou a espada da mão dela — está usando a espada de um assassino!

— A espada foi um presente, então peguei de volta.

— Mas agora pertence àquele que assassinou o seu pai!

— Príncipe Adrian — Kay o olhou — creio que o senhor não manda em Vossa Alteza; afinal, o senhor é apenas o noivo dela.

— Calado! Você é apenas um comandantezinho que será afastado quando eu assumir o trono!

— Eu não devia propor isto, mas... — Kay encarou Adrian — por que não resolvemos isso em uma luta aqui e agora?

— Ora, que coragem a sua... — Adrian sorriu com confiança — eu aceito.

Os dois se afastaram e ficaram frente a frente. Hestia se retirou para um local onde poderia observar com atenção. Kay e Adrian se encararam e desembainharam suas espadas.

— Permita-me dizer as regras — Kay disse — se eu tocá-lo com a ponta de minha espada, você perde.

— Por que está tão confiante de que você vai me tocar? — Adrian apontou sua espada para Kay.

— Porque você... já perdeu.

Hestia fechou os olhos e disse:

— Comecem!

Adrian e Kay avançaram em direção um ao outro. De um lado, um príncipe arrogante; do outro, um comandante experiente que treinou Galrian e Isael em esgrimas, estratégias e combate corpo a corpo.

 As espadas se colidiram, e Adrian começou a atacá-lo em todas as direções possíveis. 

No entanto, Kay permanecia parado, defendendo-se dos ataques de Adrian, como se fosse um mestre experiente enfrentando alguém que segurava uma espada pela primeira vez.

Kay decidiu sair da defensiva e partiu para o ataque. Sua lâmina por pouco não atingiu Adrian, que desviou para o lado com os olhos arregalados.

— Acha que pode me vencer, velhote? Eu quase venci Galrian em um embate de espadas? — disse Adrian.

Aquilo chamou a atenção de Hestia e Kay. Galrian e Adrian nunca haviam se enfrentado antes. 

Claro, eles poderiam ter se enfrentado no segundo encontro dos dois, mas sabiam que seria impossível Galrian perder sem estar focado em proteger alguém a todo custo.

 Isso fazia com que ele não se concentrasse completamente na batalha, e Adrian não apresentava sinais de luta quando chegou. Logo, algo estava errado.

Enquanto Adrian gargalhava, Kay apareceu à sua frente e socou sua barriga. 

Adrian colocou a mão no estômago, e Kay finalizou com a ponta de sua espada encostada na cabeça de Adrian.

— O que?! — Adrian disse incrédulo — Eu perdi... Logo eu, que treinei com um esgrimista melhor?!

— Você é pior do que Hestia — Kay embainhou sua espada e se retirou.

Adrian havia sido derrotado e estava com o orgulho ferido.

Hestia correu até Kay, deixando Adrian sozinho no jardim. Os dois começaram a caminhar lado a lado.

— Não acha estranho o que o Adrian disse? — disse Hestia.

— Achei muito estranho. Ele não poderia ter sobrevivido sem que Galrian estivesse tentando proteger alguém.

— E ele não chegou com sinais de luta. Galrian teria feito ao menos um ferimento nele mesmo se não estivesse concentrado.

Os dois pararam e ficaram frente a frente, enquanto tentavam montar as peças.

 

 



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