Volume 1

Capítulo 1: Destino ou acaso?

– Capítulo I –

 

“Está nevando. Semelhante ao dia em que a encontrei naquela nevasca…”

Caminhando durante uma tempestade de neve, logo ao amanhecer, estava o menino. Desesperado e cansado. Suas lágrimas… Elas nem mais… escorriam pelos seus olhos de tanta aflição. Mesmo perante tal nevasca, o menino não deixava a chama de sua alma apagar. Cobria-a como se fosse um tesouro. Era tudo o que tinha para honrar aqueles que deixou para trás.

Após pesados passos, o menino caiu bruscamente. Metade do seu rosto estava coberto de neve, e ele só conseguia observar ao seu redor apenas por um olho. Sentia-se confortável, porém, ao mesmo tempo, assombrado e com dor. Indagava-se se aquele lugar na floresta, com tudo branco, era o paraíso. O pobre menino estava ambíguo sobre todas as coisas. Sentia ódio pela morte de seu povo, mas amor por estar vivo. Sua mente estava cansada, sua alma estava sendo despedaçada com o decorrer de tanta ansiedade, que, aos poucos, era aplacada com o frio seguido de sua iminente morte.

No seu íntimo, sabia o que aconteceria. Mas apreciava com diligência cada floco de neve que caía na floresta. E então, teve seu breve momento de tranquilidade.

A humanidade estava em guerra contra as espécies da Terra e contra os seres celestiais caídos. Uma guerra injusta, causada pelo maior mal-entendido de toda a história.

A cidade em que residia o menino foi totalmente destruída. Os que ficaram decidiram defendê-la até as cinzas da Grande Cidade.

O menino começou a escutar, aos poucos, passos lentos que na neve aumentavam gradativamente.

“O que poderia ser?” perguntava-se o menino ainda com resquícios da sua consciência. Um lobo? Um urso? Não sabia, pois não conseguia mover seu corpo para virar o rosto, não tinha mais forças para mover um músculo sequer.

O medo tomou conta da sua mente, não estava preparado para morrer assim. Imaginou a dor, e pior, a dor de morrer sem ao menos lutar! Porém, os passos pararam próximo ao corpo do menino. A dúvida cercou sua mente.

Uma voz suave feminina, tão sublime e calma, ressoou:

— Está com medo caro menino? — perguntou ela

O menino se surpreendeu ao ouvir aquela voz.       

— Muito... — respondeu ele com uma voz fraca e trêmula.

Ela moveu-se para ficar dentro do seu campo de visão.

Ao fixar seus olhos nos do menino, ela reparou que ele já estava "morto". Mas, não ofereceu nenhuma ajuda.

Ao fitar o olhar na moça, o menino logo percebeu que ela era uma jovem mulher.  Seus cabelos eram pretos. Não eram brancos como a neve, mas eram tão lindos quanto. Vestida com uma capa preta com detalhes jamais vistos em toda terra de Alvartein, Ele deduziu que ela não era uma pessoa comum

Ao perceber que o menino desfalecia, a jovem apressou-se e perguntou-lhe:

— Onde estão seus pais?

O menino não conseguiu responder

— A princípio, não sou um humano. Os humanos denominam seres como eu de anjos, erroneamente. — explicou ela

— Um anjo? Me ajude, por favor. — suplicou ele

— Certamente, não vou te salvar. É o ciclo da vida na qual os humanos optaram por ela. Nós, seres celestiais, não interferimos nas escolhas humanas. Se o seu mundo está em guerra, é culpa de vocês. Bem, mais ou menos. Nem todos os anjos seguem as diretrizes — disse ela

Ao ver que o menino estava quase inconsciente, o anjo prosseguiu:

— Como forma de capricho, escolha: Posso levar sua alma ao paraíso. Encontrará seus pais também lá. Terá tudo o que quiser. Não haverá mais guerras nem dores. Ou Viver e continuar sofrendo nesse terrível mundo.

O anjo inclinou-se ficando quase face a face com o menino, cujos olhos não conseguiam mais se abrir. Atenta para a ouvir escolha ele

Então ele disse:

— P… prefiro viver.

E naquela tempestade de neve, o silêncio pairou sobre aqueles dois.

No menino já não havia mais vida.

Com o decair da neve, o anjo observava o corpo do menino que era coberto a cada segundo.

Raziel estava cética sobre o que acabara de ouvir.

Em seus milhares de anos, nunca uma criatura escolheu a vida em vez do paraíso e principalmente entre os humanos.

Impressionada com seu desejo, o anjo decidiu então atendê-lo.

“Poderia eu rejeitar o pedido da própria alma deste menino?”


Raziel estendeu suas longas asas ao redor do menino, suas plumas cinzas brilhavam como safiras azuis, emitindo um suave resplendor que aquecia sua alma gélida. Ela é um Arcanjo, atualmente classificada como tal, embora antes pertencesse à classe dos Serafins. Suas asas, majestosas e imponentes, são as mais longas e belas de todo o reino celestial, superando até mesmo as asas de Samael, seu irmão caído.

Consciente das consequências de sua ousadia em ajudar um humano, a jovem Raziel proferiu palavras inefáveis, sussurrando um encantamento antigo capaz de desafiar a própria morte. O fôlego retornou aos pulmões do menino, e ele, aos poucos, foi recuperando a postura. Confuso e desorientado, ele acabou de ser despertado de um sono que parecia eterno, algo difícil de compreender para uma mente tão jovem e frágil.

Ele limpou o rosto, com as mãos trêmulas, e delicadamente retirou a neve que se agarrava aos fios de seu cabelo, quando percebeu a presença da moça Raziel à sua frente. Algo peculiar chamou sua atenção: a neve não caía sobre ele. Surpreso, olhou para cima e viu as grandes e belas asas de Raziel, que o envolviam como um novo céu, mais deslumbrantes do que as estrelas brilhantes do céu noturno. Raziel era esbelta e magra, seus olhos cor de mel cativaram o menino, que ficou encantado diante de tanta beleza.

— Então caro menino, como você está se sentindo? — perguntou Raziel, sua voz serena e melodiosa ecoava como uma suave brisa.

O menino, ainda maravilhado com tudo o que havia ocorrido, sentiu-se sobrecarregado por uma mistura de emoções. Era muita informação para uma mente tão jovem absorver. Ele voltou a si, compreendendo que estava de volta à terra dos vivos. Seu coração, repleto de gratidão, prometeu a si mesmo que se entregaria para a jovem Raziel que o trouxera de volta à vida.

— E agora, o que você pretende fazer? — questionou Raziel

Repentinamente, o semblante do menino mudou. Seu instinto de sobrevivência o levou até ali, mas ele não tinha mais esperanças. Todos os seus parentes e conhecidos haviam sido mortos na Grande Guerra.

— A vida será uma grande responsabilidade para uma criança tão jovem como você — falou Raziel, com uma expressão preocupada. — Provavelmente estou me envolvendo em um problema maior do que eu imaginava com minhas ações, mas não consigo simplesmente ignorar sua situação. Vou ajudar você.

A tempestade castigava os dois. Raziel ergueu o pequeno menino em seus braços e, com um movimento de suas asas, eles voaram em direção aos céus. A viagem foi longa e o menino adormeceu nos braços dela.

Raziel permaneceu atenta, preocupada com os Ofanins, caso eles descobrissem suas ações. "Não me arrependerei", pensou determinada.

Os Ofanins são os anjos da hierarquia mais elevada das hostes conhecidas pelos humanos, juntamente com os querubins e serafins. Eles são os seres mais poderosos entre todas as classes de anjos, tendo sido designados para guardar o trono do Criador. Sua aparência é amedrontadora, com um núcleo cercado por dois anéis entrelaçados que giram eternamente, adornados com dezenas de olhos e um par de asas. São considerados seres onipotentes e sua existência é alimentada pelo próprio núcleo.

Embora Raziel fosse poderosa, ela reconhecia que os Ofanins superavam sua classe em poder. No entanto, ela prevalecia sobre eles em sabedoria. Os Ofanins podiam possuir grande poder, mas não eram tão sábios quanto Raziel. Ela guardava segredos que nem mesmo os Ofanins conheciam, incluindo os mistérios do próprio Criador e sua eternidade.

Ela possuía uma biblioteca oculta, um tesouro de conhecimento escondido de todos os níveis celestiais. Somente ela sabia de sua localização e acesso. Essa biblioteca abrangia milhares de livros sobre todos os tipos de conhecimento e seres, incluindo um enorme volume que continha detalhes sobre a existência anterior aos pilares da criação. Raziel era detentora de todos os mistérios e segredos do universo

Porém, havia uma fonte de frustração para ela: Não ter permissão para conhecer o futuro. Nem mesmo seu conhecimento das mágicas runas de Canopus revelava as respostas quando indagava sobre o destino de todas as coisas


Não demorou muito até que ela descobrisse uma caverna escondida.

Pousando suavemente e firmando seus pés no solo, colocou delicadamente o menino no chão. Com um toque gentil, despertou o pequeno.

— Finalmente, chegamos a um lugar seguro. Qual é o seu nome menino? — disse ela, despertando a curiosidade.

— Meu nome é Noah. E o seu? — respondeu ele, ansioso por conhecê-la

— Meu nome é Raziel — revelou ela, enquanto um lampejo de mistério brilhava em seus olhos.

A anja pediu ao menino que aguardasse enquanto buscava por comida Em pouco tempo, retornou com três coelhos e galhos para a fogueira. Juntos, eles adentraram a caverna, pois Noah estava desfalecendo de fome.

Usando a ponta de seus dedos, Raziel cortou uma pedra que estava no centro da caverna para criar a base da fogueira. O menino ficou impressionado com suas habilidades, confirmando as suspeitas de que ela não pertencia a essa dimensão.

Após finalizar os preparativos da fogueira, a jovem posicionou os três coelhos para assar. Em seguida ela se inclinou até o solo da caverna e traçou um círculo mágico azul com símbolos nunca vistos por Noah. Com uma conjuração, a terra transformou-se em sal. A cada momento, o menino se maravilhava ainda mais com a beleza e habilidade de Raziel.

Voltando-se para uma pequena pedra, Raziel desenhou outro círculo mágico. Surpreendentemente, uma pequena fonte de água potável jorrou dela.

Os dois se acomodaram perto da fogueira, esperando que o guisado fervesse.

Noah contemplava as chamas da fogueira, sentindo-se reconfortado pela sua presença. Raziel, esperando que o pequeno Noah se acalmasse com a luz e o calor do fogo, quebrou o silêncio com uma pergunta:

— O que aconteceu com seus pais? — perguntou ela, buscando compreender a origem de sua dor.

— Eles foram mortos pelos Daemons — respondeu ele, com uma mistura de tristeza e raiva em sua voz.

— Que estranho... Em termos de combate, os humanos são superiores aos Daemons.

Ela olhou para o menino, sentindo-se impotente diante da tragédia que ele enfrentou sem saber ao certo como confortá-lo

— De qualquer forma, uma vez que me comprometi a cuidar de você, vou ensiná-lo sobre magia e combate para que você possa sobreviver — disse Raziel, colocando a mão no ombro do menino

Raziel preparou o guisado de coelho e Noah devorou os três coelhos de uma só vez. Após comer tudo, a exaustão e um pouco de paz tomaram conta da sua mente, e ele adormeceu sem se preocupar onde cairia

Raziel abraçou o desafio de se relacionar com um humano, sabendo que seu destino agora estava entrelaçado com o do menino


 No dia seguinte, devido à neve, os dois decidiram permanecer na segurança da caverna. Sentaram-se juntos na entrada, observando a neve cair em um espetáculo silencioso. Noah tremia de frio, e Raziel, com gentileza, cobriu-o com uma de suas asas. Ali, lado a lado, eles compartilhavam um momento único.

A anja sentiu uma vontade intensa de fazer perguntas complexas para o menino, mesmo sabendo que ele era apenas uma criança. Havia anos desde a última vez que ela se aproximara e conversara com um humano. Mas, antes que pudesse iniciar sua indagação, o menino se antecipou, com uma mistura de esperança e curiosidade em sua voz:

— Será que eu posso me tornar um anjo como você? — disse com um olhar inocente.

— Bem, entre os humanos, houve homens que, após serem levados em vida ou em alma para a Jornada, tornaram-se seres elevados ou outras criaturas celestiais. Por não terem feito acordos com os deuses de sua dimensão, suas almas estavam livres para viajar entre as dimensões e reencarnar em outros planetas. Eles optaram por seguir a “Jornada” para o Reino Desconhecido do Criador. São almas raras, de fato. É por isso que, dentre todas as raças existentes no Universo, os humanos se destacam. Afinal, o Criador os fez à Sua imagem.

O menino assentiu, embora não entendesse completamente. Sua expressão refletia confusão.

— Então, eu posso ser? — continuou Noah com um sorriso travesso

— Bem, sim… — respondeu ela, escolhendo cuidadosamente as palavras para transmitir seu entendimento peculiar do assunto

— Então eu quero ser um anjo como você, Raziel — afirmou ele, com os olhos brilhando de entusiasmo.

Raziel sorriu, encantada com a perseverança do menino

— Você é um menino persistente. Vamos conversar sobre isso daqui a alguns anos. Ainda há muito para aprender antes de tomar uma decisão tão significativa — disse ela, com sabedoria em suas palavras.

Enquanto observavam a neve cair, a anja prosseguiu:

— Noah, antes de começarmos nossos dias de aventura...

— Jornada?! — interrompeu o menino, sua voz transbordando excitação

— — Sim, certamente serão dias repletos de aventuras, repletos de mistérios a serem desvendados — confirmou ela, nutrindo a chama do entusiasmo do menino.

— Isso é incrível! Mal posso esperar! — exclamou o menino, já imaginando as incríveis jornadas que estavam por vir

Raziel sabia que era hora de compartilhar uma verdade dolorosa, mas necessária

Ela não queria enganar o pequeno Noah. Ela entendia que, por ser uma criança, ele poderia se refugiar em fantasias para lidar com o trauma de ter perdido os pais tão cedo. No entanto, ela sabia que essa forma de "defesa" poderia se tornar prejudicial a longo prazo, impedindo-o de enfrentar a dor de forma saudável. Por isso, decidiu trazer a verdade à tona, consciente de que ajudá-lo a lidar com a perda desde cedo o fortaleceria mentalmente ao longo de sua vida.

— O que vou te dizer agora pode ser um pouco doloroso, mas é melhor eu dizer antes que você cresça. Quando você completar 15 anos, deixarei este plano terrestre. Até lá, tenho certeza você será capaz de se virar sozinho. — disse ela relutante

— Você... você terá que ir embora? — falou ele com uma voz trêmula

— Tenho que ir, não é bom que eu fique por muito tempo nesta Terra. Encontrar você aqui foi um capricho do destino.

O coração de Noah começou a se entristecer e lágrimas escorreram pelo seu rosto.

— Posso ir com você? — perguntou ele

— Não, infelizmente. Você terá que se contentar com o tempo que passaremos juntos. Eu te ensinarei e cuidarei de você por um certo período. Mas depois disso, não se aborreça nem espere que eu faça visitas. Está combinado?

O coração do menino logo se encheu de alegria. Era tudo o que ele mais desejava: ter o tempo necessário com a jovem Raziel.

— Sim, combinado! — respondeu o menino sem hesitar.

— Não me apresentei corretamente, mas meu nome é Raziel. Sou o único ser criado que guarda os segredos do Eterno.

— Raziel... — o nome jamais seria esquecido por Noah. Ele o gravou em seu coração.

— Noah, algo me intriga: como sua cidade foi dominada pelos Demônios? — questionou ela

— Eu não me lembro muito bem. Meus pais diziam que havia uma Ordem composta por humanos estranhos que falharam em proteger a cidade. — explicou ele

— Eu já imaginava... Você tem mais detalhes sobre eles? — perguntou ela

— Sim, são humanos que pregavam a tirania humana. Afirmava que a raça humana é a única digna de governar a Terra e que as outras raças que se opunham a isso deveriam ser exterminadas. — disse ele.

— Heh... A decadente humanidade, como alguns deuses a chamaram antes de abandonar a Terra… — falou ela.

— Não entendo completamente o que você está dizendo, Raziel. Quem são esses deuses? — indagou ele.

— Um dia falarei sobre eles. — concluiu ela.


Após a Grande Guerra, todas as raças se dispersaram pelas diversas dimensões entrelaçadas com a Terra, rompendo relações ao longo do tempo. A única raça que manteve um contato não recíproco com a humanidade foi a dos bestiais, que lutaram ao lado dos humanos durante o reinado do Primeiro Adão. Este reino tinha como lema o tratamento igualitário e a união de todas as raças.

Os anjos visitavam a Terra de tempos em tempos para observar o progresso da evolução humana. Alguns permaneciam por conta própria, por motivos pessoais ou diversão. No entanto, eles não ficavam por muito tempo, pois os Ofanins vinham buscar aqueles que haviam renunciado aos direitos celestiais. Como todos os seres possuem livre-arbítrio e estão ligados às cordas tecidas pelo destino, os anjos não eram exceção. Por essa razão, era raro ocorrer uma amizade entre um anjo e um humano, tornando-a incomum.

Durante anos, Raziel ensinou todas as artes e habilidades dos humanos, além de idiomas humanos e das demais raças, como bestiais, elfos, druidas, anões e espíritos. Ela também ensinou Noah sobre o Caminho do Vazio, uma forma de combate com espadas utilizada apenas por seu irmão Samael.

Raziel se apegou muito a Noah por sua forma de pensar e, mesmo que negasse, no fundo ele se preocupava com o fato de que um dia teria que deixá-lo por conta própria. Como presente, Raziel deu a Noah um livro que continha um vasto conhecimento oculto sobre a humanidade e as outras raças. Ao ensinar certos segredos, Raziel teve cuidado, ponderando se deveria compartilhar tudo o que sabia ou permitir que Noah tivesse uma vida normal, uma vez que essa era a escolha dele. Noah era o primeiro humano e o primeiro ser a quem a jovem Raziel ensinava diretamente em seus milênios de existência.

Houve uma ocasião, na alvorada dos tempos, em que Raziel deu um de seus livros para um casal específico, a fim de que sobrevivessem após terem sido acusados de trair o CRIADOR perante o Tribunal das Plêiades. O horizonte de suas mentes se expandiu. Entretanto, alguns subordinados das Potestades testemunharam esse ato, que consideraram repugnante, e informaram as Potestades maiores, que ficaram furiosas com essa atitude. Raziel recebeu uma advertência, mas discordava do resultado do julgamento.

Essa foi a segunda vez em que Raziel abriu suas imponentes asas, irradiando um brilho azul que ofuscava a visão de todos ao seu redor. Sua aura poderosa era suficiente para travar uma batalha sozinho. As Potestades hesitaram em fazer qualquer acusação, perplexas por um dos Serafins entrar em combate sem sequer ouvi-las. Nessa época, Raziel era um dos Serafins e ainda possuía suas quatro asas.

No entanto, Raziel era suficientemente sábia para não deixar que seus sentimentos de compaixão pelos humanos dominassem sua mente. Ela compreendia que havia confusão na Corte Celestial e não queria causar mais problemas para o casal recém-exilado do Jardim. Posteriormente, decidiu recuperar o livro e lançá-lo ao mar. As Potestades e seus subordinados não ousaram comentar, embora estivessem insatisfeitos.

Raziel recordou desse acontecimento e ficou inquieta sobre o que poderia acontecer com Noah.



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